Blades of Chaos escrita por Madame Andrômeda


Capítulo 7
O Encontro - Parte II




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793306/chapter/7

 

O percurso rumo ao cinema drive-thru fora mais longo do que o anterior até a lanchonete. As passagens urbanas de New Coventry compunham o cenário perfeito do que normalmente esperamos de um distrito industrial. Situada em algum lugar entre os pátios ferroviários e as dezenas de edifícios fatoriais, essa área da cidade contrastava com a paisagem asseada e arborizada de Old Bullworth Vale, o bairro de alta classe onde residiam os barões de Bullworth e, principalmente, as famílias dos Preppies. Essa discrepância chocante revelava com mais transparência e profundidade a divisória social presente na cidade. O meio-termo que separava esses dois polos extremos era o centro comercial, local de maior concentração de estabelecimentos e derivados.

New Coventry, o núcleo da pobreza e decadência de Bullworth, contava não apenas com a presença da fumaça negra e desagradável provinda das fábricas ao redor do distrito, mas também um pavimento precário manchado de óleo, um detalhe que resultava em turbulência na condução de Lola, e me levava a segurar no apoio da cintura firme da greaser com mais frequência do que eu gostaria.

As propriedades que ladeavam as ruas eram em sua maioria casas dilapidadas, terrenos baldios, edifícios seculares pertencentes a um conglomerado industrial em ruínas, todos grudados em lotes apertados, com o mesmo aspecto rústico de tijolos amarronzados resultantes de uma construção sem reparos.

O conjunto de prédios degradados exibiam janelas estilhaçadas e estruturas que transmitiam pouca nenhuma confiança. Todo o ambiente contribuía para um sentimento de negligência, para a gravura de abandono entre as diversas pichações territoriais espalhadas pelas paredes e muros do bairro.

Greasers corriam soltos pelas calçadas, gritando e assediando os mendigos, cometendo todo tipo de atos viscerais para obter controle do pouco território que tinham naquela área. Alguns deles podiam ser encontrados discutindo com moradores de todas as idades — até com adultos e idosos. Outros, por sua vez, estavam envolvidos em confrontos físicos com os townies, como eram chamados os renegados da cidade, os adolescentes pobres que haviam sido expulsos ou não tinham condições de ingressar na academia Bullworth.

New Coventry tinha como causa de sua erupção volátil o mesmo caos que também permeava a problemática existência na academia Bullworth. Contudo, sua instabilidade era ainda mais acentuada, mais substanciada por fatores relativos à desigualdade dos meios de vida dos menos afortunados. Eu jamais havia acessado esse canto secreto da cidade, logo, em virtude da minha pouca familiaridade com o local, as impressões que tive sobre a região careciam de certa substância.

Lola, ao contrário de mim, crescera aqui. Ela conhecia melhor do que ninguém os becos e atalhos do distrito operário de Bullworth. Suspeitei que havia um mapa invisível impresso na palma de sua mão, cada linha consistindo em coordenadas para um local específico.

Tentei calcular quantas vezes ela havia brincado nos canteiros de obras com outras crianças — atirando pedras, ralando os joelhos, se escondendo em edifícios inacabados — e quantas vezes a mãe a repreendera por isso, bradando a plenos pulmões da janela de casa, uma matrona italiana de espírito fervoroso. Eu a imaginava como uma Marilyn Monroe mesmo na idade mais terna, seduzindo garotos com beijos soprados e poses insinuantes tudo em troca de cigarros e alguns trocados, sempre se metendo em encrencas.

Senti um vento cortante arrepiar minha pele. Era possível ouvir ao longe uma comoção de máquinas pesadas conforme nos aproximávamos das fábricas distantes. Eu me pergunto quantas vezes ela já conduziu com a mesma destreza admirável de agora sua motocicleta pelas ruas esburacadas de New Coventry, e quantas garotos — ou garotas — ela já escoltou na garupa do veículo.

Lola era uma motorista habilidosa, e seu conhecimento da região me trouxe uma sensação peculiar de segurança. Esse sentimento em particular não era algo que pudesse ser associado a ela sob circunstâncias comuns, mas após ter testemunhado de relance um greaser empurrando uma idosa indefesa no asfalto apenas pelo prazer de boas gargalhadas, não sinto estar em uma situação que possa ser definida como “comum”.

— Preparada para fazermos algo relativamente ousado? — Lola deferiu em tom de desafio após virar a curva estreita de uma região mais desolada do bairro.

Tratava-se de um vasto estacionamento. Lá, as casas geminadas davam a impressão de estar a uma distância razoável. O território era amplo e ocupado apenas por uma variedade de carros, sendo o único obstáculo de chegada um muro de tijolos não muito alto.

No topo de onde todos os automóveis estavam estacionados, via-se, mesmo na distância onde eu me encontrava, um vasto projetor de tela cinematográfica pendendo no ar, apagado devido à ausência das imagens projetadas.

— Devo me preocupar em compreender qual é o seu conceito de “relativamente ousado”? — Perguntei com uma boa dose de ceticismo sublinhando minha fala, já me antecipando para eventos inconvenientes com grandes chances de resultar em desastre caso eu não tomasse as precauções necessárias.

Havíamos parado no que aparentava ser a remota área de saída do cinema drive-thru. A luz aureolada e opaca vinda dos postes telefônicos oscilava em oposição à atmosfera enervada da noite a se alastrar. Tanto eu quanto Lola havíamos removido nossos capacetes de proteção e os guardado na bolsa porta-malas. Entretanto, permaneci sentada em meu assento mesmo quando a greaser agilmente deslocou-se para fora da motocicleta e firmou os pés no chão.

— Não se preocupe querida, valerá a pena. — Garantiu sem acrescentar quaisquer detalhes.

Estabelecendo proximidade com o objetivo de enfatizar um ponto, Lola posicionou-se diante de mim. O castanho escuro de seu olhar mordaz refulgia sob a iluminação turva dos postes telefônicos, os reflexos dos lampejos alaranjados formavam sombras disformes no asfalto. Ela cravou os dentes muito brancos no lábio inferior, como usualmente fazia em demonstração desejosa, em seguida moveu as mãos, permitindo-as que explorassem o comprimento das minhas coxas separadas pela minha posição atual.

Meu corpo tencionou em descompasso. Engoli seco, sentindo minha respiração travar na garganta. Me esforcei ao máximo para não denunciar a sensação envolvente que seu toque inesperado havia me provocado. Não queria dar a ela o gosto de saber que meu corpo inteiro havia se arrepiado em resposta ao percorrer audacioso de suas mãos cálidas. A greaser prepotente de tendências altamente provocativas cessou a escalada de suas mãos no limite do que poderia ser considerado decente e apropriado.

— Sabe que para podermos assistir ao cinema drive-thru, precisamos de um carro, certo?

Permaneci imóvel, encarando-a com uma dureza impermeável, como se dissesse: “Se ousar propor que roubemos um carro, eu a farei ser atropelada pela sua própria motocicleta!”.

— Calma, não vamos roubar um carro! — Lola defendeu-se, erguendo as mãos ao alto para performar um gesto dramático de rendição. Era evidente que havia decifrado a severidade do meu semblante. Ela abaixou as mãos e continuou a declarar, a voz agora insidiosa: — Mas iremos burlar a segurança que só permite a entrada de carros pulando aquele muro, e iremos encontrar a caçamba de uma caminhonete que quase sempre está desocupada por aqui para que possamos acompanhar o filme.

Suspirei pesadamente. Meu suspiro entregou meu cansaço. Desviei os olhos dela e levei os dedos até a fronte tensionada, tomando um tempo para processar aquelas informações ao massagear a têmpora direita em uma tentativa de reduzir meu nível de estresse. Percebendo minha insatisfação subliminar, Lombardi retomou a repousar suas palmas ávidas sobre minhas coxas. Desta vez, no entanto, pude controlar melhor meu arrepio ocasionado pelo seu toque em virtude ao efeito extenuante do meu estado atual.

— Lola, isso não é uma boa ideia. — Alertei, exasperada. — E se o dono da caminhonete surgir e nos encontrar lá?

Cessei a massagem a qual havia aplicado em minha têmpora para cruzar os braços e direcioná-la o meu olhar mais fulminante.

Lola arqueou a sobrancelha perante à minha pergunta, seu rosto adotara uma expressão de impassibilidade austera para combater minha rigorosidade. Ela inclinou o corpo um pouco mais para frente e contra-atacou apertando minhas coxas, anulando ainda mais a distância existente entre nossos corpos.

Senti-me atingida de surpresa. Foi uma investida impetuosa, quase infalível, me atrevo a dizer. Senti meu corpo queimar, clamando, rogando, implorando por mais daquele toque tão diabolicamente tentador. Minha pulsação pareceu intensificar, como se uma onda de sensações avassaladoras viesse a me envolver a prumo colossal de uma vez só. O calor exigente das mãos de Lombardi parecia perfurar minha pele mesmo através do tecido da calça, seus dedos dilaceravam minha carne como lâminas quentes e afiadas. O perfume lirial que flutuava dela preenchia meu olfato de seu aroma delicioso, não permitindo espaço para nada mais além dela.

Passamos um instante prolongado nessa provocação silenciosa. Pude sentir sua respiração suave devido à intensa proximidade, e me peguei a invejando por esse ato singelo — pois estando tão próxima dela, era quase como se o fôlego me tivesse sido roubado. Era assim que Pinky havia descrito se sentir ao me ver: sem ar, assim como a própria Lola apontou sentir também a meu respeito. Era como se os pulmões desaprendessem a respirar perante a confrontação de um desejo à espera de ser saciado.

Meus braços desfizeram a pose defensiva, meus ombros distensionaram. E como se fosse uma bruxa satisfeita pelo seu feitiço excedido, Lola sorrira ardilosamente ao voltar a se articular:

— Está acovardando agora? Eu te desafio a cumprir com o meu pedido. — Proclamou, tempestuosa. Desta vez, afastando-se para enfatizar o seu mais novo desafio lançado.

— Argh! — Grunhi em frustração, tendo os punhos crispados contra meu próprio colo. — Eu não acredito que você está me desafiando a isso!

Lola detinha um poder enorme sobre mim; era injusto e revoltante. Quis ser forte o bastante para não ceder à coação, para não seguir adiante com aquelas provações incôngruas arquitetadas por ela. Mas a ânsia de triunfar em tudo o que me fosse proposto mostrava-se grandiosa demais para ser ignorada.

Lombardi caminhou um pouco como se sugerisse estar seguindo em direção ao muro que dividia o local onde estávamos da saída do cinema drive-thru.

— Oh, pobrezinha da Thea! — Ácida, veio a debochar. — Não sabia que ela era tão medrosa ao ponto de nem vir assistir a um mero filme com apenas alguns obstáculos bobos.

Basta! Desci da motocicleta. Do momento que estabeleci os pés no chão até o instante que finalmente me pus frente a frente da garota esbanjadora de desafios manipulativos, a minha determinação era o que me impulsionava a agir. A relutância cética havia se diluído para dar espaço à palpável e fulgurante energia resolutiva transpassada pela minha postura.

Os olhos extasiados de Lola fitavam-me com fascínio. Tudo em seu semblante felino ressaltava sua satisfação perversa em ter provocado em mim a reação desejada. Reparei também em seu peito elevado acolhendo o ar com mais profundidade. Tamanha era a intensidade de sua apreciação contemplativa.

Apurada pela convicção resplandecente em meu ser, expressei minha aceitação ao desafio declarado de forma inconvencional:

— Cale a boca. — Exigi. — Espero que esse filme seja bom.

Sem esperar qualquer manifestação por parte da greaser, andei um pouco mais à frente para estar mais próxima do muro. Ponderei minhas opções de escalada. A altura em si não representava um grande desafio, contudo, mesmo com um impulso bem aplicado, ainda seria difícil de alcançar o topo.

Lola não demorou muito para se aproximar de mim. Lado a lado, permanecemos a encarar o muro divisor de nosso objetivo. Mas claramente pensamentos muito distintos percorriam nossas mentes. Lola decidiu dar voz a essa distinção.

— Sabe, se o filme não for do seu agrado, podemos até ir a um cantinho escuro para que você cale minha boca com um beijo. — Ela ofertou, deixando seu tom de voz ecoar em uma margem sedutora a fim de me render à sua proposta indecente.

Senti o maldito rubor acalorado subir pelo meu rosto e tingir minhas bochechas de tons avermelhados. Tentei a todo custo não imaginar como seria beijá-la em um beco escuro. Tentei apagar do horizonte da memória a sensação prazerosa que meu corpo absorveu através do toque em minhas coxas. Porém, minha tentativa mostrou-se inútil. Era inevitável não almejar silenciosamente a concretização dessas fantasias secretas.

Eu não pretendia me render aos encantos dela. De modo algum! Precisava repetir esse mantra mental sempre que possível até crer no absolutismo desta afirmação.

— Talvez nos seus sonhos. — Empurrei-a pelo braço sem empregar força alguma, visando apenas dar ênfase à minha asseveração ao estabelecer uma distância segura de suas sugestões tentadoras.

Lola riu em resposta, sua voz lúbrica caíra uma oitava. Enxerguei pelo canto do olho que ela havia mordido o lábio mais uma vez. O ar maquiavélico e magnético nunca abandonava sua presença sedenta por findares devassos.

Subitamente, decidi desarmar Lola a partir de uma atitude inesperada. Tomei a iniciativa abrupta de agarrar sua cintura e virar o corpo dela para ser erguido à minha vontade.

— Oh! — Exclamou, estupefata. Sua expressão de surpresa trouxera à superfície um espanto ingênuo incomum de ser atribuído a ela. Essa faceta rapidamente veio a ser substituída pela usual aura libidinosa a qual lapidava boa parte de suas manifestações. Lola lambeu os lábios e basicamente ronronou a pronúncia de cada sílaba de suas palavras seguintes: — Thea, minha nossa, você é mais forte do que eu imaginava!

Ela envolveu os braços ao redor do meu pescoço, mãos possessivas tatearam áreas da minha pele descoberta. Pura satisfação fora emanada por ela ao ter sido carregada como se fosse uma noiva a caminho de uma noite nupcial.

Longas pernas trajadas pela calça de couro notavelmente ajustada às suas curvas contavam com o apoio do meu braço direito na parte traseira de seus joelhos, enquanto minha mão espalmada suportava com firmeza o centro de sua coluna.  O peso dela era bem distribuído de modo equilibrado o bastante para não ocasionar ulceração no meu braço ferido. Lola era leve como uma pena, algo de que podia-se suspeitar a julgar por sua magreza de modelo.

— Não faça gracinhas. — Censurei-a de antemão, logo em seguida indo direto ao ponto demandando-a. — Você vai subir o muro primeiro e depois me ajudará a subir.

Meus comandos, entretanto, foram ignorados. Lola parecia centrada demais em dedilhar carícias na minha nuca para me responder. Logo, prossegui com meu intuito bem definido, buscando conter os arrepios escalados pela minha pele sensível.

Meus primeiros passos foram cautelosos, talvez até desengonçados, mas na medida em que me habituei ao peso dela, carregá-la em meus braços acabou sendo surpreendentemente menos desafiador do que estar perante a ela de igual para igual.

Posicionei-me em frente ao muro e, ao atingir um bom ângulo de proximidade, consegui erguê-la com um impulso executado pelo meu braço dominante. Lola, fazendo uso da mesma agilidade felina que usaria para montar em sua motocicleta, empurrou o restante de seu corpo para cima, realizando um pouso quase perfeito na base da mureta.

— Já sinto falta do seu colo. — Lamentou ela, condensando uma doçura persuasiva em sua fala.

Sentada na beira do muro inclinada para mim, a lua em sua fase crescente, alçada no céu noturno, emoldurava a silhueta gloriosa de Lola como se estivesse mesclando-se ao seu interior expansivo e esplendoroso. Esse breve vislumbre fixou-se em minha mente, mas logo as nuvens enervadas se apossaram da percepção da lua, deixando somente Lola em toda sua autenticidade inquisitiva a me provocar.

— Falei pra parar de graça, Lola. Me dê sua mão agora. — Retruquei a lástima ao ordená-la.

— Nossa, mas que mandona! — Ela incitou obscenamente. — Quero ver me ordenar assim na cama.

— Lola!

— Tudo bem, nervosinha. Vem cá.

Ela debruçou-se um pouco para baixo e agarrou minha mão. Em seguida, impulsionou meu peso de maneira que eu tivesse o dínamo necessário para pisar no muro e escalá-lo sem grandes complicações. Meu braço lesionado protestou com uma leve aflição ao sentir o vento gélido e cortante daquela altitude.

— Pode parar de ser depravada só por um minuto para me informar qual é a tal caminhonete? — Requisitei, meio impaciente.

Minha atenção pareceu redobrar conforme eu averiguava o extenso perímetro do cinema drive-thru. Não havia nenhuma segurança aparente para impedir nossa passagem, e nem mesmo tantos carros quanto supus ver inicialmente. O maior risco era caso o dono da caminhonete nos encontrasse, mas se eu me mantivesse vigilante, conseguiria arrastar Lola para longe daqui antes que isso chegasse a acontecer.

Presa demais em minhas considerações, só fui novamente alçada ao presente ao ouvir Lombardi responder minha pergunta:

— É a caminhonete vermelha, um pouco mais ao fundo do canto esquerdo. — Apontou, de forma objetiva a direção até o automóvel de capô dentado e lataria enferrujada. Mas finalizou sua assessoria com o atrevimento que lhe era natural: — E não irei parar de ser “depravada” coisa nenhuma, até porque sou uma santa encarnada! — Ela reuniu as mãos em uma pose beata. Uma auréola imaginária pareceu cintilar sobre sua cabeça. Tive que me controlar para não rir.

— Se quer que eu aja conforme a sua vontade — Atalhou, retomando a postura desafiadora —, terá que fazer algo para merecer esse bom comportamento.

Dei de ombros, ignorando a provocação:

— Então seja depravada à vontade. Só não faça com que sejamos pegas.

Encerrei nosso diálogo no instante em que saltei do muro. Meus pés se firmaram no chão com força demais, e nem a flexão bem aplicada dos meus joelhos puderam suavizar o impacto da queda, que resultou em uma dor sutil, mas ainda assim incômoda. Recobrei o equilíbrio e tornei a contemplar Lola. Estendi os braços e agitei as mãos no ar, sinalizando para que ela se jogasse em meu colo mais uma vez.

Se ela merecia o meu esforço? Nem tanto. Diria apenas que eu tinha consideração por ela estar calçando botas de saltos, e já calculava que o impacto de uma descida assim poderia ser capaz de machucá-la.

Lola sorriu em resposta ao meu chamado silencioso. Aquele sorriso predatório que moldou seus lábios de rubi me fez corar visceralmente mais uma vez. Sem aviso prévio, ela se arremessou em meus braços com entusiasmo. Consegui pegá-la com a mesma facilidade de antes. Desta vez a pus de imediato no chão para evitar sentir suas mãos me percorrendo com a mesma avidez territorial de outrora.

Foi quando, através das minhas observações passadas, tive uma ideia inusitada.

— Vamos apostar corrida até a caminhonete. — Propus. — Se você ganhar, eu te carrego em meu colo sempre que desejar. Se eu vencer, você terá que se comportar decentemente sempre que eu pedir.

— Feito. — Lola anuiu, inclinando-se rapidamente para sussurrar sua aceitação ao desafio lançado bem ao pé do meu ouvido. Presunçosa como sempre, e destemida o bastante para correr sem me alertar antes, Lola de fato demonstrava ser a personificação da prepotência descrita em todo e qualquer dicionário.

Desta vez, dei a vantagem proposital a ela. Me permiti até mesmo o luxo de me alongar brevemente. Em seguida, me posicionei e disparei em direção ao veículo designado, imaginando-o como sendo uma faixa de chegada. Posso nunca mais obter sucesso em esportes de combate direto que tanto aprecio, mas ainda tenho certa confiança em minhas habilidades de corrida.

En Garde exigia que seus alunos se mantivessem em boa forma. Costumávamos fazer testes físicos anuais nos quais precisávamos provar não apenas nossas capacidades em nossa área de domínio, mas mostrar controle geral de nosso próprio corpo, o que geralmente significava que tínhamos que correr e contornar obstáculos. Anos de treinamento intenso e corridas matinais me garantiram as pernas bem treinadas de uma corredora ávida. Esse benefício agora se manifestava no desafio que eu havia proposto.

Desviei dos carros ao longo do caminho como ondas sonoras viajando em alta velocidade na atmosfera. Lola estava agora apenas alguns passos à minha frente, uma vantagem que eu estava prestes a superar.

Confesso que joguei sujo nesta competição. Lola, pelo o que suponho, não tinha qualquer condicionamento físico para corridas, e as botas que ela usava também não acrescentavam nenhum benefício. Portanto, é fácil imaginar que, segundos depois, eu a tinha ultrapassado, e bem a tempo de apressar meu passo e saltar na caçamba da caminhonete antes mesmo que ela se aproximasse do veículo.

Foi um pouso excepcional e bem calculado que fez um sorriso triunfante desenhar-se em meu rosto. Não pude e nem quis reprimir o êxtase ocasionado pelo delicioso sabor da vitória. Deixei minhas costas repousarem no encosto da caminhonete e me permiti contemplar a tela de cinema ainda em branco, que mostrava a contagem regressiva para cinco minutos antes do filme começar.

Lola escalara a caminhonete antes da contagem ter sido encerrada. Ela suspirava em desagrado à perda, tendo de recuperar o fôlego perdido com longos goles de ar para compensar a intensidade de seu esforço em vão. Sem ainda se dirigir a mim, ela escorou-se no encosto bem ao meu lado e fechou os olhos por alguns instantes, parecendo refletir.

— Sinto muito pela sua derrota. — Expressei em tom conciliatório. — Não se preocupe, não irei abusar da nossa aposta. Não pretendo intervir no seu comportamento. 

Permaneci a contemplá-la: os olhos ainda cerrados, o peito se elevando ao encher-se de ar, e então se esvaziando, como um balão de festa ao ser estourado por um alfinete. Os lábios entreabertos auxiliavam na passagem do oxigênio. Os cabelos curtos levemente desgrenhados e a feição suavizada pela correria evidenciavam o quão bela ela conseguia ser mesmo sem a máscara de sedutora indomável.

— Foi tão ruim assim me carregar no colo? — Ela indagou, quase fazendo um beicinho. Uma certa mágoa pairava naquela pergunta.

Lola não parecia ser o tipo de garota que lidava bem com rejeição. Mas eu também não sou o tipo de garota para consolidar investidas românticas vindas de alguém com inúmeros pretendentes e uma lista extensa de ex-namorados.

Estávamos fora do nosso elemento. Lola, que sempre esteve em um pedestal manipulativo, costumava governar corações alheios e drená-los até a última gota desejada de afeição, para então descartá-los com a mesma facilidade com que os conquistara. Nem mesmo com Pinky ela tivera oposição em conseguir exatamente o que queria. Mas comigo não é o caso.

Nunca antes fui tão desafiada e tentada na mesma frequência. Era recorrente que me visse eufórica e receosa por causa dela. Minha resistência era firme o bastante para anular boa parte dos desejos irresponsáveis que cultivava pela greaser destruidora de corações.

Nossas interações eram regadas por uma dinâmica conflituosa, e agora consolidou-se o momento em que a testemunhei em seu estado de maior vulnerabilidade. Em todo nosso breve período juntas, aquela era a primeira vez que via Lola manifestar certa sensibilidade.

— Não irei mentir para você, eu apreciei sim carregá-la. Não apostei isso por ter desgostado, e sim porque você me revelou que isso era algo do seu agrado. E por isso, quis provar um ponto. — Revelei com sinceridade, minha conclusão final tendo um destaque crucial.

— E qual seria esse seu ponto? — Ela perguntou, rindo discretamente. Sua presença provocativa começava a emergir gradativamente do subterrâneo de seu esgotamento físico. Como ainda mantinha os olhos fechados, não consegui analisá-la de modo mais preciso. Percebia uma leveza esculpindo seu rosto à medida em que o ar ia se estabelecendo em seu peito. Notava o traço de um sorriso iluminando seu semblante cansado.

— O ponto é que nem tudo funciona conforme a sua vontade. — Observei. — Você não pode manipular todos os eventos da vida sempre a seu favor. Às vezes, você perderá, e não terá nada o que fazer quanto a isso.

Lola abriu os olhos ao ouvir minhas palavras. Ela me encarou em silêncio por alguns segundos. Nossa proximidade fez com que meu coração palpitasse mais forte.

— Eu não vou desistir de tê-la, Thea. Me derrote em quantas corridas quiser. Uma hora dessas, posso até acabar me tornando uma corredora boa o bastante para vencê-la, e assim, apostarei não uma vaga no seu colo, mas um beijo seu. E então você será minha.

Um fogaréu de emoções fervorosas aqueceu tanto o olhar dela quanto sua fala calibrada por uma determinação ousada. Me senti arder por dentro, como se as chamas que a queimavam também se alastrassem até mim. Minha salvação viera na forma do anúncio vindo da tela, anunciando que o filme estava prestes a começar. A contagem regressiva havia encerrado. Lola desviou os olhos de mim para verificar as imagens que estavam sendo exibidas no projetor.

— Não acredito que seja justo esse filme. — Pontuou, parecendo surpresa.

Ergui o cenho, confusa.

— Você não sabia o filme que passaria?

— Bom, tinha um catálogo que informava quais seriam os filmes para cada noite da semana, mas admito que não o conferi antes de nos trazer para cá. Quis me surpreender também.

— Então como você pode ter me garantido que valeria a pena virmos aqui?

— Pois confio na minha habilidade de entretê-la. — Ela rebateu, voltando a me contemplar brevemente apenas para ressaltar sua confiança excessiva em se envolver comigo.

Permiti que ela tivesse a última palavra. Nos entreolhamos brevemente antes de direcionar nossa atenção mútua para assistirmos juntas ao filme em questão.

O filme era West Side Story. Tratava-se de um musical que acompanhava as vivências de duas gangues de rua: os Jets e os Sharks. Eles disputavam um território no oeste de Nova Iorque. Em meio a essa disputa de gangues, o ex-líder dos Jets apaixonou-se pela irmã de um dos Sharks, intensificando o conflito entre as facções por conta desse romance proibido.

Os Jets — mais privilegiados e altamente astutos — pareciam fazer alusão direta aos Preppies. Já os Sharks, cujos membros viviam na margem da sociedade e faziam parte da classe trabalhadora em cargos mais precários, se assemelhavam aos Greasers.

Admito ter me divertido com as cenas hilárias e performances extravagantes do filme. Por nunca ter tido muita afinidade com musicais, estranhei algumas sequências, e o excesso de articulação dramática por mais de uma vez me fez arquear as sobrancelhas em ceticismo. Porém, não negarei que foi interessante acompanhar um filme como aquele.

Creio que a parte que me deixou mais tocada foi a morte de um personagem da trama. Ainda que não estivesse tão envolvida com todo o enredo, percebi a minha própria sensibilidade manifestar-se ao avistamento da morte na faceta dramatizada da ficção, tudo por conta de lembranças trazidas à tona da morte que me assombrava constantemente em cada feito do meu dia-a-dia.

O despertar dessa memória tornou impossível não sentir o frio da noite calibrar-se mais em meu corpo. Meu braço lesionado contraiu duramente. Tentei abraçar a mim mesma para me esquentar, mas não obtive sucesso em cessar os calafrios desconfortáveis ocasionados pelas lufadas de ar gélido.

Lola, percebendo minha necessidade de calor, sem sequer me olhar, pôs um braço ao redor dos meus ombros, instintivamente me pondo contra ela e me fazendo desfrutar da quentura emanada pelo seu corpo. Sem romper o silêncio que se interpunha entre nós, me deixei permanecer repousada nela, por mais perigoso que isso fosse.

Receber aquele gesto carinhoso sem a manifestação de qualquer provocação me trouxe tanta segurança quanto senti quando Lola estava nos guiando de moto pelas ruas de New Coventry. Por trás de tantas facetas marcantes, essa versão terna, um tanto protetora e menos maliciosa dela, tornou-se definitivamente a minha favorita.

O desfecho do filme chegou e o frio simplesmente foi embora. Sentia-me aquecida em todas as partes, em especial no núcleo do meu coração. Uma das mãos de Lola estava repousa sobre meu ombro enquanto a outra se mantinha crispada em minha coxa, deixando-me prensada a ela quase por inteira, envolvida pelo seu toque acolhedor.

Quando nossos olhares se cruzaram mais uma vez, uma tensão eletrizante explodiu como um trovão de tempestade em meu corpo, arrepiando minha pele. Lola estava tão perigosamente próxima, tão quente. Eu quase podia mergulhar na profundidade semelhante a obscuridade dos céus núbios a partir de suas órbitas castanhas escuras agora dilatadas. Seus lábios entreabertos pareciam se inclinar lentamente para alcançar os meus. Ela almejava por um beijo quase desesperadamente. Isso ficava cada vez mais palpável pelo aperto exigente aplicado pela sua mão em minha coxa.

Eu não me esquivei e nem me movi. Imaginei ter enfim cedido. Imaginei seus lábios de rubi se reunindo aos meus em um encontro perfeito. O encaixe seria sem dúvidas intenso e mordaz, mas através deste entrelaço, saberia o quão macia era aquela boca destiladora de provocações absurdas; saberia se aqueles lábios de fato tinham um sabor de cereja delicioso como aparentavam ter.

Imaginei morder o lábio inferior no qual ela tanto cravava os dentes em face ao desejo e à tentação. Como nossos corpos estariam grudados nesse instante fervoroso, como a voz dela talvez soaria em apreciação ao beijo... Talvez ela gemesse e suplicasse por mais. Meu coração descompassou diante desse pensamento. Me peguei umedecendo os lábios, rendida à sensualidade da minha imaginação fértil.

Mas o destino tende a ser estranhamente favorável para aqueles que menos o aguardam.

— Ei! Saiam da minha caminhonete antes que eu chame a polícia! — Esbravejou o dono do veículo, batendo furioso com um taco de baseball na lateral da caçamba para quebrar o nosso transe.

De forma ágil e imediata, segurei uma das mãos de Lola e a conduzi para fora do automóvel. Corremos em conjunto em velocidade regular, visto que ela não conseguia acompanhar meus passos largos. Quando chegamos novamente ao mundo, a sincronia de nossa escalada fora excepcional. Elevei o corpo dela com a destreza admirável de uma líder de torcida bem treinada em ginástica, e ela me auxiliou na minha subida com a mesma presteza.

Formamos uma boa dupla de fugitivas. Na descida, quando já estávamos correndo em direção ao local onde a motocicleta estava estacionada, Lola interviu para me puxar na direção oposta, nos arrastando em um beco escuro e sem saída.

Sem entender o porquê da mudança súbita de redirecionamento, tentei me desvincular da mão da greaser para questioná-la. No entanto, meu intento fora interrompido no instante em que ela me prensou contra a parede mais próxima.

Seu corpo firmado contra o meu oferecia uma resistência persuasiva, um aprisionamento tentador demais para se contrariar. Lola soltou minha mão para levar a próxima palma à minha boca, roubando minhas palavras. Antes que eu pudesse reagir, ela se justificou:

— Shhh, espere! Parece ter policiais por aqui. Veja. — Sussurrou baixo em meu ouvido, apontando para a rua além do beco.

Virei meu rosto para ver dois policiais uniformizados dialogando com o dono da caminhonete. O homem com aparência de caminhoneiro parecia errático, agitando o taco de baseball no ar, e os policiais o reconfortavam com tapinhas de auxílio moral, demonstrando desdém cético em relação a seu testemunho.

Lola e eu permanecemos naquela posição sem emitir qualquer som, mas ao contrário da vez que estávamos em silêncio assistindo ao filme, Lola agora exalava a mesma malícia usual que emoldurava os seus trejeitos de femme fatale. Os lábios dela encostaram de leve no canto do meu pescoço, esquentando minha pele. Meus sentidos hipersensíveis captaram o singelo contato através da minha percepção aflorada, o que resultou no meu involuntário estremecer.

Olhando-a de esguelha, consegui identificar a sombra de um sorriso felino descerrando os lábios que haviam me acariciado. Para piorar as coisas, uma das coxas dela ergueu-se para se apoiar na parede, sua elevação chegando perto de se encaixar no vão entre as minhas pernas.

Estar perto dela era tão torturante que me fazia sentir falta do frio que havia me consumido antes, pois agora o calor de seu toque me atordoava severamente por dentro. Meus pensamentos batalhavam para não mergulhar na contemplação de cenários onde essa atual posição entre nós poderia vir a ser prazerosa sob outras circunstâncias.

No mesmo segundo que tomei uma respiração mais carregada, desviando o olhar dos policiais para voltar a encará-la, Lola informou:

— Vamos embora, querida. Eles foram para outra direção.

Prontamente ela se afastou de mim. Seu sorriso carregado de satisfação contrastava com a minha respiração evidentemente ofegante. Tentei culpar a adrenalina, mas sabia que não podia.

Estava assim somente por causa dela.

~

A viagem de volta para a academia Bullworth foi, digamos, aflita. Minha palpitação acelerada não freava por nada, mas a ventania espessa amenizava a minha euforia interna. As passagens da cidade eram escassas à minha percepção. Minhas mãos apertavam o apoio da garupa com uma força desnecessária, somente para evitar me segurar no tentador corpo de Lola.

Quando chegamos em Bullworth, Lola disse que me acompanharia até a porta do dormitório feminino e que retornaria aos aposentos dela nos terraços de New Coventry. Consenti com um meneio de cabeça ao compreender sua decisão. Estávamos perto do horário de recolher, mas felizmente conseguimos esquivar dos inspetores, que pareciam ocupados demais lidando com algum atrito que ocorria nas redondezas do dormitório masculino.

Em frente ao prédio do alojamento feminino, nos despedimos em meio a uma atmosfera retesada. Me faltavam palavras para expressar tudo o que havia sentido naquelas poucas horas ao lado dela. Lola foi quem se atreveu a romper o silêncio.

— Será que mereço um beijo de boa noite? — Pediu, esperançosa.

Me surpreendi por ela não ter mencionado o nosso quase-beijo ou usado ele para tentar me provocar agora. Vê-la suplicar pelo tal beijo de boa noite que tanto presenciei em filmes onde casais se despediam de seus encontros com beijos trocados ao encerrar da noite, me fez desejar encontrar um meio de demonstrar apreço à diversão que ela me concedera, sem, no entanto, acabar cedendo aos seus encantos arriscados.

— Eu não sei, Lola. — “Talvez um dia”, meu subconsciente traiçoeiro quis declarar. Contudo, continuei a me explicar de outra forma: — Nosso encontro foi muito bom, não duvide disso. A comida estava maravilhosa, o passeio foi reconfortante, o filme foi divertido. Me diverti até mesmo ao ser perseguida pelo homem portando um taco de baseball!

Compartilhamos uma risada em uníssono perante à minha ressalva.

— Não sei ao certo se serei capaz de lhe conceder o que espera de mim. — Prossegui. — Mas quero que saiba que você é muito mais do que as garotas do dormitório fofocam que você seja. E eu espero que possamos ser amigas, acima de tudo.

Tomei as mãos dela nas minhas de modo reconciliador. Permiti-me acariciar suas palmas e dedos com delicadeza.

— Não irei desistir de você, Thea. — Lola relembrou avidamente. Seu corpo inclinou-se para receber mais das carícias em suas mãos, e seus olhos acastanhados cintilavam mais do que as próprias estrelas reluzindo no leito negro dos céus.

Sem negá-la ou aceitá-la, conduzi uma de suas mãos até meus lábios e depositei um beijo demorado em sua pele. A ouvi suspirar ofegantemente em reação ao meu gesto. Mas me afastei antes que ela tivesse qualquer outra reação imprevisível.

— Boa noite, Lola.

Foi tudo o que consegui dizer ao me despedir. No entanto, antes que eu pudesse caminhar até os degraus em direção ao dormitório, Lola chamou:

— Thea?

Voltei minha atenção para ela.

— Sim?

— Boa sorte na corrida de bicicleta amanhã. Estarei lá, torcendo só por você.

Merda. Tinha quase me esquecido disso. A maldita corrida de bicicleta com Johnny Vincent iria ocorrer amanhã! Agradeci o desejo de boa sorte de Lola e a avistei sorrindo calorosamente para mim uma última vez enquanto seguia o percurso para escapar de Bullworth e passar a noite fora daquelas redondezas para retornar ao caos familiar de New Coventry. E quase me percebi sentir falta da presença flamejante dela.

Assim que burlei a ronda pouco vigilante da inspetora Peabody, consegui adentrar meu quarto sem dificuldades. Uma luz difusa e solitária emanava da lanterna na mesa próxima ao meu guarda-roupa. Pinky aparentava estar adoravelmente adormecida entre seus lençóis de seda. Sua respiração calma sugeria que talvez estivesse tendo um bom descanso já a algum tempo.

Sendo cautelosa a fim de não produzir ruídos, caminhei em passos lentos até a minha cama, me sentando sobre o colchão para me desfazer dos trajes que havia usado durante o dia. Decidi não vestir o pijama. Temia que, em minha ida até o armário, acabasse perturbando o sono da minha colega de classe. Simplesmente fiquei de regata e roupas íntimas, tomando o cuidado de me cobrir devidamente.

Ao deitar a cabeça no travesseiro, fitei o teto acima de mim e refleti um pouco sobre tudo o que havia vivido nas últimas horas. Absorvendo os eventos recentes, me peguei recordando do bilhete que encontrei debaixo do meu travesseiro.

E antes me desse conta, levei a mão até onde havia encontrado previamente o bilhete, somente para me deparar com um novo no exato local anterior.

Eufórica, ajustei minha vista e recolhi o papel para ler seu conteúdo com a atenção necessária.

“Precisava ver se você seguia bem as instruções. Posso confiá-la para tentar buscar respostas novamente? Serena Wells tinha uma dívida que precisava ser paga. Lembra do último lugar que você a viu enquanto viva? Vá até lá quando puder, dessa vez pode ser em qualquer horário.

Revelações estarão esculpidas em mármore.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blades of Chaos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.