Curto-Circuito escrita por Biazitha


Capítulo 2
Incêndio




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O sol começava a aparecer depois de tantos dias de chuva, tímido e discreto. Do lado de fora algumas crianças gritavam em suas brincadeiras e os cães latiam as acompanhando; tudo estava começando a caminhar como deveria.

Neji estava sentado na bancada, há pouco havia saído do modo de inatividade e sentia-se restaurado para mais um dia. Androides não precisavam dormir como os humanos, mas as últimas atualizações permitiam que ficassem inertes por até oito horas seguidas em algo parecido com um sono leve e sem muito estado de inconsciência.

Ele sentia-se inquieto e agitado enquanto imaginava como seria o encontro com Tenten naquela tarde. Queria que tudo saísse perfeito como algo digno dos filmes de romance que assistia, mas depois da divergência nem ele mesmo era perfeito, então precisava se cobrar menos e colocar os pés no chão.

E não havia ninguém melhor do que a sua velha amiga para o ajudar nisso.

— Querido, faz muito tempo que você não sai. Sabe que é extremamente normal se sentir assim. — a voz doce e sempre tão calma soava pelo aparelho como quem falava com uma criança assustada. Hinata Hyuuga era uma parte muito importante da vida do moreno e mesmo com a distância de muitos quilômetros faziam questão de participar ativamente da vida um do outro. Até o mesmo sobrenome compartilhavam, a pedido dela, como se fossem parentes próximos. Lembrava com grande carinho do dia em que chegou no departamento mostrando "Hyuuga" em seus novos documentos – que o reconheciam como um cidadão comum – e a baixinha chorou emocionada por horas.

— É diferente dessa vez. Nunca saí com uma humana, apenas com outras androides. Não quero que seja uma experiência ruim para ela e nem para mim.

— Deixa de bobagem! Desde quando o desconhecido te trouxe medo?! — rebateu sem perder a serenidade e ele grunhiu. Várias vezes teve pavor do inexplorável e ela sabia bem daquilo. — Não existe diferença entre uma coisa e outra, somos todos bagunçados e confusos da mesma forma. Vocês vão apenas passar um tempo juntos e se conhecer melhor, não é como se fossem casar.

— Eu quero que seja um encontro memorável. Não sei se estou me equivocando demais, mas ela é tão encantadora que quero impressioná-la para que tentemos algo sério. Não sei, quem sabe? Ninguém sabe com total certeza de nada. — começou a balbuciar e se perder nas palavras, com medo de algum julgamento negativo. Os próprios desejos pareciam seguros e reais dentro de si, não queria que ninguém o desmotivasse de alguma forma.

Hinata riu do jeito atrapalhado do amigo e brincou:

— Você fala tão bem dessa moça que até eu estou me apaixonando.

O evento já estava em seus dias finais, entretanto não deixava de ser encantador. Todas as barracas continham um pouco da cultura de outros países, sendo uma mistura de muitas cores, comidas, decorações e roupas. No mês de junho o famoso Beacon Park desativava todos os seus brinquedos e atrações assustadoras durante uma semana, dando espaço para o "Festival das Nações".

Naquela tarde de sábado pouco ensolarada, Tenten e Neji caminhavam lado a lado observando tudo com visível adoração. Os braços cobertos pela roupa roçavam às vezes conforme os passos que davam e sorriam um para o outro de tempos em tempos, estavam se divertindo de verdade.

Horas antes, quando o moreno parou na frente de sua casa com um carro prata, ela sentiu como se as pernas tivessem virado gelatina. Finalmente estava acontecendo, parecia um sonho. Saiu com uma blusa vermelha e uma saia justa que ia até os joelhos sentindo-se maravilhosa, a mulher mais linda de todo o mundo; a sua confiança aumentou ainda mais quando foi elogiada pelo homem ao sentar no banco do passageiro. Não precisou de muito para que ela se soltasse e aproveitasse cada minuto ao lado do seu príncipe.

— O Egito tem uma das culturas mais encantadoras que já vi. — Neji comentou ao pararem em frente a barraca observando as esculturas que imitavam as pirâmides. — Você já visitou outro país?

— Não que eu me lembre, adoraria conhecer outros lugares. E você?

— Conheço apenas o Japão.

A morena prendeu o lábio superior entre os dentes, formando uma careta por um momento. Em seguida decidiu relatar um tanto incerta:

— Ah, na verdade já visitei sim. Não que conte como uma viagem propriamente dita, mas a cada dois meses eu vou à Toronto.

— E o que tem de divertido para fazer lá? — incentivou a conversa; os dois ainda estavam parados no mesmo lugar.

— Eu só vou para fazer alguns exames, não vi nada de muito divertido até agora. Mesmo pelo pouco que vejo, o Canadá é lindo.

Neji murmurou em concordância, contudo outra coisa o chamou a atenção. Ele puxou-a delicadamente pelo pulso, apontando animado para a barraca do Japão. Haviam vários vasos pintados com grandes dragões coloridos logo em sua entrada; ele sentiu uma forte nostalgia e uma onda de felicidade.

— Finalmente poderei te apresentar a kikyou. — comentou enquanto segurava um dos origâmis que estava em uma das bancadas. Eram três flores feitas a mão, duas roxas e uma azul, juntas em uma vasinho de papel. — O que acha delas?

— São lindas.

— Agora entende por que te dei este apelido, não? — as palavras escaparam de sua boca antes que pudesse segurá-las, porém não se sentiu constrangido ou desconfortável. Era verdade, a Mitsashi era linda, muito mais do que as flores inclusive. Abriu um sorriso espontâneo ao ver as bochechas coradas dela, olhando-o com ternura. — Essas não se comparam às reais, mas agora você pode guardar de recordação desse dia.

— O quê? — balbuciou perdida; o seu cérebro havia fritado com aquela cena. O sorriso, o gesto e as palavras... Neji a fazia suspirar sem precisar de muito e cada vez mais se via presa por ele.

O moreno entregou algumas notas para a responsável da barraca e depositou o arranjo com cuidado na palma da mão de Tenten.

— São suas agora.

Sem saber como retribuir, ela esticou o corpo até estar na altura do rosto do homem e deixou um beijo rápido em sua bochecha. Foi a vez dele de suspirar.

Saíram da barraca com os corpos quentes, encantados cada um a sua maneira com o que havia acabado de acontecer.

Tenten deu uma olhada para o lado e percebeu como as íris dele brilhavam sob a escuridão que começava a tomar conta da cidade. Eram de um tom tão lindo e incomum, nunca havia se deparado com olhos daquele tipo. Por vezes encontrou vermelhos, roxos e rosas que eram modificados através de concorridas cirurgias em hospitais oculares, mas nunca perolados como o dele.

— Quando te vi pela primeira vez achei que tinha algo de errado com você. — a morena comentou ainda o encarando com grande interesse. Neji arqueou as sobrancelhas, tentando entender sobre o que falavam, de repente se sentindo estranho por estar sendo tão observado; era um estranho bom, porém. Ela logo tratou de continuar: — Os seus olhos. Achei que não era capaz de enxergar.

— Ah, sim! São de uma cor muito incomum, mas agradeço por terem me feito assim.

Tenten não segurou a risada alta, um tanto escandalosa, achando que ele estava falando sobre os seus pais. Uma piadinha.

Ele não entendeu muito bem o que havia sido tão engraçado, mas a risada dela o fez sorrir.

Passaram em frente à barraca do Peru e ganharam saquinhos de pipoca. O rosto da morena iluminou-se com uma alegria quase infantil e logo pegou um punhado de pipoca com a mão levando em direção a boca, no entanto pensou melhor e resolveu guardar para mais tarde. Neji sorriu ainda mais e entregou o saquinho que havia ganhado para ela, intocado.

— Você não quer pipoca mesmo? Não experimentou nada até agora, está tudo bem? — a mulher indagou preocupada, por mais que também não tivesse comido nada. Ele assentiu com educação, mais confuso ainda, começando a se preocupar. Tenten não ligava ou não sabia...?

— Eu não preciso comer, só o thirium me basta.

A morena arregalou os olhos e um punhado de pipoca caiu dos saquinhos; de repente as suas mãos não sabiam mais executar as simples funções, moles assim como o resto do seu corpo. Ela ficou parada no lugar, tentando entender o que havia acabado de ouvir.

— Você toma thirium? Isso não é tóxico para...? — a voz foi morrendo ao poucos no final da frase, indecisa se deveria continuar com aquela indagação.

— O meu corpo é constituído por ele, é o que me mantém funcionando. É igual ao sangue.

— Mas faz mal para a nossa saúde.

Neji juntou as sobrancelhas tentando entender o que havia a deixado paralisada na constatação, a frase parecia solta e perdida naquela conversa, sem conexão com nada. Um comichão em sua barriga indicava que algo de muito errado estava acontecendo e odiava aquela sensação ao olhar para os belos olhos assustados da mulher. Era como se o tempo tivesse parado ao redor deles; presenças passavam, riam e conversaram alto, mas estavam presos naquele momento, naquela tensão.

Ele conteve a vontade de scannear os sinais vitais dela através de um gadget do seu programa; os batimentos cardíacos e a linguagem interna eram capazes de dizer muito sobre uma pessoa, quase um leitor de mentes. Era uma habilidade útil na polícia, como durante um interrogatório ou uma apreensão, mas o usar naquele momento seria trapacear, e ele lutava muito para se integrar entre os humanos ao máximo que podia. Não era certo fazer aquilo com ela, tinha que conter os seus instintos e esperar a situação se desenrolar.

Precisou relembrar de várias sessões da terapia para se conter.

— Hu-Humanos não podem tomar thirium, Neji. — gaguejou incerta. Não sabia nomear o que sentia depois de juntar as peças na sua cabeça. — Você é um... Você não é humano?

O Hyuuga deu alguns pequenos passos para trás como se tivesse levado um chute e cruzou os braços, focando as íris claras na expressão estranha da mulher. Um buraco se abriu em seu peito, uma sensação gelada tomava conta do seu corpo. Ela não o encarava de volta.

— Você não sabia? Eu... Eu pensei que soubesse. Sou um androide, Tenten.

Antes, porém, que pudesse se explicar ou perguntar o que havia de errado, ela bateu em seu ombro com a mão livre e começou a andar depressa em direção a saída. A voz se tornando cada vez mais distante e baixa conforme ia se afastando, despedindo-se de forma urgente:

— Desculpa, eu lembrei que preciso ir agora. Estou atrasada para tomar os meus remédios. Nos... Nos vemos depois.

A Mitsashi chegou em sua casa ofegante; havia voltado a pé, correndo como uma maratonista. Os sacos de pipoca estavam vazios em suas mãos, todas caídas pelo caminho, e o pequeno arranjo de origâmis estava quase desmanchado entre seus dedos trêmulos. Ela suspirou fundo antes de jogar tudo no chão com força.

O que havia acontecido?

Em seus 27 anos de vida Tenten nunca havia levantado a hipótese de que sairia com um androide. Nem em seus sonhos mais loucos se imaginou apaixonada por um.

Era muita informação para processar. Sentia-se confusa e dividida. Neji ser um androide não mudava a forma como ela o via, não mudava em nada a personalidade e o caráter dele.

Ou mudava?

Por que mudaria?

Lembrou do dia da sua demissão na fábrica e do encontro que teve com a sua substituta. A androide era tão bela e inteligente, rápida nas contas e na organização, preenchia relatórios de duzentas páginas em cinco minutos. A pele negra e lisa, os cabelos cacheados e de um tom acobreado. Parecia uma modelo, no entanto era fria como uma pedra de gelo. Não sorria, não conversava muito e até a voz parecia de alguém sem vida.

Antes da revolução eram todos assim, mas e depois? Será que conseguiram mudar tanto a ponto de se tornarem como os humanos? Eram capazes de sentir de verdade?

Ainda havia muita discussão sobre o fato. Ninguém sabia dizer ao certo o que havia acontecido após a divergência, como eles eram capazes de se relacionar com os outros e entre eles. O relacionamento entre androides e humanos também era objeto de estudos e de muito julgamento. Como poderia um ser vivo e um ser mecânico ficarem juntos?

A mulher não sabia o que pensar, havia construído uma vida de conto de fadas ao lado dele e tudo pegou fogo. Era como se tivesse um incêndio em seu castelo encantado e restavam poucas coisas para salvar.

Nem em um bilhão de anos desconfiaria que ele não era humano, não conseguia encaixar isso em sua cabeça.

Neji não era nada como uma máquina sem vida. Neji era um humano perfeito... Perfeito demais!

Ela havia o pintado de forma tão inalcançável e sem defeitos que as informações se misturavam em sua cabeça. Se ele era capaz de sentir de verdade, demonstrava gostar dela. Mas e se ele fingia sentir algo? Por qual motivo que fosse, e se... Não! o Hyuuga doce e gentil não seria capaz de fazer isso, não é?

A morena pulou na cama e afundou o rosto no travesseiro, abafando um grito frustrado.

Ele havia se mostrado tão mortal e frágil em vários momentos, a preocupação e carinho para com ela pareciam tão genuínos. O coração palpitava ao lembrar do sorriso largo dele olhando as barracas do festival.

Por que de repente ela se sentia tão vulnerável? Não era assim. Onde estava o seu lado maduro e lógico?

Ela reviveu os momentos daquele dia. Era como se o sentido voltasse ao seu corpo aos poucos, as dúvidas e inseguranças dando uma trégua para que pensasse com racionalidade. Haviam tido um encontro divertido, até romântico. Mas ela surtou e o deixou para trás, sozinho. Havia o abandonado, sem explicação alguma!

— Meu Deus, que horror... — murmurou assustada consigo mesma. Os seus impulsos haviam extrapolado qualquer senso de humanidade que tinha. Que ironia!

Ele devia estar tão confuso e chateado. Apenas pensar naquela possibilidade deixava o coração da mulher destruído. Até o momento ele não havia dado pretextos para que ela duvidasse do seu interesse e do seu apreço.

Voltou para a sala e juntou o resto da bagunça. Com certo arrependimento tentou arrumar o origâmi da kikyou para que estivesse apresentável de novo. Sentiu-se péssima por ter agido sem pensar sendo que Neji não havia feito nada de errado, era o medo do desconhecido falando mais alto dentro de Tenten; o seu preconceito e os seus julgamentos agindo sem controle e sem motivos, provavelmente magoando-o.

Levou o presente até o seu quarto e o deixou em cima da cabeceira da cama. Repuxou os lábios em um sorriso chateado enquanto abria o contato do Hyuuga e digitava uma mensagem.

Como diria a doutora Michaels: a desculpa sincera era a porta de ouro e o diálogo, a chave mestra.

Você está acordado, Neji? — 08:44 pm

Eu entendo se não quiser conversar comigo agora, mas eu preciso me explicar. — 08:48 pm

Não quero deixá-lo mal por um comportamento imbecil e infundado meu. Não há nada de errado com você e o encontro de hoje foi maravilhoso. — 08:57 pm

O androide estava sentado em sua cama, encarando as mensagens em dúvida de como as responderia. Estava chateado e apreensivo.

Tentou por várias vezes forçar o seu sistema a entrar em modo de inércia assim que chegou em seu apartamento, para não ter que lidar com os seus pensamentos agitados naquele momento, mas não conseguia se desligar. Havia feito várias autoanálises e o sistema apontava que estava tudo bem.

Não estava. A sua cabeça não estava nada bem.

Não precisou pensar por muito mais tempo até uma ligação da mulher pular no seu celular. Atendeu apressado, sentindo o thirium bombear com rapidez.

— Alô?

— Eu entendo se não quiser falar nada, mas eu não conseguiria dormir em paz depois de tudo o que fiz. — as palavras da morena se atropelavam, sedentas para serem expelidas e resolverem a situação. Ela começou a andar pelo cômodo, incapaz de ficar parada. — O que eu fiz foi... Bom, uma imbecilidade sem tamanho. Eu não consigo acreditar em mim mesma, na minha capacidade de estragar tudo, explodir uma oportunidade que eu tanto queria. Me desculpa por ter te tratado de forma rude hoje. Você não merece isso, Neji. Fui uma babaca de formas inimagináveis enquanto você foi um verdadeiro cavalheiro desde o começo. Me perdoa por ter te deixado para trás depois... Depois da nossa conversa.

O Hyuuga ficou em silêncio, absorvendo o que ouvira. A voz trêmula e agitada dela causavam um conforto no seu coração, ele não queria a julgar mal e sentia sinceridade no que dizia. Doutor Collins estaria orgulhoso do seu avanço.

— Eu peço desculpas se a deixei desconfortável ou irritada hoje, de alguma forma.

— Não, Neji! — cortou-o apressada, sentindo os olhos quentes e marejados. Mas que droga! Por que ele tinha que ser tão gentil? — Por favor não diga isso. Eu reagi mal a algo que não é culpa sua. Quero dizer, você é você. Eu gosto de você por quem é, entende?

— Tudo bem, Tenten. A informação pode ter sido um grande choque.

— Foi sim, mas foi uma grande besteira. Você... Você é uma pessoa muito boa. — deu ênfase à palavra, logo voltando a falar com agitação: — Eu quero compensar por hoje, que foi maravilhoso. Agradeço por ter me convidado e me diverti muito.

— Eu também me diverti bastante, apesar do final ter sido um tanto trágico. — tentou brincar com a situação, contudo ganhou uma risada esganiçada de volta. Talvez estivesse muito cedo para piadas.

— O final foi desnecessário. Você é incrível, Neji.

— Você também é, Tenten.

— Está... Está chateado?

Era um bom questionamento e o suspiro ao fim da frase dela causou pequenos choques no sistema do androide, como pequenos arrepios.

— Fiquei sim. E confuso também. Mas não posso te julgar, não estou na posição de julgar ninguém. Aceito as suas desculpas.

— Podemos conversar melhor depois do meu expediente na segunda? Eu entendo totalmente se não quiser, eu sou uma babaca e...

— Tudo bem. Até segunda, kikyou. Boa noite.

E desligou. Sentiu que era o certo a fazer ou ela acabaria se afundando ainda mais na culpa e na balbuciação.

Talvez estivesse sendo bonzinho demais, criando expectativas em demasia, porém sentiu-se bem ao receber as desculpas sinceras e ser capaz de seguir em frente com aquilo. Podia não conhecer tudo sobre a Mitsashi, entretanto tinha certeza de que ela nunca seria capaz de o magoar de propósito.

Um segundo encontro para conversarem melhor era o que bastava. Se não desse certo ou se percebesse que seria difícil uma proximidade maior, voltaria à estaca zero: sem relacionamento entre humano e androide.

Poderia ser um balde de água fria para ele, mas sabia os seus limites e tinha noção do quanto a sua saúde mental aguentava.


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