Cactos & Girassóis escrita por Sali


Capítulo 23
Vinte e dois


Notas iniciais do capítulo

Ei, gente! Tudo bem por aí?
Então... estamos entrando na reta final ♥
Vamos ver o que pega hoje com essas duas



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Quinta-feira | 3 de novembro

─ Mas… como você conheceu ela mesmo?

Marina riu pelo nariz.

─ Ela faz cursinho pro técnico lá no lugar onde eu tava fazendo.

Helena, que já havia assumido, timidamente, o breve momento de ciúme que sentira de Ana, quase um mês antes, apenas acenou com a cabeça, fingindo seriedade. Mas, em instantes, as duas começaram a rir. 

Era intervalo, e a biblioteca, como sempre, estava vazia ─ exceto por Marina e Helena, que se apertavam no mesmo pufe, um dos braços de Lena carinhosamente ao redor da cintura de Mari e as duas, com a ajuda do esconderijo das estantes, trocando selinhos discretos vez ou outra.

Isso, pelo menos, até Marina receber de Ana uma mensagem, dizendo que queria encontrá-la. Por isso ─ e pela vontade que tinha de finalmente apresentar as duas e compartilhar as novidades ─, Mari, após perguntar para Lena se estava tudo bem, a chamou para a biblioteca também. E agora elas aguardavam, ainda rindo, logo após o breve e cômico diálogo introdutório sobre a garota.

─ Mari?

Quando a voz de Ana enfim soou, na entrada da biblioteca, Mari nem precisou olhar para ela para identificar a expressão de pura surpresa em seus olhos ao vê-la acompanhada de Helena.

─ Espera. Vocês…? 

Marina riu e fez que sim com a cabeça, empolgada ─ e, apesar de não estar entendendo muito bem até que ponto aquela garota, ainda desconhecida, sabia sobre as duas, Helena sorriu levemente, apenas de ver a felicidade com que Mari parecia querer mostrar o novo, e ainda sem nome, relacionamento.

Ana também se empolgou, com um sorriso enorme nos lábios, e se jogou no pufe ao lado, se voltando para Marina e, em seguida, para Helena.

─ Acho que acabei de superar completamente, porque vocês são tão fofinhas… Ah, e desculpa minha falta de educação. Prazer, Helena, tudo bem? É tão legal te conhecer pessoalmente! Meu nome é Ana Carolina… mas pode me chamar de Ana. Eu sou do 1° ano… conheci a Mari porque a gente fez cursinho juntas, porque eu quero entrar pro técnico. E desculpa… eu falo demais às vezes.

Lena, por alguns segundos, se viu meio atordoada em meio à torrente de palavras que saiu de Ana de uma só vez. 

─ Tá tudo bem, não tem problema. Só… uma coisa de cada vez. Você superou o quê?

A pergunta de Helena pegou as duas outras garotas de surpresa; Ana corou quase automaticamente e trocou um olhar com Marina, que apenas apertou os lábios, tentando segurar uma risadinha.

E então, salvando Ana do constrangimento iminente, o sinal do fim do intervalo tocou, e ela quase soltou um sonoro suspiro de alívio.

─ Nossa, agora é Geografia ─ Marina pareceu se lembrar, com um salto. ─ Vamos, Lena. O Pedro ultimamente tá reclamando direto dos atrasos depois do intervalo.

Ana fez uma nota mental de agradecer Mari depois e também se levantou.

─ Ai, e eu tenho uma atividade avaliativa agora… ─ ela suspirou, enfim. ─ Tchau, Mari, tchau, Helena! Até depois!

E, antes mesmo que as duas garotas mais velhas saíssem da biblioteca, Ana já estava longe. 

Lena olhou para Marina, uma sobrancelha erguida e a expressão extremamente confusa. E Mari, em resposta, apenas deixou escapar uma risada.

─ Depois eu te explico com calma.

Só restou a Helena aceitar, com uma risada vencida.

─ ─ ─

─ Então quer dizer que a Ana tem… ou melhor, tinha um crush… por mim?

Marina deu uma risada pelo nariz diante da expressão absolutamente chocada de Lena, enquanto tirava da boca a colher de sorvete.

─ Não entendi a surpresa… 

Helena riu baixo e deu mais uma colherada no sorvete de creme. Elas estavam na varanda da casa dela ─ Marina esticada no sofazinho de futon, enquanto Lena, no chão, encostava-se ao guarda-corpo. O sol de primavera ainda brilhava intensamente, apesar do final da tarde, e elas apenas aproveitavam o tempo livre e sem pressão pós-Enem, agora que só as provas finais as separavam do tão esperado fim do Ensino Médio.

─ Sei lá ─ Lena encolheu os ombros. ─ isso é estranho. Gente tendo crush em mim.

Marina revirou os olhos.

Eu tenho crush em você! ─ exclamou, meio indignada.

Helena deu uma risada, mas não conseguiu impedir seu coração de se acelerar de leve, deliciando-se com a constatação daquele fato.

─ Mas você é meio doida, né… linda pra caralho, inteligente, sensata e atrás de alguém como eu?

Marina revirou novamente os olhos e colocou sua tigela de sorvete de lado, apenas para girar no sofazinho, ficando de bruços, e aproximar o rosto do de Lena.

─ Uhum. Atrás de uma mina linda pra caralho, inteligente, sensata, empática, carinhosa… 

─ Ah, cala a boca ─ Helena respondeu, revirando os olhos, mas logo em seguida rompeu o pequeno espaço entre elas com a intenção de beijar Marina, o que, por acaso, a ajudaria a disfarçar o fato de que todo o seu rosto estava corando com intensidade.

Mari, porém, deixou escapar uma risada e recuou, desviando-se do beijo apenas pela provocação.

─ Vem calar… 

Lena deu uma risada e se inclinou para frente, até que, enfim, conseguiu o que queria: tocou os lábios nos de Marina e, calmamente, iniciou um beijo, que a fez sorrir quase sem querer.

Quando se separaram, viu que Mari também sorria.

─ Pode fugir do assunto, se quiser… Eu ainda tenho razão.

─ Seu sorvete tá derretendo ─ Helena respondeu, então, apenas para não dar o braço totalmente a torcer, e Marina começou a rir.

Se dependesse de Lena, ela viveria para sempre naquele momento.

─ ─ ─ 

─ Você viu o grupo da sala?

Helena franziu a testa e ergueu a cabeça, apesar de não querer perder a sensação agradável que era ter Marina mexendo em seus cabelos.

─ Qual é a bobagem da vez?

Mari riu pelo nariz e deixou o celular de lado, que havia pegado apenas para responder uma mensagem do irmão.

─ Parece que decidiram a data da festa de formatura que o povo já estava pagando desde o início do ano. E o tema, depois daquela votação que teve semana passada. A Isabella soltou os resultados.

Lena fez uma careta. 

─ Já consigo pensar nas extravagâncias dela… lembro que quando a escola participou de uma gincana no 1° ano ela queria convencer todo mundo a pagar por uma blusa personalizada com o mascote da nossa turma. E a gincana durou, tipo, 3 semanas ─ ela comentou, e soltou uma risada com a expressão chocada de Marina.

─ Pelo que eu vi no grupo da sala não tem nada de camisa… mas vai ser dia 11 de dezembro e escolheram fazer tipo festa de formatura de faculdade… com traje “passeio completo” e tudo. Isso não é tipo roupa de casamento?

Helena riu pelo nariz e apoiou a cabeça na perna de Marina, encolhendo os ombros.

─ Que bom que ninguém é obrigado a participar, pelo menos… 

Mari acenou positivamente com a cabeça e continuou brincando com os fios de Lena, agora com a intenção de fazer uma trança, enquanto um suave silêncio invadia a varanda, à medida que o sol começava a se pôr.

─ Sabe o que eu tava pensando? ─ Marina perguntou, então, depois de alguns minutos.

Helena ergueu outra vez a cabeça, apenas para olhar para ela, e respondeu com um murmúrio.

─ A gente podia fazer nossa própria festa de formatura. Não festa, mas sei lá, chamar meus amigos, seus amigos, fazer um lanche, uma janta, uma resenha… pra comemorar o fim dessa merda toda.

Lena riu de leve ─ um pouco da sugestão, mas sobretudo, com a empolgação de Marina.

─ Eu gosto da ideia. Mas não pode ser dia 11… 

─ Por que não?

Com certa relutância, Helena se afastou do colo de Mari e virou-se para ela, com um sorriso de leve nos lábios.

─ A gente não tava se falando quando nosso treinador fez a inscrição, mas recebi o resultado hoje e esqueci de comentar… fui selecionada pro torneio estadual jovem de muay thai ─ Lena abriu um pouco mais seu sorriso. ─ Anima ir comigo dia 11 me ver apanhar?

Apesar da última frase, que foi ligeiramente preocupante, Marina abriu um sorriso enorme e saltou do futon para abraçar Helena.

─ Sério?! Parabéns, Lena! É óbvio que eu vou… e você sabe que até o Jordan vai querer ir, né? Quer dizer, se tiver tudo bem pra você.

Helena deu uma risada baixa e abraçou Marina de volta, ainda sorrindo.

─ É sempre bom pra engrossar a torcida, né… 

Mari deu uma risada, empolgada ─ e elas trocaram outro beijo.


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