Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 30
Cartão


Notas iniciais do capítulo

Bia
Olá, pessoas!
Será que vocês vão incluir mais um shipp pra lista da Ju hoje? :B
Boa leitura!



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Pulei ao ouvir o celular despertando e o desliguei em uma velocidade surpreendente. Depois, deitei a cabeça sobre o travesseiro sentindo o coração disparado, sem acreditar no sonho que tive.

— Tá tudo bem aí? — Ouvi Marimar perguntando. — Teve um pesadelo?

— Por quê? — Sentei, coçando os olhos.

— Você estava suspirando, parecia que estava correndo pra fugir de alguma coisa.

— Bom, nem lembro mais. — Tratei de descer logo e ir ao banheiro, antes que ela visse minha cara e tentasse descobrir algo.

Após usar o banheiro, fui para a cozinha e me sentei em uma das cadeiras, aproveitando que o café ainda estava ali. Comecei a comer enquanto respondia algumas mensagens, dentre elas, a de Pietro. Apesar das expressões um pouco fechadas, ele gostava de falar e tinha um bom sendo de humor.

No geral, franceses eram sempre diretos, diferente dos brasileiros que adoram rondar a pessoa para descobrir certas coisas. E mesmo estando aqui há tantos meses, ainda me surpreendia com a naturalidade de ser direto das pessoas.

— Que foi? — Marimar perguntou, vendo minha cara pasma.

— O Pietro me chamou para jantar — respondi, a encarando.

— Quê?! Sério? — Arregalou os olhos, segurando o rosto com as duas mãos.

— Sim...

— E vai aceitar? — Ela já foi se sentando na cadeira ao lado.

— Talvez. Mari... Eu acho que estou... — hesitei, procurando uma boa palavra para descrever o que eu sentia, sendo que nem eu entendia direito. — Acho que estou terrivelmente atraída pelo meu professor.

Marimar abriu a boca em espanto, mas logo falou. — Aquele que veio aqui te trazer?

— É.

— Bom, quem não ficaria atraída por aquele homem, né? Convenhamos...

Dei uma risadinha e passei a mão no rosto. — Ai, Mari. Eu não sei. Eu comecei a sentir algo por ele desde uma aula que ele foi substituto. Aquele dia... Sei lá.

— Mas o que aconteceu nesse dia?

— Nada demais. Eu estava conversando com a Kim, dando risada, e peguei ele me olhando. Eu morri de vergonha, claro, mas... Não sei, foi diferente. Não consigo ver aquilo com outros olhos. Parecia que... Eu não sei explicar.

— Parecia que ele te olhava com interesse?

— Tipo isso. Depois ficamos sozinhos pra fazer aquelas fotos da escola, depois no laboratório e quando ele me trouxe... Eu me sinto muito atraída por ele, acho que não só fisicamente. Eu preciso esquecer isso. Não é certo.

— Mas... Bom, ele é seu professor, mas... Não é como se você fosse menor de idade.

— Mesmo assim, com certeza não seria algo bem visto, muito menos pra ele.

Marimar cruzou os braços, se encostando no encosto da cadeira. — É, tem isso. Ele demonstra algum interesse?

— Tenho a impressão que tudo isso que eu falei, ele sente também. Você sabe quando alguém tá interessado em você. A forma de olhar é diferente, o jeito que ela te trata, até a postura dela fica diferente.

— É verdade... Então... Você vai dar uma chance para o Pietro?

— Não custa tentar, né? Se ficar ruim, eu fujo. — Demos risada.

Aceitei o convite dele. Não demorou para que ele respondesse.

“Então posso te buscar às oito?”

Concordei, mandando o endereço, e fui escolher uma roupa. Marimar deu algumas sugestões, mas como a maioria das vezes, fui básica. Calça jeans, uma blusa de mangas compridas, uma jaqueta preta e botas de cano baixo com saltos quadrados.

Minha amiga interrompeu a ajuda para eu ajudá-la, já que ela ia sair com o Castiel, o qual ficou falando toda animada durante nossas escolhas de roupa, e aí eu passei o resto do dia sozinha, intercalando entre a sala e a cozinha.

Perto do horário, comecei a me sentir nervosa. Lembrei do que Marimar tinha dito sobre passar pelo menos um batom vermelho, dizendo que ficaria muito decepcionada se eu não passasse, e assim eu o fiz. Ela não tinha chego ainda, mas sabia que ia perguntar depois.

A campainha tocou e eu senti o estômago contrair com o nervosismo. Passei um pouco de perfume e desci. Quando abri o portão, vi Pietro segurando um capacete na mão e outro debaixo do braço, vestido todo de preto em um estilo roqueiro chique. Eu não consegui saber se o cabelo estava naturalmente bagunçado ou milimetricamente arrumado, mas era um charme que só.

— Oi.

Ele me olhou, abrindo um sorriso. — Oi. Preparada?

— Sim.

Pietro me entregou um dos capacetes e foi na frente para ligar a moto. Subi depois dele, mantendo certa distância, e apenas me apoiei em suas costas com as mãos. Me arrependi um pouco de ir com apenas uma jaqueta, mas a viagem durou menos de cinco minutos, e logo chegamos no restaurante que ele escolheu.

Pedimos uma mesa e fomos guiados pelo garçom para uma mesa para duas pessoas, já pegando nossa escolha de vinho e todo o menu, contendo entrada, prato principal e sobremesa. Assim que fomos deixados, consegui admirar o lugar. Era um ambiente acolhedor, de luzes amareladas e som ambiente agradável.

— Você já veio aqui? — indagou Pietro, cruzando os dedos acima da mesa.

— Não, isso porque é até perto da minha casa. Você já?

— Umas duas vezes. A comida é muito boa.

Um outro garçom veio nos servir de vinho e alguns aperitivos e, mesmo que eu já tenha ido à restaurantes durante a minha vida em Paris, ironicamente fui lembrar da última vez, com Rayan. Para afastar aquele pensamento, bebi um gole do vinho adocicado e tentei focar no que Pietro estava dizendo.

— Pena que você não foi no nosso ensaio.

— Ah, a Mari tinha dito que iria, mas como eu não fui convidada, achei melhor ficar na minha, mesmo. E eu também ainda estava exausta.

— O que aconteceu, exatamente? Lembro da Marimar citando “pestinhas” e “retiro espiritual para purificar os chacras” — acrescentou com um sorriso.

Eu acabei rindo com o palitinho de grãos a caminho da boca. — Ela resumiu bem...

Contei do dia para Pietro e como eu gastei algumas boas horas de meditação depois, tudo para me livrar daquelas energias estressantes. Pelas expressões dele, eu não sabia se ele acreditava que meditação realmente resolvia alguma coisa.

Após alguns minutos de conversa, o prato principal chegou.

— Ouvi a Mari comentando que vocês têm a banda como um hobby, certo? — E ele concordou, começando a comer. — Com o que você trabalha?

— Bom, eu sou proprietário de alguns comércios. — Deu de ombros, talvez um pouco sem graça. — Uma livraria e dois bistrôs.

— Uau, que legal. Como consegue manter uma livraria hoje em dia?

— Confesso que seria difícil se eu não mantivesse um endereço online da loja. Tenho mais vendas online, mas sei que ainda tem muita gente que prefere comprar pessoalmente, se envolver com o ambiente pra escolher um livro, sabe? O dinheiro que consigo da loja física não seria suficiente para mantê-la aberta, mas até agora esse esquema deu certo.

— Caramba, deve ser difícil mesmo, mas que bom que assim está dando certo. Me passa o endereço que eu vou lá comprar alguns livros pra ajudar.

Ele sorriu. — Depois te dou o cartão. E uns cupons de desconto.

— Tudo bem. — Devolvi o sorrisinho provocativo.

Continuamos comendo e conversando. Terminamos, bebemos mais vinho, veio a sobremesa e ainda ficamos mais uns minutos por lá, até a comida abaixar um pouco. Cada um pagou sua conta e saímos para a rua fria, para perto da moto estacionada.

Olhando no celular, vi que era quase dez e meia da noite.

— Quer ir pra casa? — Pietro ficou ao meu lado, e eu senti sua mão em minha lombar.

Virando o rosto, o encarei, pensando. Ele deu um passo para ficar na minha frente, sem me soltar, fazendo sua mão deslizar para a minha cintura.

— Acho que ainda não.

— E o que você quer fazer? — indagou ele, aproximando o rosto do meu.

— Você me prometeu o cartão da sua livraria. — Ergui a mão, tocando em seu maxilar, encostando meus lábios nos dele, de leve.

Pietro avançou, me beijando de verdade. Infelizmente sua barba roçava, às vezes, em meu queixo e lábio inferior, e aquilo me lembrava quem eu não queria lembrar. Forcei meu cérebro a prestar atenção nas sensações, em seu perfume diferente. Eu não queria que Pietro servisse apenas para eu esquecer o meu professor, queria que fosse algo real.

— Os cartões estão na minha casa — Pietro cochichou, ainda perto.

Concordei, e ele me deu mais um beijo rápido, indo para a moto e a ligando. Coloquei meu capacete, ele o dele, e subi. Partimos para a rua.

Ficamos quase dez minutos ali, até que chegamos em seu prédio. Ele estacionou no subsolo e subimos para o décimo andar. Pietro foi na frente e abriu a porta, fazendo um gesto para que eu entrasse primeiro.

Era aqueles apartamentos antigos com pé direito alto, espaçoso e com poucos móveis modernos, o que dava ao ambiente um ar solitário, o que era oposto ao proprietário.

— Quer alguma coisa? — indagou ele, deixando as chaves em um aparador próximo à porta, tirando sua jaqueta em seguida. — Água, café, vinho tinto, branco...?

— Vinho branco, obrigada.

Ele afirmou com um pequeno sorriso e passou por mim, indo para a cozinha. Andei até a sala e me sentei em um dos sofás claros, vendo uma mesa de centro quadrada, de vidro, com alguns papeis e cartões. Não dava para saber qual daqueles era o da livraria.

Tirei minha jaqueta, a deixando no encosto, e Pietro voltou com duas taças. Me deu uma e se sentou ao meu lado, se inclinando para a mesinha e pegando um dos cartões.

— Aqui.

O peguei enquanto tomava um gole da bebida. Era um cartão simples com as informações essenciais, como nome da livraria, endereço, email e telefone.

— Obrigada. — Deixei o pequeno papel no bolso da jaqueta. — Você mora sozinho, pelo jeito.

— Sim, sim. Desde que saí da casa dos meus pais com dezenove anos, mas moro aqui há pouco mais de dois anos. Demorei muito tempo para achar o lugar ideal, que fosse espaçoso e tivesse quartos o suficiente para o que eu precisava.

— Um quarto para dormir, um escritório e...?

— Um estúdio. — Sorriu, animado. — Quer ver?

— Claro.

Levantamos com nossas taças e ele foi na frente, para um corredor iluminado por spots no teto, e entramos na primeira porta da direita. O quarto era todo cinza e, prestando mais atenção, percebi que eram placas de espuma para abafar sons. Ali haviam alguns instrumentos, dentre eles duas guitarras, um violão, uma bateria um teclado e alguns microfones de canto, foram uma mesa com computadores e aparelhos que pareciam ser de mixagem. Era um estúdio completo.

— Uau, que incrível... Um ambiente que é a cara de um integrante de banda.

Ele riu. — É tipo isso. É um hobby que eu amo. Sabe tocar alguma coisa?

— Não, nunca tive uma boa coordenação motora pra tocar instrumentos. Você sabe tocar todos esses? Tirando a guitarra, claro. — Indiquei com o queixo.

— Sei tocar bateria e um pouco de teclado, o básico. E sei cantar bem mal.

Dei risada. — Ah, isso eu domino também.

Voltamos, terminando de tomar o vinho sentados no sofá. Deixamos as taças na mesa e ficamos conversando, meio largados. Talvez fosse óbvio o que ia acontecer, e só estávamos enrolando o suficiente, não que eu soubesse o porquê. Provavelmente ele também achava estranho chegar já nos amassos, afinal, não tínhamos tanta intimidade já que nos conhecemos há pouco tempo, mas... Sei lá. Em todo caso, mandei uma mensagem para a Mari avisando que voltaria para casa no outro dia.

Me sentei de lado, me aproximando dele. Nossas cabeças estavam deitadas sobre o encosto do estofado, e eu precisei arrastar a minha até alcançar sua boca. Conforme nosso beijo evoluía, íamos desencostando do sofá para encostar em nós mesmos.

Algumas peças de roupa iam sendo jogadas no chão, e depois de passar algum tempo ali, partimos para o quarto, onde a noite se arrastou até as quatro da manhã. E foi ali que apagamos.

...

Acordei com a claridade do lugar e me espreguicei, percebendo que Pietro não estava ali.

Levantei, esfregando os olhos para tirar as ramelas e fui até a porta, a abrindo. Quase sincronizadamente, a porta da frente, do estúdio, se abriu, e Pietro saiu de lá, arregalando os olhos ao me ver e fazendo um gesto com a mão, e eu rapidamente entendi o motivo, já que outro homem estava saindo de lá também, logo atrás.

Não sei o quanto ele viu, mas eu fechei a porta com a maior velocidade que consegui ter depois de acordar. O som ecoou pelo apartamento.

Minha cara ardeu de vergonha e eu pedi para que ele fosse embora antes de eu precisar sair dali. Aparentemente era um dos integrantes da banda...

Segundos depois, ouvi toques na porta, e uma fresta foi aberta, por onde Pietro colocou metade do corpo, segurando as minhas roupas.

— Desculpe por isso. Pode tomar um banho, se quiser, eu já vou me livrar do meu amigo.

Dei um sorriso forçado e peguei as roupas. Ele fechou a porta e eu me dirigi ao banheiro do quarto. Tomei uma ducha, me vesti e assim que saí, dei de cara com Pietro sentado na cama, me esperando.

— Desculpa, de verdade.

— Tudo bem, eu devia ter me enrolado no lençol.

Ele passou as mãos no rosto, envergonhado. — Ele foi embora. Quer que eu te leve?

— Não, eu peço um motorista. Pode deixar.

— Tem certeza?

— Tenho. Melhor eu ir, ou vou me atrasar para o trabalho.

Ele concordou. Peguei o celular, pedindo o carro, e ele me levou até o corredor.

— Obrigado... Pela... — Ele hesitou.

Sorri e lhe dei um beijo na bochecha. — Até mais.

— Até.

Entrei no elevador e apertei o botão do térreo. Acenamos um para o outro antes das portas fecharem, e desci. Quando cheguei, o carro já estava esperando por mim. Desejei bom dia ao motorista e segui para a agência, meia hora adiantada.


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Notas finais do capítulo

Bia
Caramba, Ju! Não dá pra sair peladona por aí sem saber o que tá rolando, menina xD
Sentiram a vergonha aí na casa de vocês também? kkkk
Até mais o/

Ester
Sim, gringos não costumam fazer pedido de namoro, então descobrimos junto da Mari que o lance não é só o lance com o Castiel xD
E esse encontro da Júlia com o Pietro?? Temos mais um ship pra nomear na área? Cenas nos próximos capítulos -q
Até mais, povo o/



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