Still Into You - Pausada (voltamos ainda em 2021) escrita por LadyVênus


Capítulo 5
As coisas que me contaram


Notas iniciais do capítulo

Alguém já desvendou o mistério da Bella?



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— Precisa de algo senhor...

— Oi, Bella. Sou eu, Edward... não lembra de mim? - Levantei devagar. Ela ficou em silêncio e depois me analisou. Ela abriu um pouco a boca.

— Bem...me lembro, mas você não era assim.

— Assim? - Olhei para baixo. O que eu tenho de diferente?

— Nada. Eu só tô brincando com a sua cara. Venha...hum, se aquecer. - Ela andou na minha frente. Evitei olhar...o máximo que podia. Mas não deu. A bunda dela. Olhei pra cima. Ela abriu a porta da cabana azul. Ela tirou o casaco e por baixo ainda vestia o pijama. Nos sentamos próximos a pequena mesa dela. Ela suspirou e me ofereceu um café que ela prometeu não estra cheio de açúcar. Sorri. Era o que fazíamos antes de passar a noite conversando. Ela bebeu e olhava cada canto da cabana, menos para mim.

Deixei-me permitir pensar em todo o meu caminho até aqui.

A poucos dias, Jane e eu estávamos conversando enquanto esperávamos Jackson, o nosso filho, descer junto da babá dele, a Lucy. Ele passaria a próxima semana com a mãe. Seu noivo estava estreitando laços e eu o aprovava. Preciso do melhor perto do meu menino. E da mãe dele também. Apesar de nunca ter nada além desse elo com ela. Jackson era a cola do nosso...relacionamento. Eu os ajudei, cuidei, estive em cada consulta com obstetra e logo depois com o pediatra. Não era um péssimo pai. Na verdade, eu sou muito bom nisso.

Então eu percebi que Jane queria me contar algo, então era exatamente por isso que Jackson estava lá em cima caçando mais casacos que eram desnecessários em Phoenix. Jackson amava saber que seu nome é igual ao nome da cidade onde nasceu. Aliás, chegar até lá e só o ver depois de nascido me entristece. Eu queria esse momento. Duvidava que teria outro filho. Os irmãos por parte de pai do meu primogênito teriam que ser filhos de Bella também. Só ela era capaz. Era ela ou mais nenhuma.

— Edward, você soube do acidente na casa da família Collins? - Ela sussurrou. Brincava com as mãos.

— O incêndio? - Ela assentiu. - Perderam o filho deles...James.

— Hum... sim, James Collins.

— Você o conhecia? - Ela assentiu de novo.

— Edward... James e eu... nós dormimos juntos algumas vezes, antes do último ano do acampamento.

— Tudo bem. - Eu a olhava sem entender.  - E daí?

— Edward... - escutamos um barulho vindo da escada. - Lucy, pode brincar com ele mais um pouco? Preciso de mais vinte minutinhos com Edward. - A menina assente e volta para o quarto de Jackson.

— O que está acontecendo, Jane? - Eu me levanto e começo a andar pela sala. Ela nunca demora tanto em meu apartamento.

— Eu que-quero dizer... que eu já.... - Ela puxa a respiração. - Eu já cheguei grávida ao acampamento.

— Oi?

— Eu amava James. Mas eu não sabia que ele era um Collins até que, depois daquele ano, ele foi encontrado. O bizarro aqui é.…que eu queria o melhor. E o melhor para mim não era um cara sem nome.

— Eu... - tudo era breu para mim.

— Edward... eu costumava dizer que James e eu éramos feitos um para o outro. Meu pai se chama Jackson e minha mão é a Jenna. A letra jota sempre ali como se fosse tradição. O que era até engraçado. - Ela piscou e as lágrimas deslizavam por seu rosto.

— Jane, vá direto ao ponto. O que está, realmente, me dizendo? - Eu não posso evitar que o meu mal temperamento apareça. Estou nervoso, meu peito se aperta e minha cabeça está rodando. - Merda!

— Jackson é do James. - Ela sussurrou. Tão baixo que eu mal entendi. - Eu apliquei um golpe em você. - Ela me encara nos olhos dessa vez.

Sinto uma dor alucinante no peito.

Me sento e puxo a respiração.

Esfrego a cabeço, bagunço e quase arranco os cabelos.

Porra, caralho, puta que pariu.

Puta merda!

— Você...

— Me perdoe.

— Você não... - eu respiro fundo. - Eu não sou pai dele? - Ela nega com a cabeça. - E você acha que eu vou fazer o que com essa notícia? Morrer de alegria?

— Está livre. Eu e Félix estamos construindo uma família. - Ela acariciou a barriga. - Eu acho que estou grávida.

— E não é de James também? - Eu pergunto com a voz banhada em sarcasmo.

— Não. Não o vejo a quase seis anos.

— Sabe quem eu não vejo a quase seis anos? Hum? Sabe do que eu tive que abrir mão graças a porra do seu egoísmo? - Eu me aproximo dela, mas logo me afasto.

— Eu sei. E é exatamente por isso que eu estou te contando isso.

— Conta logo então, espero que tenha uma notícia melhor que essa. - Eu suspiro. Jackson. Meu menino não tem o meu sangue. - E não se atreva a separar meu filho de mim. Ele é meu também.

— Eu sei onde ela pode estar. - Ela diz de uma vez.

— Ela quem porra? - Grito e logo voltou a falar mais baixo. - A fada madrinha?

— Bella. Soube que passou um tempo na casa do irmão em Nova Iorque. Voltou ano passado para a casa do pai.

— Acha que é só ir e pronto? Eu magoei ela. Magoei para agir com responsabilidade, pois eu pensava que tinha estragado toda a minha fidelidade para com ela, pensei que tudo isso tinha acabado, que estava fadado a viver nesse inferno na terra. A magoei por você.

— Não, não me culpe por ser um fraco.

— Fraco aonde caralho?

— Não lutou por ela.

— Eu pensei que tinha traído ela. Eu a faria sofrer. Ela teria nojo de mim.

— Ela com certeza teve essa opinião quando você falou de Jackson em uma das suas entrevistas. Que teve um filho antes de entrar na faculdade de música. Disse quando ele nasceu. É só fazer a conta. Ela soube e não foi por você, não diretamente.

— Agora eu me sinto até mais encorajado.

— Não quero seu perdão. Eu quero esquecer.

— Mas isso não dá de apagar. Jackson merece saber um dia.

— E ele vai saber.

— Está contando isso por...

— Achei o amor duas vezes, três se contar o amor fraternal. Você achou uma vez. E parece que vai ser a única.

— Você é louca.

— E tenho razão. Vá atrás dela. - Ela subiu, buscou Jackson. Abracei meu menino. Meu.

— Eu te amo Jackson. Volte o mais rápido que puder.

— Eu volto sim. Te amo papai, não perde seu celular não. - Ele me deu um beijo na bochecha e depois que o prendi na cadeirinha, beijei e cheirei seu cabelo.

— Não esqueça de escovar seus dentes. - Ele assentiu.

Me despeço de Jane com um aceno. Ela sorri, mas sabe que não posso perdoá-la ainda.

— Tenha uma boa viagem, Jane!

— Você também, Edward.

E num piscar de olhos, volto a realidade. Na cabana de Bella.

— Você está fazendo o quê aqui? - Ela engoliu o café novamente enquanto me esperava responder.

— Vim consertar algo do passado. - Digo sentindo a camisa um pouco mais gelada.

— Você não tem o poder para isso. - Ela riu e colocou um bolo na minha frente. - Sabe que se consertar algo do passado, achando que tudo vai melhorar, como num passe de mágica...é insano. - Ela sorriu das próprias palavras, imagino.

— Deixa eu reformular, eu vim fazer justiça. - Sorri e ela me olhou curiosa. Riu logo depois.

— Ok, ok, justiceiro. Mostre o arsenal.

— Primeiro me conte sobre os motivos de você morar no trabalho.

— Você meio que é meu chefe, então vou abrir essa exceção. - Ela tomou um gole de café. - Meu pai resolveu de última hora que estava na hora de se aposentar. Mas meu velhinho já tem quase 70 anos, estava na hora.

— É meio estranho que seu pai seja quase da idade do meu avô.

— Seus pais são apressados, você sabe. - Eu ri. Mas ela tinha razão. Eles me tiveram cedo demais, mas se seguraram na segunda cria.

— Eu diria que é mal de família...

— Como vai Jackson, é esse o nome do seu filho? - Ela perguntou sem nenhuma nota de dor ou sarcasmo na voz.

— Sim. Bem, parte de tudo isso, a minha justiça, é por ele. Não quero machuca-lo. Ele é a maior vítima aqui. Mais até do que eu.

— O que quer dizer?

— Não acha que sempre somos apressados? Tipo, acabei de te reencontrar e já estou me declarando e....

— Está se declarando?

— .. é uma maneira de dizer.

— Às vezes, a gente só tem uma chance Edward. Vai ver, isso tudo tem que ser resolvido nesse capítulo.

— Nesse capítulo?

— A vida é um livro e a gente só tem que torcer pra não ser um do Nicholas Sparks.

Gargalhei quando ela fez uma cara séria. Ela me seguiu. Aquela era uma boa metáfora. Mas talvez a gente estivesse num pequeno conto da Leisa Rayven ou da Brittainy C Cherry. Alguns livros que ela me fez ler e eu até reli depois que nos separamos. Amor, separação e superação.

— Bella, sabe que Jane esteve comigo naquele dia em que bebi demais. - Ela apertou as pálpebras bem forte e depois me encarou. Um lapso de memória, eu sabia o que era.

— Eu escutei ela comentando depois que você se foi mais cedo para casa.

A jovem Jane e seu veneno.

— Dois meses depois ela me contou da gravidez. Jackson chegou e ele tem a cor dos meus olhos. Não casei com a mãe dele, mas ele me fez um homem melhor, um pai. E eu só podia retribuir meu amor por ele. Minha família não aprovou, mas só foi mostrar a ultrassonografia dele e eles caíram de amor.

— Ele já tem cinco anos?

— Sim, nasceu no mesmo mês em que faço aniversário. Nunca desconfiei que ele não fosse meu de verdade. - Abaixei a cabeça envergonhado da minha cegueira.

— Sinto muito. - Ela apertou minha mão entre as suas. Ela nem me julgou. O que se passava na mente de Bella Swan?

— Nessa semana descobri tudo. Jane entrou para uma igreja, se converteu. Tem quase um ano isso. Jackson passa mais tempo comigo em Seattle, me mudei pra lá por eles e pela oportunidade de emprego. Mas eu tinha vergonha da traição. Então ela encontrou alguém, o verdadeiro pai de Jackson morreu e num surto de julgamento e redenção ela me disse o que fez.

— Não tem vergonha dele, né?

— Jamais. Ele é meu, não faço questão de saber quem o fez. É meu filho. Mas Jane contou que queria alguém para cuidar dela e do filho, já que James não era rico e os pais não a rejeitariam se ela tivesse alguém para dar o apoio financeiro que o bebê precisaria.

— Então ela te escolheu.

— Sim. Quem melhor que o cara que tem o sobrenome do acampamento?

— Então era isso.

— Isso o quê?

— Quando você me dispensou, disse que tinha feito algo, eu não entendia. Não desse jeito.... - Ela olhou para a janela.

— Parte disso foi a droga, agora eu sei. Eu bebi algo que Jane me serviu e depois disso eu só me lembro de ter remorso e um sentimento me atormentando, um gosto amargo subindo a bile.

— Eu só lembro de ver você fazendo as malas. - Aquele ano todo foi um borrão pra mim.

— Eu não...eu não sei onde enfiar a cara, Bella.

— Hum... - ela corou um pouco. Por um momento eu não entendi, mas a piada logo apareceu. Talvez, ainda nessa noite, eu saiba exatamente onde enfiar minha cara. Limpei a garganta.

— Certo. Não imagino que possa me perdoar pela burrada. Nada além de uma armadilha da Jane. Eu devia ter te escutado. Ficado no meu quarto...

— Eu esperei você. E em parte, eu me senti grata pela.. Como posso chamar... Pausa. Isso, pausa. Eu não estava pronta.

— Você se relacionou com alguém?

— Isso não é importante...

— Você tem necessidades, como todo mundo. É normal. - Digo me levantando. Estava um pouco incomodado com a minha própria pergunta. O que era contraditório. Eu mesmo já tive minha parcela de mulheres nesse tempo.

Me aproximo da porta e toco a maçaneta. Edward e seus pensamentos de merda. Me viro para me despedir e sinto o corpo de Bella perto do meu. Suas mãos deslizam por meu tórax e eu prendo a respiração quando sua boca se aproxima do meu pescoço. Sem dizer nada, tiro as mãos da porta e puxo seu corpo para cima e ela fica pendurada no meu pescoço e ao meu quadril.

É como estar em casa.

— Não vai. De novo não.


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Notas finais do capítulo

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