The Eleventh Hour escrita por isa


Capítulo 5
A amiga genial


Notas iniciais do capítulo

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Hey girl, can you hear me?
Are you holding out your heart?
Hey girl, do you feel me?
Sometimes I go too far
Hey girl, it ain't easy
I know it's pulling me apart
But darlin', don't you leave me
Baby, don't you leave me

 

A guerra fria durou uma noite inteira. Isis perdeu as contas de quantas coisas gostaria de dizer para Rowan. Rowan não: ela pensou em trezentas e dezessete falas distintas que queria ter usado após serem expulsas da biblioteca. Nenhuma das duas, no entanto, falou coisa alguma. Nenhuma das duas foi capaz de dormir também.

Logo cedo, ambas receberam um comunicado que, como punição por terem desrespeitado as normas da biblioteca, teriam que se dirigir ao local depois das aulas afim de organizar todos os livros que fossem retirados das prateleiras ao longo do dia. Isis se sentiu miserável o dia inteiro e as aulas e as horas passaram arrastadas como uma tortura.

Ela via os professores movendo as bocas em silêncio e assentia com a cabeça quando julgava que deveria. Para piorar ela tinha um treino com a sua equipe de quadribol e isso significava ver Skye Parkin – a garota que havia lhe treinado e, de certo modo, ajudado na conquista da vaga como artilheira, mas também, a garota por quem Penny Haywood nutria uma obsessão de fã desde o primeiro ano.

O treino foi horrível. Isis jogou mal. Mal o suficiente para receber uma reprimenda até de Orion Amari, o primeiro e único capitão zen de que tinha notícia. Ele a fez ficar um tempo a mais na quadra.

— O que está te perturbando, jovem gafanhoto? – ele perguntou, equilibrando-se com uma perna só em cima da vassoura que planava a dois metros do chão enquanto ele se sustentava na vriksasana – a postura yogini da árvore que ajuda a trabalhar o foco, a calma e a concentração.

— Nada. – ela respondeu, cansada.

— Então você não se importaria de ficar aqui comigo uns cinco minutinhos em contemplação, hm?

— Não, eu não me importaria, mas isso me colocaria na maior enrascada, Amari. – Ela falou, querendo apenas ficar sozinha. – A madame Pince está me esperando para um trabalho e se eu não chegar na hora certa, tenho certeza que ela triplica meu castigo.

— Tudo bem, Poirestelar. Você pode ir. E não se esqueça: não há nada como o presente.

— Claro. – suspirou. Não havia nada como o presente, de fato. Ela estava triste, sua melhor amiga a odiava e Skye conseguira interpela-la na metade do caminho.

— Ei, Poeirestelar, espera aí! – a garota de cabelo azul escuro pediu, correndo em sua direção.

— Estou com um pouco de pressa, Parkin.

— Vai ser rápido, prometo. Não é nem sobre o seu péssimo desempenho hoje... – avisou, mantendo o mesmo ritmo do passo de Isis.

— Mas se você coloca assim, parece que é exatamente sobre isso, não é? – disse sem paciência.

— Desculpa! Eu só queria saber se a sua amiga já tem um par para o baile.

— Minha amiga? – Isis se fez de desentendida.

— É, não tô falando da sua amiga genial, mas a outra amiga, a única que assiste a todos os amistosos de quadribol.

— Eu tenho mais de uma amiga que assiste aos amistosos, Parkin.

— Ah, qual é, Isis. Tô falando da Penny Haywood.

Aquela definitivamente não era uma boa hora.

— Eu não sei, tá legal? Porque você não vai adiante e pergunta pra ela igual metade do colégio? – Em defesa de Isis, ela realmente não tinha intenção de ser grosseira. Ela só não precisava de mais um assunto difícil naquele momento.

Rowan já estava na biblioteca quando Isis chegou e fez questão de desviar o olhar do dela. Elas trabalharam em conjunto e em silêncio. Algo na expressão de Isis devia estar refletindo o seu péssimo estado de espírito porque aos poucos ela sentiu que Rowan baixava a guarda. Algo em sua linguagem corporal já não gritava mais que se ela se aproximasse Rowan lhe atiraria um livro na cara.

Foi por isso que quando elas concluíram e saíram da biblioteca Isis juntou coragem e segurou a manga de suas vestes antes que ela pudesse tomar distância o suficiente.

— Rowan, eu sinto muito. – Ela disse com a voz quebrada e os olhos cheios de lágrimas.

Rowan suspirou, sentindo a garganta fechar também.

— Isis... – Rowan Khanna não estava muito acostumada a ter amigos e ela achava que era cansativo ficar sem a que mais gostava. E a verdade é que ela gostava muito de Isis, mesmo quando estava com raiva dela.

— Eu não insisti no assunto do baile por conta do Bill, eu juro. Eu só queria que você estivesse lá comigo e que nós pudéssemos nos divertir. – Poeirestelar se justificou, sem se preocupar com as lágrimas que agora escorriam de maneira estupida. – Mas isso não justifica o fato de que eu omiti uma coisa muito importante de você por medo de como você reagiria e eu entendo se você não quiser mais falar comigo, mas eu precisava pedir desculpa, entende?

— Entendo. – Rowan colocou as mãos dentro dos bolsos da capa, incerta do que falar.

— Bill e eu... Não é isso que você está pensando. Quero dizer, é, mas não é. Eu gosto de outra pessoa, Rowan, eu realmente gosto e não tenho ideia do que fazer com isso, e se eu não puder sequer falar disso com você eu sinto que eu vou explodir. – ela estava uma verdadeira bagunça agora. Olhos inchados, rosto vermelho, lágrimas grossas e nariz escorrendo. – Você é minha amiga genial.

— Eu sou o que? – Rowan disse, sem conseguir evitar o riso nasalado, para o alivio (e mais choro) de uma Isis congestionada no meio de um corredor.

— A minha amiga genial. – ela repetiu. – É só uma coisa que eu ouvi hoje e achei que fazia sentido.

— Bom, faz mesmo. – ela disse cruzando os braços e girando os olhos. – E tudo bem, Isis. Eu desculpo você.

— Sério?

— Sério. – ela encolheu os ombros. – A coisa com Bill sempre foi platônica. Eu sei disso. Você sabia também. Eu nunca consegui trocar mais de uma palavra com o cara, de todo modo. Acho que fiquei com ciúmes da química estranha entre vocês. Além disso, eu estou certa de que ele está destinado a se casar com alguma veela loira.

— Pode até ser, Rowan, mas eu acho você mais bonita do que qualquer veela loira.

— Agora você só está puxando o meu saco.

— Não estou não, eu juro. – Isis se apressou em dizer, limpando o rosto. – Não me faça discursar sobre etnocentrismo. – dessa vez Rowan riu com vontade antes de abraçar a amiga.

Isis sentiu como se tivesse acabado de emergir da água depois de ficar muito tempo sem respirar embaixo dela.

— Eu adoraria ouvir você discursar sobre isso só para implicar depois, já que a pessoa que você gosta e tem que me contar, até onde eu posso ver, se parece bastante com uma veela branca e loira.

— Ela é só norueguesa. – Tentou defender – E como você sabe?

— Ah, Isis... – ela girou os olhos – Sério? Bom, a coisa sobre você e Gui foi Mérula quem me contou em uma das muitas ofensas que trocamos pelos corredores. – Isis trincou os dentes pensando em sua arquinimiga da sonserina. – Eu acho que ela estava blefando, mas funcionou. Agora sobre Penny? Ninguém precisa me contar sobre isso. Eu sou sua amiga genial.

Isis corou, antes de concordar.

— Você definitivamente é. E se você quiser estou disposta a encontrar algum cara hétero e com cérebro suficiente para concordar comigo.

— Eu agradeço, mas passo a oferta. Ben e eu já combinamos de ir juntos. É mais confortável assim.

— Eu estou muito feliz por vocês irem ao baile, Rowie. De verdade.

— Garota, eu vi você chorando. É claro que eu sei que você não pode viver sem mim.


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