XIX

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{so kiss me like you wanna be loved} 

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Conforme o combinado, Rose Weasley estava parada em frente de seu salão comunal, às 22 horas daquela sexta-feira. Dentes escovados e um nervosismo inesperado, corroendo seu estômago. Sentia os olhos da águia corvinal em suas costas, a julgando. Aquela águia odiosa existia apenas para tornar a vida dos estudantes daquela casa mais difícil do que precisava ser. Rowena Ravenclaw era uma sádica e Rose Weasley iria dar seu primeiro beijo. A única ligação entre essas duas sentenças era que, no momento, ambas eram fatos.

A menina ria de seus próprios pensamentos, quando ouviu seu nome ser sussurrado. Saltou, levando as mãos ao peito. Olhou para os dois lados do corredor, mas não encontrou ninguém.

— Rosie. — ouviu de novo e, dessa vez, a cabeça loira de Scorpius Malfoy surgiu, flutuando em meio ao nada.

A garota suspirou aliviada.

— A capa de invisibilidade, é claro. — disse, caminhando até o rapaz e entrando embaixo da capa também.

— Desculpe se te assustei. — o menino disso, voltando os olhos para algo em suas mãos.

— O Mapa do Maroto? — Rose indagou surpresa. Scorpius havia realmente pensado em tudo. Ela não sabia por que ainda se surpreendia, o amigo sempre fora bom com detalhes — Como você conseguiu?

 — O Albus roubou do James.

— Você não contou a ele o que nós vamos fazer, contou? — Albus iria rir dos dois até a próxima encarnação, se ficasse sabendo.

— Claro que não. Só disse que precisava da capa e do mapa. Ele estava irritado o suficiente com o James, para roubar pra mim.

A coisa boa sobre Albus Severus era que ele não fazia muitas perguntas. Sabia que, não importava o assunto, Scorpius falaria com ele quando estivesse pronto. Então, apenas passara sua lista infinita de recomendações ao Malfoy, antes de lhe emprestar a Capa de Invisibilidade e fora dar um jeito de roubar o Mapa do irmão. O Potter gostava de fazer isso às vezes. Na maioria delas, apenas para irritar o primogênito da família. Afinal, as palavras se movendo pelo pergaminho, tornavam o Mapa do Maroto uma verdadeira tortura para sua dislexia.

— Você não quer se pega, andando pelo castelo depois do toque de recolher, e ter que explicar para algum monitor o que estávamos fazendo, quer? Ou, pior ainda, ter que explicar para o Filch.

Rose balançou a cabeça negativamente, reprimindo a risada. Definitivamente não queria isso.

— Ok, Senhor Planejamento, para onde você vai me levar? — ela indagou, quando os dois começaram a caminhar.

— Você vai ver. — Scorpius sorriu, levemente presunçoso, alimentado a curiosidade da Weasley. O que poderia tê-la incomodado, se não estivesse gostando tanto do clima de mistério.  

Os dois caminharam em silêncio até chegarem a Torre de Astronomia. Os olhos da garota se arregalaram em puro deleite, quando finalmente entendeu.

— Scorpius... — ela sussurrou, mas o menino a ignorou, a guiando até a sacada da sala.

Estavam na torre mais alta do colégio, o vento soprando fresco em seus rostos, apenas as estrelas acima deles. As estrelas que Rose tanto amava.

— Você realmente pensou em tudo. — ela admirou. Aquilo era perfeito.

O garoto deu de ombros.

— O que a gente faz agora?

— Agora a gente se beija.

 O rapaz sentiu o rosto esquentar.

— Eu não faço ideia de como fazer isso.

— Eu também não. Esse é o ponto, certo?

— Okay.

— Okay.

Rose deu um passo na direção de Scorpius. Scorpius de um passo na direção de Rose. Os dois aproximaram os rostos um do outro e... chocaram suas bocas rápido demais.

— Ai. — disseram em uníssono, se afastando.

— Tudo bem. — a menina afirmou, com uma mão sobre os dentes. — A gente consegue fazer isso, só precisamos ir com mais calma dessa vez.

O garoto assentiu, embora seu corpo inteiro parecesse um vulcão de ansiedade, prestes a entrar em erupção. “Calma” nunca parecera algo tão impossível. Ainda assim, ele se aproximou novamente da amiga. Os cabelos ruivos dela eram soprados pelo vento, como um cometa vermelho. A luz das estrelas iluminava as sardas, fazendo com que parecessem pequenas constelações. Constelações em um rosto de menina. Naquele momento, Rose Weasley era feita de brilho de estrelas e poeira cósmica. Naquele momento, Rose Weasley era a coisa mais linda que Scorpius Malfoy vira em sua vida.

Dessa vez, os dois se aproximaram cuidadosamente. Lentamente colaram seus lábios, os abriram aos poucos e... não fizeram absolutamente nada. Ficaram ali, com as bocas se tocando, as respirações se confundindo, as mãos entrelaçadas, até que as risadas eclodiram, fazendo com que se separassem novamente.

— Desculpe. — Scopius disse, apesar de não saber exatamente pelo que estava se desculpando.

— A melhor de três? — Rose sugeriu, ainda sorrindo. Aquele sorriso que poderia iluminar o mundo inteiro.

O Malfoy concordou e eles tentaram mais uma vez. Se aproximaram devagar, deixaram que seus lábios de colassem com cuidado e, enquanto o menino ainda tentava descobrir como proceder em seguida, a amiga tomou a iniciativa e iniciou o beijo. Um beijo com línguas. Um beijo de verdade. O menino gostaria de dizer que fora bom, que vira fogos de artifício e seu mundo inteiro brilhara em cores neon. No entanto, seria uma mentira. O beijo fora... estranho, rápido, confuso, úmido.

— É isso? — a garota perguntou, um pouco decepcionada, quando se separaram. Havia sido esquisito para ela também.

— Desculpe... — o rapaz pediu novamente. O rosto rubro, as mãos trêmulas.

— Pare de se desculpar e vamos tentar mais uma vez. — a menina disse determinada.

— De novo?

— Isso é um experimento cientifico. Nenhum experimento cientifico funciona de verdade na primeira tentativa.

Scorpius suspirou.

— Okay.

— Okay.

Então, eles tentaram de novo. E de novo. E de novo. E de novo. E de novo. Tentaram até perder a conta. Até finalmente parecer certo. Até finalmente parecer bom.

— Uau! — Rose disse exultante. O rosto rosado, a respiração ofegante. Poderia começar a dançar de felicidade — Isso foi um beijo. Agora essa coisa toda fez sentido.

Scorpius concordou com um aceno de cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa. O coração disparado em seu peito. Os cabelos loiros despenteados, pelo que poderia ser a primeira vez na vida. O gosto de pasta de dente e bala de cereja ainda em sua boca. O cheiro do shampoo de coco de Rose, lhe embriagando. Fogos de artifícios brilhavam no céu estrelado. Aquilo havia sido maravilhoso. Aquilo havia sido um desastre. Porque Scorpius Malfoy não achava que algum dia conseguiria voltar a olhar para Rose Weasley sem querer beijá-la.