Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 50
Melódico




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Quando eu despertei de vez, após voltar a dormir de novo pelo menos umas duas vezes, fui tomada pelas lembranças da noite anterior. Aquela festa foi tão incrível! Eu não podia negar que tinha os melhores amigos e colegas do mundo. Onde já se viu fazer uma festa de boas-vindas? Mas acho que agora entendi, profundamente, o quanto sou querida por eles e o quanto eles sentiram minha falta. É uma sensação maravilhosa.

Levantei para ir ao banheiro e percebi que Marimar já tinha acordado. Fui no banheiro preguiçosamente e depois achei a Mari fazendo café.

— Acordou cedo, é? — perguntei brincando, e ela sorriu.

— Dez e quarenta da madrugada, acredita?

— Isso é um milagre.

— Poderia ter dormindo mais se essa resseca tivesse me deixado em paz — resmungou ela, passando o café já coado para o bule. — Você também tá com dor? Diz que sim, vai, não quero ser a única que sofre com isso.

— Até tô, mas não tenho certeza se foi pela bebida. Eu geralmente fico com dor de cabeça se não me alimento direito no dia anterior. Apesar de ter enchido o buxo, só tinha besteirinhas não saudáveis. — Dei risada, indo pegar duas xícaras.

— Isso é, mas não me sinto nada culpada por ter comido horrores. — Mari serviu as duas xícaras e suspirou. — Isso que é café de verdade. Nada de chafé pra gente.

— Saúde. — Ergui a minha antes de beber um gole, para a dor de cabeça, e só depois coloquei um pouco de açúcar.

— Mas e aí, e o Rayan? Surtei ontem com a notícia, mas acho que agora podemos conversar mais civilizadamente. — Ela riu e fez uma careta quando tomou o café.

— Ah... Foi um negócio tão... rápido. Eu comecei a falar sem parar e ele disse que queria ser muito mais do que  meu namorado. Ele ainda vai me matar de fofura, como você diz.

— Ai, gente, meu shipp é real! Eu não consigo acreditar! Mas e o lance do curso? Como vão fazer? Até porque agora você não vai precisar sair.

— Precisamos falar sobre isso ainda, mas sinceramente... não tô preocupada. Não somos adolescentes loucos de paixão que vão entregar tudo de cara pra qualquer um que olhar, né.

— Isso é verdade. Quero ser madura assim quando crescer.

— Te dou umas dicas quando precisar.

Marimar abriu um sorrisinho que logo sumiu, voltando seu olhar para a xícara na mesa. Ela estava pensativa sobre algum assunto, isso era óbvio.

— Que foi?

Ela hesitou uns segundos. — O Castiel me mandou mensagem no Instagram.

Eu até estava surpresa, mas bem no fundo já esperava que ele entrasse em contato em algum momento já que toda a situação foi esclarecida. Ele não parecia do tipo que mantinha a pose de “estava certo e continuo certo”.

— Falando o quê?

— Que queria conversar comigo.

— E o que você disse?

— Não respondi. Fiz questão de olhar a mensagem e sair. — Ela deu de ombros. — Não acho justo. Ele acha que é só vir com um papinho furado que eu vou cair? Não depois do que ele falou de mim na frente de todo mundo. Eu errei, e muito, mas não quero. Não quero que... É bem provável que ele peça desculpa e tudo, mas sei lá. Você entende o que eu quero dizer?

— Entendo. Acho que eu não faria muito diferente. Ele vai ter que se empenhar muito pra fazer você querer ouvir o que ele tem a dizer.

— Exato. Mas também acho que não vou conseguir fugir por muito tempo. Alguma hora a gente vai se esbarrar na agência.

— Isso é. Você tem que estar preparada sempre. Eu sei que você vai se sair bem.

Marimar sorriu e pegou minha mão em cima da mesa. — Obrigada.

Terminamos nossos cafés e fomos esquentar o almoço. Após comer e lavar as louças, nos largamos no sofá e procuramos algo interessante nos canais da tevê. Meu celular vibrou ao meu lado e o peguei, vendo o ícone de mensagem. O sorriso já surgiu na minha cara antes mesmo de ver quem era.

Rayan queria saber o que eu estava fazendo. Falei que nada. Ele perguntou se eu não gostaria de me encontrar com ele e ir naquela cafeteria dos chocolates. Respondi que sim, adoraria, e que ficaria pronta em dez minutos. Ele confirmou que passaria aqui em quinze minutos.

— Vou sair com o Rayan — anunciei, já levantando e correndo para o quarto.

— Hmmmm — Marimar murmurou maliciosamente. — É disso que o povo brasileiro gosta!

Soltei uma gargalhada espontânea e percebi como sentia falta de estar animada daquele jeito. Como era bom tudo estar de volta aos eixos!

Claro que Marimar opinou na minha roupa, dizendo que eu deveria usar mais cores para mostrar meu estado de espírito para meu novo namorado, mas falei que não era necessário, provavelmente ele veria assim que eu aparecesse no portão do prédio. Mas aceitei, de novo, usar o batom vermelho. Estava me acostumando com aquilo.

No tempo certo, o interfone tocou e eu me senti pronta. Desci correndo e destranquei o portão, o vendo me observar com muito interesse. Tranquei o portão rapidinho e me virei para ele, sentindo o nervoso típico de quando o via.

— Você está linda. — Rayan estendeu sua mão com a palma para cima, e demorei um segundo para perceber o que ele queria. Ele deu um beijo no dorso da minha mão e eu corei.

— Você também está. — Segurei sua mão e a puxei para baixo, me aproximando e dando um beijo no canto dos seus lábios. Rayan foi rápido e devolveu o beijo diretamente na boca.

Eu poderia ficar ali o dia inteiro.

— Vamos?

— Sim.

Rayan abriu a porta do carona para mim e a fechou assim que entrei. Ele deu a volta, colocamos os cintos e o carro foi ligado. A viagem foi silenciosa e descontraída, e não demorou para que estacionássemos na frente da loja. Pedimos uma mesa para dois, e pudemos escolher, já que o lugar estava quase vazio.

Pedimos chocolates quentes e uma opção com aperitivos diversos.

Sorrimos um para o outro assim que a atendente se afastou, e Rayan segurou minha mão na mesa.

— Eu gostei da festa de ontem. Foi bem divertido.

— Sim, meus amigos são demais. Eu nunca ia imaginar que eles fariam algo daquele tipo.

— Eu também gostei de outra coisa. Você lembra do que aconteceu? — Ele segurou o riso, brincando estar desconfiado.

— Claro que eu lembro, eu não estava bêbada — soltei em uma risada, e ele riu também.

— Eu sei. Fiquei pensando nisso ontem depois que cheguei em casa. Então... agora você não vai mais precisar sair do curso, não é?

— Não. Posso ficar e terminar. Ou você acha melhor...

— Não, nem considere nada além de terminar — Ele me interrompeu, e apertou meus dedos nos dele. — Eu acho que não precisamos nos preocupar com isso. Não é como se fossemos ficar de mãos dadas nas aulas.

— Eu pensei exatamente a mesma coisa.

Ele sorriu. — Ninguém da escola precisa saber, e mesmo que alguém descubra, não será por nós dois.

— Isso. Vou tomar cuidado pra não ficar te encarando demais, pode deixar. — E ele riu.

— Digo o mesmo.

Nossos pedidos chegaram e começamos a comer, conversando sobre os pontos da festa de ontem e outras coisas da vida. 

Ele era tão elegante e charmoso que tive que me tocar algumas vezes de que meu chocolate estava esfriando. Eu poderia ouvir ele falar sobre qualquer coisa. Ele era carismático, seu tom de voz era animado e baixo, e de vez em quando ele se empolgava e gesticulava com as mãos, mas até empolgado ele era discreto.

— Eu conheci um lugar, é tipo um barzinho, que toca bossa nova. Um amigo meu indicou e disse que é ótimo. O lugar abre às seis da noite. Quer ir?

— Claro. É brasileiro esse bar?

— Não sei, ele não falou, mas pelo que descreveu parece ter um clima muito bom.

— Parece mesmo. Agora estou curiosa.

Enrolamos mais do que enrolaríamos lá, também passamos em um parque, caminhamos um pouco de mãos dadas, e só depois fomos para o tal barzinho.

Não estava lotado, mas grande parte das mesas já estavam ocupadas, assim como uma pista de dança na frente do pequeno palco. A iluminação era amarelada e baixa, dando um clima totalmente aconchegante e íntimo, de certa forma. O bar não era brasileiro, mas haviam muitas capas de discos do meu país decorando as paredes. Dava um orgulho.

Até pedimos uma mesa, mas Rayan me arrastou para dançar. Ficamos um de frente para o outro, e nos seguramos, começando a dançar no ritmo da música ao vivo.

De fato, estavam tocando músicas brasileiras, algumas tinham vocal, outras só instrumental. Ora vinha uma cantora, ora vinha um cantor, e às vezes eles faziam duetos.

— Acho português uma língua muito bonita — comentou Rayan no meu ouvido.

— Ah, é? Por quê? — Sorri quando ele se afastou.

— A pronúncia é bonita. É tão melódica... Será que você pode me ensinar?

Ergui as sobrancelhas, surpresa. — Se você quiser, seria um prazer. Vai que algum dia a gente não viaje pra lá?

— Seria incrível. Preciso treinar até lá. — Rayan sorriu, realmente animado com a ideia.

— Vou tentar te deixar quase fluente, mas você vai ter que estudar muito. Português não é uma língua pros fracos.

— Eu imagino. Não vejo a hora de começar. Podemos marcar um dia da semana pra fazer nossas aulas.

Mais uma música começou, um pouco mais romântica e lenta do que as outras que tocaram até o momento.

 

“Perdido de amor, perdido estou 

Por você. 

Amar seu olhar, 

Seus lábios beijar

É viver”

 

— Podemos sim. Vou planejar suas aulas e combinamos o melhor dia.

— Ou noite, junto de um jantar feito por mim e alguma sobremesa com chocolate. — Rayan se aproximou mais, colando nossos troncos, deixando seu rosto a poucos milímetros do meu. — Preciso pagar as aulas de alguma forma. O que acha?

 

“À luz do luar

Eu fico a pensar em você

Um verso que diz

Serei tão feliz, com você”

 

— Gostei da sua proposta. Acho que vou aceitar logo.

Para selar nosso contrato, terminei de me aproximar e o beijei, ouvindo o cantor com sotaque continuar a música.

 

“Perdido de amor

Perdido estou, por você

Seu beijo sensual

Carícia ideal

Não posso esquecer

E vivo a sonhar

Seu nome a chamar

Só penso em você

Perdido de amor

Perdido estou, por você”


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Notas finais do capítulo

A música do final é essa aqui: https://youtu.be/_zcylTR3cUM
Ester:
Pra quem disse que a Mari não ia ser tão fácil assim pra conversar com o Castiel, acertou xD
E mais fofura do nosso ship fofura porque sim! Agora é só alegria ♥️
Até mais, povo o/



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