Capítulo 4

– Adeus –

Second SouthTown

—Deixa eu passar! Deixa eu passar!—O homem alto, negro, trajando vestes de carateca, afastava a multidão que se juntava na frente daquela academia pegando fogo. Ao que, depois de muito esforço, consegue chegar perto o suficiente, é detido por um policial:

—Não pode passar senhor!

—Mas essa é minha academia! Eu sou o professor dela! O que houve? Onde estão meus alunos?

—Fique calmo senhor...eles estão ali...pelo visto ninguém se machucou gravemente.

O homem vai até o grupo de garotos, claramente assustados, sentindo a falta de uma pessoa em particular:

—Ei! Garotos! Onde está Ryo?

—Sensei Rodriguez!—Um dos jovens se aproxima do mestre, temeroso ainda.—Sensei...ele...ele está lutando! Disse que ninguém podia interferir!

—Onde ele está?—Marco indaga, já demonstrando nervosismo em sua voz. O garoto aponta, intimidado para o alto de uma casa afastada, onde Marco podia ver um brilho azulado, e logo percebe as duas presenças poderosas que lá se encontravam.

Ryo lutava com tudo que tinha, e ainda assim não parecia o suficiente. Seu karatê do estilo Kyokugen não estava dando conta daquele tremendo adversário. Ele desvia de uma sequência de golpes, sem poder contra-atacar. Aquele estilo era diferente do que estava acostumado. Já tinha enfrentado aquele sujeito antes, mas nunca o Ansatsuken lhe pareceu tão poderoso, ou mesmo perigoso:

—Você me ataca, sem dizer nada...tenho que admitir, Ken Masters...estou preocupado!—Sem ouvir uma resposta, Ryo Sakazaki tem que se esquivar mais uma vez, dessa vez de uma voadora direta, e aquilo era tudo que queria. A chance era perfeita e ele não iria desperdiçar:

—HAOH!—As mãos de Ryo se energizam com uma grande quantidade de energia Ki, e ele logo dispara essa energia, num projétil rápido e poderoso.—SHOKOKEN!

Marco chegava pouco depois daquele momento descrito, e não podia acreditar no que via. Tinha certeza que o ataque de Ryo tinha acertado, mas o adversário de seu mestre não mostrava qualquer dano. Banalizando o ataque de Ryo, Ken Masters tinha recebido uma das técnicas mais poderosas do Kyokugen direto em seu peito, e tinha apenas dado alguns passos para trás:

—Ryo!

—huh? Marco? Marco! Não!

O grito de Ryo não é o suficiente para impedir o brasileiro de avançar pra cima do adversário de seu mestre. Ele ataca com socos e chutes, mas nenhum deles tem a chance de atingi-lo.

Ken ao perceber uma ligeira brecha na defesa do homem, o agarra pelo pescoço e o arremessa ao chão com um pesado baque, derrubando algumas telhas daquele telhado.

—MARCO!—Ryo intervém, antes que o alterado praticante de Ansatsuken pudesse causar mais dano a seu discípulo. Ken o solta, afastando-se para esquivar do ataque de Ryo.
A dupla de caratecas do Kyokugen se põe em guarda, vendo o ameaçador adversário. Ryo sozinho não tinha dado conta dele, e Marco tinha sentido na pele a diferença de habilidades entre os dois, mas não recuaria. Uma nova batalha começa, e o choque dos golpes ressoa como um sino melancólico.

Longe dali

—T-Terry?—Rock olhava assustado para aquele homem, tendo a sensação de que não havia nada lá, além da sombra de seu amigo, de seu mestre, de seu pai. Terry desfere um soco no chão, projetando uma rajada de energia com o aspecto de chamas.

—Rock!—Dong Hwan tira seu amigo, que ainda parecia atordoado pela situação, da reta do golpe num salto, derrubando-o no chão, atrás da entrada para as cabines internas do navio, onde o resto do grupo estava abrigado.—Fica aí!—O lutador de Tae Kwon Do diz, com um tom de voz imperativo, enquanto se levanta:

—Jae! Sakura! Nós três somos os que estão em melhor condição de lutar!

—Dong!—Rock protestava.—Você apanhou que nem um corno para o Vega e o Freeman! Nem em sonho você está em melhor condições do que eu! Além do mais...—Rock se detém quando o rapaz com cabelo espetado estende a mão, para que ele parasse:

—Talvez...—Dong se desloca ligeiramente para ver seus adversários, parados, como se os esperassem.—mas você está pouco confiável...quem sabe quando você recuperar seu foco e sua concentração, lobinho?

—Não vai me impedir de lutar, crista de galo!—Rock se põe em guarda ao lado de Dong.—Não pode me impedir!

—Tem razão!—Dong Hwan se põe em guarda também, e abre um sorriso leve, observando admirado a determinação de Rock com o canto dos olhos.—Onde eu estava com a cabeça, querendo lhe deter? Vamos lá, Rock!—O loiro avança dois passos, e se assusta, com o golpe forte que leva nas costas. Antes de cair desmaiado, ele vê Dong de perna estendida, ainda carregado com eletricidade. Jae, Sakura e Bonne se aproximam dos dois, enquanto Dong amparava a queda de seu amigo:

—Dong Hwan!—Jae diz, irritado e confuso.—No que você está pensando, atacando Rock desse jeito?

—De que lado você está afinal?—Bonne diz, com reação similar a de Jae Hoon.—Você está agindo de forma muito estranha.

—Calem a boca!—Dong diz, apoiando Rock nos braços de Bonne.—Rock pode ter enfrentado Terry e seus amigos antes em diversos torneios, mas essa situação é bem diferente de uma luta controlada! E os poderes de Rock parecem fora de controle! Me critiquem se quiserem, mas eu fiz isso pelo bem dele! Fiz isso pelo bem do meu amigo! E faria o mesmo por cada um de vocês! Agora me escutem, estamos em clara desvantagem: esse trio é conhecido por sua força lendária! Então, se quisermos sobreviver, vocês tem que me escutar! Jae, ataque Andy com tudo que você tiver! Não dê brechas! Se ele tiver espaço, você provavelmente não conseguirá escapar dos golpes dele! Sakura, você pega o Joe, o de bandana na cabeça! Não vá pela aparência de idiota dele, pois ele também é muito perigoso, como ele luta Muay Thai, tome cuidado com as caneladas, joelhadas e cotoveladas.

—Espera um pouco!—Jae o interrompe.—Quer dizer então que você vai enfrentar o Terry? Justamente o mais perigoso dos três? No seu estado? Você é maluco, Dong Hwan?

—De forma alguma, maninho!—Dong exibia seu característico sorriso despreocupado, como se aquele fosse uma luta como qualquer outra.—Mas vocês tem mais condições de terminar a luta rápido e me ajudar contra o mendigo de jaqueta! Além do mais...eu sempre quis enfrentar o lendário Terry Bogard, mas nunca tive a chance! Bem...—ele se espreguiça, e levanta, saindo do abrigo.—...façam o seu melhor, pessoal!

Os três se posicionam, cada um de frente para seu respectivo adversário. Jae estava preocupado, mas tinha visto algo no olhar de seu irmão que o tranqüilizava. Estava surpreso também pelo modo de Dong pensar. Mesmo não concordando inteiramente, essa era uma das poucas vezes em que via Dong Hwan pensar antes de agir e talvez por isso ele lhe desse esse crédito.

Jae começa a atacar Andy, sem esperar. Com uma sequência de chutes, ele consegue colocar o ninja na defensiva. Os chutes de Jae, porém, não pareciam atingir seu alvo, impressionando o rapaz, que sentia que Andy estava apenas contendo sua velocidade, como se testasse o rapaz.

Sakura por sua vez, conseguia acertar diversos golpes em Joe, ou pelo menos ela assim achava: a maioria de seus golpes parava nas canelas e nos braços de Joe, que parecia não sentir nada. Um chute atinge certeiro o estômago de Joe, que apenas dá um passo para trás. Ele então flexiona as pernas e atinge uma joelhada violenta no queixo de Sakura, que vai ao chão de cabeça, espantada.

A vantagem que Jae tinha, também começava a se esvair. Andy agora mostrava dois movimentos para cada ataque do jovem lutador de Taekwondo. Percebendo uma brecha, Andy bloqueia um chute de Jae, e encaixa uma ombrada no peitoral do rapaz, flexionando as pernas e pegando impulso que lança os dois para o ar, fazendo Jae cair de costas e Andy caindo de ombro por cima deste. Andy em seguida tenta um soco direto na face de Jae, que desvia, vendo a mão de seu adversário atravessar o piso do deque. Jae então consegue se arrastar pelo piso, apoiando as pernas no torso do ninja, o arremessando para trás. O jovem busca seu fôlego, tentando manter o foco, enquanto seu oponente se levantava. Jae dá algumas pisadas fortes no chão, e chamas parecem aparecer de seus pés. Quem observasse aquela luta, veria que as chamas eram apenas reflexos do espírito de Jae: concentração inquebrável, serenidade absoluta e pura força de vontade. Andy parte para cima, com sua velocidade descomunal, mas a partir daquele momento, Jae seria mais rápido do que ele no que realmente importava numa luta: reação. Dong estava errado: os ataques velozes de Andy poderiam ser evitados, tudo era uma questão de movimento na hora certa e Jae, tal qual seu pai, possuía o talento e a carga de treinos necessários para saber o momento e a reação a ser tomada. Os ataques de Andy pareciam mais descoordenados do que sua fama sugeria, embora extremamente rápidos e fortes, dando vazão para Jae desviar-se com graça e elegância. Com um mero passo para o lado, embora fluído como a própria água, Jae desvia de um dos ataques direto de Andy, girando o corpo com velocidade e atingindo seu adversário em um violento chute. Andy vai ao chão pela primeira vez, e agora a luta ficaria equilibrada.

Dong Hwan estudava o imponente adversário em sua frente: não importava o quanto tentava se mostrar confiante para seus amigos ou para si mesmo, ele sabia que essa seria a luta mais difícil de toda sua vida. Força de vontade: algo que não havia herdado de seu pai, ou assim ele pensava. Quando era garoto, se dedicava tanto para parecer com o pai; se esforçava tanto para chamar sua atenção. Mas agora, quando uma luta lhe era difícil demais, ele simplesmente não se esforçava o suficiente, mesmo que houvesse uma chance real de vitória. Sabia que se treinasse, seria tão bom quanto seu pai ou seu irmão, mas levantar-se para fazê-lo era como colocar toneladas em sua alma. Talvez se ele se esforçasse pouco, ninguém o cobraria quando ele falhasse. Hoje, sabia que as horas de treino que havia desperdiçado fariam falta, mas ele tentaria compensar com aquilo que ele sempre achou que não possuía: Força de vontade.

Ele avança, deixando um leve rastro de eletricidade, atacando Terry com um chute vertical. O loiro apara o golpe sem nenhuma dificuldade, pegando impulso com as pernas e jogando Dong Hwan para trás. Ele cai no deque do navio, com as costas ao chão, rolando imediatamente e escapando de uma joelhada que provavelmente o deixaria em algum estado entre a morte e um coma profundo, assim pensava Dong. Ele aproveita a caída de Terry para tentar um novo chute, dessa vez um giratório, que é aparado quase que sem dificuldade alguma por Terry, que apenas levanta um braço para proteger seu rosto. O contra-ataque de Terry é rápido demais para Dong aparar, recebendo uma violenta ombrada em seu peito, dessa vez caindo no chão com o peso do lutador sobre seu peitoral, um movimento muito parecido com o que Andy havia usado contra Jae. Terry aproveita a posição de vulnerabilidade do ruivo, desferindo um forte soco em seu rosto. Dong sente seu pescoço mal agüentando o golpe, como se fosse se partir como um graveto. Terry tenta mais um soco, quando algo inesperado acontece: a reação vem a tempo. Dong Hwan, mesmo com o peso de Terry sobre seu corpo, atinge uma cabeçada em seu adversário. A surpresa era muito mais forte que o golpe em si, dando tempo de Dong se livrar, ainda que com dificuldade, do apresamento.

—Não foi nada estiloso, mas deu pro gasto.—O rapaz diz, com seu característico sorriso zombeteiro em face, vendo Terry se levantar, imponente como sempre tinha sido. Como um relâmpago, Terry gira o corpo, voltando-se a um poderoso chute, que Dong prontamente esquiva jogando o corpo para trás, numa cambalhota. O loiro não dá descanso a seu oponente, atacando uma vez mais, dessa vez, aproveitando a distância que os separavam. Estava longe o suficiente para que não fosse possível ser atacado por Dong Hwan, mas perto o suficiente para dificultar a evasão do rapaz a seu poderoso golpe:

—POWER GEYSER!—O golpe atinge Dong Hwan em cheio, o jogando para o alto e para trás, fazendo com que ele batesse as costas no parapeito do navio. Já parecia não ter mais energias para lutar, e agora seria o golpe decisivo de Terry. Ele acumula energia nos punhos, posicionando-se para uma investida que poderia decidir a disputa. Dong Hwan sabia o que estava por vir, conhecia aquela postura. Já tinha visto Terry lutando antes, e mesmo que não o tivesse enfrentado diretamente, tinha memorizado boa parte de seu repertório, pois era realmente impressionante. O jovem de crista de galo observa seus arredores, procurando algo que pudesse lhe servir para a luta. Não havia muito tempo para pensar, Terry avançava como um lobo atrás de sua presa. Dong Hwan por instinto apóia-se no parapeito, e joga o corpo para trás para desviar. O plano original era passar por cima e depois por baixo das barras para contra-atacar, mas o rapaz acaba aterrissando num barco salva-vidas. Quando Terry sobe também para atingi-lo, Dong tem uma idéia que poderia lhe dar uma boa vantagem. Carregando os pés com energia, Dong Hwan ataca com ferocidade num salto, desferindo dois belos chutes giratórios, que são esquivados por Terry sem muita dificuldade. Acontece que Dong Hwan não estava mirando no lutador, mas sim nas cordas que sustentavam o pequeno barco. A violência dos chutes, carregados com sua energia, é o suficiente para que as cordas se partam e o barco caia no mar, agitado como estava. A única corda que sobrava, prendia justamente a pequena embarcação ao navio, deixando Dong Hwan e Terry se movimentando naquela mesma velocidade, mantendo-se no alcance da tripulação do navio.

Andy agora que penava para acertar Jae Hoon. O jovem lutador de taekwondo parecia ter decifrado todos os padrões de ataque do perturbado ninja. Ao perceber um soco se aproximando, Jae o trava com sua perna, pegando impulso junto a um salto, girando e contra-atacando com um poderoso chute na face de Andy. O adversário de longos cabelos loiros não desiste, girando junto com o ataque e aproveitando uma brecha na defesa de Jae, se agacha e pega impulso com os braços, lançando as pernas ao ar, girando e usando uma carga de energia para ficar envolto por chamas. Os dois descem ao chão: Andy de pé, e Jae aterrissando com as costas. Jae se levanta novamente, vendo que Andy preparava uma nova investida. Numa fração de segundos, o ninja vê seu ataque — uma carga direta com a palma da mão, que prepararia uma nova sequencia de golpes— ser bloqueada pelo joelho erguido de Jae, dando vazão a um combinado de diversos chutes, culminando com um salto de Jae, seguido de diversas voadoras, envoltas em chamas que se assemelhavam a uma cálida ave fênix. Andy cai novamente, e dessa vez não dava a impressão de que iria se levantar. Jae, por sua vez, já estava pronto para ajudar seus aliados.

Sakura não conseguia colocar vantagem nenhuma sobre Joe, e já tinha sido atingida diversas vezes.

—"A defesa desse homem parece impenetrátvel!"—Pensa a pequena japonesa. —"Se eu não pensar em algo, vou ser derrotada sem acertar sequer um golpe."—Ela continua desferindo socos e chutes que sempre terminavam nos braços e canelas de Joe, resistentes como rocha sólida. A guerreira em Sakura já estava perdendo a intensidade, sobrando apenas a menina que havia treinado por conta própria. Joe percebe que os golpes pareciam ficar mais fracos e com menos determinação. Ele se deixa levar um soco direto no estômago, para ter espaço o suficiente para encaixar um chute nas pernas de Sakura, que perde o apoio e fica totalmente vulnerável a tantos golpes que ela vai ao chão antes de poder contar quantos eram. Com o rosto voltado ao chão, Sakura não entende o que poderia estar fazendo de tão errado, ela tenta se levantar, apenas para receber uma pisada em sua cabeça, do lutador de Muay Thai. A garota força para conseguir espaço, mas parecia que havia toneladas sobre sua cabeça. Ela consegue uma única olhada para o lado, vendo Rock desacordado, e então surge uma luz.

Joe se espanta com os movimentos seguintes da menina: um rolamento para o lado, e um segundo para a frente, ficando de pé do lado dele. Ele tenta virar para atacar a garota, cometendo um erro e ficando totalmente vulnerável a um chute direto nas costelas. Sakura não tinha segurado um pingo sequer da sua força, determinada a virar a luta. Um novo contra-ataque vem de Joe, mas Sakura novamente se esquiva, se colocando num ponto cego da defesa de Higashi, uma carga de energia é disparada por suas mãos, atingindo novamente o ponto em que seu chute tinha acertado momentos atrás, derrubando Joe.

Joe, ainda caído, tenta um chute nas pernas de Sakura, que consegue saltar antes de ser atingida. O lutador de Muay Thai rola para trás, ganhando distância. Ele joga o braço para trás, depois o movendo para frente, criando um tornado do tamanho de uma pessoa de estatura média, que percorre o piso do deck em direção à Sakura. A garota dispara seu Hadouken para dissipar os ventos, sendo surpreendida por outro tornado igual que acompanhava o primeiro, lhe atingindo e arremessando para o ar.

Sakura prontamente se esquiva de uma pisada que tinha sua cabeça como alvo. O piso do deque é destruído pela violência do golpe de Joe, e seu pé afunda, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio.

"—É agora! Minha melhor chance!"—A menina pensa. Suas mãos se enchem de energia concentrada, e ela percebe que nunca tinha chegado a tal nível com seu hadouken. Sua superação, vinha das imagens que tinha gravado de Rock em sua mente: sempre tentando se exceder e se superar, como no combate contra os homens de terno, na primeira vez em que se encontraram, ou na vez em que ele abriu caminho na saída da boate com seu Raging Storm. Era a vez dela proteger seus amigos, era a vez dela se superar. Um arrepio corre seu corpo e ela não consegue deixar de sorri, quando sua voz se torna um rugido:

—SHINKU HADOUKEN!—Joe não tem defesa, levando a técnica da garota no peito desprotegido. Tamanha energia o arremessa para longe, fazendo com que ele caísse nocauteado. Ela logo junta-se a Jae e Bonne, no parapeito, e torna-se mais uma espectadora do duelo entre Dong Hwan e Terry Bogard.

Terry tentava atingir Dong Hwan, que conseguia se esquivar sem muitas dificuldades. Sua idéia teve o efeito esperado: com o balanço do pequeno bote, a luta penderia para o lado daquele que tivesse o melhor equilíbrio e jogo de pernas.

"—Genial, Dong!"—Jae pensava, com um sorriso em face."—Mostre para ele a força de nosso Tae Kwon Do!"

Terry já estava ficando irritado, mas toda oportunidade em que ele tentava concentrar seu Power Geyser, Dong lhe atingia um chute certeiro, nas pernas ou rosto, que lhe desestabilizava e fazia com que ele perdesse a concentração. Quando Terry dá mais um soco em vão, Dong esquiva e decide ir para o tudo ou nada na luta. Se ele acertasse seu próximo ataque, provavelmente a luta terminaria tendo o rapaz como vencedor. O rapaz dá um chute que afasta Terry brevemente, dando-lhe uma brecha para que seus pés se enchessem de energia chi, que tomava a forma de relâmpagos. O rapaz lança-se ao ar, e desce como um verdadeiro trovão cortando o céu e rugindo como o prenúncio de uma tempestade a se formar. Um chute após o outro, até que o total de seis chutes atingem Terry antes que Dong Hwan tocasse o chão do pequeno bote, danificando-o levemente. Novamente o rapaz se eleva, num salto para acertar mais uma sequência de chutes.

Naquele instante, Rock Howard acordava. Se mostrava irritado com a preocupação dos três ao seu redor, mas tudo aquilo seria deixado de lado, no momento em que Dong se alçava ao ar, numa postura muito semelhante ao ataque de seu pai, mesmo que o crista de galo tivesse passado os últimos anos renegando o estilo de luta de Kim Kaphwan.

Todos os ataques de Dong Hwan atingem sem nenhum problema, e o rapaz aterrissa uma vez mais no pequeno bote, quase sem energias depois de tão duras batalhas, com a consciência tranqüila por ter dado tudo de si. Seu espanto era de ver Terry ainda de pé. Os chutes tinham todos lhe atingido prontamente, porém, ele não tinha movido um passo sequer. Seu espanto ainda aumenta ao ver o punho de Terry reluzindo, com muita energia concentrada:

—POWER GEYSER!—O ataque irrompe e explode o pequeno bote. Uma onda enorme é formada pela energia despendida pelo golpe. Dong e Terry são lançados para o ar por um turbilhão de água: Terry cai pesadamente sobre o deque, parecendo não estar consciente; Dong Hwan por sua vez, atinge o casco do navio, deslizando novamente para o mar, conseguindo apenas alcançar a corda que anteriormente prendia o bote ao navio num susto:
—DONG!—Era Bonne que gritava, ele ainda estava consciente, pois podia distinguir bem aquela voz.—Dong?

—Ei! Estou aqui!—Ele diz, todo molhado, sorrindo e acenando para a loira.—Terry caiu?

—Eu...acho que sim...—Jae diz, ainda impressionado.

—Meu plano deu certo, viu?

—Seu maluco idiota!—Rock urra, cerrando o punho em direção de Dong.—Quando você subir vai ter que se ver comigo!

—Há! Eu venci o Terry, loirão! Você agora é molezinha!

—Idiota...—Rock queria realmente ficar irritado com Dong, mas o crista de galo tinha realmente vencido, e ele realmente estava com dificuldades para controlar seu próprio corpo.

—EI! Vão ficar só olhando, caramba? Essa água tá gelada a beça!—O trio assente com a cabeça, logo se prontificando a puxar o rapaz:

—Todos louvem Dong Hwan, o deus das lu...—Dong logo é interrompido. Por algum motivo, sentia um frio profundo tomar conta do seu corpo. Sentia também uma dor imensurável e repentina em seu peito. Quando olha para baixo, vê o motivo para tanto: garras. Três garras de metal tinham atravessado seu peitoral e ele agora sangrava. A mão levemente vai soltando a corda, enquanto Dong ouvia um grito, ouvia uma gargalhada cruel, via a pirata loira tentando lhe alcançar e então ele não via mais nada.

—DONG!—Ninguém tinha visto Vega e nem sabia de onde ele tinha saído. A surpresa toma conta de todos ao ver ele atravessando o peitoral de Dong Hwan como se não fosse nada e o descartando para o mar como lixo. Agarrado à corda, o espanhol escala correndo o casco do navio e num salto, aterrissa nas costas do grupo:

—Achavam que eu estava terminado?—Ensandecido, o toureiro avançava para cima deles. A expressão no rosto de Rock ao se virar, era o suficiente para fazer Vega hesitar, e em sua hesitação, Rock o massacraria:

—SHINNING KNUCKLE!—Uma cotovelada atinge Vega em cheio, dando início a uma sequência de golpes violentos por parte de Rock: socos atingiam sem piedade o rosto e tórax do espanhol e Rock termina com um golpe de ombro que joga Vega contra a cabine do navio. Sem poder resistir, ele era presa fácil para a fúria daquele lobo. Rock enchia as mãos com sua energia púrpura, preparando provavelmente um poderoso Reppuken para acabar de vez com Vega, quando Sakura pega suas mãos, colocando-se no caminho de Rock:

—Rock! ROCK!—Os dois partilhavam lágrimas em seus olhos.—Chega! Ele já perdeu a consciência!

—Sakura...—O rapaz volta a si e seus ombros perdem toda a tensão, formando um arco de tristeza e agonia, enquanto ele abraçava a garota. Vega já estava caído, sem menor indício de consciência, mas Dong Hwan já não estava mais entre eles, e isso não poderia ser mudado.

Continua no capítulo 5