Nos caminhos da vingança escrita por Lilium Longiflorum
O zunido das hélices do helicóptero militar que os levaria para a missão estava ficando cada vez mais forte. Tatsuo olhava para aquela máquina e podia ver uma leve semelhança com um dos helicópteros que Bruce tinha e começou a lembrar de tantas missões que havia feito com ele.
De repente seus pensamentos foram interrompidos com Takeda lhe chamando logo atrás. Ela logo virou e viu o rapaz com uma pequena mala de mão.
— Eu queria te pedir desculpas. – Takeda iniciou o diálogo.
— Pelo que?
— A primeira vez que te vi... acabamos nos desentendendo por coisa boba e a semana foi uma porcaria. E eu não queria que isso prolongasse durante a viagem.
Tatsuo respirou fundo, cruzou os braços e disse:
— Por mim está tudo certo, não tenho nada contra você ou seu pai, mas isso não dependerá apenas de mim.
— Eu entendo você, Katana. A verdade é que ele queria apenas eu e ele nessa missão. É uma missão familiar e...
— Sei de toda a história – interrompeu Tatsuo – o que eu não quero é ser um peso para vocês, ao contrário, quero ajuda-los. Sei como é difícil perder quem você mais ama.
Em seguida Tatsuo baixou a cabeça lembrando-se de seu esposo falecido. Takeda pousou a mão no ombro da espadachim e disse:
— Acho que por essa experiência Johnny indicou você para ir conosco.
— Você acha? – perguntou Tatsuo surpresa.
— Tenho certeza.
— Vamos pessoal – disse Sonya passando por eles com seu olhar para frente.
Takeda sorriu para Tatsuo e foi caminhando para o helicóptero. Ela por sua vez deu mais uma olhada para o lugar onde estava, acenou para Bruce que estava na entrada do hangar, em seguida se virou e foi caminhando em direção ao helicóptero.
(...)
Montanhas chinesas já eram possíveis serem vistas pelas janelas do helicóptero e Katana olhava aquela paisagem lembrando-se de sua terra natal, de seus filhos e marido. Olhou para a soultaker e sentia uma imensa vontade de conversar com ela, deslizava seus dedos pela arma e só queria por um momento aquietar o seu coração que estava muito agitado. Resolveu fechar os olhos para tentar se acalmar.
Enquanto isso com a ajuda da sento Kenshi observava Tatsuo, o jeito que segurava a soultaker, a forma como olhava para a janela, tudo o que ela fazia o deixava fascinado. Chamou o filho e disse:
— Tatsuo está inquieta e...
— E?
— Um pouco insegura também.
— Talvez por que tem medo que seus pensamentos sejam invadidos por algum invasor – debochou Takeda cruzando os braços – por mais que ela tenha aprendido essa técnica de bloqueio tem receio que algo escape de seu controle.
— Faz sentido. Ela deve pensar que todo telepata fica invadindo mentes alheias sem permissão.
— Mas fazemos isso, não? – perguntou Takeda querendo rir.
— Apenas em casos extremos, filho. Você sabe disso.
— Claro que sei.
O helicóptero começou a pousar em uma área remota, onde havia poucas árvores e um campo aberto. Os que iam seguir viagem se levantaram e um a um desembarcava começando por Cassie, em seguida Katana e os Takahashi. Sem sair do helicóptero Sonya sorriu e pediu para Kenshi:
— Cuide bem da minha menina.
— Mãe – contrariou Cassie – eu sei me cuidar sozinha.
— Não preciso explicar o motivo de eu ter falado isso.
— Eu sei – disse Cage sorrindo.
Em seguida o helicóptero se ergueu e se foi. Agora estava apenas os quatro esperando as coordenadas de Kenshi, pois ele sabia o caminho. Começaram a caminhada por volta das duas da tarde com pai e filho na frente e as mulheres logo atrás. Cassie queria puxar assunto, pois estava incomodada com o silêncio de Tatsuo. Tentou brincar um pouco.
— Não fique com medo, eles não vão sondar nossa conversa.
Tatsuo deu um sorriso amarelo e respondeu:
— Tudo bem, é que gosto do silêncio.
— Desculpe-me.
— Mas se quiser conversar fique a vontade. É que sou assim mesmo. Você deve ter percebido isso durante a semana de treinamento.
— Verdade. Percebi que você ficou mal depois do que aconteceu entre você e o Kenshi.
Katana não queria lembrar-se desse acontecido, mas era algo que não poderia ser apagado. Olhou para Cassie e disse:
— Aquilo foi um mal entendido, ainda bem que já nos resolvemos.
— Isso é bom. Preciso ser sincera com você, Tatsuo – a jovem lançou lhe um olhar furtivo – acho que você e o Kenshi combinam.
— Combinam? – perguntou Tatsuo se fazendo de desentendida – O que quer dizer?
— Sei lá – Cassie disse se sentindo um pouco acuada com as indagações - durante o treinamento o tratamento entre vocês...
A japonesa ficou preocupada. Será que deixou escapar algo? Seu nervosismo denunciou algo? O que menos queria era ter um caso com alguém que mal conhecia, mesmo que este alguém a atraísse. Tatsuo respirou fundo e disse:
— Vamos falar de outro assunto?
— Desculpe-me de novo. Estou sendo muito inconveniente.
— Tudo bem, Cassie, não vou ficar brava com você por isso.
Cage deu um sorriso com um pouco de nervosismo, mas agora ficaria atenta a não mais fazer perguntas ou comentários que incomodasse a nova a amiga. Resistiria bravamente caso sua língua coçasse para falar algo. Mas Tatsuo quis dar um troco na moça.
— Mas e você, Cassie? Não namora?
Ela deu uma risada e respondeu:
— Tive uns rolos uns tempos desses, mas nada, além disso. Vou me dedicar mais as FE por enquanto.
— Mas nunca sentiu nada por alguém lá dentro das FE?
— De vez em quando chegam alguns soldados, bem bonitos - ela interrompeu para rir um pouco – mas acho que não estou pronta para nada sério.
— Então nunca se apaixonou de verdade.
Cassie olhou para Tatsuo ressabiada e perguntou:
— O que você quer dizer com isso?
— Oras, só quero saber mais de você sobre seu coração. Falei da minha situação, agora quero que fale da sua.
— Mas você não foi tão clara comigo e acabou pedindo para eu parar de falar sobre o assunto.
Dessa vez Tatsuo não podia tirar a razão de Cassie. Era verdade.
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