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— Isso não faz o menor sentido! — Albus gemeu, empurrando o livro de transfiguração para longe.

— É claro que faz. A gente só precisa estudar de novo. — Rose insistiu, reprimindo um bocejo.

— Não, o Al está certo. Não faz sentido. A gente nunca vai entender isso, vamos tirar um “Trasgo” em todos os nossos N.O.M.s.

A garota quase revirou os olhos, mas se contentou com um suspiro.

— Ninguém vai tirar “Trasgo” em nada. Albus, pare de surtar. Scorpius, pare de ser dramático. Nós vamos estudar de novo e de novo e de novo até que fique claro.

O Malfoy sentiu o rosto esquentar instantemente com a lembrança da noite passada. A noite em que tentara uma coisa completamente diferente – de novo e de novo e de novo – com Rose Weasley. Era sábado, chovia do lado de fora e os três adolescentes estavam trancados no dormitório dos garotos, estudando para os N.O.M.s. Bom, pelo menos, tentando.

Havia uma pilha de livros, pergaminhos e anotações espalhados pelo chão do quarto. Mas Albus estava irritadiço demais para se concentrar. Rose estava sonolenta demais para explicar. E Scorpius estava surtando internamente. Não conseguia parar de pensar na noite anterior. Na sensação dos lábios de Rose Weasley contra os seus. No toque de Rose Weasley em seus cabelos. No beijo de Rose Weasley. A simples lembrança era suficiente para fazer seu coração saltar em seu peito, enquanto o rosto começava a esquentar novamente. Aqueles malditos rubores ainda iriam matá-lo!

A garota, no entanto, parecia completamente indiferente a tudo isso. O havia cumprimentado de forma normal e conversava com ele como se nada tivesse acontecido. Os bocejos ocasionais eram o único indicativo de que a menina havia feito alguma coisa, diferente de dormir, na noite anterior.

— Eu não acredito que nós estamos passando nosso sábado estudando toda essa porcaria. — Albus reclamou, se deitando no chão.

Rose enviou um sorriso encorajador ao primo.

— Eu também não fico feliz com isso, Al. E acho todo esse sistema de testes bastante questionável, para dizer o mínimo. Mas não temos outra escolha a não ser nos submeter a toda essa palhaçada. Além disso, está chovendo tanto que acho que não teríamos muita coisa para fazer hoje. — ela comentou, dando de ombros.

— Nós poderíamos dormir. Jogar xadrez e bruxo. Nos sentar no salão comunal e rir dos primeiranistas. Contar as rachaduras do teto. Contemplar nossa mortalidade e como o fim é inevitável. Qualquer coisa seria melhor do que estudar.

Scorpius riu, concordando com um aceno de cabeça.

— Vocês dois são impossíveis. — a menina falou, jogando as mãos para cima, enquanto também se deitava no chão. Ainda assim, havia um sorriso em seu rosto. Scorpius precisava desesperadamente parar de olhar aquele rosto.

— Eu acho que nós precisamos fazer uma pausa. — Al sugeriu, se levantando. — Fazer uma pausa e pegar comida. Estou faminto.

— Você só quer procrastinar. — Rose brigou, jogando uma pena no garoto.

O Potter deu de ombros.

— Também. Mas estou realmente com fome. Vocês querem alguma coisa das cozinhas?

— Você está realmente se oferecendo para buscar comida para gente? — Scorpius arqueou uma sobrancelha.

— Sou uma ótima pessoa, Scorp.

Scorpius e Rose gargalharam com essa afirmação.

— Ele só quer uma desculpa, para enrolar um pouco mais nas cozinhas. — a prima deduziu.

O Potter revirou os olhos, dando as costas para os dois.

— É isso que a gente ganha tentando ser um bom amigo... — disse mal humorado, antes de sair do quarto.

Scorpius e Rose trocaram um olhar e riram um pouco mais. Era sempre divertido rir da cara de Albus Severus.  

— Espero que ele não tenha ficado ofendido de verdade e traga comida para a gente. — a garota disse, repousando uma das mãos sobre a barriga. — Todo esse “não estudo” também me deixou com fome.

O Malfoy sorriu. Embora algo se embrulhasse em seu estômago com a constatação de que ele e Rose estavam sozinhos. Pela primeira vez desde a noite passada. Um silêncio estranho se estendendo entre eles.

— Scorp... — a ruiva finalmente chamou.

— Oi?

— Você está bem?

O menino se deitou ao lado dela. O cheiro do shampoo de coco o atingindo com força.

— Hum... sim.

A garota o observou atentamente por um longo minuto.

— Tem certeza que está bem com...bom, o que fizemos ontem?

— Claro. Por que não estaria?

Ela deu de ombros.

— Você está bem? — o Malfoy sondou.

Rose sorriu para ele.

— Estou ótima, na verdade. Sabe, você beija bem. Pelo menos, começou a beijar depois da décima tentativa ou algo assim.

Scorpius sentiu o rosto em chamas.

— Você também beija bem. — ele sussurrou, incapaz de olhar a amiga nos olhos.

A menina gargalhou em júbilo.

— Quem diria que estaríamos desperdiçando tanto talento e potencial sendo os últimos membros do “clube dos não beijados”. Sabe...

— O que? — Scorpius voltou a encará-la. A amiga mordia o lábio inferior.

— Talvez... Talvez a gente devesse continuar fazendo isso.

— Tipo, nos beijando?

Rose sequer pareceu envergonhada quando disse:

— Sim. Nos beijando. Se você quiser, é claro. É só que... faz sentido. Eu gostei, você gostou. E é tão mais fácil continuar assim do que ter que tomar a iniciativa com alguma outra pessoa. Eu não quero encerrar minha jornada no mundo dos beijos, agora que ela finalmente começou. Sem falar que, com os N.O.M.s e tudo mais, não ando tendo muito tempo para pensar em dramas com garotos. Com você tudo é fácil. E nós somos amigos, podemos apenas nos beijar de forma objetiva, sem que isso signifique nada.

— Tudo bem. — Scorpius concordou rápido demais. Uma parte dele sentia que deveria pensar melhor sobre o assunto. No momento, no entanto, tudo o que ele queria fazer era continuar beijando Rose Weasley.