The Eleventh Hour escrita por isa


Capítulo 4
Os desertores de baile


Notas iniciais do capítulo

cold world - macy gray: https://open.spotify.com/track/5srhxtnDZLyPGOca7pSjUw?si=Ol2kFZd6ToKuQCkPosW_uA

Acho que esse é o capítulo em que quase todos os diálogos são parafraseados do jogo mesmo.



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I never lose
Why don't anybody wanna look me in the eye?
What did I do?
And I don't wanna say it but
Misfortune is the look in my eye

 

Era manhã e os três estavam andando em direção à aula de Transfiguração. Isis estava especialmente focada desde o café da manhã e não parecia disposta a dar qualquer tipo de trégua aos seus amigos.

— Desista, Isis, Ben e eu não fomos feitos para eventos como o baile celestial. – Rowan disse pelo que parecia ser a centésima vez.

— Eu me sentiria ofendido por este comentário... se não fosse verdade. – Ben Cooper complementou, encolhendo os ombros em indiferença.

— Não somos sociáveis ou estilosos o suficiente. – Rowan pontuou.

— ...Ou coordenados o suficiente. – Cooper acrescentou. – Imagine a quantidade de pés pisados e bebidas derramadas que deixaríamos passar? Além do mais, dançar está na quinta posição da minha lista “atividades medonhas”.

— Ah, parem com isso! – Isis pediu - Vocês são geniais e merecem curtir o baile, como todo mundo.

— Olha, é muito generoso da sua parte, Is. – Ben começou e olhou para Rowan, que concluiu:

— Mas não estamos chateados, só não vamos. Na verdade, estamos... aliviados.

— É isso mesmo. – O garoto loiro disse, ajustando as vestes da grifinória. – Eu parei de me tremer todo assim que tomei essa decisão.

— Mas e se pudermos canalizar a ansiedade de vocês em felicidade e animação para curtir o baile celestial? – Isis tentou, focando em Ben, que era sempre o elo mais fraco.

— Acho que não. – Ele murmurou simplesmente.

— Têm certeza?

— Temos. – Foi Rowan quem respondeu, irritada, enquanto subia os óculos que haviam escorregado um pouco na ponte do nariz. Ela era tão bonita com aqueles traços indianos, Isis apenas não podia se conformar com a ideia de que ela não se visse do mesmo modo.

— Mas...

— Nem você será capaz de nos convencer do contrário, então não invente nenhum esquema extravagante, Is. Estou te avisando. – ela afirmou, antes de entrar na sala na frente dos amigos.

Aquele era um sinal de que ela estava mesmo irritada. Geralmente ela e Isis faziam dupla. Mas se ela precisava daquele espaço, bom... Não tinha problema. Isis aproveitaria a oportunidade para convencer Ben.

— Ben, eu montei um plano brilhante para aumentar a sua confiança em relação ao baile celestial! – Isis sussurrou minutos após ter se sentado com o amigo na última mesa possível.

— Mas isso é exatamente o que Rowan falou para você não fazer. – Ele a lembrou.

— Não, ela disse para não inventar nenhum esquema extravagante. – Isis citou. – Um plano brilhante é bem diferente de um esquema extravagante.

— Não sei não, Isis, e acho que McGonagall está de olho na gente...

— Olha, Ben, vou ser sincera com você: não acho que poderei aproveitar o baile em sã consciência sabendo que você não está nele por medo.

— Bom, isso parece um problema seu, Is.

— Vejo que vocês não estão falando sobre a lição. – Minerva McGonagall interrompeu e Isis teve a decência de parecer sem graça por um instante, antes de correr o risco e dizer:

— Professora McGonagall, o que você diria se um grande amigo seu estivesse com medo de ir ao baile?

— Isso é uma suposição, srta. Poeirestelar? – a professora a fitou com aqueles olhos clínicos.

— Sim? – ela nunca sabia direito como devia agir perto de Minerva.

— O que supostamente o seu amigo teme?

— Pistas de dança enceradas, roupas de gala, bebidas, e qualquer tipo de coisa que possa apresentar riscos! – Ben enumerou sem sequer piscar.

— Bem, supostamente... Eu diria ao seu amigo que a chance desses “riscos” arruinarem um baile é minúscula. Alias eu mesma já fui à vários bailes e acho sempre muito prazeroso, especialmente quando entre amigos. Mas, para deixar claro, eu diria isso ao seu amigo depois da aula.

— Obrigada, professora McGonagall. – Isis disse satisfeita, ignorando o olhar assassino que Rowan havia lhe lançado lá da frente.

— A professora McGonagall gosta de bailes? – Ben disse surpreso. - Eu pensei que ela só gostasse de transformar coisas em outras coisas...

— Só sei que eu gostaria de transformar um amigo que tem medo de dançar em um amigo que não tem.

— Será uma transfiguração desafiadora. – Bem suspirou, cedendo por fim – mas acho que não vai me matar.

Isis sorriu daquele jeito que ela inconscientemente fazia desde os onze anos de idade a cada vez que conseguia convencer seus amigos a se meter numa aventura. Havia muito trabalho pela frente e ela se comprometera a ensinar Bem Cooper alguns mínimos passos de dança. Ele não precisava saber, pelo menos não por um tempo, que ela também não tinha a menor ideia de como dançar. O importante é que ela havia convencido um de seus amigos e agora só faltava mais uma.

Mas Isis subestimou o nível de irritação de Rowan Khanna, porque elas não se sentaram juntas em nenhuma das outras aulas do dia. E Rowan fez questão de ficar bem longe dela durante as refeições. Isis mal conseguiu comer frente ao evento inédito: a verdade é que elas nunca tinham se desentendido assim.

Ela esperou até o entardecer e o fim das aulas para encontrá-la no lugar onde ela sabia que ela estava enfurnada: a biblioteca.

— Rowan... – ela se aproximou hesitante da mesa onde a menina estava sentada. Havia pilhas de livros à sua volta. – Você está bem?

— Não, Isis. Eu não estou nada bem. Você sabe quantos livros existem sobre bailes, danças, saraus, galas, etc.?

— Muitos?

— Precisamente. – a garota sibilou.

— Isso significa que você vai ao baile? – Isis arriscou, feliz.

— É, isso significa que eu vou ao baile. Você praticamente me obrigou, não é mesmo?  Uma coisa seria não ir ao baile sabendo que pelo menos outra pessoa não iria também, mas agora que eu acho que serei a única do nosso ano a não ir, que opção eu tenho? Não é como se eu precisasse de mais um motivo para ser vista como esquisitona, né? Eu deveria te agradecer, sabe, não é como se os N.O.M.s já não me deixassem aflita o suficiente, agora eu tenho que lidar com isso também!

— Rowie, eu não...

— Você, você, você. É tudo sobre você, Isis, o tempo inteiro!

— Isso não é verdade... – ela começou mais uma vez, magoada, tentando manter um nível de voz que não chamasse a atenção de Madame Pince. – Eu só achei que a gente poderia compartilhar esse momento.

— Igual você achou que a gente podia compartilhar uma quedinha por Bill Weasley? – ela perguntou, igualmente ferida. – Você acha sinceramente que eu sou idiota, Poeirestelar? Que eu não sei que tudo isso é só porque você tá se consumindo de culpa por ter ficado com ele? Bom, eu sou de fato uma idiota, porque eu sinceramente achei que você teria coragem de me contar em algum momento.

Aquilo pegou Isis de surpresa. Ela cambaleou para trás e estava longe de ter alguma resposta quando Madame Pince chegou com uma cara quase tão zangada quanto a de Rowan:

— Vocês duas, para fora da minha biblioteca agora!


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