Little Things escrita por Siaht


Capítulo 12
XII. who are you, really?


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Peço desculpas por não ter conseguido postar ontem (13/06), mas a minha internet caiu às 19h e só voltou agora. Então deixo aqui registrado meu ódio pelo lixo do meu provedor de internet. De qualquer forma, esse ainda é o capítulo de sábado (não dormi, então o dia não acabou haha). E o de domingo será postado ainda hoje, nas próximas horas.
Espero que gostem! ♥



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XII

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{who are you, really?}

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O terceiro ano fora marcado por pequenas rebeldias. Fora o ano em que Albus Severus Potter se tornara goleiro – não um apanhador como o pai, não um artilheiro como a mãe – do time de Quadribol da Sonserina. Que Rose Weasley se tornara a primeira da classe nas aulas de Adivinhação. E que Scorpius Malfoy chocara o corpo estudantil inteiro ao escolher Estudo dos Trouxas como disciplina eletiva.

Fora o ano em Albus Severus Potter colecionara detenções, por estar constantemente envolvido em alguma briga com Bradley Wood. Em que Rose Weasley colecionara detenções, por estar sempre gritando com colegas que desrespeitassem seu irmão mais novo – que havia finalmente ingressado em Hogwarts – ou com professores que não estivessem adequando suas aulas de forma efetiva à surdez de Hugo. E em que Scorpius Malfoy colecionara detenções, por sempre desobedecer o toque de recolher, enquanto passava tempo demais nas estufas.

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A coisa sobre Albus Potter era que ele queria ser bom. Na verdade, queria ser o melhor. Não importava muito em que, o objetivo era apenas se destacar. Seu pai, afinal, era o Garoto-Que-Sobreviveu. Aquele que derrotara o Lorde das Trevas. O herói escolhido por uma profecia e que salvara a todos. Ele crescera com aquela sombra sobre ele. E, por mais que amasse seu pai, às vezes era exaustivo ser filho do grande Harry Potter.

A mãe não era muito melhor. Embora ninguém fosse capaz de atingir o mesmo status de Harry, Ginny também tinha sua própria fama. Também fora uma heroína de guerra e, após isso, se consolidara como uma das mais bem sucedidas artilheiras que as Holyhead Harpies já conheceram. Os fãs de Quadribol às vezes podiam ser mais estridentes e apaixonados que qualquer outro grupo da comunidade bruxa. O que queria dizer muita coisa.

O menino, entretanto, começava a suspeitar que talvez parte do problema fosse apenas ele e sua própria incompetência. James, afinal, prosperara nas sombras do pai, fazendo dela sua própria luz. O irmão gostava de atenção e não tinha qualquer problema em usar o sobrenome Potter para se destacar. Ainda assim, conseguia envolver as pessoas com seu próprio carisma e talento, criando para si mesmo um grupo de seletos seguidores e uma reputação. Lily, por sua vez, fizera o caminho oposto e encontrara refúgio em um mundo que nenhum Potter – ou Weasley – um dia ousara desbravar: o balé. Uma página em branco que ela poderia preencher da forma como desejasse.

Talvez não fosse perfeito, mas os irmãos haviam pelo menos encontrado algum tipo de saída. Albus estava preso. Era o filho de Harry Potter. O filho de Ginny Potter. O irmão de James Potter. O irmão de Lily Potter. Era sempre algo de alguém. Nunca uma pessoa que existia sozinha. Nunca apenas Albus. Por uma grande parte da vida, tudo o que o garoto quisera fora ser invisível e, se fosse honesto, esse desejo ainda gritava dentro dele. No entanto, 13 anos lhe ensinaram que aquilo nunca seria possível e fizeram com que o desejo mudasse. Se fosse para se destacar, que fosse por si mesmo e não pelo outros.  Queria era ser Albus, alguém conhecido por suas próprias realizações.

Isso, contudo, só o levava a um novo problema. Que realizações? No que ele era realmente bom? Não tinha o carisma de James ou sua habilidade de lidar com pessoas. Não tinha a alma criativa de Lily ou seu talento artístico. Não era sequer bom em assuntos acadêmicos. Ele tentava, Merlin era testemunha de que tentava com mais afinco que qualquer um, mas a maldita dislexia estava sempre em seus calcanhares, atrapalhando seu desempenho escolar. Poções era de longe sua pior matéria – ele se atrapalhava com a teoria, com as instruções, com os nomes dos ingredientes e tudo se materializava em um grande desastre em seu caldeirão –, mas isso não tornava as outras disciplinas muito melhores.

Albus era inteligente, astuto e perspicaz, entretanto, não parecia suficiente quando suas notas não refletiam isso. No mundo em que ele vivia, notas eram tudo o que importava. Eram o que definia se você era bom ou não. E o garoto não era. Então, tudo o que lhe restava fora o Quadribol. O menino era bom naquilo. O esporte não era algo que realmente amava, mas era algo em que era bom. A única coisa em que se julgava bom. Para o Potter isso era tudo o que importava.

Poderia ter tentado jogar como apanhador ou como artilheiro, mas isso apenas o aproximaria dos pais, quando sua intenção era se afastar deles. Então, escolheu ser um goleiro e dedicou cada um dos seus fôlegos a isso. Aquela era sua porta de saída, sua única chance de ser bem-sucedido, de ser alguém, de ser Albus.

Fora aí que o problema com Bradley Wood começara. Wood estava no mesmo ano que Al e era o goleiro da Grifinória. E ele era bom. Muito bom. O que talvez não fosse tão surpreendente assim, já que o pai dele fora um goleiro famoso, que chegara a jogar pela Seleção Inglesa, e agora era o treinador que mantinha o Puddlemere United invicto há três temporadas.

O fato era o Potter sabia que o Wood era sua maior concorrência. Os dois tinham a mesma idade e se formariam no mesmo ano. Olheiros de times grandes dificilmente iriam ter interesse em dois goleiros, saídos da mesma escola, na mesma temporada. Em resumo, Bradley Wood era uma ameaça a ser combatida e o fato dele ser um grifinório arrogante, presunçoso e debochado apenas fazia com que fosse mais fácil para Albus odiá-lo. O sentimento era recíproco.

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A coisa sobre Rose Weasley era que as pessoas costumavam achar que ela fazia de tudo para contrariar sua mãe. O que era uma mentira. Contrariar Hermione Granger-Weasley não era a causa, era apenas a consequência. A garota era quem era e não tinha muita habilidade ou interesse em fingimentos. Os astros se alinharam quando ela nascera, a fazendo assim: curiosa, questionadora, dona de um espírito livre e uma mente aberta. Sem um pingo de ceticismo correndo por suas veias.

De qualquer forma, ser filha da mulher mais incrível que já vivera tinha um peso. As pessoas esperavam coisas dela. Sua mãe esperava coisas dela. Desde que a menina era uma criança, Hermione tentara despertar seu interesse acadêmico. A alfabetizara mais cedo, a dera livros de presente em todas as ocasiões, a criara para ser esperta, pensar por si mesma e valorizar o conhecimento. E, bom, isso rendera frutos, apenas não da forma esperada. Porque Rose era inteligente, esforçada e tinha sede de aprendizado, mas seu foco e interesses estavam no lugar “errado”.

Não fosse isso o bastante, o mundo inteiro parecia esperar algo da garota. Esperar que fosse uma segunda Hermione, ou algo assim. Tendo a mente questionadora que tinha, a menina só conseguia se perguntar o motivo de todos aqueles desconhecidos estarem tão preocupados com o que ela era ou deixava de ser. O motivo de todos aqueles estranhos sentirem que ela lhes devia alguma coisa. A resposta lógica era que não havia resposta lógica. Aquilo simplesmente não fazia qualquer sentido. Ela não devia nada a quem quer que fosse.

Porque se havia uma coisa sobre Rose Weasley que as pessoas estavam sempre se esquecendo, era que ela também era filha de seu pai. O pai que sentira pressão suficiente enquanto crescia – tentando se destacar, tentando se encaixar, tentando desesperadamente provar seu valor –, para desejar que seus filhos nunca se sentissem da mesma forma. O pai que desistira da carreira como auror, porque ela não lhe fazia sentido, não lhe fazia feliz. O pai que, pela natureza dos próprios trabalhos, passava mais tempo em casa que a mãe. O pai que ensinara a Rose e a Hugo – especialmente ao segundo – que eram válidos do jeito que eram, que tinham valor apenas por serem quem eram.

Então não, Rose Weasley não se inscrevera em astrologia para irritar a mãe. Se inscrevera por ter um interesse genuíno no assunto. E não sabia como não teria, se toda a tão famosa história do padrinho – que, de certa forma, também era a história de seus pais – começava com uma profecia. A origem de tudo, a própria origem dela, estava na adivinhação. O fato de ela ser realmente boa na disciplina e de gostar bastante da professora, a senhora Brown, apenas a deixara mais encantada.

Dito tudo isso, Rose era Rose. E se vestia roupas espalhafatosas, falava demais, questionava autoridades, quebrava regras e seguia sua fascinação pelo etéreo e místico, a culpa era de seus pais. Porque Hermione lhe ensinara a ter senso crítico e pensar por si mesma. E Ron lhe ensinara que não havia problemas em ser ela mesma e que não precisava buscar a aprovação de ninguém. No fim, ela era filha de seus pais. Sem tirar, nem pôr.

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A coisa sobre Scorpius Malfoy era que ele ainda era Scorpius Malfoy. Dois anos o deixaram menos desesperado e um pouco mais maduro, mas o garoto ainda era um Malfoy e ainda estava se segurando desesperadamente ao seu sobrenome, ao seu legado, ao passado que não era dele, mas era como se fosse. Estava se segurando à promessa que fizera a si mesmo. Cada uma de suas escolhas, cada mínima decisão que tomava, refletia isso.

Então, ele se matriculou em Estudo dos Trouxas, porque seu pai não teria se matriculado. E se esforçou na disciplina, porque queria verdadeiramente entender e apreciar aquele outro povo, ao invés de odiá-lo. Se fosse honesto consigo mesmo, no entanto, iria precisar admitir que o fato de ninguém achar que ele faria aquilo, foi um dos motivos que o fizera escolher aquela matéria. Que sentira prazer aos surpreender os colegas, ao provar que estavam errados. Precisaria admitir, acima de qualquer coisa, que estava preso a opinião de outras pessoas a seu respeito. E que ainda deixava que elas moldassem sua vida. Que ao tentar fugir de seu nome, Scorpius Malfoy apenas se acorrentava a ele.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi mais focado no Albus e na Rose, porque acho que já conhecemos bastante o Scorpius e entendemos seus conflitos e motivações. Era para ser só sobre a Rose, até porque o Al ia ser só um coadjuvante pequeno na história, MAS EU AMO ELE (e aparentemente vocês também), então o papel dele acabou aumentando haha
De qualquer forma, espero que tenham gostado! ♥
Beijinhos,
Thaís