The Witcher Path escrita por Akiel


Capítulo 3
Um Desejo para a Lua II




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Um Desejo para a Lua II

 

Os meses após a descoberta de Nenneke passam rápido como o vento para o Lobo Branco. Yennefer decide seguir o conselho da arquissacerdotisa e permanecer no templo de Melitele, o que faz com que o witcher procure e aceite contratos apenas na região de Ellander. Dandelion também se torna uma visão comum no templo, curioso demais para se manter longe por muito tempo. Apesar do olhar sempre atento e cuidadoso de Nenneke para com Yennefer e o temor do que o futuro pode trazer para a criança ainda não nascida, os dias são bons para Geralt. E o principal motivo para isso é o constante sorriso nos lábios da feiticeira de olhos violetas – um sorriso que o witcher vê aumentar toda vez que Yennefer sente o bebê se mover no ventre. Mesmo que a prática da magia tenha sido deixada de lado pela duração da gravidez, a bela feiticeira continua com os estudos, grimórios e livros sendo uma visão constante no quarto compartilhado pelo casal.

E observar Yennefer sentada na cama, uma mão segurando um livro e a outra acariciando suavemente o arredondado ventre se torna um dos passatempos favoritos de Geralt, um sorriso próprio adornando os lábios finos e a mente imaginando a cor dos olhos e do cabelo do bebê – o coração desejando o violeta e o preto da amada – e o quão presente a magia será na vida da filha ou do filho. Tais questionamentos acompanham o witcher mesmo durante os contratos, assim como os temores que insistem em sussurrar na mente do Lobo Branco sobre as próprias mutações e os efeitos que poderiam causar ao bebê. Contudo, o guerreiro luta contra esses pensamentos, focando na imagem formada pelo desejo de ver os olhos de Yennefer em um rosto pequeno e ainda indefeso.

É exatamente esse pensamento que flutua na mente de Geralt durante o retorno para o templo de Melitele, o suave trotar de Plotka mantendo um ritmo constante que permite ao witcher observar a paisagem ao redor. Assim, não é difícil para os olhos dourados notarem a figura que parece esperá-lo próximo à entrada que dá acesso aos estábulos, o inquieto caminhar de Dandelion sendo rapidamente reconhecido. Sentindo um começo de ansiedade nascendo no coração diante da imagem do amigo, o Lobo faz com que Plotka acelere e cruze com agilidade o caminho restante, os pés do guerreiro logo tocando o chão e seguindo na direção do bardo. A primeira coisa que as írises douradas notam é o brilho  de preocupação no azul olhar e Geralt sabe o objeto por trás do sentimento antes que qualquer palavra deixe os lábios do poeta.

— Geralt, é a Yennefer. – Dandelion começa, as mãos sendo erguidas e espalmadas contra o peito do amigo em uma tentativa de fazê-lo esperar antes de correr em busca de feiticeira – Ela está dando a luz. – um sorriso nasce nos lábios do visconde e o brilho de preocupação nas írises azuis se transforma em felicidade – O bebê está nascendo!

Sem dizer mais nada, o bardo envolve o braço do witcher em um aperto firme e o guia para o interior do templo. Durante o trajeto, a mente de Geralt se esforça para registrar completamente o que foi dito por Dandelion, para reconhecer que em questões de momentos irá conhecer o bebê tão desejado por Yennefer e que o próprio guerreiro já ama tanto quanto a feiticeira. Os corredores conhecidos passam como um borrão para os olhos do witcher, o coração batendo mais forte a cada passo dado e até mesmo a voz do poeta sendo abafada pelo desejo de encontrar a amada logo, de ver que tanto Yennefer quanto o bebê estão bem. A rápida caminhada, contudo, é interrompida quando a trilha é bloqueada por Nenneke, o intenso olhar da arquissacerdotisa analisando os dois homens por um instante antes de um sorriso nascer nos lábios finos.

— Parabéns, Geralt. – a velha sacerdotisa diz, o sorriso ainda esticando os lábios – É uma menina.

O grito de alegria de Dandelion ecoa na mente do witcher, que sente os braços do amigo o envolverem em um firme abraço. Geralt retribui o carinho de modo automático, a mente ainda flutuando no conhecimento de que acabou de se tornar pai— algo que sempre pensou estar completamente fora do alcance. Mas então os sussurros retornam e medo faz com que o coração do Lobo trema, as mãos tocando os braços do animado bardo e fazendo com Dandelion o olhe com preocupada confusão. Lendo as sombras nos olhos dourados, Nenneke não espera que o witcher pergunte, respondendo ao mudo questionamento com calma confiança:

— Não se preocupe, Geralt. Tanto Yennefer quanto a menina estão bem.

Soltando a respiração que havia prendido sem perceber, o Lobo Branco se permite olhar para o amigo, um largo sorriso finalmente nascendo nos lábios e refletindo aquele que é oferecido pelo bardo. Decidindo não desperdiçar mais tempo, Nenneke guia Geralt e Dandelion para o interior do quarto, onde encontram Iola terminando de cuidar de Yennefer. Ao perceber os recém-chegados, a feiticeira ergue uma das mãos na direção do witcher, o querendo o mais perto possível. Geralt responde ao chamado de modo imediato, mas os passos perdem um pouco de velocidade quando as írises douradas percebem a pequena aninhada no colo da amada. Uma fraca risada deixa os lábios da feiticeira de olhos violetas ao perceber a hesitação que domina o witcher ao se aproximar, o dourado olhar completamente focado na pequena apoiada sobre o peito de Yennefer.

Geralt sente o leve peso do toque da amada sobre o braço, mas a atenção do witcher é dedicada a retirar as manoplas, deixando as mãos livres para tocar o rosto da pequena com cuidado, os dedos quase não tocando a pele pálida e fazendo com que um baixo balbuciar escape do bebê. O delicado carinho continua até tocar os curtos fios negros, um sorriso de satisfação nascendo nos lábios do Lobo ao ver que pelo menos parte do desejo foi realizado. Sob a atenção recebida, a pequena se mexe no colo da mãe, os braços de Yennefer logo a envolvendo em um firme abraço, e as pálpebras tremem antes de se abrirem e revelarem írises intensamente douradas com pupilas verticais. A surpresa sentida é clara na face de Geralt, mas ao mesmo tempo, há orgulho no coração do witcher ao ver o próprio olhar refletido nos olhos da filha.

— Quem diria, Geralt, ela tem seus olhos. – Dandelion comenta apoiando uma das mãos no ombro do amigo para ter um apoio melhor ao observar a pequena.

Ignorando o comentário do bardo, Geralt dirige o dourado olhar para Yennefer. Na face da amada, o Lobo Branco encontra apenas felicidade. Há suor e cansaço no rosto da bela feiticeira, mas o brilho de alegria que ilumina as írises violetas supera tudo, até mesmo o brilho da lua cheia ou a luz de um céu limpo e estrelado. Sorrindo largamente, Yennefer encosta o rosto sobre o cabelo da filha, o intenso olhar não desviando da face do amado. Retribuindo o sorriso, Geralt sente o coração expandir e quebrar todos as amarras impostas pela surpresa, pela dúvida e pelo temor. Em um movimento rápido e movido a paixão, o witcher beija a feiticeira, o calor da pequena nos braços da amada se tornando um modesto, mas poderoso sol no peito do Lobo Branco.

— Vocês já escolheram um nome? – Nenneke questiona sem conseguir esconder a satisfação sentida com a felicidade da feiticeira e do witcher.

A pergunta faz com que Yennefer se afaste apenas o suficiente para que o olhar violeta seja dirigido para a pequena nos braços. Os dedos da poderosa feiticeira acariciam a face da filha suavemente, parando quando dedos pequenos envolvem  a mão da mãe em um curioso carinho que aumenta ainda mais o sorriso nos lábios da bela feiticeira.

Ileanna. – o witcher responde, percebendo que a amada se encontra completamente hipnotizada pela filha.

— Um belo nome. – Dandelion diz, um dos braços envolvendo os ombros do amigo e um largo e sincero sorriso adornando os lábios finos  – Parabéns, Geralt.

O Lobo Branco assente, grato pelo apoio e pela presença do amigo, mas o dourado olhar logo retorna para a filha, uma das mãos sendo erguida e envolvendo tanto os dedos de Yennefer quanto os de Ileanna. E, sob o calor das duas pessoas que lhe são mais importantes, o witcher sente o coração fazer uma promessa a si mesmo. Proteger Yennefer e Ileanna e não deixar que nenhum mal – de nenhuma fonte – chegue até a pequena de olhos dourados. Tal juramento Geralt encontra refletido no violeta olhar e repetido as incontáveis vezes em que olha nas írises de witcher herdadas pela filha. Ainda assim, o witcher percebe quando o sorriso da feiticeira se torna maroto, colorido com um divertimento que é quase como um aviso para a mente do Lobo.

— Por que você não a segura um pouco? – Yennefer questiona e muda o modo como abraça Ileanna, deixando mais fácil passar a pequena para o colo do pai.

— Yen... Eu não... – Geralt começa, o coração acelerando no peito com ansiosa hesitação, mas sendo interrompido por Dandelion, que se afasta um pouco para dar mais espaço ao witcher.

— Vamos, Geralt, é a sua filha! – o bardo encoraja com animação, os olhos azuis brilhando com provocação e divertimento.

Rindo, Yennefer ajuda o amado a segurar a filha e a imagem do poderoso witcher segurando a pequena recém-nascida faz com que sorrisos nasçam nos lábios de todos que observam, Dandelion se destacando ao comentar que Geralt pode respirar enquanto tem Ileanna nos braços. Temeroso demais para se mover, o Lobo se contenta em fulminar o amigo com o olhar, os braços ainda cobertos com a armadura tentando se acostumar com o peso quase inexistente de Ileanna, a fragilidade da pequena contrastando com a atenção e a força que podem ser encontradas nas írises douradas.

Uma atenção e força que se tornam uma constante fonte de surpresa nos meses que se seguem. Sempre atenta e nunca esquecendo a natureza peculiar da pequena, Nenneke não deixa de comentar sobre o poder que parece se manter adormecido no fundo do dourado olhar de witcher e que pode, um dia, atrair inimigos a Ileanna. Os avisos da arquissacerdotisa não são ignorados e Geralt percebe o pensativo olhar nas írises violetas toda vez que a filha se encontra sob os cuidados de outro, normalmente Dandelion ou Nenneke, os únicos com quem Yennefer realmente aceita deixar Ileanna, além do próprio witcher. E é exatamente esse olhar que o Lobo Branco observa, as costas apoiadas no tronco de uma das árvores do jardim e as írises douradas focadas na poderosa feiticeira, que assiste enquanto Ileanna ouve Dandelion cantar. Com cuidado, o witcher se aproxima da amada, os braços envolvendo a cintura fina sem realmente surpreender a bela de olhos violetas.

— Acho que sei o que está pensando. – Geralt diz, a atenção passando a filha, que, no colo do bardo, parece completamente absorvida na canção.

— Ainda é cedo para sabermos exatamente que tipo de poder a natureza de Truque do Destino dará a Ileanna, mas eu sei que, se outros feiticeiros descobrirem, eles irão desejar esse poder. – Yennefer responde, o corpo lentamente relaxando no abraço do witcher.

— Andei pensando sobre isso também. – o Lobo Branco começa, os braços aumentando a força com que envolvem a amada feiticeira – Acredito que deveríamos levá-la para Kaer Morhen. – o dourado olhar busca pelas brilhantes írises violetas – Cercada por witchers, Ileanna estará segura.

— Acha que Vesemir e os outros irão concordar? – a feiticeira questiona, um eco de provocação escondendo o início da aceitação da proposta.

— Tenho certeza. – há força na voz de Geralt, que abaixa o rosto até encostá-lo no pescoço de Yennefer – Lá, você poderá treinar Ileanna e poderemos ver o quão sensível a magia ela realmente é e que tipo de poder ela guarda.

A bela feiticeira apenas assente, sorrindo quando Ileanna ri de algo dito por Dandelion, mas não deixando de ouvir as palavras que são sussurradas como uma promessa pelo witcher:

— Vou manter nossa filha segura, Yen.

O futuro, contudo, não é tão simples de se prever.


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Notas finais do capítulo

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