A Pequena Lady de Ferro 3 escrita por Lady Danvers


Capítulo 1
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Primeiro Capítulo!!!
Bem-Vindos a última história que eu vou contar nesse universo. Postarei todos os domingos.



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JULIE

 

De alguma forma, Loki havia me salvado de minha morte. Ele não estava mentindo, nosso laço psíquico me dava a vantagem de saber ou não se estava sendo trapaceada.  Pelo menos isso serviu para algo, afinal.

Minha morte. Estive tão perto dela que ainda conseguia sentir.  O desespero da água inundando meus pulmões, o ardor que a falta de oxigênio podia causar e o alívio de quando perdi a consciência.

Abri o baú e inspecionei as roupas. A maioria eram vestidos das mais variadas cores, adornados com alguns apetrechos de batalha como ombreiras de metal.

Com sorte, achei calças pretas e uma túnica branca na qual passei um cinto de couro em volta, perfeito para guardar adagas. Havias mais botas do que calças e pelo menos três jaquetas. Escolhi a azul escura com detalhes prateados.

Depois de calçar as botas, caminhei até as grandes janelas de pedra que davam para o que devia ser o pátio interno de treinamento.  Várias pessoas duelavam com espadas ou apenas conversavam. Tudo parecia tão humano e ordinário que era difícil acreditar que eu estava em Asgard.

Batidas na porta me fizeram virar, a tempo de ver um guarda abrir a porta.

Acompanhei o guarda sem mais protestos.  Nunca havia estado em um lugar tão grande como aqueles corredores, o único equivalente na Terra foi uma excursão ao Smithsonian na sétima série que agora parecia uma casa de praia perto da magnitude do palácio.

Passamos pela gigante sala do trono, sem guardas ou visitantes até chegarmos as grandes portas de carvalho.

— Essas roupas caem bem em você - Loki disse assim que o guarda foi embora. Tentei não demonstrar minha apreensão pelo o que havia acontecido, mas não havia como esconder nada de Loki.

Ele andava por meus pensamentos livremente e eu pelos dele.

— Por quanto tempo eu dormi?

— Quatro dias. As curandeiras disseram que você tinha que descansar o máximo possível.

Quatro dias. Estou sem dar notícias há quatro dias, o que quer dizer que para todos na Terra, estou morta. Meus pais acham que me perderam. Meus pais.

— Como vou para casa? – Tentei controlar minha ansiedade, mas o olhar de Loki me dizia que ele sabia de tudo que eu tentava esconder. Minhas lembranças ainda eram vagas, mas eu lembrava das pessoas que deixei. Meus pais, meu irmão, Mark, Pepper, Steve, Megan, Maureen e Brad.

Lembrava de seus rostos e personalidades claramente, mas faltava algo.

— Por que sinto esse vazio toda vez que penso em minha família?

— Por causa de Destino.

Loki se aproximou calmamente e eu deixei.  Deixei que ele pegasse em minha mão e me guiasse para o fundo da sala, onde um quadro gigante se encontrava.

A pintura de três jovens atadas a fios dourados. Inocência e perigo pareciam emanar delas ao mesmo tempo.

— Você deveria ter morrido - Loki começou, com pesar em suas palavras. - Destino, uma das três irmãs pelo menos, escreveu a sua morte e a teceu em fios de ouro. Então quando eu intervi, quando não pude aguentar vê-la ser engolida pela água, eu quebrei uma regra universal. Só o fato de você estar respirando neste momento é uma ofensa ao Destino.

Permaneci em silêncio aterrador durante o que pareceram horas, meus pensamentos ainda envoltos em névoa não me deixavam raciocinar direto.  Apenas conhecia as irmãs do Destino por livros de mitologia e Percy Jackson, nunca achei que fossem uma ameaça real.

— Você me salvou. Por quê? – Loki continuava virado para frente, observando o quadro.

— Não faça perguntas das quais já sabe a resposta, Juliet – Minha voz parecia ter trancado em minha garganta quando Loki finalmente me encarou, um pedido silencioso em seus olhos.

Fui para longe dele.

— O que posso fazer então? – Perguntei, enfim. - Como posso ir para casa?

O silêncio de Loki foi resposta o suficiente. O aperto em meu coração ficou mais forte.

— Sinto muito - Loki disse e acreditei. Conseguia sentir a verdade em seu pesar. - Se eu pudesse levar você para sua casa, levaria, mas Destino a encontraria e em segundos você estaria morta na frente de sua família.

— E Asgard é segura para mim?

— Asgard tem proteções e escudos antigos demais até para uma entidade como Destino ultrapassar.  Enquanto estiver aqui, você estará a salvo.

— É isso que tem para me dizer? - Minha voz aumentou e a dor em meu coração também. - Que terei que passar o resto da minha vida aqui, sem minha família e amigos, com você?

Loki recuou ao ouvir o tom de acusação em minha voz.  Eu me sentiria mal se não tivesse tanta raiva dentro de mim.

— Você pode ficar onde quiser. É livre para fazer o que quiser. Heimdall pode mostrar sua família a você pelo portal.

— Mas não posso voltar para casa. - O vazio em mim parecia cada vez maior.

— Temo que não. Apenas terá uma chance se Destino for destruída e ainda assim nos restaria as duas irmãs para lidar.

— Mas tem uma chance de derrotá-la? - Olhei para ele, realmente o olhei e vi o quanto ele sofria por mim.

— Ela sabe que fui eu quem a salvei e virá atrás de mim. Temos de estar preparados - Loki disse antes das portas se abrirem. 

Nossa reunião havia acabado.

— Alguém virá para ajudá-la em tudo o que precisar. É minha convidada, pode fazer o que quiser.

Assenti e comecei a me distanciar.

— Eu a considero uma amiga, Juliet - Loki disse e me virei para encará-lo. - Espero que sinta o mesmo.

Eu o considerava. Logo antes dele forjar sua morte e me deixar sozinha. No momento, não sei o que somos um para o outro e nem quero começar a entender.

 

 

 

O pátio de treinamento de Asgard era gigante. Havia guerreiros de todos os tipos, espécies e tamanhos. De crianças a velhos, todos pareciam compenetrados em suas tarefas.

O tilintar das espadas e os corvos grasnando eram tão surreais quanto o fato de uma entidade me querer morta. A cidade de ouro reluzente também não ajudava.

— Vai levar um tempo para se acostumar - Uma mulher que trajava armadura veio até mim.

Seus cabelos negros, apesar de presos em um rabo de cavalo, caiam até a cintura em uma cascata negra. Além da armadura prata e vermelha, ela carregava um escudo e uma espada presa às costas.

— Asgard parecer ser 'muito' no início, mas depois parecerá uma cidade como qualquer outra.

— Não parece com nenhuma cidade na qual já estive - Respondi, a ponte feita de arco-íris brilhando ao longe. - Definitivamente, não estou mais em Washington.

— Midgard é um lugar belíssimo - A estranha disse.  - Espero poder visitar mais vezes.

— Pelo menos uma de nós é livre para isso - Resmunguei. Ela riu, baixinho.

— Se eu tivesse Destino atrás de mim, também não estaria de bom humor - Antes que eu pudesse perguntar como ela sabia, ela se adiantou. - Loki me contou o que lhe aconteceu.

— Você e Loki são amigos? - Perguntei, cruzando os braços em gesto de desconfiança.

— Pode-se dizer que nos suportamos. Ele é só o que nos resta, afinal - O sorriso confiante dela esvaiu por um segundo, mas logo recuperou a expressão entusiástica. - Sou Lady Sif.

— Julie Stark - Acenei já que ela não estendeu a mão. – Mas você já sabia disso.

— Eu ajudei Loki quando ele a trouxe. Nunca o vi tão desesperado – ela me observa de esguelha, esperando uma reação.

Loki e desesperado eram duas palavras que eu nunca pensaria em colocar juntas. Assim como Loki e amigo e olha o que aconteceu. Prefiro não fazer nenhuma suposição para o resto da minha vida.

— Então, todos que moram em Asgard são treinados em combate? – Sif sabia que eu estava me esquivando do assunto, mas não comentou. Agradeci mentalmente por isso.

— Só os que tem aptidão para isso. Muitos viram guerreiros, mas há feiticeiros, curandeiros e guardiões também – Sif explicou.

— E posso participar desses treinamentos? Se vou enfrentar Destino para ir para casa, tenho que criar um modo de derrotá-la.

— Direta ao assunto. Gostei de você – Sif começou a andar e eu a segui. – Claro que é bem-vinda para treinar, mas tem certeza de que quer começar agora? Você acabou de sofrer algo traumático, por que não espera um pouco e vá explorar Asgard. Há tantas coisas para se ver, você ficaria surpresa.

Porque não quero pensar em minha família chorando por mim. Não quero pensar no sofrimento dos meus pais e o que isso está fazendo com eles. Não consigo suportar pensar que sou a causa da dor deles.

— Vou ter muito tempo para fazer isso e tenho certeza que Loki vai adorar ser o meu guia relativamente insuportável – foi o que falei, finalmente. Sif apenas me encarava, um olhar indecifrável no rosto. – Então, quando começamos?


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Notas finais do capítulo

Quero saber o que vocês acharam e as teorias do que vai acontecer!
Até domingo!



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