A maldição da Sucessão escrita por Pms


Capítulo 46
Capítulo 46: O chá do bebê bruxo.


Notas iniciais do capítulo

- Olá, voltei mais cedo dessa vez.

— Um link para um vídeo que eu fiz:
https://youtube.com/shorts/5qkpYT1gCJ8

— Comentem!



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— Meu pai está morto. – confessou Pansy para Draco.

 Draco respirou fundo tocando a perna machucada.

— O meu também. – Ele revelou.

O silêncio dos dois foi o conforto que podiam oferecer. Não há mais nada que se possam fazer. Eles perderam a vida que tinham antes da guerra, a vida que tiveram após a guerra e finalmente seus pais.

— Estamos vivos. – Acrescentou ele.

— Estamos.

A entrada do Largo Grimmauld traz alívio a Pansy, um lugar que foi sua prisão e refúgio, uma ambiguidade igual a ela e Harry, nenhum lugar poderia representar os dois tanto quanto a residência de uma família famosa de puro sangue que também foi um quartel general para uma revolução anti-pureza de sangue. Não há qualquer outra lugar que ela queira estar além da casa de Harry Potter.

— Espere – Harry a para em frente a porta após subirem os degraus. – Eu preciso te falar uma coisa.

Pansy ergue uma sobrancelha.

— Vai me dizer que comprou um presente para mim? – sugere ela. – Igual ao que as famílias tradicionais bruxas fazem quando nasce um bebê?

Ela havia dito para ele que deveria ganhar um presente como o costume que foi lhe ensinado. Toda mulher bruxa que dá a luz ao um bebê ganha algo para parabenizar o feito de ter trazido mais um bruxo ao mundo. A tradição não prevê que a criança possa ser um aborto, então todas bruxas que dão a luz ganham presentes, como também o pai do bebê.

— Espero que seja isso, porque eu também tenho um presente para você. – Pansy adiciona. – E eu espero que seja uma joia, Potter.

Sua mãe recebeu uma joia de seu pai. Pansy também quer isso, quer receber tudo o que tem direito. Já que lhe está sendo tirado tudo.

— Não é isso. – Harry remexe as mãos na maçaneta de prata da porta. – Eu tentei impedir, mas como eu sou considerado da família e depois de tudo o que aconteceu, eles quiseram fazer a tradição do chá do bebê.

— Potter, para de mistério. – Pansy sente o que está atrás da porta não é algo bom como uma joia cara. – É dos Weasley que você está falando?

Harry não responde, em vez disso, abre a porta de entrada e indica para ela adentrar. Pansy ouve vozes do corredor, muitas vozes e fecha os olhos esperando que se ignorar o som os donos das vozes irão também desaparecer.

Bem –vindo ao mundo, Alvo!

Pansy não se move do local que parou ao ler a faixa planando na sala de estar do Largo Grimmauld. Cabeças ruivas tornam a se virar para ela e para Harry e as vozes se silenciam. Uma das cabeças ruivas, pertencente a matriarca da família Weasley que ela logo reconhece se aproxima receosa.

— Que bom que vocês chegaram. – diz ela dando um sorriso forçado que Pansy já identifica. – Esse deve ser o Alvo.

Pansy lança um olhar de desaprovação para Harry, ela consegue causar pelo menos algum desconforto nele, já que ele se volta para a senhora Weasley desconcertado.

— Sim, esse é o Alvo. – Ele responde tirando o cobertor para deixar o rosto do bebê amostra.

— Uma homenagem linda ao Dumbledore, Harry. – A mulher aperta orgulhosa o braço de Harry.

— Alvo Severo. – Pansy adiciona arrumando o cobertor em seu filho aconchegado em seus braços. – Esse é o nome dele.

A mulher parece engasgar como também o resto das pessoas presentes.

— Sim, homenagem ao Snape. – Pansy dá um sorriso irônico.

Ela não quer receber essa recepção da família Weasley. É cruel e torturante, como um cortejo fúnebre. Assistir toda interação da família, que finge aceitá-la nos sorrisos forçados e olhadas desconfiadas, seria satisfatório se Pansy não estivesse pensando em sua própria família. O chá do bebê para apresentar a nova criança para sociedade bruxa, seria na mansão Parkinson se as situações tivessem tomado rumos justos, os presentes ocuparia todo o espaço da grande sala de estar da mansão, sua mãe estaria orgulhosa dela e seu pai ficaria se gabando para os amigos sobre o novo herdeiro da família Parkinson. Seus amigos estariam com ela, sua família estaria com ela.

 Pansy observa cada membro da família Weasley com uma percepção crítica. Eles são barulhentos e estão em um grande número, mesmo que ela saiba pela contagem que fez que não estão presentes todos os membros da família Weasley, eles tornam qualquer espaço insuficiente para atender a demanda.

 Sobre a borda de sua xícara de chá, ela enxerga o desconforto de cada um em tê-la presente na sala, e como se esforçam para não deixarem transparecerem para Harry que agradece pelos presentes e conversa tranquilamente com cada um. Principalmente com uma certa ruiva que está de costas para Pansy, mas é reconhecível mesmo que estivesse a quilômetros de distância com o cabelo ruivo longo e pela forma como Harry a olha.

— Você devia parar de encarar. – a figura de Andrômeda Tonks para em frente a ela, cobrindo a visão. – E pelo menos fingir que está gostando.

— Eu estou gostando. Não está vendo o meu sorriso de felicidade? – Pansy volta a mexer a colher em sua xícara sem tocá-la, somente usando magia não verbal para mover.

A história de Andrômeda Tonks é conhecida por qualquer criança criada com o crença de supremacia bruxa e sangue puro. A história de amor proibido foi contada como um conto com uma lição de moral para o que não deve ser feito.

— Eu odeio essa casa. – Revela ela tomando o lugar ao seu lado no sofá.  – Traz algumas lembranças que devem ser esquecidas. – estende o prato em sua mão oferecendo os doces. – Acho que de todos os presentes, eu sou a única que conseguirá entender você. Família de sangue puro, supremacia, ser deserdada e pais preconceituosos.

Pansy toma um gole de seu chá.  Andrômeda Tonks e ela não tem nada de comum ao não ser o berço de nascimento. As decisões feitas são completamente opostas. Andrômeda é deserdada, ela não, Andrômeda é uma traidora de sangue, ela ....

— Um conselho que te dou, ama seu filho. – Andrômeda diz. – O resto só é um jogo de poder.

— Obrigado pelo valioso conselho. – Pansy ergue a xícara de chá em agradecimento.

Andrômeda Tonks segura sua mão quando ela pretende levar a xícara novamente aos lábios. Há um olhar sério quando Pansy se volta para ela indignada.

— Ame ele ou deixe-o. – completa ela. – Harry já passou por muita coisa.

Pansy afasta sua mão de Andrômeda, que se levanta sem mais nenhuma palavra e vai em direção à Harry e Gina Weasley que continuam a conversar. Um garoto se encontra nos braços de Harry, um menino com cabelos pretos e olhos verdes, seu filho com Gina. Uma vergonha ferve em seu íntimo, uma sensação de invasão, como estivesse assistindo a vida de outras pessoas entre as cortinas.

— A senhorita quer mais alguma coisa? Monstro traz para senhorita. – Monstro está diante se si levitando a bandeja de prata. – Monstro preparou o quarto para receber o jovem senhor, antes que os amigos traidores de sangue chegassem.

Pansy não consegue evitar de soltar uma risada pela forma que Monstro se referiu aos Weasley, com um desprezo e desagrado. Ela pensou que ele já devia ter se acostumado sendo Harry um membro adicional da família, e como ele não chegava a dizer essas palavras perto de Harry. Monstro talvez seja a único ser que esteja compartilhando os mesmos sentimentos com ela no momento, não que ela se importe com sangue puro ou não. O problema com a família Weasley é puramente um sentimento mesquinho e irracional de inveja por estarem fazendo o que sua família real deveria estar proporcionando a ela, e como Harry parece mais feliz ao lado deles. 

Um gemido agudo vindo do carrinho de bebê e o aperto em seus seios indicam que seu filho quem deve ter sua atenção no momento, e não a família Weasley e seus membros.

— Está tudo bem? – Harry surge atrás de Monstro com um semblante preocupado.

— Ele está com fome. – responde ela entregando a xícara para Monstro.

— Precisa de ajuda? – Harry pergunta com uma mão em um de seus cotovelos, apoiando quando ela se inclina para pegar Alvo do carrinho.

Pansy desliza a mão sob a cabeça e as costas de Alvo, e o puxa até seu peito. O seu ato de levantar parece ter deixado todos em alerta, já as conversas param e atenção se voltaram para eles. Ela vislumbra ao redor com um sorriso no rosto, até que seus olhos pousa em Gina Weasley, que reconhece a presença de Pansy pela primeira vez. O breve aceno de cumprimento de Gina Weasley traz um deleite irracional para ela, quando Gina intercala o olhar entre ela e Harry.

 Não há invasão de sua parte, o Grimmauld Place pertence a ela, cada canto da casa está sua presença, seja no quarto de seu filho, no elfo que a serve, na cama que deita com Harry.

— Ai! – cerra ela os dentes sentindo uma pontada em seu seio. – Não precisa, pode ficar aqui embaixo se divertindo com sua família, Potter. Eu vou fazer a parte difícil, mesmo que seja sua culpa.

A piscada com um dos olhos garante o tom de brincadeira de sua fala.

— Isso foi um trabalho conjunto, Parkinson. – rebate ele arrumando o coberto em Alvo.

— Então por que eu que fiquei com a parte mais difícil? – Pansy parte em retirada balançado Alvo levemente em seu colo.

— Porque você é difícil, Parkinson. – ela ouve Harry comentar. - É por isso.

O barulho se torna distante a medida que ela sobe as escadas e caminha pelo corredor escuro. Alvo choraminga e se contorce impaciente em seus braços.

— Parece que alguém não gosta de esperar. – Murmura ela para seu filho.

Quando chega ao quarto se depara com o berço arrumado para receber Alvo, com lençóis e cobertores postos.

— Esse é seu quarto. – apresenta ela adentrando o cômodo. – Foi decorado por mim.

Os olhos acinzentados de seu filho piscam e vagam pelo quarto. Um susto momentâneo tomou Pansy quando seu filho abriu os olhos, e não havia verde ou castanho em suas íris, mas um explicação rápida da curandeira disse que depois os olhos tomariam a cor que será.

 Passos discretos são ouvidos, ela sabe que não se trata de Harry, já que ele costuma a pisar pesado. Ela olha por cima de seu ombro para encontrar Gina Weasley parada na porta estudando quarto com bastante interesse.

— Eu só estou vendo a decoração. – explica ela ao ver Pansy a olhando com a testa franzida. – Estou procurando Teddy, ele sumiu pela casa.

Pansy assente andando até a poltrona do quarto. Gentilmente, ela embala o bebê em seu antebraço e abre os primeiros botões de sua blusa. Sua atenção fica segundos centrada no rosto tranquilo de seu filho, e ela espera que quando voltasse a erguer o olhar Gina Weasley já tivesse saído. Ao contrário do que ela queria, Gina Weasley está próximo ao berço tocando na armação redonda cheia de Pomos de ouro, que Harry comprou e colocou no lugar do antigo cheio de corujas.

— Isso foi ideia do Harry, não é? – pergunta ela. – Ele comprou um igual para Tiago.

— Era isso ou deixar ele enfeitar o quarto inteiro com coisas ridículas de quadribol. – comenta Pansy despretensiosamente até notar o que falou e completar. – Nada contra ao esporte e a beleza dos jogadores de quadribol, mas é tão entediante ouvir ele falar sobre quadribol.

Gina Weasley retira a mão do pomo de ouro visivelmente desconfortável.

— É um belo quarto. – elogia ela.

— Você não precisa fazer isso, Weasley. – avisa Pansy se conformando que Gina Weasley não irá sair.

— Fazer o quê, Parkinson? – pergunta Gina erguendo as sobrancelhas em desafio.

— Esse seu teatro. – Pansy se acomoda mais confortável na poltrona. – Tentar fingir que está me aceitando. Se forçar a tentar gostar de mim. Eu posso ver pelo seus olhos o quanto fazer isso é difícil, quase uma tortura. E eu não te culpo por isso. Essa situação não é nem um pouco confortável para nenhuma de nós.

Gina Weasley balança a cabeça em total concordância, antes de jogar o cabelo para trás com a mão e pousar na madeira do berço. Sua real postura de desagrado finalmente aparecendo na armadura do fingimento.

— Você nunca foi gentil ou legal. – comenta ela. – E você era horrível em Hogwarts.

— Ainda não sou. – concorda Pansy tranquila. – E continuo sendo.

— Você tentou entregar o Harry para o Lorde das trevas. – adiciona Gina.

— Verdade. – concorda Pansy passivamente.

— Seus pais eram apoiadores do Lorde das trevas que de forma indireta ocasionou a morte do meu irmão. – acrescenta Gina. – E você tem um filho do pai do meu filho.

— Bem, meu pai está morto se isso vai fazer você sentir melhor. – fala Pansy se movendo na poltrona para aconchegar Alvo, soltando um grunhido pelo incômodo em seu seio.

Há uma demora para uma resposta de Gina Weasley.

— Eu sinto muito. – Pansy ouve Gina dizer, realmente aparentando estar chateada pelo tom de voz.

Pansy a analisa estranhando a mudança rápida de comportamento. Então percebe que Gina Weasley está encarando seu braço, que com seu movimento fez a manga da blusa subir e deixou amostra as marcas rosadas rodeando seu antebraço.

Por algumas horas a maldição havia caído no esquecimento, como algo sem importância. E a vontade de irritar Gina Weasley apossa de repente em si. Pena é uma das coisas mais odiáveis que alguém pode sentir por ela, piedade e compaixão não fará a maldição sumir de seu braço. Ela quer que Gina Weasley sinta raiva, esse sentimento que verdadeiramente faz algo acontecer. Foi com a raiva que fez seu pai ir preso, e é com isso que encontrará um forma de curar a maldição.    

— Não, não faça isso. – repreende Pansy. – Não minta dizendo que a justiça não foi feita, e que meu pai não merecia o que aconteceu. E que você não me vê como um empecilho para você e Harry.

Gina Weasley abre a boca para contestar, mas parece não ter palavras. Ela volta a girar a armação dos pomos de ouro demonstrando que está a pensar no que dizer antes de torcer a boca e respirar fundo.

— Eu não gosto de você. – admiti ela. – Mas agora temos dois filhos que vão ser irmãos. Pelo bem deles e do Harry, é importante nós sermos civilizadas.

— Concordo com você. – Pansy desvia sua atenção para as unhas envergonhada, esperava que Gina Weasley atacasse ela. – Para sermos civilizadas, eu prefiro que você seja o mais honesta possível, e farei o mesmo.

Gina Weasley concorda com um aceno olhando para o tapete do quarto.

— Sim, eu não sinto nada em relação a morte de seu pai. E você chegou de forma tão inesperada que é difícil não pensar em você como empecilho. – informa Gina. – Mas eu também sou mulher e mãe, Parkinson. Eu sei o quanto foi assustador para mim ter um filho, o parto, foi assustador. Mesmo com Harry segurando a minha mão e minha mãe ao meu lado sendo amparada por curandeiros e medi- bruxos, isso foi assustador. – Gina olha para Alvo. - Não consigo imaginar o quanto deve ter sido aterrorizante para você, sozinha e no meio de um ataque.

Ela não quer falar sobre isso. Já que não se recorda de detalhe por detalhe. Só lembranças de bruxos batalhando entre si, da sua impotência, dos gritos de socorro, da maldição e a tortura. Até que tudo se perde na escuridão. Depois, há alguém tocando em seu rosto chamando seu nome. E agradece que sua mente esteja a protegendo até que ela consiga reagir a tudo.

— Eu agradeço pelos presentes, Weasley. – Pansy começa a fechar a blusa, desejando que estivesse com sua varinha para fazer a ação mais rápido. – E agradeça a recepção de sua família por mim, por mais que eu sei que eles não gostem nem um pouco de mim.

Pansy move Alvo para o ombro dando tapas leves em suas costas e se balançando de um lado para o outro, dando ocasionalmente as costas para Gina, esperando que ela entendesse que a conversa tenha sido encerrada. Pelo reflexo do espelho, ela enxerga Gina sair do quarto quando uma criança pálida com dentes afiados atravessa o corredor correndo.

— Teddy! – chama ela.  – Eu vi você correndo.

Harry Potter irá pagar por fazê-la aparecer numa festa surpresa sufocante com a família Weasley, ela nunca viu tanto ruivo reunido em um lugar só. Ela só queria aparecer na presença da família Weasley quando estivesse em seu melhor estado, com suas joias e roupas caras. Não da forma que se encontra, com algumas escoriações na pele, roxos se curando, e cabelo bagunçado.

Há um estrondo após a pequena tosse de Alvo.

— Teddy! – chama alguém no corredor.  

A rápida passada da pessoa pela porta é o suficiente para Pansy identificar, não é uma surpresa se tratar de uma pessoa ruiva. Um fato que Pansy sempre notou na família Weasley é que todos tem um péssimo gosto para roupas, todos parecem estar vestindo a mesma roupa ridícula, embora só o gêmeos realmente usassem roupas idênticas. Ela espera que Harry não invente em obrigar Alvo a usar os casacos ridículos com as iniciais. Ela não vai deixar isso acontecer.

— Eu quero ir embora! – reclama a criança. – Hoje é dia das bruxas, eu quero doces!

Ela analisa o gêmeo Jorge ou Fred pela segunda vez quando ele atravessa o corredor junto com a criança que agora está com um focinho de cachorro em seu rosto, e concluiu que Alvo realmente não deve usar a família Weasley como modelo para moda. Sua mãe e pai podiam não ser carinhosos e calorosos quanto os patriarcas da família Weasley, mas os dois tinham estilo, elegância e classe. Quem em sã consciência mistura estampas com cores completamente destoantes com a combinação, a cor laranja deveria ser proibida para a família Weasley, e outra proibição especialmente necessária é adereços e enfeites de varinha. Únicos adereços aceitáveis para varinhas são empunhaduras com lindos acabamentos e não um chaveiro de vassoura de quadribol.

Tudo congela. Pansy está sob um feitiço de petrificação poderoso, pois nem seus olhos estão piscando ou se movem.

Ela não recordava de tudo detalhe por detalhe. Ela se lembra do terror de estar impotente, dos gritos de socorro, da dor em seu ventre. Ela não tinha mais forças, para se erguer e se esconder. Ela não tinha forças para lutar, para fugir. Então, com o suspiro de alívio após a dor passar, ela se sentiu caindo na escuridão. Tudo estava sumindo em sua visão, tudo ficou em silêncio. Estou morrendo?  Foi o que ela pensou. Ela não podia morrer, não naquele momento. O bebê em seu braço precisava dela. Ele estava assustado, com frio e fome.

Pansy lutou para manter seus olhos abertos, mas havia algum conforto quente e silencioso na escuridão. Lá, ela estaria protegida, lá, parecia que nada daquilo estava acontecendo, era como adormecer num sol de primavera com o vento gelado batendo em seu rosto. Ela lutou até o último segundo de consciência. Até que tudo se foi. Depois, houve alguém tocando em seu rosto chamando seu nome. Seu nome estava tão longe. Os olhos dele são verdes, a cor da maldição que foi lançada.

Então ela retorna para sentir algo quente escorrendo entre suas pernas, os olhos intactos de Draco, o vislumbre de um chaveiro de vassoura de quadribol, a luz verde que ilumina a sala, são as últimas coisas que ela capta antes de fechar os olhos, esperando a morte.

— O que está fazendo?!! Ela está grávida!

Ele estava lá.

Exige um grande esforço para ela desviar os olhos da agora porta vazia.

— Ele estava lá. – Repete ela para si mesmo mentalmente.

Ela volta a olhar para o seu próprio reflexo no espelho. Seu estado é de pura incredulidade, mas seus olhos brilham em raiva e estão ficando vermelhos. A parte branca de seu globo ocular está ficando em vermelho sangue, logo depois, seus olhos estão completamente vermelhos sangue. Ela leva a mão livre até um dos olhos, pelo reflexo do espelho ela vê sua própria mão em estado de desnutrição, seus dedos estão tão finos com uma pele superficial em um estado que é possível ver a estrutura e ondulações dos ossos, como ela estivesse sem comer há meses.

Pansy aterrorizada olha de verdade para sua mão, porém a encontra no estado natural. Ela volta-se para o espelho para ver que não só sua mão está num estado esquelético, mas todo seu corpo. Suas clavículas estão totalmente amostra, suas bochechas sumiram, seus olhos vermelho sangue estão fundos. Ela passa a mão tremendo no rosto como pudesse limpar a imagem terrosa. Ela esfrega a mão freneticamente na clavícula e vê a mancha rosada, igualmente ao do seu braço, a mancha permeando seu pescoço como raízes de árvores subindo, alcançando seu rosto.

 Então seus olhos se encontram e seu reflexo esquelético está sorrindo maldosamente. Pansy tem absoluta certeza que sua feição é de completo terror agora, e não de felicidade. Ela não está usando uma roupa preta, ela não está quase careca, ela não está se inclinando no espelho. Ela não se aproximou abruptamente do espelho.

Pansy grita quando se lança para trás, tropeçando em seus próprios pés e caindo no chão sentada. Apavorada, respirando rapidamente, e tremendo.

— Pansy! – grita Harry adentra o quarto correndo para ela.

— Fique longe de mim!! – exige ela se afastando dele.

Ela escuta o choro de Alvo perto de si, e sabe da presença de outras pessoas no quarto. Nada disso importa, ela não está conseguindo respirar, seu coração está batendo fortemente em seu peito. Ela está com medo, ela sente o gosto de sangue na sua boca, eles estão aqui, eles vieram atrás dela.

— Calma. – pede Harry suavemente.

Sua garganta está se fechando, tudo está ficando escuro. Ela está morrendo!

— Respira, você precisa respirar! -  ela sente o aperto quente de Harry em seu pulso. – Pansy, você está segura.

Algo é pressionando em sua têmpora. Um sensação de relaxamento desce por todo seu corpo e o ar volta aos seus pulmões.

— Você está aqui comigo no Largo Grimmauld. – completa ele. - Vocês dois estão.

Olhos verdes safiras estão a encarando preocupados. Há uma carícia leve e quente em seu pulso direito, um peso quente em seu braço esquerdo.  Ela visualiza a pintura do quarto, os bichinhos de pelúcia enfileirados e o centauro de balanço. Ela está no quarto de Alvo.

— Alvo? – questiona ela procurando o bebê que não está mais em seus braços, mas consegue ouvir o choro.

— Calma. – Harry mantêm ela no chão. – Ele está seguro.

— Vamos deixá-los sozinhos. – ela escuta alguém dizer.

Ela não tem coragem de tirar os olhos do chão. Ela está se sentindo humilhada, um ataque em frente a família Weasley era só o que faltava para completar as coisas horríveis de sua vida.

— Monstro, traga um copo de água e uma poção calmante. – ela escuta Granger dizer.

— Você quer se levantar? – pergunta Harry estendendo as mãos para ela.

Ela continua sentada fitando o chão.

— Pansy?

— Não me toca! – afasta ela violentamente das mãos dele.

O gêmeo Weasley estava no ataque do dragão. Não foi um acidente, foi um ataque planejado.

— Eu entendi tudo agora. – murmura ela apoiando os cotovelos nos joelhos e cobrindo seus olhos com as mãos. – Isso tudo tem a ver com você.

—Para uma pessoa que tentou entregar Harry Potter para o Voldemort, para salvar a própria pele, é de surpreender que essa mesma pessoa está arriscando a vida para salvar a pele de Draco Malfoy. Ele é o pai da criança? Por isso o defende?— Ela ouve em sua mente a voz.

— Como assim?

— Você bateu a cabeça quando caiu da vassoura! – ela berra sentindo um nó se formando em sua garganta. – É sobre você!

Se estivesse com sua varinha desceria atrás do gêmeo Weasley e obrigaria a falar, o torturaria se fosse necessário.

— Pansy?

— Estão com raiva por nós sermos filhos de comensais da morte que fugiram de Azkaban e acreditam que somos culpados. – Sua própria voz a recorda na mente.

— Pansy!

— Como assim Zabini recebeu dinheiro para tentar matar vocês? – A voz de Harry ecoa em sua cabeça.

— Pansy! – Harry segura os ombros dela. – Você está ouvindo?

— Eu tentei acabar com sua vida. – Pansy dá uma risada angustiante. – Agora estão tentando acabar com a minha.

— O quê?

— Isso não vai acabar. – ela nega com a cabeça sentindo as lágrimas encherem seus olhos. – Não até que eu esteja morta.

Na verdade, ela já está morta. Só ela que não queria aceitar esse destino. Ela deveria ter ficado na batalha de Hogwarts e ter morrido. Um feitiço da morte teria sido rápido e indolor. A coisa que ela vem lutando a sentir vem surgindo em ondas dentro de si.

— Eu não aguento mais! – soluça ela deixando as lágrimas escorrer pelas suas bochechas e queixo, o que ela limpa nervosamente passando as mãos pelo rosto. Ela leva as mãos à cabeça e se encolhendo ainda mais em si, como pudesse se proteger da percepção que irá morrer.

Ela sente as mãos de Harry a levando para seu peito confortando-a.

— Eu te odeio! – chora ela agarrando o pano de sua camisa.


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Notas finais do capítulo

- O que acharam?
— O chá do bebê é um tradição da Inglaterra vitoriana, achei legal que os bruxos tivessem algo assim também. E literalmente tem o chá.
— Desculpem qualquer erro.



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