Will, Ben e todas as coisas que eles nunca tiveram escrita por Ash Albiorix


Capítulo 2
Sobre a guerra


Notas iniciais do capítulo

Essa fic foi dividida em quatro capítulos e alguns, como esse, são mais curtos. Espero que isso não atrapalhe na expêriencia e que vocês gostem do capítulo mesmo assim.



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2 de maio, 2052

Sobre a guerra.

Um mês inteiro e alguns dias foi o tempo que precisou para que eu tivesse coragem de voltar e escrever sobre a guerra. Porque é impossível contar sobre o que aconteceu com nós dois sem antes contar o que aconteceu com o mundo. 

Enquanto vivíamos nossa vida dos sonhos de casal apaixonado, uma ditadura se instaurava na Inglaterra. Tínhamos tudo controlado: o que fazíamos, quando fazíamos e com quem. Diziam que nada aconteceria se todos seguissem as regras, mas nós ouvíamos os boatos de inocentes que foram mortos. Era fácil se alienar quanto a ditadura, era fácil se alienar quanto a qualquer coisa quando Will e eu estávamos tão felizes juntos, mas foi ficando cada vez mais difícil quando a economia do país foi falindo. Os países que dependiam de negócios ingleses não ficaram nada feliz e foi questão de meses até que outros países decidissem que iriam intervir. Foi em nome da democracia que a Alemanha atacou a Inglaterra. 

Atacaram uma base militar. A Inglaterra retaliou e invadiu a Alemanhã. Foi questão de tempo até que precisassem de mais pessoas no campo de batalha.

Esse caos chegou para mim de forma particularmente dolorosa. 

Era quarta—feira. Eu havia acabado de chegar do trabalho e encontrei William sentado na cama, em silêncio. Ele não de ficar sério, e muito menos de ficar quieto. Eu não entendi muito bem o que estava acontecendo. Sentei do lado dele.

—O que foi, Will? – perguntei, dando um beijo em sua bochecha. 

Ele não respondeu. Afastei seus cachos loiros e coloquei a mão em sua testa para ver se estava com febre.







—Você tá bem?— perguntei, cautelosamente.

Will então se virou para mim, me olhando diretamente nos olhos, as sobrancelhas arqueadas e os lábios comprimidos, como se estivesse prestes a chorar.

—Você lembra quando eu disse que queria salvar vidas? – falou, baixo. Will abriu um sorriso triste, e seus olhos se encheram de lágrimas, que desceram assim que ele piscou e abaixou a cabeça. – Não era assim que eu imaginava que seria – foi o que ele disse. Soltou um soluço, reprimindo o choro. – Eu vou amanhã de manhã. 

Eu entendi exatamente o que ele quis dizer, mas algo na minha mente não processou as informações.

—Vai para onde, Will? Will, o que você tá me dizendo?

—Eles me chamaram, Ben. Precisam de gente na área médica. E eu fiz dois malditos cursos de primeiros socorros. 

Ele escorregou devagar para perto de mim, ao que eu passei meu braço pelas suas costas e deixei que chorasse encostado em meu pescoço. Me forcei a não chorar. Will era a pessoa que me protegia, que me animava, ele era quem sempre mantinha as esperanças. Ao vê—lo desabar, eu sabia que precisava fazer a mesma coisa que ele tinha feito por mim todos esses anos.

—Will, meu amor, vai ficar tudo bem – falei, segurando seus ombros enquanto ele chorava. Estava com medo. Will odiava tudo que envolvia violência, foi agredido pelo pai durante anos e eu sabia que o pensamento de estar sequer perto de um campo de batalha, com gritos e tiros, e correndo perigo, o assustava mais do que tudo. E me assustava também. Desejei que fosse eu.

—Will, eu vou me alistar. Eu preciso ir junto com você, eu não posso deixar você fazer isso sozinho - falei, desesperado.

—Não! – ele protestou, seu tom era quase de raiva, mas depois se suavizou. – Will, não. Sua mãe, seu pai, suas irmãs. Eles precisam de você. Eu preciso saber que você está seguro. Por favor, isso está sendo difícil o suficiente... – ele soluçou. – Por favor, não torne as coisas piores.

O abracei novamente. Não sabia o que fazer. 

Apenas prometi a ele que ficaria tudo bem. Afaguei seus cabelos loiros e prometi para William que faria a comida preferida dele assim que ele voltasse para casa. Que ele iria voltar para casa. E que, no meio tempo, eu iria regar nossas plantas todos os dias, que o lugar dele na beirada da cama estaria o esperando. Que eu estaria o esperando. Disse a Will que ele iria salvar vidas e o contei o quanto o admirava e quanto o amava. Segurei Will forte entre meus braços e prometi, prometi, que ele iria voltar para mim. 

Eu sabia que estava prometendo coisas que estavam fora do meu alcance, e ele sabia também. Mas aceitou minhas promessas e se agarrou a elas. Penso nas promessas que eu fiz todos os dias. Queria ter conseguido cumpri—las.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Não se esqueçam de comentar, beijinhos.



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