A maldição da Sucessão escrita por Pms


Capítulo 45
Capítulo 45: A maldição devoradora.


Notas iniciais do capítulo

- Eu retorno depois de mais de um mês sumida. Me desculpem, devo dizer que foi a falta de tempo e desânimo para escrever, mas como dito antes, eu vou terminar essa fanfic. Vocês merecem isso.

— Comentem!



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As partes das armaduras estão espalhadas, a fonte do dragão está destruída em pedaços, galeões estão jogados como se não valessem nada e água escorre pelo chão lavando o sangue.

Harry está travado na entrada olhando para os corpos caídos de bruxos, uns usando máscaras diversificadas e coloridas e outros com as máscaras de comensal da morte, seus olhos se fixam nessas. Os lapsos das lembranças da batalha de Hogwarts passam por sua mente cansada, as luzes dos feitiços, gritos, alunos mortos, Remo, Tonks, Fred..

Harry aperta com força a varinha em sua mão, tentando focalizar no presente para não se perder no passado. Ele caminha devagar entre os escombros e corpos, enquanto os outros aurores avaliam os corpos deitados no chão, e enfileiram no centro os mortos. Em suas costas, ele sente o olhar dos sobreviventes, e ouve com muita nitidez os gemidos dos feridos que estão sendo cuidados pelos curandeiros e medi-bruxos. Ele anseia por poder não sentir nada, mas seu coração bate rapidamente em seu peito, suas mãos tremem e sua respiração está tão rasa que quase não respira.

Embora a fina chuva fria caia ao lado de fora, e os ventos assoprem através da vidraça destruída, o lugar está quente, fazendo-o suar. Ele quer acreditar que é o cheiro de seu próprio suor que está dando náuseas. No entanto, não consegue enganar sua mente ao ponto de acreditar que o estralo que ouve quando pisa em alguma coisa são cacos de vidros, não a mão de um corpo carbonizado.

A pancada em seu estômago é tão forte que o faz se curvar e expelir o que tinha comido horas antes. Suas pernas começam a se tornar gelatinas, um formigamento começa em suas mãos e não há ar para levar ao seus pulmões.

Ele fracassou novamente. Pessoas morreram de novo, e é culpa unicamente dele. Ele deveria ter ido com mais rapidez para a floresta e encarar a morte pela varinha de Voldemort.

Ele tem que morrer!

— Potter? – Uma mão toca seu ombro. – Você está bem?

Tudo está distante e distorcido, num nevoeiro confuso.

— Harry Potter – diz Voldemort, muito suavemente. Sua voz poderia fazer parte das fagulhas da fogueira. – O menino que sobreviveu.

 A mão aperta seu ombro.

— Você tem que respirar, Potter.

Harry fecha os olhos e inspira o ar pela boca, e o expira pelo mesmo local. Seu coração martela rapidamente em seu peito.

— O lorde das trevas está morto. – mentaliza ele para si mesmo. – Você o derrotou. A guerra acabou. O lorde das trevas está morto. Você o derrotou. A guerra acabou...

— HARRY, EU A ENCONTREI!

O som da voz de Rony o puxa para realidade, de volta para o Dragão dourado destruído.

Então, já se encontra correndo, chutando partes das armaduras de prata e desviando do belo lustre de cristal caído no meio do salão. Ele avista Rony ajoelhado em frente à Pansy inconsciente encostada em um escombro. Há sangue no chão ao redor dela, seu vestido está manchado de sangue, seus braços seguram algo ensanguentado.

O tempo parece passar lentamente. Mesmo que ele sinta que está correndo rápido é como estivesse parado no lugar, como houvesse algo o puxando para trás, para longe. É a morte. Ele tem histórico com a morte, ele sabe reconhecer a sua presença. A morte respira em sua nuca, esperando novamente para levar vidas, vidas que são importantes para ele, não antes de deixar que tenha o resquício de esperança que possa fazer algo para evitar. A morte o segura, o mantém vivo para assistir os últimos suspiros de vida dos outros.

É como estivesse caindo num pesadelo novamente, ou mergulhando numa memória trágica na Penseira, assistindo Sirius passar pelo véu, ajoelhando ao lado do corpo de Dumbledore, segurando o corpo minúsculo de Dobby.

— Pansy! – chama ele aflito ajoelhado no sangue. – Pansy!!

Harry atormentado coloca as mão em seu rosto procurando uma reação de vida. Ele começa a sentir a sensação gelada do desespero apossar dentro de si pela demora de resposta, por isso chacoalha seu rosto de maneira brusca.  Ele tem certeza que ela abrirá os olhos e ficará brava com ele por tê-la acordado, por ter tirado ela de seu sono de beleza.

— Parkinson!! – Ele a chama acreditando que usando seu sobrenome, ela saiba que é ele que está chamando.

Quando está prestes a segurá-la pelos ombros para agitar todo o seu corpo, os olhos dela se abrem e o olham assustados e sem foco.

— Pansy, sou eu. Está... vai ficar tudo bem. – conforta Harry tirando mechas do cabelo molhado de seu rosto e limpando a sujeira, sangue e os rastros de lágrimas. - ONDE ESTÃO OS CURADEIROS?!!! – grita ele para qualquer um que possa ouvir.

Um resmungo agudo ressoa em seus ouvidos. E a real presença de um recém-nascido decaí sobre os ombros de Harry como uma parede de concreto dura e fria. O menino com um pequeno tufo de cabelo escuro saindo da cabeça, está se contorcendo levemente com os punhos minúsculos, os olhos fechados e a boca franzida nos braços de Pansy. Ele é tão pequeno, leve e vulnerável coberto pelo sangue nessa cena de caos que o rodeia.

 O menino, seu filho, finalmente começa a chorar verdadeiramente, chamando a atenção de todos os presentes que procuram o responsável pelo choro angustiante. O primeiro pensamento de Harry é agarrar o bebê nos braços e fugir para bem longe, onde ele possa ficar seguro, onde ninguém jamais possa machucá-lo. Por mais que quisesse, ele não consegue mover nenhum músculo, a visão do recém- nascido parece uma fantasia, algo impossível criado pela sua mente.

— Leve-o...leve-o.... leve-o ... - murmura Pansy fracamente entregando o bebê para ele. Ela está destruída, a pele pálida de seu rosto está marcada com escoriações e sujeira, uma linha de sangue escorre por um corte na sua cabeça, e seu lábio está cortado e parece que algumas partes do rosto está começando a inchar. Mas seus olhos castanhos âmbar brilham em determinação. - Por favor....

Ele falhou. Ele falhou com os dois.

Harry não sente mais seu corpo, é como estivesse fora de seu corpo observando tudo. Não é desta forma que deveria ter nascido seu filho, no meio de escombros e corpos, tendo como aconchego e proteção somente os braços fracos de sua mãe.

Foram os passo de alguém se aproximando que o desperta de seu estado atônito. Por instinto, Harry puxa Pansy e seu filho firmemente em seu peito e ergue a varinha.

— Está tudo bem. – acalma o curandeiro segurando a maleta em uma das mãos. – Só vim examiná-los.

— Ninguém vai tocar neles! – Harry embala mais firme eles em seu corpo, demonstrando intenção nenhuma de soltá-los.

— Eu só vou examiná-los, antes que levem eles para o St. Mungus. – O curandeiro dá um passo para mais próximo.

— SE AFASTA! – Harry aponta a varinha para o curandeiro.

— Harry. – chama Rony lançando um olhar que parece pena. – Deixe ele ajudar.

— Não podemos aparatar com eles nesse estado, por isso, trouxemos transportes trouxa, que estão do lado de fora. São como os Nôitibus. – explica o curandeiro apontando em direção a porta quando percebe a recusa não verbal de Harry e a desconfiança em seu olhar. – Mas precisamos levá-los ao St. Mungus o quanto antes.

— Harry...- Pansy coloca a mão ensanguentada em seu braço que segura a varinha – Pegue-o...

Harry olha para seu filho se contorcendo e chorando com força, não querendo pegá-lo em suas mãos, temendo que se ousasse tocar o machucaria.

— Vai ficar tudo bem. – Garante para si também – Eu...vou... eu vou...

Ele não sabe o que fazer, mas sabe o que não deve fazer. Não irá deixar ninguém levá-los para longe de seu olhar, onde ele não possa protegê-los.  Em um movimento rápido, Harry retira a capa de auror de seus ombros e a enrola em volta de seu filho com cuidado. Sendo uma capa com atributos mágicos garantirá que a criança fique aquecida. Antes de colocar suavemente o menino nos braços de Pansy novamente, ele percebe que o recém-nascido nem pesa em suas mãos trêmulas.

— Onde estão os Nôitibus? – pergunta Harry para o curandeiro.

— Ao lado de fora. – o curandeiro responde confuso.

Harry passa os braços sob os joelhos de Pansy e a ergue, sentindo o sangue molhar suas mãos e roupas.

— O que você está....

— Saí da frente!

Seus braços ficam frios sem o peso de Pansy quando ele a coloca na maca para ser examinada. Seu filho envolto em sua capa de auror continua a chorar desesperadamente quando a curandeira o pega.

— Senhor Potter, você tem que sair. – Uma curandeira tenta guiá-lo para fora do transporte. – Me desculpe, mas você tem que sair.

— Não, eu vou ficar. – Harry se esquiva dos braços da curandeira.

Ele tem certeza que se ousar sair, só por um minuto, será a última vez que verá eles com vida.

— Harry. – Rony toca em seu ombro. Harry não sabe quando ele entrou no transporte. – Vem comigo. Eles vão cuidar deles. O que você podia fazer para ajudá-los, você já fez.

Ele não sabe porque deixa ser levado por Rony, só se vê cada vez mais distante dos dois até que está ao lado de fora assistindo impotente o transporte sair em partida.

— Eles vão ficar bem. – Diz Rony ao seu lado.

Rony parece querer garantir o bem estar dois. Porém, Harry consegue sentir o receio nele tanto quanto ele próprio sente. O que é confirmado com a próxima fala de Rony.

— Talvez você deva ir para St. Mungus. – sugere ele. – Mas antes de ir, tem uma coisa que eu quero te mostrar. Você vai querer ver isso, tem a ver com os fugitivos de Azkaban.

O retorno para dentro do salão do Dragão dourado parece ser pior do que quando adentrou sem saber o que tinha acontecido, ouvindo os gritos, vendo feitiços sendo lançados e um dragão queimando pessoas. Sem adrenalina da luta, o lugar só exala a morte.

— Olhe isso. – Aponta Rony para um corpo específico deitado no chão coberto por um pano branco. – É quem eu estou pensando?

Com o aceno da varinha, Rony retira o pano e são olhos familiares que encaram Harry. Deitado no chão, morto, está Midas Parkinson.

— Ele estava usando isso. – Rony estende uma máscara de comensal da morte.

Harry segura entre os dedos a máscara, que mais uma vez representou o terror para ele. Ele quer gritar com toda força de seus pulmões e quebrar algo que exigisse uma força inimaginável. Quer que o choro do seu filho pare de berrar em seus ouvidos e que o sangue suma de suas mãos, e que os olhos castanhos parem de encará-lo.

Ele arremessa a máscara longe, antes de incendiá-la com a varinha.

 

 

Um desastre no Dragão dourado. Uma tragédia ocasionada por um dragão solto. É como os jornais estão chamando, é como o Ministério registrou o acontecido.

Fazem três dias desde de 27 de Outubro, a noite do acontecido, embora Harry não consiga identificar os dias que se passaram, ele está ciente que faz poucos dias após o nascimento de seu segundo filho.  Ele não saiu de St. Mungus desde de que entrou após aquela noite, seus dias tem sido passados ao lado da cama de Pansy em uns dos quartos privados da enfermaria, no quarto andar para danos causados por feitiços.  Por mais que quisesse investigar o que ocorreu com mais detalhes, seu medo e a perca de segurança que vem sentindo não o deixa sair do seu modo vigilância.

Em seu lugar está Carter e os outros aurores resolvendo para ele o que deve ser resolvido, enquanto Rony o deixa informado.

— O Potter também tem que trocar de bandagem. – Harry escuta a voz de Pansy.

Os cortes em sua mão foram resultados de uma ataque de fúria. Não foi permitido que ele entrasse no quarto de Pansy ou visse seu filho, ele tentou fazer com que os curandeiros abrisse uma exceção para ele, pedindo inicialmente e depois ordenando, mas quando viram o seu estado pensaram que ele estivesse machucado também, e o levaram para enfermaria. Quando entenderam que o sangue em suas roupas não era dele, a situação já tinha o estressado o suficiente.

Harry agarrou as roupas que os curandeiros deram e se direcionou ao banheiro furioso. Ao se olhar no espelho, a culpa e a raiva encheram seu peito. Ele era o herói, o salvador do mundo bruxo, fracassou em todos os papéis que tentou assumir, seja como auror, como pai, como cônjuge. Ele não conseguiu encarar nem mais um segundo seu reflexo e foi seu punho de encontro ao espelho.

Ele abre os olhos e pisca algumas vezes para se deparar com os olhos iguais ao do cadáver que estava em sua mente o encarando. Tirando pequenos arranhões em seu rosto e a bandagem em um de seus braços, Pansy está em um estado melhor do que quando ele a encontrou.

— Eu estou bem. – Harry abre e fecha sua mão para demonstrar a sua melhora para Parvati que estava trocando a bandagem de Pansy. – Não se preocupe comigo.

Parvati assenti e retorna a tarefa de guardar os instrumentos que havia utilizado. Um resmungo vindo da cama desvia a atenção para Pansy novamente.

 - Algum problema, senhorita Parkinson? – pergunta Parvati.

— Estou irritada com essa roupa ridícula. - Pansy tenta ajustar a roupa que o Hospital St. Mungus deu a ela, um conjunto de calça e blusa verde, com propriedades mágicas para diagnóstico e curativo para ferimentos.

— Monstro trouxe suas roupas. – recorda Harry. – Elas devem ficar mais confortáveis.

— Só se eu ficar pelada.

Harry ergue as sobrancelhas perplexo. A curandeira Parvati congela no lugar.

— Bem, eu não tenho problema com isso. – Harry diz observando atento Pansy arrumar a coberta em cima de seu corpo. – Mas acho que os curandeiros terão.

— Se for importunar aquela curandeira que me chamou de vaca interesseira, eu fico nua agora mesmo. - Pansy joga a cabeça para trás nos travesseiros, fechando os olhos. – Ela tem sorte de eu não estar com a minha varinha.

— Eu... – Parvati inicia sua fala só que um grunhido agudo vindo da pequena cama do lado oposto a cama de Pansy a interrompe.

Harry não consegue deixar de dar um pequeno sorriso e sentir um aperto no peito quando Pansy pega o pequeno bebê envolto num cobertor. Ele pensa que será impossível ter um outro bebê tão pequeno quanto o que ela está segurando agora. Já fora assustador ver o Tiago após o nascimento, olhando para seu segundo filho, que nasceu alguns meses adiantado, o aterroriza.

— Ele está bem? – Harry pergunta somente olhando para o bebê, temendo que a criança pode desaparecer sob seu olhar.

Pansy sorri com ternura para a criança. Talvez seja um dos sorrisos mais sincero que Harry tenha visto ela dar.

— Ele está bem. – garante ela feliz. – Só está entediado.

A imagem do seu filho nos braços da Pansy desacordada jamais saíra da cabeça de Harry. Ele tenta substituir aquela imagem pelas que assiste agora, tendo Pansy acordada, sorrindo para o filhos deles, um sorriso que ele não consegue desviar o olhar, tendo ambos seguros. Mas sabe que o terror e o desespero do dia do nascimento de seu segundo filho o acompanhará. Sempre haverá um perigo constante ao redor de seu filho, tudo e todos podem ferir ele agora.

Harry se questiona se foi desta forma que seus pais se sentiram, quando ele foi ameaçado de morte. Como se qualquer distração e distanciamento que seja entre ele e seu filho possa abrir espaço para que algo aconteça, como se agora o seu dever e propósito seja protegê-lo a qualquer custo. O medo insistente e constante.

O nascimento de Tiago também o fez temer, contudo, havia uma camada protetora que Harry não saberia explicar. Talvez fosse o calor protetivo da família Weasley que deu a sensação de conforto, ou a segurança que Gina passava para ele que deu a sensação que não havia nada a temer sobre o bem estar de Tiago. Nenhum desse aspectos poderiam ser comparados ao que presenciou com o nascimento de seu segundo filho.

— Já escolheu um nome para ele? – Harry ouve Parvati perguntar, já que seus olhos estão direcionados para Pansy e seu filho.

— Ele é o Alvo Severo Potter- Parkinson. – Pansy informa balançando o bebê levemente.

Harry se surpreende com a informação. Com os acontecimentos não houve um conversa sobre qual seria realmente o nome da criança, na verdade, ambos haviam se esquecido disso enquanto estavam preocupados se o bebê estava bem.

— É um nome bonito. – fala Parvati incerta quando é pega com um semblante de estranheza em seu rosto por Harry.

— Venha, Potter. – Pansy chama ele sem olhá-lo.– Venha segurar o seu filho. Já está na hora de segurá-lo, se não ele irá achar que você não gosta dele.

Harry se senta hesitante ao lado dela na cama, suas mãos instáveis se remexem com a noção de tocar em seu filho pequeno e acabar machucando de alguma forma. Ele não sabe como agir ao sentimento quente que cresce em seu peito, quando suas mãos seguram o corpo pequeno do agora nomeado, Alvo Severo Potter- Parkinson. O nome que ele sugeriu, o nome de dois bruxos que tiveram destinos tristes, um nome que tragicamente quase se encaixou com o destino que seu filho também poderia ter tido.

— Ele é tão pequeno. – Sussurra Harry com o leve peso de seu filho em seus braços, sentindo um nó na garganta se formar.

— Ele é um campeão. - Pansy murmura beijando o topo da cabeça do bebê. O menino dorme tranquilamente em seus braços, como soubesse que está seguro. - Um sobrevivente igual a mim e igual ao pai.

Harry ergue olhar para sorrir para Pansy, só então que percebe que ela não está olhando para eles, mas para Parvati que está fitando-os. Porém, algo que está além de Parvati chama sua atenção, alguém que está após a porta do quarto entreaberta, conversando com uma medi-bruxa.

É seriedade e censura que Harry identifica quando Debbie Carter encara ele. Harry franze as sobrancelhas para o arquivo que está em uma de suas mãos. O arquivo é a confirmação que ela veio pedir um reconhecimento do corpo. A identidade de Midas Parkinson precisa ser confirmado por algum parente, ele conhece esse procedimento mais do que gostaria de saber.

— Pegue ele, Pansy. – Harry entrega o menino para ela. – Eu preciso resolver uma coisa.

Harry caminha firme para fora do quarto sem qualquer outra explicação.

— Potter. – cumprimenta ela após ele fechar a porta. – Como ela está?

— Eu já reconheci.

Carter respira fundo parecendo impaciente.

— Ela precisa reconhecer o corpo. – Corrige Carter. - É protocolo, Potter.

Harry bufa insatisfeito. Ele não contou para Pansy sobre a morte de seu pai, ele havia pedido para Carter, quando a mesma veio colher o testemunho que deixasse que ela se recuperasse primeiro para depois dar a notícia. A imagem do homem morto, não causa nada além de raiva em Harry. Um homem que mesmo após os acontecimentos que ocorreu a sua família ainda teve a ousadia de usar uma roupa oficial dos comensais da morte. Midas Parkinson não teve arrependimento e a morte parece ter sido um único caminho que lhe aguardava. Esse homem não merece o luto da filha e não merece um neto.

— Eu sei que você quer protegê-la, mas... – Carter suspira e se direciona a medi-bruxa. – Conte para ele.

Harry se volta confuso para a medi-bruxa asiática, a chefe dos curandeiros, que estava conversando com Carter antes de ele interromper. 

A medi-bruxa asiática está com uma expressão inexpressível, ou parece forçar uma.

— A maioria dos ferimentos dela estão quase curados. – Comunica a medi- bruxa para Harry. – Apesar da perda de sangue no parto, e a tortura, a saúde dela está em bom estado.

— Mas? – Harry pergunta.

A pausa da medi-bruxa asiática é o suficiente para Harry entender como um mal sinal.

— Ela foi atingida no braço por uma magia que chamamos de Maldição autofágica ou maldição devoradora, ela não é muito conhecida. – completa a medi- bruxa. - Em palavras fáceis, significa que esse feitiço mata por dentro, atacando os órgãos e assim por diante.

Harry pisca algumas vezes confuso com a informação que acabou de ouvir. Nenhum momento, enquanto esteve sentado na cadeira ao lado da cama, foi lhe informado sobre uma maldição, ninguém dos curandeiros ou medi-bruxos falou do real estado de saúde dela.

— Há cura? – pergunta ele. É a única coisa que vem em sua mente.          

— Até o momento, não. – responde com sinceridade a medi-bruxa. - Só foi registrado dois casos e os dois acabaram falecendo em um ano ou um ano e meio.

Isso não pode estar acontecendo.

Harry entra em seu estado de negação instantaneamente. Não pode ser possível que ela tenha sobrevivido ao ataque para morrer por uma maldição.

— Ainda pode ser achado uma cura, não é? – Harry especula. – Nesse período pode ocorrer de ser encontrado uma cura ou uma forma de paralisar o feitiço.

— Sim, mas...

— Então, existe a possibilidade?

— Existe uma possibilidade pequena. – acrescenta a medi-bruxa.

Harry sente a presença da morte espreitando as paredes do hospital. Ele volta para o momento que pousou olhar nas marcas no braço de Pansy, o braço que deve ter sido atingido pelo feitiço da maldição. Ele havia estranhado as marcas rosadas quando as notou, achou incomum para um machucado, porém, como nenhum curandeiro ou medi-bruxo havia dito alguma coisa, ele entendeu que não tinha importância.

— Ela estava grávida quando foi atingida. – relembra Harry com o tom baixo.

— Ele não foi atingido. – afirma a medi-bruxa. – Como o feitiço atingiu o braço, não teve contato com a criança. Fizemos teste nele e todos deram negativo.

O silêncio encerra a conversa sobre a maldição. Harry está absorvendo a informação e não consegue pensar em mais nada para questionar.

 - Potter, sei que esse momento é difícil. – Carter começa. – Por isso, eu acho que ela deve reconhecer o corpo agora. Antes que receba a notícia sobre a maldição.

Harry assenti com olhar para chão em completo estado de derrota.

 - Vamos falar com ela agora. – Carter avisa antes de abrir a porta do quarto.

A conversa parece não ter existido para Harry. Seus pensamentos se focaram em entender todos os acontecimentos, como uma fuga de Azkaban se tornou assassinatos em série, uma lei se tornou atos políticos e atos políticos ocasionou várias mortes. O que aconteceu no Dragão dourado não parece ter sido um acidente, ele ouviu Pansy dizer que se recordava de ter visto bruxos batalhando entre si, antes de ter sido atingida. O que levou os bruxos que compartilhavam os mesmos interesses a batalhar?

A realidade volta para Harry quando Pansy cita seu nome.

— O que mais vocês tem para me contar que o Potter não me disse? – Pergunta Pansy com a cabeça baixa balançando o Alvo em seus braços.

A troca de olhares entre Carter, a medi- bruxa e Parvati antes de todas se direcionarem a Harry consegue fazer ele se irritar sem saber a razão por trás disso.

— Você foi atacada por uma maldição incurável. – responde finalmente não suportando o silêncio. – São as marcas no seu braço.

—O que isso significa? – pergunta Pansy se voltando seriamente para ele.

— Que você vai morrer.

A morte é algo que Harry conhece, talvez por esse motivo ele conseguiu dizer de forma prática o destino que a espera. Era dessa forma que deviam ter dito para ele, pois não haveria espaço para esperança e um futuro ilusório. O hábito de esconder coisas importantes na qual ele deveria saber sempre ocasionou mais sofrimento. Ao ser tornar auror, Harry pensou que essa prática teria seu fim, um auror poderia estar a parte de tudo e impedir algumas coisas de acontecer. E mais uma vez as circunstâncias provou que ele estava errado.

— É uma maldição que ainda não foi encontrada uma forma de paralisar o crescimento do feitiço, senhorita Parkinson. – a medi- bruxa adiciona. – Chamamos de maldição autofágica ou maldição devoradora.

Pansy acena com a cabeça em entendimento ainda fitando Harry. Sua expressão é indecifrável para ele, algo gélido e estático.

— Obrigado. – agradece ela com uma voz vazia e distante. – Podem se retirar.

Tanto Harry quanto Pansy não se movem enquanto as três saem do quarto. Uma inquietude começa a formigar em Harry, fazendo-o bater o pé no chão. Ele quer que ela ordene que ele também se retire.

Pela primeira vez, a morte está avisando sobre quando ela passará. Isso o leva de novo para o dia 02 de Maio, quando a sua morte foi revelada como necessária. O dia que ele se sentiu tão vivo e morto ao mesmo tempo. Ele se pergunta se Pansy está sentindo o mesmo, que está desejando ter morrido na Batalha de Hogwarts ou no Dragão dourado.

Lentamente a ideia da própria morte começa a crescer em Harry, como a maldição que cresce no braço de Pansy, ele não sabe se conseguirá superar mais mortes. O pensamento foge de forma abrupta quando Pansy se levanta da cama e se direciona para a bolsa de roupas.

— O que você está fazendo? – Pergunta Harry desnorteado. Ele não havia visto ela colocar o Alvo de volta no berço ao lado da cama.

— Vou sair daqui, Potter. – Pansy retira um casaco da bolsa. – Você vai nos levar para o Largo Grimmauld. E eu preciso que você me leve até Olivaras para que eu compre uma nova varinha, enquanto eles ainda não acharam a minha.

— Pansy, você não está liberada. – Harry vai até ela com intenção de retirar o casaco de suas mãos e guiá-la de volta para cama. – Você tem que ficar.

Pansy agarra seu antebraço impedindo de realizar sua ação.

— Eu não vou ficar nem mais um minuto nesse lugar cheio de incompetentes! - esbraveja ela. – Eu própria vou atrás de um jeito de reverter esse feitiço!

Quase instantaneamente, Alvo choraminga e se contorce incomodado, fazendo Pansy virar a cabeça instintivamente na direção dele. De longe, Harry consegue ver que Alvo abriu seus olhos e pisca lentamente, vagando pelo quarto a procura de seus pais. Ao se voltar para Pansy, avista as lágrimas não derramadas em seus olhos antes que ela os feche. O peito dela sobe e desce evidentemente pela respiração pesada.

— Nos leve para o Largo Grimmauld, Harry.  – pede ela descendo sua mão até a dele e segurando-a com seus dedos frios. – Nos tire daqui, por favor.

Seus olhos cor âmbar implorando e o resmungo de Alvo contorce as entranhas de Harry em culpa. Se ao menos tivesse impedido Pansy de ir, se tivesse fechado o Dragão dourado na primeira vez que colocou seus pés no local, se tivesse feito algo para deter a lei, se tivesse prendido Midas Parkinson. As incontáveis possibilidades de ações que deveriam ter sido feitas enchem a cabeça de Harry. Sem qualquer outra alternativa de ação, ele passa os braços ao redor dela, puxando-a contra seu peito antes de afirmar sem hesitar:

— Eu vou.

Ele deposita um beijo em seu cabelo, apoiando o queixo no topo da cabeça dela. Com um ponto fixo em sua visão, ele trava sua mandíbula e funga para afastar qualquer outra coisa que esteja começando a sentir.


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Notas finais do capítulo

- Eu sei....

—Perdoem qualquer erro.



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