The Witcher Path escrita por Akiel


Capítulo 2
Um Desejo para a Lua I




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Um Desejo para a Lua I

 

O vento sopra suavemente no templo de Melitele, acompanhando as jovens sacerdotisas a cuidarem do jardim e a poderosa feiticeira que caminha sozinha. Com passos lentos, Yennefer anda afastada das sacerdotisas, percebendo, mas ignorando, os olhares que são dirigidos a si e os sussurros que certamente os acompanham. A mente da bela feiticeira se encontra voltada para o passado, para uma noite já afastada pelo tempo, mas que permanece presente na memória. O olhar violeta é dirigido para o céu, onde as nuvens dançam sob a regência do vento, mas a mente permanece presa à lembrança das luas que apareceram no céu noturno como centenas de brilhantes estrelas. Uma noite sem limites para a magia, em que todo e qualquer desejo poderia se tornar realidade. Exceto por um.

Respirando fundo, a feiticeira volta o olhar para um canto afastado do vasto jardim, onde um witcher permanece conversando com um animado bardo. A visita ao templo cuidado por Nenneke foi feita em benefício de Dandelion, que se machucou no caminho – o destino pretendido tendo sido Vengeberg –, mas a energia mostrada na conversa com o guerreiro mostra que o bardo já se encontra completamente recuperado. Trocando um rápido sorriso com o witcher, Yennefer continua a caminhada, seguindo a trilha que se entrelaça às árvores. Em meio a natureza que envolve o templo, a feiticeira sente o forte sussurro do Poder, a magia se misturando ao ar e a terra, pulsando com o soprar do vento. Com a ponta dos dedos, a feiticeira de olhos violetas toca a pedra escondida entre duas árvores frondosas, o próprio poder chamando pela energia escondida na natureza.

Um momento depois, um grito pode ser ouvido vindo da trilha. Reconhecendo a voz da feiticeira, Geralt imediatamente corre em direção ao som, a espada firme na mão. O witcher é seguido de perto por Dandelion, ambos sendo observados pelas assustadas sacerdotisas. Poucos passos levam o guerreiro ao destino e as írises douradas encontram a feiticeira ajoelhada sobre a grama, os olhos fechados com força e as mãos sobre o abdômen. Geralt dispensa um breve momento para procurar por algum sinal de ameaça entre as árvores antes de ajoelhar ao lado de Yennefer, uma das mãos afastando os ondulados fios negros e repousando sobre o ombro coberto.

— Yen? O que aconteceu? – o witcher questiona tentando usar um tom de voz calmo e suave, mas que falha em esconder a preocupação sentida.

— Eu não sei. – a bela feiticeira responde, os olhos abrindo lentamente e as írises violetas procurando pelo dourado olhar – Eu tentei realizar um feitiço, mas... Doeu. – Yennefer volta a fechar os olhos, as mãos pressionando contra o próprio corpo – Geralt, ainda dói.

— Acho que é melhor a levarmos para Nenneke. – Dandelion diz, os olhos claros observando com preocupação a situação da feiticeira.

Concordando, Geralt abraça a feiticeira com cuidado, os braços a segurando pelas costas e sob os joelhos, dando a firmeza necessária para que o witcher possa pegá-la no colo. Nos braços do guerreiro, Yennefer deixa que um braço envolva o witcher pelo pescoço em um abraço que busca conforto e segurança. Geralt assente para Dandelion, que retribui o gesto, seguindo o amigo de volta para o templo. A caminhada de retorno é breve, mas não discreta, conquistando a curiosa atenção das sacerdotisas. Mais calma, mas não menos curiosa do que as irmãs, Iola é quem recepciona Geralt e o leva até a arquissacerdotisa.

A partir desse momento, tudo passa como um nevoeiro na mente do witcher. Se pressionado, Geralt pode se recordar da jovem sacerdotisa guiando o caminho até Nenneke, da instrução recebida de deitar Yennefer sobre uma cama e até mesmo de ser empurrado para fora do quarto junto com Dandelion. Contudo, a mente do Lobo Branco se encontra tomada pelo véu da preocupação, o coração que não deveria sentir estando dolorido com o temor do que pode acontecer com a feiticeira de olhos violetas. Sentado sobre um banco do lado de fora do aposento de Nenneke, o witcher é retirado dos próprios pensamentos por um toque suave no ombro, as írises douradas sendo erguidas para o rosto do amigo.

— Yennefer é forte, Geralt. – o bardo diz em um tom de voz apenas um pouco mais alto do que um sussurro – Ela é a feiticeira mais poderosa que eu conheço. Ela vai ficar bem.

Com um fraco sorriso, o witcher assente, silenciosamente agradecendo as palavras e a presença do amigo. Mas antes que o guerreiro possa responder, a porta do quarto é aberta revelando uma séria Nenneke. Nas fortes e firmes linhas que formam a expressão da velha amiga, Geralt reconhece o aviso de que algo grave aconteceu.

— Yennefer está bem, Geralt. – a arquissacerdotisa diz, prevendo o questionamento do witcher – A dor que ela sentia passou e ela está descansando, mas eu preciso conversar com vocês dois. – o olhar de Nenneke é rapidamente desviado para Dandelion – Você pode vir, já que eu sei que é inútil tentar impedi-lo.

Em silêncio, ambos seguem Nenneke para o interior do aposento, encontrando Iola terminando de ajudar Yennefer a tomar uma poção. Imediatamente, o witcher é atraído para o lado da feiticeira, o dourado olhar procurando por alguma sombra ou vestígio de dor na face bela, mas achando apenas cansaço. Percebendo a intenção de Geralt, a feiticeira oferece um fraco sorriso, a mão sendo erguida para entrelaçar os dedos aos do witcher.

— Nenneke se recusou a me dizer o que aconteceu até você estar aqui. – Yennefer diz, a voz colorida com um leve tom de provocação, fazendo o witcher sorrir.

— Estou aqui, Nenneke. – Geralt diz dirigindo o olhar para a arquissacerdotisa.

— Yennefer está grávida. – Nenneke diz de modo seco e direto – E eu presumo que você seja o pai.

— O quê?! – a alta exclamação de Dandelion dá voz à surpresa e ao choque desenhados na face do witcher e da feiticeira – Como isso é possível?

— É exatamente isso que eu quero saber. – a arquissacerdotisa diz olhando seriamente para o casal.

Por um momento, o próprio tempo parece parar. As írises douradas se voltam para a feiticeira sobre a cama, mas ao invés de sobre o olhar violeta, elas caem sobre a mão livre que Yennefer, aparentemente sem pensar, coloca sobre o ventre. Geralt sente quando o toque dos dedos da feiticeira se torna mais forte, mas a atenção do guerreiro é atraída para a face bela, que começa a se desfazer dos traços da surpresa, adquirindo as linhas da compreensão e da felicidade. O Lobo Branco, por sua vez, não consegue definir o que sente, a surpresa e a confusão ainda pesando sobre a possível felicidade de se tornar pai.

— Geralt... – a voz de Yennefer chama o dourado olhar para as írises violetas que ainda brilham com a realização, os lábios se esticando em um largo sorriso – A Noite das Mil Luas... Meu desejo...

— Então, você fez um desejo. – o witcher responde não conseguindo impedir que a provocação escape na voz.

— Então foi isso que aconteceu. – Nenneke diz com um pesado suspiro, capturando a atenção do witcher e da feiticeira.

— Mas isso não explica por que Yennefer sentiu dor. – Dandelion comenta.

— Na verdade, explica. – a arquissacerdotisa de Melitele responde.

— O que quer dizer, Nenneke? – a feiticeira responde, a voz e a face adquirindo uma seriedade tão intensa quanto a da sacerdotisa.

— Essa criança foi concebida em uma noite de intensa magia. Se poderia dizer que ela foi concebida da própria magia. – Nenneke começa a explicar – Isso a fez incrivelmente sensível a magia, mesmo ainda nos primeiros estágios da gravidez. Quando Yennefer tentou usar o próprio poder, a criança sentiu. Isso foi o que causou a dor.

— Então, a magia de Yennefer pode machucar a criança? – Geralt questiona sentindo a tensão que nasce na feiticeira, o temor de ter machucado o próprio filho.

— Não intencionalmente. – o olhar da arquissacerdotisa é focado na face da bela feiticeira – Se você deseja levar essa gravidez adiante, eu aconselho a se afastar da magia durante esse tempo. Sua criança é muito sensível e eu não posso dizer o quanto de magia ela consegue suportar.

Yennefer assente, compreendendo o aviso de Nenneke. O olhar violeta é abaixado, a mão permanecendo com um toque suave sobre o ventre. Respirando fundo, o witcher se ajoelha sobre a cama, a mão livre puxando a feiticeira para um abraço que a aninha contra o próprio peito. Quase imediatamente, Geralt pode sentir Yennefer relaxar e acomodar ainda mais o corpo nos braços do guerreiro. Por um momento, o Lobo Branco apenas inala o perfume de lilás e groselha, a mente tentando registrar e compreender o que está acontecendo, tornar real a gravidez da feiticeira.

— Isso não é tudo. – Nenneke diz, quebrando o silêncio e retomando a palavra.

— O que mais? – Geralt questiona sem se afastar de Yennefer.

— Essa criança nascerá com o sangue de um witcher e de uma feiticeira, sangues que não deveriam se misturar. – as palavras da sacerdotisa, lentas e calmas, são como sussurros que despertam temores no coração do guerreiro, medos acerca da própria natureza – Isso fará dela um Truque do Destino. – a tensão que renasce no aposento denuncia a compreensão sentida pelos presentes – Truques do Destino são incrivelmente raros, mas poderosos e sensíveis a magia. Só o tempo dirá se essa criança se tornará uma feiticeira ou feiticeiro, mas é certo que será marcada pela magia. – um suspiro escapa por entre os lábios de Nenneke – Eu aconselho que permaneçam aqui até que essa criança nasça. Não há muito no Templo, mas vocês serão bem vindos.

Com um movimento da mão, a arquissacerdotisa chama Iola e ambas deixam o aposento. Trocando um rápido sorriso com o amigo e percebendo a necessidade de Geralt e Yennefer de ficarem sozinhos, Dandelion também deixa o quarto. O silêncio permanece e, um pouco hesitante, o witcher deixa que o toque que envolvia os ombros da feiticeira caia um pouco, parando sobre os dedos que ainda tocam o ventre. Contra o pescoço, o guerreiro pode sentir o sorriso de Yennefer, a felicidade com a notícia – apesar dos avisos – emanando da feiticeira em ondas que fazem com que um sorriso nasça nos lábios do witcher.

— Você está feliz. – Geralt diz apenas para quebrar a quietude.

— Você não está? – a feiticeira questiona entrelaçando os dedos aos do witcher sobre o ventre.

— Um pouco assustado, na verdade. – o Lobo responde com uma fraca risada.

— O quê? – Yennefer questiona com provocativa diversão, se afastando apenas o suficiente para buscar o dourado olhar do witcher – Está com medo de que ela nasça com os seus olhos? – soltando uma das mãos do companheiro, a feiticeira toca o rosto do guerreiro, os dedos acariciando o contorno dos olhos dourados.

Sem pensar, Geralt imita o movimento, os dedos afastando os fios negros da face bela e repousando sob as írises violetas. É inegável a felicidade de Yennefer, o claro olhar brilhando com a alegria de um desejo finalmente realizado. E o witcher não pode negar a ansiedade que nasce no coração, o fazendo batendo mais intensamente do que qualquer batalha. Ansiedade para conhecer a pequena vida que cresce em Yennefer, de ver e ter algo que nunca cogitou que pudesse ter. Sob a luz do olhar de Yennefer, Geralt se encontra contagiado pela mesma felicidade, mesmo que os avisos de Nenneke ainda sussurrem na mente, dando forma a medos sobre a própria natureza como witcher e como isso pode influenciar a criança que está para nascer.

— Eu prefiro que ela nasça com os seus olhos. – Geralt responde, um sorriso esticando os lábios finos.

Rindo, Yennefer se deixa voltar para a abraço do witcher e o beijo que se segue tem o doce sabor da esperança.


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Notas finais do capítulo

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