Little Things escrita por Siaht


Capítulo 25
XXV. party favor


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Bom, eu tenho vários capítulos para postar hoje, então não vou enrolar muito por aqui.
Espero que gostem! ♥



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XXV

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{party favor}

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Scorpius Malfoy estava nervoso. Ele sentia as mãos suando, enquanto entrava na casa – já transbordando de adolescentes – dos Potter. Uma música pop irritante tocava alto demais e havia gente em excesso ali. Uma parte dele desejou apenas sair correndo. Ainda assim, o garoto se manteve firme em seus objetivos e se forçou a fazer parte daquela confraternização.

Não foi difícil encontrar Rose. Ela usava um vestido amarelo e tênis vermelhos, e dançava no meio da sala. Como se o próprio sol estivesse girando dentro do cômodo. O rosto dela se iluminou, quando finalmente o viu, parado contra uma parede, a observando.

— Scorpius! — a menina deu um gritinho de empolgação e correu em direção a ele — Você veio mesmo!

— Eu disse que vinha. — o Malfoy, deu de ombros.

— Quando se trata de você e festas, nunca dá para ter certeza.

Ele riu.

— Você está bonita.

Rose pareceu surpresa. Como se não estivesse acostumada com a ideia de ser bonita. Como se as pessoas não costumassem lhe dizer aquilo. Pela primeira vez, desde que a conhecera, Scorpius Malfoy viu Rose Weasley corar. As bochechas atingindo aquela tão conhecida coloração rubra, as orelhas queimando.

— Ah, obrigada. — a garota disse, sem jeito. Aquilo também era novo — Deve ser o vestido. Ele é lindo, não é?

O vestido era, de fato, muito bonito, mas a beleza da amiga não era causada por ele. Rose era bonita. Com ou sem vestido.

— A Molly fez para mim. — a Weasley continuou explicando — Ela disse que quer que a marca dela tenha roupas para todos os corpos. Que ninguém merece usar roupas sem graça. Não é o máximo?

Molly II havia surpreendido a família inteira, e quase causado um enfarto em seu pai, ao estudar moda em uma universidade trouxa, após se formar em Hogwarts. Ela estava prestes a abrir uma loja no Beco Diagonal e Rose não poderia estar mais feliz pela prima e, bom, por si mesma, já que finalmente teria um lugar para comprar roupas.

— Hum... você quer alguma coisa para beber? — o garoto ofereceu, porque não tinha ideia de como continuar aquela conversa. Não sem dizer que a beleza da ruiva não tinha qualquer relação com o que ela estava vestindo. Talvez fosse exatamente o que ele precisava dizer, mas toda sua coragem fora gasta no primeiro elogio. Ele ainda era um covarde, afinal.  

— Ah, seria ótimo. — ela respondeu com um sorriso.

— Okay. — o menino concedeu, se dirigindo até a cozinha. Onde sabia que encontraria as bebidas.

No caminho, e enquanto tentava se desvencilhar do mar de adolescentes, acabou colidindo contra alguém. Não demorou muito a perceber que se tratava de Bradley Wood.

— Oh, me desculpe, Wood. — pediu, se afastando do goleiro.

— Ei, Malfoy, você sabe onde posso encontrar o Al? — o rapaz perguntou, ignorando o pedido de desculpas e até mesmo o esbarrão. Os olhos escuros percorrendo o cômodo inteiro.

Scorpius não sabia quando Bradley Wood havia começado a chamar Albus Severus de qualquer coisa diferente de Potter, especialmente algo tão íntimo como Al, mas guardou aquelas indagações para si mesmo.

— Não, ainda não o vi.

— Hum, ok. Obrigado, de qualquer forma. — o goleiro disse, já se afastando. Aqueles dois eram definitivamente muito estranhos...

A cozinha estava um verdadeiro caos, o que não chegava a ser muito diferente do resto da casa. As pessoas se amontoavam ali, em busca de alguma bebida e Scorpius julgava que levara, pelo menos, vinte minutos para conseguir duas canecas de cerveja amanteigada. Voltou para a sala, sem ainda ter tido um único vislumbre de Albus, o que era estranho, e também não encontrou Rose no lugar onde a havia deixado.

Suspirou, enquanto saía à procura da amiga. Trombou com pelo menos três pessoa, derramando cerveja em seus sapatos novos. Tropeçou em um degrau da escada, deixando uma das canecas cair e se espatifar no chão. Apesar disso, continuou em uma busca resignada. Ao menos a bebida que buscara para Rose ainda estava suficientemente intacta.

Scorpius continuou procurando a menina por longos minutos, quando finalmente a encontrou, contudo, desejou que não houvesse encontrado. Porque ali estava Rose Weasley, sentada na cama de Lily Luna Potter, beijando Ronan Finnigan-Thomas. O garoto deu dois passos para trás, saindo do quarto antes que o casal o percebesse. Acabou largando a caneca de cerveja amanteigada em um canto do corredor e correndo para a parte de trás do Largo Grimmauld. Precisava estar em qualquer lugar que não dentro daquela casa. Precisava processar o que acabara de ver. Precisava respirar.  

Racionalmente, ele sabia que não tinha o direito de ficar irritado ou mesmo magoado com Rose. Eles não eram namorados, nunca haviam dito que o tinham era exclusivo. Ela podia beijar quem quisesse. Não estava fazendo nada errado. No entanto, o fato de sua mente compreender aquilo, não queria dizer que seu coração compreendia. E seu coração estava apenas quebrado. Partido de um jeito que tornava impossível prestar atenção à razão.

As lágrimas começavam a se formar em seus olhos, quando Scorpius percebeu que não estava sozinho. Pois apoiado ao muro, Louis Weasley beijava um garoto de cabelos escuros.

— Oh, desculpe. — ele pediu. O rosto já esquentando, quando os dois rapazes notaram sua presença e se separaram.

— Tudo bem. Nós já terminamos aqui. — Louis disse, com um dar de ombros.

— Terminamos? — o menino com quem ficava até meio segundo atrás questionou, parecendo um pouco chocado.

— Terminamos. — o Weasley disse de forma categórica, enquanto procurava algo nos bolsos da jaqueta.

O outro adolescente simplesmente lhe deu as costas e voltou para a casa dos Potter, não parecendo muito feliz.

— Hum... desculpe mesmo. Não queria atrapalhar. — Scorpius pediu novamente.

— Não atrapalhou. Pelo contrário. Ele era bonitinho, mas entediante.

— Pensei...

— O que?

— Nada.

— Desembuche logo, Malfoy.

— Pensei que você estivesse com a McLaggen.

Louis arqueou uma sobrancelha.

— O que diabos você sabe sobre isso, Malfoy?

Scorpius engoliu em seco. Os irmãos Delacour-Weasley sempre lhe pareciam intimidantes de alguma forma. Talvez por serem tão absurdamente bonitos, talvez por parecerem que, se você os provocasse, poderiam te assassinar lentamente e sequer bagunçariam um fio de cabelo no processo. Até mesmo Victoire, a mais doce e gentil dos três, tinha a aura ameaçadora de uma dragonologista. Alguém que lidava com dragões como profissão, era alguém a ser temido.

— Bom, só o que a Rose e o Al me contaram.

O outro rapaz revirou os olhos, imaginando o que os primos teriam falado.

— Isso não é da sua conta, é?

Louis era facilmente o Weasley de quem Scorpius menos gostava. Não era como se ele tivesse algo específico contra o garoto, apenas não tinha nada a favor. Não o conhecia direito. O rapaz era fechado como uma ostra e passava a maior parte do tempo habitando os cantos, as margens. Sempre com fones nos ouvidos, um caderno de desenhos em mãos e a postura de quem não estava interessado no que quer que fosse. Então não, eles não costumavam interagir quando o Malfoy estava n’A Toca. O fato do Weasley ser um aborto fazia com que simplesmente não pudessem interagir em Hogwarts. Sendo assim, os dois apenas coexistiam se ignorando mutuamente.

Naquele verão, no entanto, Louis havia levado uma garota para casa pela primeira vez. Havia levado uma pessoa para casa pela primeira vez. E isso havia se tornado o assunto da família. Verdade seja dita, ele não havia afirmado em momento algum que Frida McLaggen era sua namorada. Ainda assim, todos presumiram que fosse. Ou, pelo menos, algo muito parecido. Louis não era do tipo que compartilhava muito sobre sua vida ou deixava que os outros se aproximassem. Então o gesto deveria querer dizer alguma coisa. Além disso, o fato da família inteira ter caído de amores pela menina não ajudava. Até mesmo Fleur parecia gostar da garota. Na verdade, parecia ter decidido ser a presidente do fã-clube da moça.

— Eu não estou traindo ela, se é o que você está pensando. — Louis disse, após alguns minutos de silêncio. Minutos que usara para finalmente encontrar o que estava procurando na jaqueta: um maço de cigarros e um isqueiro — Nossa relação não é assim, não tem rótulos ou segue essas regras imbecis e monogâmicas.

— Então, vocês são como amigos que se beijam ocasionalmente? — Scorpius não conseguiu se controlar. Talvez aquele garoto pudesse lhe ser de alguma ajuda, lhe fornecer algum conselho, entender o que ele estava sentindo. Não que ele achasse que Louis Weasley, de todas as pessoas do mundo, iria querer lhe emprestar um ombro amigo, mas não custava tentar, certo? Se desse errado, ele realmente não tinha nada a perder. No fim das contas, ele o outro rapaz nunca haviam sido nada um para o outro. E se Louis resolvesse lhe socar até a inconsciência pelo incomodo, bom, provavelmente era melhor do que a dor do coração partido.

Louis, no entanto, apenas ascendeu o cigarro.

— Não exatamente. Mas mais ou menos.

Aquilo não explicava nada.

— Okay. Mas se você visse a McLaggen beijando outra pessoa, o que você faria?

— Nada. — o garoto disse, após uma tragada.

— Mas o que você sentiria?

— Que é ótimo que ela esteja me divertindo. E, bom, dependendo da pessoa, eu iria me divertir rindo do mau gosto dela.  

— Você só fala isso, porque nunca esteve nessa situação.

— Na verdade, já. Esse tipo de coisa não me incomoda.

— Ah, você não gosta dela desse jeito. Faz sentido.

Os olhos do garoto faiscaram.

— Não fale sobre o que você não sabe, Malfoy.

— Desculpe...

— Existe algum motivo para nós estarmos tendo essa conversa, só para começar?

Scorpius suspirou.

— Talvez eu tenha visto uma amiga, com quem eu fico ocasionalmente, beijando outra pessoa. — ele confessou, sentindo o rosto corar. De qualquer forma, ainda era infinitamente mais fácil falar sobre aquilo para um quase desconhecido do que para alguém que significava algo para ele. Louis também nunca poderia espalhar fofocas a seu respeito por Hogwarts, o que definitivamente ajudava.

— E isso claramente não é problema meu. — ele disse com indiferença, mas algo malicioso cintilou em seus olhos — Ainda assim, você me salvou de um cara muito mala e eu estou morrendo de tédio. Então, vou ser bonzinho essa noite. Você por acaso tem algum acordo de exclusividade com essa garota?

— Não...

— Então, ela não fez nada errado.

— Eu sei. Não estou falando que fez, só que não gostei do que vi.

— Então, talvez você devesse conversar com ela sobre isso.

— Argh! Isso foi um erro desde o começo, eu devia ter percebido que gostava dela e não ter entrado nessa história de amizade colorida. — Scorpius confessou, passando as mãos dramaticamente pelos cabelos.

Louis revirou os olhos novamente, ainda fumando seu cigarro. A perfeita imagem do sarcasmo e da tranquilidade. Alguém incapaz de se abalar pelo drama alheio.

— Já te falei que isso não tem nada a ver com gostar ou não gostar de alguém. Tem a ver com o tipo de relacionamento que você deseja ou consegue manter. Não são sinônimos.

— Eu realmente não estou entendendo o que você quer dizer.

O Malfoy jurava que o olhar irritado que o Weasley lhe enviou gritava “não entende, porque você é burro”, contudo, tudo o que o garoto disse foi:

— Frida é a minha melhor amiga, minha “parceira de crime”, a primeira como eu que conheci e com quem me conectei. — Scorpius sabia que quando Louis dizia “como eu” queria dizer “aborto” — A primeira que me entendeu e com quem senti que podia dividir tudo, e que pode dividir tudo comigo também. E um dia nós descobrimos que gostávamos de estar um com o outro de forma física. De partilhar esse tipo de experiência. Mas nós dois somos jovens e passamos por um monte de merda, e queremos aproveitar nossa juventude, explorar nossas possibilidades, conhecer outras coisas e outras pessoas. Isso não anula o que temos um com o outro ou conexão de dividimos. Não anula os meus sentimentos por ela ou sentimentos dela por mim. Nada pode anular isso. Não importa com quantas pessoas ela fique. Ou com quantas pessoas eu fique. O que eu e a Frida temos é nosso, sempre vai ser nosso, não pode ser tocado, diminuído ou arruinado por qualquer relação que tenhamos qualquer outro alguém. Talvez eu não consiga te explicar o meu relacionamento com ela e, sinceramente, nem tenho porque fazer isso, mas, sim, eu gosto dela. Gosto muito. Nós apenas nos relacionamos de uma forma diferente, uma forma que faz sentido para nós dois. E, bom, sempre fomos honestos um com o outro sobre tudo isso. Você já conversou de verdade com a Rose sobre tudo isso?

Scorpius quase engasgou.

— Como assim com a Rose?

— Por favor, Malfoy...

— Como você sabe?

— Adoraria dizer que sou um bom observador, mas vocês dois são tão óbvios que nem posso me dar tanto crédito.

E lá estava Scorpius Malfoy corando de novo. Entretanto, antes que ele pudesse dizer alguma coisa, foi interrompido pela chegada de uma garota. Cabelos e olhos muito escuros, pele oliva, botas de cano longo e batom vermelho nos lábios. Frida McLaggen, em carne e osso, como se invocada pela quantidade de vezes que seu nome fora proferido na última meia hora.

— A gente já pode ir embora desse circo dos horrores? — ela perguntou, se dirigindo a Louis — Porque eu juro que se tiver que ouvir mais uma música ruim sobre dragões ou hipogrifos, ou presenciar mais uma discussão imbecil sobre as casas imbecis de Hogwarts, eu vou tacar fogo em mim mesma. Eu juro que algum dia eu vou escrever um artigo sobre como ser exposto a esse sistema segregador e competitivo de casas, desde a infância, é um dos motivos da comunidade bruxa ser esse lixo, cheia de gente narcisista com complexo de superioridade, que adora sair oprimindo todo mundo. Argh, festas bruxas são as piores!

Scorpius achara que jamais conheceria alguém que falasse mais ou mais rápido do que Rose. Estivera enganado.

 — Me fale mais sobre isso. — o Weasley disse, apagando o cigarro no instante em que a menina enviou um olhar feio para o objeto em suas mãos.

— Da próxima vez, por favor, fale para os seus pais que você foi a qualquer festa estúpida que os seus primos inventarem e a gente vai fazer qualquer outra coisa.

— Você está me estimulando a mentir para os meus pais? Logo eles que gostam tanto de você... — Louis comentou debochado.

— E vão gostar ainda mais, quando eu contar que você anda fumando escondido.

— Mentir sobre ir à festa, tudo bem. Fumar escondido, não. A sua moralidade sempre me espanta, McLaggen.

— Festas bruxas são insalubres. Cigarros também. Faz total sentido na minha cabeça.

— Festas bruxas são mais insalubres do que cigarros. — o rapaz retrucou — Na verdade, festas bruxas trazem um dano físico e mental maior do que qualquer outra coisa no mundo. Recorrer a algo pouco saudável, como um cigarro, para passar por esse tipo de abominação é belo, moral e necessário.

— Vou aceitar essa argumentação, mas só dessa vez, Weasley.

Os dois sorriram um para o outro de uma forma que conseguia ser ao mesmo tempo tão doce, tão cumplice e tão maliciosa, que Scorpius se sentiu desconfortável por estar assistindo. Não era de se admirar que todos achassem que os dois eram um casal. O que, bom, eles meio que eram. O Malfoy tentou se afastar silenciosamente, mas acabou tropeçando em uma pedra.

— Droga. — resmungou, enquanto recuperava o equilíbrio.

Frida pareceu nota-lo pela primeira vez. Olhou de um garoto para o outro. E arqueou uma sobrancelha na direção de Louis.

— Estou atrapalhando alguma coisa? Porque eu posso voltar para aquele inferno lá dentro, se você ainda estiver “ocupado” — era possível ouvir as aspas na voz da menina — Sei lá, fazer algumas anotações sobre o experimento bizarro e mal sucedido que são bruxos adolescentes, tentando interagir com alguma civilidade.

Louis riu.

— Pelo amor de Deus, Frida, eu não estou ficando com o Malfoy.

Scorpius a olhou assustado.

— Definitivamente não.

Ela deu de ombros.

— Sei lá, você tem essa mania de ficar com bruxos que eu nunca vou entender. Tanto tipo de gente mais interessante no mundo...

O Weasley revirou os olhos.

— O Malfoy aqui estava apenas narrando as desventuras do relacionamento dele com a Rose.

— E por que ele estava falando sobre isso com você e não com a Rose?

— Porque bruxos são incapazes de se comunicar.

— Eu não acho que seja algo de bruxos no geral, é bem pessoal. Coisa minha mesmo...

Frida e Louis trocaram um olhar significativo e ambos reprimiram o sorriso. Os dois estavam claramente se divertindo com aquilo.

— E por que você está ouvindo isso mesmo? — a menina perguntou, se apoiando ao muro.

Louis deu de ombros.

— Porque eu estou entediado, não quero voltar para aquela festa miserável e prometi aos meus pais que seria sociável e ficaria por pelo menos duas horas nessa porcaria. Além disso, o Malfoy me salvou do cara chatíssimo com quem eu estava ficando.

— Já te falei que é isso o que acontece, quando ficamos com bruxos. Abortos e trouxas são sempre escolhas melhores. Você não aprende, parece até que gosta de sofrer.

— De qualquer forma, fiquei devendo uma ao Malfoy.

— E qual é o problema mesmo?

— Ele está ficando com a Rose sem compromisso, mas quer um relacionamento sério e monogâmico com ela. O que ela não sabe. Ele também está apaixonado por ela. Algo que ela também não sabe. Não sabendo de tudo isso, a Rose ficou com algum carinha aleatório e o Malfoy viu. Agora está com o coraçãozinho partido.

— Você poderia parar de falar de mim como se eu não estivesse presente? — Scorpius protestou, cruzando os braços sobre o peito — E colocando desse jeito, eu fico parecendo um idiota.

Louis apenas arqueou uma sobrancelha de forma sugestiva, mas Frida olhou para o garoto de verdade, pela primeira vez. Algo na postura dela se suavizou, como se sentisse segura para se despir de uma armadura invisível, havia até mesmo gentileza no olhar que enviou ao menino.

— Por que você simplesmente não falou com ela ainda? — a garota perguntou, a voz dela se tornando muito mais suave.  

— Todo mundo fica me mandando fazer isso, mas o que diabos eu deveria dizer? — o Malfoy indagou.

— A verdade? — Frida sugeriu — Algo como “ei, Rose, a forma como estamos nos relacionando já não está legal para mim. Eu gosto de você e queria que estivéssemos em um namoro fechado. Entendo se você não quiser, mas tenho que ser honesto comigo mesmo e com você”. Ou algo parecido.

Até parecia fácil – fácil demais – quando a McLaggen expunha daquela forma. Mas ainda havia um problema.

— E se ela disser que não me quer? Que não me ama? Que não queria nada além de beijos sem compromisso?

— Aí você senta e chora. — Louis disse objetivamente. Frida deu um tapa leve em seu braço — O que? É a verdade. Às vezes essas coisas são uma desgraça e a gente só consegue sofrimento e humilhação mesmo. Não tem o que fazer.

— Você não está ajudando, Louis!

— Estou sendo honesto, Frida!

— E se eu estragar a minha amizade com ela para sempre? — Scorpius começou a surtar — Ela é minha amiga há anos, não quero perder isso. Não quero perdê-la.

— Olha, eu sei que isso tudo é complicado, mas você não vai perdê-la por ser honesto. Não se a amizade de vocês for realmente tão forte e importante. Talvez fique estranho por um tempo, mas isso pode ser superado. Agora, se você ficar mentindo e se mantiver perpetuamente numa situação na qual claramente não está confortável, as coisas podem acabar mal. Uma hora você não vai aguentar mais e tudo vai explodir de forma horrível. Porque não é justo que você queira dela, algo que ela nem sabe. E não é justo que você fique em um tipo de relacionamento que não te faz sentido. É melhor vocês dois resolverem isso antes que tudo vire um emaranhado de confusão, dor e ressentimento. Aí sim a amizade de vocês vai estar em perigo. — a McLaggen disse de forma sensata.

Fazia sentindo. Infelizmente fazia muito sentido.

— Olha, eu também estava receoso depois de ter beijado a Frida pela primeira vez. E, para piorar, a gente ainda estava levemente alcoolizado. Era a receita certa para o desastre, mas nós conversamos. E o crédito aqui vai todo para a Frida e a mania de “comunicação” dela. — o Weasley contou, a menina sorriu presunçosa para ele — E tudo acabou dando certo. Você não tem para onde fugir, meu caro Malfoy.

Scorpius suspirou.

— É, acho que não. Mas não ajuda o fato da Rose deixar sempre tão claro que não quer um relacionamento.

Louis gargalhou alto.

— E eu sou o bruxo fundador da Grifinória...

— O que? Ela sempre diz isso...

— E eu perdi a conta de quanta merda eu falei sobre bruxos na última hora. Não quer dizer que sejam verdades.

— Não? — Scorpius estava confuso. Interagir com Louis Weasley era confuso. Extremamente confuso.

Frida entrelaçou os dedos aos de Louis, de uma forma quase automática. Um gesto de conforto tão natural que parecia nem perceber.

— Às vezes a gente diz ou faz certas coisas apenas para nos proteger, Malfoy. — a garota disse — Embora cada palavra que eu tenha dito essa noite seja verdadeira. — acrescentou, erguendo o queixo em sinal de desafio. A guerreira destemida, pronta para enfrentar ameaças que estava certa que surgiriam a qualquer momento, aparecendo de novo.

A guerreira destemida, armada até os dentes e usando um poderoso escudo, e o príncipe indiferente, que fazia piadas sarcásticas sobre tudo e parecia não se importar com nada. Frida e Louis. Eles até pareciam ameaçadores, mas, no fim, eram apenas dois adolescentes fugindo de uma festa, na qual não se encaixavam e dando conselhos para um terceiro desajustado.

— Acredite, Malfoy, de todas as pessoas que eu conheço, a Rose é a que mais quer um relacionamento. De preferência, recheado com o puro suco de clichê romântico cafona. Vocês fariam um par perfeito. — o Weasley afirmou, não estava zombando dessa vez. — E, bom, eu sei que essa coisa toda de comunicação é uma porcaria difícil para o caralho, mas é a única coisa que você pode fazer para salvar uma relação.

— Pensei que fosse fácil para você conversar com a Frida.

— Ah, é fácil conversar com ela. Só é difícil conversar com toda a minha família. E a maior parte das pessoas do mundo. — ele deu de ombros, mas sorriu.

Scorpius sorriu para ele também. Talvez Louis acabasse por subir no seu ranking de Weasleys favoritos.

— Converse com a Rose, Malfoy. Vai ficar tudo bem. — Frida lhe garantiu.

O menino assentiu.

— Obrigado. Sabe, por todos os conselhos.

— Eu até diria que foi um prazer, mas não foi. — Louis afirmou debochado.

— Só não se acostuma. — Frida bradou também.

 Scorpius entendia agora que nenhum dos dois estava falando sério, então apenas balançou a cabeça e começou a voltar para a casa dos Potter. Precisava encontrar Rose, enquanto ainda tinha coragem.

— Eu não acredito que passei a minha noite de sábado dando conselhos emocionais para um bruxo. Um sangue-puro ainda por cima! Argh, espero que isso nunca aconteça de novo. — ele conseguiu ouvir a menina dizendo.

— Como se você conseguisse resistir a oferecer conselhos à almas desajustadas.

— Você fala como você se conseguisse. A gente pode ir embora agora?

— Por favor!

— Tudo bem se eu for para a sua casa? Meus pais estão dando um jantar para amigos do trabalho e eu definitivamente não quero fazer parte de mais esse show de horrores.

— Claro, meus pais podem jogar confete em você e te encher te elogios por uma hora inteira. Depois a gente se enfia no meu quarto, eu até te deixo escolher qual documentário sobre a vida de uma mulher importante para a América latina nós vamos assistir.

A garota riu.

— Estava pensando em te deixar escolher qual filme francês triste e pretensioso nós vamos assistir.

— Bom, nós sempre podemos assistir aos dois.

— Eu gosto de como você pensa, Weasley.

— Eu sei que gosta, McLaggen.

Scorpius sorriu para si mesmo, ainda ouvindo a conversa. Com rótulos, ou sem rótulos. Com monogamia, ou sem monogamia. Aqueles dois formam um bom par. O Malfoy apenas esperava que o mesmo fosse verdade sobre ele e Rose.


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Notas finais do capítulo

Scorpius totalmente em um momento "festa estranha com gente esquisita" haha
Confesso que amei escrever esse capítulo, porque estava com saudades de escrever o Louis e a Frida (eles são personagens de outras histórias minhas: Rubro, Aborto. e This is Us) e escrever a interação deles com o Scorpius me divertiu muito. Scorpius batendo o recorde no drama e o Louis não dando a mínima é a minha religião haha
E, sim, às vezes amizades coloridas funcionam. Ou relacionamentos que começam com amizade, mas evoluem para algo sem rótulos haha Só não é muito a vibe do Scorpius haha
De qualquer forma, espero que tenham gostado! ♥
Até daqui a pouco.
Beijinhos,
Thaís