O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 20
Nosso Futuro


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!!
Tudo bem??
Olha só, primeiro quero agradecer a todos que comentam e acompanham, de coração gente, agradeço a cada um de vocês!!
E como prometido, aqui está a segunda parte do capítulo anterior (com um dia de atraso, mas relevem por favor).
Muito obrigada pelo carinho de vocês e espero que gostem!



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O frio era intenso, não existia um lugar que pudesse se abrigar e se esconder do vento, que invadia constantemente aquele cômodo, passando pela janela mal vedada daquela cela; seus dedos já estavam dormentes e seu corpo não parava de tremer, a coberta fina que recebera quando chegara ali, não era o suficiente para aquecer e manter o calor. Assim seus dias passavam lentamente, durante o dia, tentava absorver um pouco de calor, com a ajuda dos poucos raios de sol que entravam pela minúscula janela; com suas mãos presas em fitas de selamentos, não podia nem usar algum Jutsu para se manter aquecido. Enquanto estava ali, descobrira quatro coisas sobre a prisão, a primeira é que naquele lugar não importava seu nome ou seu clã, a segunda é que poderia estar morrendo, os guardas não fariam nada, em todos aqueles dias não moveram um dedo para conseguir cobertas mais quentes, a terceira é que a comida ali era feita para matar de fome, já que era impossível comer, e a quarta é que não estava sozinho; a todo instante se sentia sendo observado, e cada vez mais aquela presença se aproximava de sua cela.

— Sua estadia está sendo confortável? — ao escutar aquela voz, Sasuke se levanta abruptamente, não tinha sentido o menor sinal de sua presença — Espero que o tratamento seja de seu agrado.

— Veio rir de mim?! — o Uchiha indaga furioso, já nem lembrava mais do frio — Como foi que entrou aqui?

— Esse é meu território, entro onde quiser e a hora que quiser! — Naruto responde se recostando na cadeira que os guardas providenciaram para ele — Você quer continuar com o jogo?

Sasuke sabia exatamente a que o Uzumaki se referia, durante os dias que esteve preso, se pôs a analisar todos os confrontos que já tivera com o garoto raposa, e em todos as vezes, percebera que só havia uma razão que fazia o Uzumaki ir contra ele; descobrira que pela Hyuuga, ele moveria céus e terra, para mantê-la a salvo, e sabia também que do jeito que era agora, nunca seria rival para esse garoto. Agora que estavam apenas os dois ali, sem nenhuma multidão para fazer cena, Sasuke pode sentir claramente o quanto Naruto esteve se segurando para não o matar; a presença dele era simplesmente horripilante de mais. A sensação daqueles olhos o fitando no escuro, o fizeram se lembrar do dia em que vira o irmão assassinando o pai, aqueles olhos também possuíam uma sede por sangue insaciável.

— Não posso ir contra você agora, mas um dia certamente te farei pagar por isso. — O Uchiha promete revoltado, ainda não se dera por vencido.

— Vou aguardar esse dia ansioso, espero que viva e cresça bem Sasuke, pra que eu tenha toda satisfação do mundo de matar você! — o Uzumaki rebate, e num piscar de olhos, está dentro da cela, um manto vermelho cobrindo seu corpo — Fique longe dela, se quiser ter uma chance justa.

Completamente amedrontado e intimidado por Naruto, Sasuke se afasta e busca abrigo, se colocando entre a cama e seu visitante indesejado; o Uzumaki gargalha ao ver sua pequena tentativa de se defender, e vendo que seu objetivo fora cumprido, deixa a cela do Uchiha e ao estar longe o bastante, coloca a máscara que mantivera escondida sob o rosto. No seu esconderijo, o intruso que aguardava pacientemente uma chance de se aproximar da cela, viu suas expectativas frustradas e sua segurança ameaçada, quando a luz da lua iluminou o Shinobi com quem Sasuke estivera discutindo; temendo ser pego, o intruso se precipita e corre, justo quando o ANBU e seus companheiros param a sua frente, quase não conseguiu se mover quando viu aquela luz vermelha cintilando através dos vãos dos olhos da máscara, só conseguiu voltar a respirar quando estava fora da prisão.

— Devemos segui-lo, Tenente? — Shiro pede.

— Não façam alarde, o levem para a sede, Karasu terá trabalho amanhã. — Naruto instrui e logo três ANBUS iniciam a perseguição ao Nukenin.

— Vai perseguir o cúmplice dele também? — a voz melodiosa de Hinata soa atrás deles.

— Não, preciso que ele vá reportar a situação. — Naruto responde, estava satisfeito com os resultados daquela noite.

Ao saírem da prisão, os dois se dirigem para a aconchegante cabana, que deveria estar quente e acolhedora, já estavam no final de janeiro e o frio não parecia que iria embora tão cedo; em todo lugar, as pessoas comentavam como aquele inverno estava sendo o mais rigoroso que já tiveram em anos. Enquanto corriam para casa, Naruto mais uma vez amaldiçoou o Uchiha, afinal se não fosse por ele, a essas horas estariam deitados bebendo um bom chocolate quente; mas como o idiota fez a besteira de tentar fugir, sua pena foi prorrogada por mais três meses, o que resultou em mais trabalho para a dupla, que tinham que mantê-lo seguro na prisão, sem deixar que o Sennin das cobras fizesse contato. Naruto agradeceu ajoelhado no chão, quando por fim chegaram em casa e foram recebidos pela tranquilidade do seu lar, e apesar de ainda terem alguns relatórios por redigir, decidiram que estaria bem deixar o trabalho de lado por aquela noite; logo estavam ambos acarrapatados em suas cobertas, e não foi difícil cair no sono, tendo em conta que estavam acordados por mais de setenta e duas horas, se revezando entre a vigília da prisão e a proteção do Hokage.

Longe dali, adentrando a cova no pé da montanha, o homem de cabelos prateados, rechinava os dentes irritado; seu esforço de duas semanas para obter informação, fora arruinado por aquele imbecil. Estava frustrado, desde que seus informantes trouxeram a notícia de que o irmão mais novo de Itachi fora preso, eles trabalharam arduamente, viram nessa situação uma oportunidade de obter um dos alvos; mas aquele idiota arruinara tudo e agora ele é quem teria que aguentar a ira de seu mestre. Mais adiante, depois de passar por corredores úmidos e mal escavados, a gruta se abre em um salão mais amplo e bem mais iluminado, algumas fogueiras espalhadas, mantinham o frio longe; e sentado no ponto mais alto do salão, estava a pessoa que mais temia no mundo.

— Você voltou mais cedo, Kabuto. — A voz pastosa e arrastada soa antes que ele o veja — Por quê está com as mãos vazias?

— O estúpido Naki fez besteira, a essa altura já deve ter sido capturado, como sabe, se eu entrasse na prisão, não seriam os guardas que estariam atrás de nós, seriam aqueles dois ANBUS. — Kabuto informa, tinha plena consciência da raiva borbulhante que seu mestre estava sentindo, e por isso nem se atrevia a olha-lo.

— Espero que ele já esteja morto, por seu próprio bem! — Orochimaru sibila enraivecido e atira o copo que tinha na mão longe — Paciência, devo ter paciência, Konoha sempre soube parte das minhas ambições, só tenho que aguardar mais um pouco, e logo todo aquele clã será meu! Quanto a outra tarefa que te pedi?

— Ninguém sabe quem são esses dois, segundo o que andei averiguando, eles aparecem, executam seus alvos e depois somem. — Kabuto informa e antes que o outro se exalte, acrescenta — Parece que uma criança foi salva pelos dois, há uns dois anos atrás, era um dos experimentos de Danzou.

Orochimaru maneia a cabeça, sinalizando para que Kabuto prossiga com seu relato.

— Acabou de se graduar na Academia, compõe o time de Yuhi Kurenai, parece que está sob tutela dos Yamanaka’s. — Kabuto conta imediatamente — Não existe muita informação sobre ele.

— Se acabou de se tornar Genin, significa que fará a prova Chunin em breve, vamos observá-lo mais atentamente.  — Orochimaru ordena e com um acenar da mão, dispensa Kabuto.

Konoha sempre atrapalha seus planos, mas também era o melhor lugar para obter preciosos diamantes, se queria conquistar o poder das Bijuus antes da Akatsuki, precisaria trazer esses talentos raros para seu lado, apenas o Uchiha mais jovem e a Hyuuga excomungada não bastariam; teria que ter peças maiores e mais poderosas, teria que ter controle sobre os famosos Neko e Kitsune.

***

Mal amanhecera o dia e Shikamaru já estava enjoado, os ponteiros do seu relógio nem bem marcaram seis horas da manhã, ele sentira sua tatuagem ardendo, então largou sua fatia de pão intacta sob a mesa, e sem dizer uma palavra sequer, deixou a residência; seu pai que madrugara com ele não questionou nada, sabia o que tinha acontecido, o filho tinha sido “chamado”. Ao chegar na sede, já devidamente uniformizado e de máscara posta, o Nara encontrou os dois amigos o esperando no portão, sabendo que muitos os seguiam espionando, prestou a devida continência; quando estavam entre eles, se tratavam informalmente, mas ali era o limite entre os Jounins normais e os de elite, tinham que manter as aparências. Não perguntou nada, desde metade do mês de outubro do ano que passara, quando havia ingressado na divisão, sabia que os amigos só o chamariam ali para seu treinamento, e agora que estava se aproximando o tempo em que os recrutas concluem a fase inicial de provas, suas idas a sede se tornaram mais frequentes que nunca, e para ele, um preguiçoso nato e assumido, aquela rotina era extremamente desgastante; mas não se queixaria, não quando fora ele quem pedira por aquilo, desde o princípio sabia que teria que arcar com as consequências. E quando vira como os demais recrutas estavam passando um mal momento, pensara que tinha tido muita sorte de ser amigo daqueles dois; eles não o treinavam apenas na sede igual aos outros tutores, desde o início passaram horas no meio da floresta ou na cabana, ensinando a Shikamaru tudo que sabiam. Dedicaram a ele boa parte do seu escasso tempo, o moldando e lapidando, e agora depois de meses sem poder dormir direito, atormentado pelas lembranças de tudo que fizera e vira, o Nara finalmente se sentia tomar forma; estava mais confiante e seguro ao cumprir suas ordens, e se surpreendera ao ver aflorar em si mesmo, habilidades que nunca imaginara ter, e tudo graças àquelas duas pessoas, que acreditaram nele desde o início.

— Tivemos uma colheita boa ontem a noite. — Kitsune conta quando entram na sala de Ibiki.

— Já sabe o que fazer. — Neko ordena.

Vendo como Naruto e Hinata não disseram nada sobre como devia prosseguir ou o que devia fazer, Shikamaru compreende que aquele era um teste, e quando parou e respirou fundo para se concentrar, pode escutar várias vozes que sussurravam nas sombras, dando-se conta de que estavam sendo assistidos por outros membros, onde quer que estivessem se ocultando; agora que já não tremia, ao abrir o próprio estojo e escolher uma ferramenta, Shikamaru conseguiu estar tranquilo, e conseguindo pensar com clareza, decide-se por começar com algo simples, como Naruto lhe ensinara, para o caso do prisioneiro não resistir. Decidido, caminha até o prisioneiro e retira o saco preto de sua cabeça, por fim vendo um rosto completamente temeroso, não era muito mais velho que ele e os amigos, devia estar beirando os vinte e poucos anos, traços comuns e um corpo pequeno que parecia que poderia quebrar-se com o vento; pensando que fizera bem em começar devagar, o Nara observou o rosto do Nukenin se encher de pavor e angústia, mas agora nem isso o fazia vacilar ou retroceder.

 — Você só tem duas opções: ou fala imediatamente, ou vou te fazer falar. — Shikamaru inicia sua tarefa — Qual era seu alvo?

— Eu não sei nada, juro... — o rapaz responde apressado.

Sem dizer nada, Shikamaru arranca três unhas de sua mão direita, o fazendo uivar e se retorcer na cadeira.

— Quem mais estava com você? — Shikamaru muda a pergunta.

— Ninguém, eu estava sozinho! — o Nukenin grita desesperado, empalidecendo imediatamente.

— Que pena. — A voz do Nara soa intimidante, e no segundo seguinte, ele crava pequenos pregos nos dedos já machucados do rapaz.

Os próximos minutos são preenchidos pelas perguntas de Shikamaru, e os gritos agonizantes do Nukenin, e entre uma pergunta e um castigo, ele foi inconscientemente dando todas as informações que precisavam, e no final de tudo, só restava o farrapo de um ser humano naquela cadeira; o Nara então termina com sua angústia, antes que ele tenha tempo de suplicar pela vida.

— Pelo visto, Orochimaru anda contratando Nukenins descartáveis, apenas para nos testar. — Kitsune fala descendo da mesa — Esse cara era particularmente burro para o serviço.

— Talvez o plano seja fingir fracasso e nos atrair com pequenas iscas. — Neko pondera pensativa — Mas é estranho que durante essa época do ano, ele consiga achar alguém.

— Talvez a fonte de mão de obra esteja fora do País do Fogo. — Kitsune deduz imediatamente.

— Se é assim, vamos precisar fazer uma limpeza na região e depois aumentar nosso controle da fronteira. — Neko finaliza e depois se vira para Shikamaru que escutava tudo em silêncio — Você fez um bom trabalho, já está apto para o trabalho de campo.

— Vamos levar Karasu em nossa expedição, Capitão! — Kitsune fala, virando-se para o canto mais escuro da sala.

— Minha melhor aposta foi ter colocado vocês dois pra treinarem ele. — Tenzou aprova contente e quando sai da sala, é seguido por outros oficiais.

Após concluir a tarefa, Shikamaru se encarrega de incinerar o corpo, depois limpa a sala de interrogatórios e finalmente deixa aquele edifício para encontrar Naruto e Hinata o aguardando na parte leste da sede; e por mais que já estivesse cansado e com muita fome, sabia que ainda tinha muito trabalho por fazer. Quando se une aos outros dois, eles estavam revisando alguns mapas e fazendo anotações em diversos pergaminhos, assim que Naruto passou pra ele um mapa de uma Vila pequena e um pergaminho limpo, o Nara entendeu que estavam fazendo o roteiro da expedição e informando seus esconderijos e a rota que tomariam; assim, se algo viesse a acontecer com eles, a divisão saberia onde buscar. Os três passaram o resto da manhã trabalhando em meio a papéis e tinta, até que por fim terminaram todo o trabalho inicial, agora faltava calcular os custos e pedir ao financeiro; foi quando Naruto ergueu seus olhos do papel e fez a pergunta que Shikamaru ainda não tinha pensado.

— Quando concluir sua graduação, você sabe que vai precisar trabalhar dois anos na expedição, pra poder entrar na administração, não é? — Naruto questiona e Shikamaru assente — Já pensou se vai querer trabalhar com alguém, ou vai entrar para algum time?

— No começo, pensei em entrar junto com Ino e Chouji, mas depois pensei que nenhum dos dois se adaptaria a isso, eu só os colocaria em perigo se tivesse trazido os dois comigo. — Ele responde e logo ri um pouco amargurado — Estive pensando em alguém, mas não creio que será possível, então vou me contentar e entrar para algum time.

— Em quem você pensou? — Hinata pede interessada.

— Pensei em Sai. — Shikamaru conta — Ele é tranquilo e inteligente, e também é um bom observador, pensei que seria tranquilo trabalhar com ele.

— Seria uma dupla equilibrada e interessante. — Naruto aprova a ideia e sorri amplamente — Talvez ainda possamos arranjar isso.

— Isso é possível mesmo? — Shikamaru pergunta impressionado.

— Sim, Sai está na faixa limite para perder a tutela dos Yamanaka’s, ele já pode responder por si mesmo e acredito que tem interesse, não custa tentar, não é? — Hinata concorda e levanta esticando o corpo dolorido por estar horas na mesma posição — A parte burocrática não é problema, oficiais graduados sempre podem indicar alguém e Naruto e eu nunca indicamos ninguém, por isso acredito que o Capitão vai concordar, quanto ao treinamento, Sai já conhece o básico, desde que ele fez parte das experiências de Danzou na ANBU Ne; vamos ir almoçar, já nem consigo pensar de tanta fome.

— Acho que vou desmaiar também, não consegui nem tomar café hoje. — Shikamaru fala e se estira no chão, aquele dia estava muito cansativo.

— Então que tal o Ichiraku? — Naruto sugere, ao que os dois concordam animados.

Logo, os três amigos estavam fora da sede, caminhando alegremente pelas ruas de Konoha, bem diferentes dos três Shinobis exemplares que eram no seu local de trabalho; ali eles eram adolescentes comuns, vivendo uma vida comum, quem os via caminhando tranquilamente, nem sonhariam com o tanto de gente que já deu seu último suspiro em suas mãos. Ao chegarem no Ichiraku, Naruto saudou Teuchi alegremente e imediatamente pediu três ramens de porco, com porção extra de molho, era seu hábito sempre quando iam ali, enquanto comiam, conversavam sobre coisas banais e riam a valer; era sua forma de extravasar e pôr para fora todo estresse, angústia e remorso que sentiam por seus dias na divisão, fingindo que nada daquilo existia, era sua forma de se manter são, e agora Shikamaru entendia muito bem. Estavam terminando sua refeição nada saudável, como Hinata gostava de ressaltar, agora mais descansados do que quando chegaram, mais dispostos a terminar todos os preparativos para sua expedição naquele dia mesmo, e Naruto fez questão de pagar a conta, alegando que os tinha convidado, mas apenas estava seguindo mais um conselho de Kurama para ganhar pontos com Hinata; ela estava se levantando para ir embora, quando alguém trompa violentamente a fazendo bater o quadril na bancada.

— Mas que merda, você tá bem Hina? — Naruto pede preocupado, já se virando para brigar com o culpado, quando vê alguém desagradável e sua raiva aumenta — Peça desculpas agora, Haruno!

— Não quero. — Sakura responde desdenhosa — Ela merece, foi culpa dela, Sasuke-Kun foi preso por culpa dela.

— Sasuke foi preso por que é um imbecil que não sabe trabalhar em grupo, agora peça desculpas! — Naruto sibila ameaçadoramente, estava perdendo a paciência.

— Não vou pedir desculpas para sua ceguinha, idiota! — Sakura fala pausadamente.

Sua intenção era mais que obvia para Shikamaru, a Haruno estava doída e não podia refutar a acusação de que Sasuke infringiu a lei, então ela queria fazer Naruto se irritar e causar uma cena no meio da rua, e perder o pouco prestígio que havia ganho entre os habitantes; Sakura só não contava com uma coisa, com o tapa que recebeu de Hinata sem nem ver, quando a Haruno se virou para revidar, já estava imobilizada e a Hyuuga não deixaria aquilo passar por alto.

— Tudo bem Naruto, ela só está com raiva por que o namorado está preso. — Hinata fala baixo, suas mãos infundidas em chakra segurando os braços da outra — Ah, desculpa eu acabei esquecendo, o imbecil não é seu namorado, na verdade pra ele, você é pior que merda!

A sempre gentil Hinata que todos conheciam não estava ali, quem estava diante de todos era uma Hyuuga com todo poder que sua linhagem concedera, uma garota forte e determinada que fez todos que assistiam tremer nos seus lugares, ao verem sua face oculta; se fosse apenas com ela, Hinata deixaria para cobrar a ofensa em outra oportunidade, mas não deixaria Sakura ridicularizar Naruto em público, por isso seu Byakugan parecia mais feroz que antes.

— Não esqueça Sakura, que eu salvei a sua vida, e posso toma-la de volta quando quiser! — Hinata sussurra baixinho em seu ouvido, antes de jogá-la com violência no chão — Não teste minha paciência novamente, é meu último aviso!

— Você é tão monstruosa quanto ele, ninguém quer vocês aqui. — Sakura cospe ofensas, ensandecida — Ninguém nunca vai amar você, vai morrer sozinha, devia ir embora logo, por que não morre de uma vez?!

As palavras hediondas dela, chocam a todos que estavam perto o bastante para ouvir, mas principalmente Hinata, que passou os primeiros anos de sua vida, sem conhecer o que era o amor; nesse momento, a Hyuuga revive os piores momentos que já viveu, quando os conselheiros ou qualquer adulto batiam nela até deixa-la inconsciente, ou quando sua mãe a arrastava pelos cabelos por todo clã, gritando que era sua maior decepção. Nesse momento foi impossível para Hinata manter o controle de suas emoções, sentia que poderia vomitar a qualquer momento e as lágrimas desciam em torrentes por seu rosto; foi quando ela sentiu sua mão ser segurada com força, voltou aos seus sentidos, agora estava segura.

— Você é pior do que o lixo Uchiha que tanto fala, não sabe nada da vida, não sabe o que é sofrer sozinho e abandonado, não sabe como o mundo é cruel e vai acabar com você na primeira oportunidade, e principalmente está errada em muitas coisas. — Naruto contradiz Sakura e se pudesse, nesse momento teria fatiado a Haruno em mil pedaços, então ele volta seus olhos para Hinata, que o fitava angustiada, seus olhos se suavizando imediatamente — Eu a amo imensamente, amo cada parte dela e tudo que ela é! A única pessoa que precisa ir embora é você, saia daqui agora!

Antes que Sakura possa responder alguma coisa, Kiba aparece correndo e a leva embora, perdera a Haruno de vista no mercado e não tinha visto o que acontecera antes, mas sabia que era sério, pelo modo como as pessoas olhavam para a Haruno; era como se ela tivesse alguma peste contagiosa, quando Kiba saiu arrastando a garota dali muitos se afastaram com olhares de nojo.

— Eu nunca irei a nenhum lugar que você não esteja, Naruto. — A Hyuuga confessa baixinho e seus olhos de lua cintilam pelas lágrimas — Por que eu amo você!

Quando escuta essa frase, Naruto entra em transe, ele nem tinha processado ainda que acabara de se confessar na frente de Hinata e todos os fregueses do Ichiraku, quanto mais que Hinata fosse responder sua confissão; Shikamaru ria baixinho atrás dos dois, era hilário ver a cara de idiota que seu melhor amigo fizera. Ao se darem conta de que confessaram seus sentimentos no calor do momento e que muitas pessoas viram, os dois ficam envergonhados e olham para o outro lado, seus corações prestes a explodir e uma emoção desconhecida fazia reboliço em todo seu ser; eram realmente emoções poderosas, as que sentiam nesse momento. O caminho de volta para a sede foi silencioso, mas apesar da situação ter sido um pouco constrangedora, nenhum dos dois pareciam estar incômodos, mas bem pareciam estar aliviados, e por isso o Nara decidiu se manter quieto, sem tentar iniciar qualquer conversação, dando espaço para se recomporem; realmente Shikamaru estava certo, tanto Naruto, quanto Hinata estavam exultantes de alegria, jamais pensaram que seus sentimentos seriam correspondidos, e apesar de que a forma de descobrir fora equivocada, não diminuía a felicidade de saber que seus sentimentos eram mútuos.

Depois do ocorrido, Kakashi os visitou na sede, queria se desculpar pela imprudência de sua aluna, mesmo não sendo sua culpa, mas nesse momento, podia-se dizer que os dois estavam até mesmo agradecidos com a Haruno, tinham até mesmo esquecido às sandices que ouviram dela; eles sorriram um para o outro o tempo todo, pareciam incapazes de se conter, e Hinata demonstrava mais que Naruto, já que suas emoções ficavam muito claras em seu rosto. E mesmo assim, ao final do dia o seu trabalho estava concluído com máxima eficiência, como sempre estivera, tinham planejado e organizado sua expedição e deixaram todos os preparativos prontos, se quisessem poderiam partir naquele momento mesmo; era impressionante como conseguiam manter o foco e não deixavam sua vida pessoal interferir no seu dever. Os três saiam novamente da sede, agora poderiam finalmente descansar e pôr suas ideias em ordem, se distrair e focar em outra coisa que não fosse investigar, interrogar, caçar, torturar e matar, agora estavam livres de sua pesada carga; foi quando viram, um dos recrutas olhando sem parar as grandes portas da ala oeste, ele estava nervoso, seus olhos giravam para todos os lados, suas mãos tremiam e mesmo a distância, se podia ver o suor pegajoso escorrendo por seu rosto. Imediatamente, Naruto compreendeu o que estava acontecendo, assistiu com a bile subindo por seu esôfago, o garoto dar passos vacilantes em direção a entrada, nesse misero segundo, o Uzumaki agiu; os demais não notaram, mas a Hyuuga sim, viu o exato momento em que Naruto se tornou um borrão se movendo pelo espaço, se precipitando para impedir aquele garoto tolo, mas Naruto o viu tarde demais, antes que alcançasse um fiapo de sua roupa, ele pisou no prédio proibido, e tudo que viram depois disso, foram shurikens e kunais atravessadas em seu pescoço.

Depois desse incidente, o clima entre eles se tornou pesado, Shikamaru queria ajudar os amigos, mas não sabia como e nem como começar o assunto ou como perguntar; por fim eles se despediram sem muitas palavras e ânimo, estavam perdidos em culpa e a imagem do recruta sendo alvejado dava voltas em seus pensamentos, se mesclando com a lembrança que eles mesmos remoíam. Há muito tempo, quando ainda estavam cumprindo seu primeiro ano de divisão, Naruto e Hinata se mostraram muito capazes e logo foram promovidos a vigias, eram competentes e confiáveis; então um dia, uma recruta que sempre era energética e muito carismática, caiu na armadilha e entrou no prédio proibido, foram apenas cinco segundos, mas o suficiente para Naruto atravessá-la com a Katana e Hinata cortar sua garganta com os Tessen’s. A expressão no rosto dela nunca fora esquecida pelos dois, era um misto de ódio, acusação e medo, sobretudo medo, a garota os fitou assim enquanto se afogava em seu próprio sangue, até não restar mais luz em seus olhos; para os dois que mal haviam completado sete anos, aquele foi o tema dos seus pesadelos por meses, antes de ser substituída por outra, e assim eles foram crescendo, tendo que eliminar tanto inimigos, como aliados. Por isso nunca quiseram ter nenhum aprendiz, não queriam conhecer uma pessoa e correr o risco de vê-la morrer ou mesmo tirar sua vida, já tinham fantasmas demais andando à sua volta; mas quando Shikamaru decidiu ingressar na divisão, os dois se obrigaram a participar e garantir que o amigo não tivesse o destino de tantos outros.

Na cabana o jantar foi silencioso, nem a comida tinha algum gosto e tudo que queriam era se deitar na cama e fugir para algum sonho feliz; sua melancolia era tanta, que até mesmo a declaração mutua deles, fora deixada de lado pelo momento, era como se seus traumas tivessem vindo à tona, apenas para eclipsar suas alegrias. Assim os dias passaram, logo o frio amenizou e a neve acumulada começou a derreter, e em seu lugar, as flores de cerejeiras começavam a abrir seus primeiros botões, as ruas voltaram a ficar movimentadas, e os turistas retornaram a Konoha, antecipando a beleza do festival de primavera; nesse clima agradável e animador, Shikamaru se preparava junto de Sai, ambos sairiam em sua primeira expedição e seriam supervisionados pela dupla mais temida das cinco grandes nações. Eles deixaram a Vila durante a madrugada, como pelo momento estavam entre quatro, deviam se mover com mais cautela, evitando levantar suspeitas e chamar atenção indevida, assim chegaram na primeira taverna de seu mapa; enquanto homens corpulentos bebiam e faziam algazarra, os quatro jovens mantinham seus sentidos muito aguçados, seus olhos giravam em todas as direções e seus ouvidos captavam informação de todo tipo. Quando o sol finalmente deixou o horizonte, eles deixaram sua mesa e saíram em silêncio da taverna, haviam coletado informação suficiente em apenas um dia, mas ainda era cedo, assim que no outro dia os quatro jovens retornaram; foi o necessário para que um bêbado local decidisse implicar com eles, também foi suficiente para que ele acabasse com senbons envenenados no pescoço, que foram retirados habilmente do corpo por Naruto, logo após terem feito seu trabalho. Tudo foi atribuído a um colapso devido ao álcool, e os quatro passaram mais um dia despercebidos e se retiraram; no terceiro final de tarde, quando chegaram ao local, já existia certa desconfiança, alguns sussurravam pelos cantos e outros tentavam ver seus rostos sob o capuz a toda custa. Já não podiam esperar mais, teriam que começar a limpeza, sem importar se faltava alguém ali; no momento em que as máscaras de Neko e Kitsune foram avistadas, um pandemônio foi instaurado.

Quando os mais próximos da saída tentaram escapar, foram inexplicavelmente detidos ali, bloqueando a saída e sem ter como fugir também, tudo que podiam fazer, era ouvir os gritos dos demais e sentir o cheiro asqueroso de sangue se espalhando; os que não puderam dar-se conta antes, nem conseguiram levantar de seus lugares, morreram ali mesmo. Os que viram o que acontecia, sacaram suas armas, tentaram se reunir em grupos e se defender; mas como se fosse um jogo de crianças, um a um eles eram despedaçados, não conseguiam ver de onde vinham os ataques e muito menos detê-los, esse foi o primeiro massacre. Sabendo que não havia restado ninguém para contar a história, eles seguiram tranquilamente para a segunda pequena Vila, ali não foi possível manter a descrição; ao passarem pelos portões, viram um grupo de bandidos açoitando mulheres e crianças no meio da rua, Naruto e Hinata sabiam bem o que aquilo significava, aquelas pobres almas seriam levadas para serem vendidos como escravos. Antes mesmo de por sua máscara, Hinata estava separando a cabeça de um deles de seu corpo, e antes que o sangue tocasse o chão, os outros três estavam agindo, nenhum plano precisou ser feito, todos foram movidos por um único sentimento: revolta.

Ao chegar a terceira Vila, a noticia de que os assassinos especiais de Konoha estavam caçando novamente já havia se espalhado e agora todos os ratos se escondiam em suas tocas; mas isso apenas tornava o jogo mais interessante, e a essa altura, Shikamaru e Sai aprenderam tudo que tinham para aprender, já não hesitavam nenhum segundo. Optando por se manter escondidos, os quatro permaneceram do lado de fora, apenas observando os hábitos dos moradores e juntando informações sobre o quartel local, sua especialidade e para quem trabalhavam; dois dias apenas foram necessários para que pudessem agir, e quando o terceiro dia amanheceu, os habitantes encontraram apenas um rastro de sangue pelas ruas, mas nenhum sinal de quem o causara. Em meio a rumores e especulações, a dupla e seus pupilos se moviam de vila em vila, tão evasivos como o vento, deixando apenas um rastro de carne pútrida pelo caminho; aguardando a chegada da “justiça de Konoha”, como eram chamados pelas massas, as Vilas em geral estenderam faixas em seus portões, faziam altares com presentes e mantimentos, aguardando a chegada deles, dando as boas-vindas aos misteriosos Neko e Kitsune, enquanto a escória se escondia e rezava para não ser encontrada. Vendo o rebuliço que os amigos causavam, Shikamaru ficara mais uma vez impressionado, em todo lugar que iam, haviam pessoas necessitadas de ajuda, esperançosas de que agora seria sua vez; por vezes durante a caminhada, encontraram caravanas que passavam por eles cantando canções de glória, exaltando o gato e a raposa, depositando toda sua fé nos desconhecidos mascarados.

***

Distante dali, ainda se acostumando e trabalhando na questão de ser uma equipe, o time de Kakashi tentava aos trancos, concluir uma missão depois de meses inativos, devido ao incidente com Sasuke; coisa que agora que o grupo estava fragmentado era uma tarefa extremamente complicada. Ao chegarem ao País das Ondes, o experiente Jounin percebera que algo incomum ocorria ali, as pessoas pareciam temer qualquer estranho e se mantinham a distância de tudo e todos, não haviam crianças correndo e brincando pelas ruas, muito menos velhos sentados a frente de suas casas; aquela aldeia era claramente um problema maior do que pensara, mas não sabendo a real situação, Kakashi não tinha autonomia para agir livremente. Enquanto faziam a proteção de um homem ranzinza e de mau gênio, chamado Tazuna, o Jounin tentou encontrar a razão pela qual um simples construtor de pontes, necessitava de proteção e se dignaria a pagar por ela; o motivo estava claro, o termino daquele projeto que ligaria dois países que outrora foram aliados comerciais, não era do agrado de alguém, só restava descobrir quem.

Tendo em vista que poderiam se ver pegos em situações difíceis e perigosas a qualquer momento, Kakashi passa aos seus alunos uma revisão sobre controle de chakra, para depois introduzir uma tática de batalha útil na situação que se encontravam; mas surpreendeu-se ao descobrir que os três não sabiam nada sobre controle de chakra e muito menos das lições avançadas que falara. O Hatake se sentiu mal, passara muito tempo na ANBU e com Naruto e Hinata, que acabou agindo como se todos fossem como eles; sentindo uma dor latejante em suas têmporas, o sensei começa a explicar os princípios básicos do controle de chakra e exercícios para que seus alunos pudessem assimilar a explicação com a pratica. No final das contas, não teve como não os comparar, e em sua cabeça sempre se lembrava do fato que a Hyuuga e o Uzumaki dominaram essa técnica aos seis anos de idade; foi inevitável, não conseguiu refrear seus pensamentos depreciativos contra sua própria equipe.

Os dias passaram, não houveram incidentes e muito menos problemas, e cada vez mais a situação se tornava estranha, Kakashi não conseguia encontrar o motivo que fez aquele homem pedir proteção; isso até o jantar daquela noite, quando o pequeno Inari, neto do construtor, fez uma mal criação e toda a verdade foi exposta. A história por trás daquela aldeia prospera, e como fora levada a ruina com a chegada do gangster mais temido, Gatou; foi só então que Kakashi se inteirou que a ponte que estava sendo construída, era uma afronta direta a esse homem que comandava todo o comercio local, e que sem dúvida alguma, não desejava que essa aldeia tivesse independência econômica. As mudanças drásticas na missão que receberam, foram simplesmente enervantes e sem dúvidas estressantes; enquanto Kakashi enviava uma mensagem às pressas para Konoha, seu time se esforçava para melhorar a segurança da ponte proteger o construtor. Podiam ser irresponsáveis e ignorantes, mas quando notaram a preocupação do Jounin, entenderam que aquela era uma missão complicada; Sakura estava assustada, ainda não se recuperara de sua última missão e tinha medo do que poderia acontecer, Kiba pensava que devia ter treinado um pouco mais suas habilidades, não se sentia mais tão confiante de si mesmo, já Sasuke não se abalara, queria se provar e provar os ninjas que faziam seu sensei estar em alerta.

O primeiro dia após a descoberta, passou sem nenhum incidente, todos prestaram máxima atenção em seus afazeres e um bom pedaço da construção, ficara pronto naquele dia; o segundo dia também fora tranquilo, não havia nenhum sinal de ameaça em lugar algum, e Kakashi se perguntava se o menino havia se equivocado, mas ainda assim não baixou a guarda. No terceiro dia, quando o Time Sete se revezava entre vigiar a ponte, proteger o construtor e aperfeiçoar seu treinamento, eles já não estavam tão atentos assim a sua tarefa principal, estavam seguros até o momento e confiram cegamente que nada mudaria; foi quando aconteceu, o sol que brilhava intensamente no céu, de repente foi encoberto nuvens escuras, um vento gelado soprou vindo do oceano, e a névoa cobriu toda ponte em instantes. Sabendo que aquilo não era normal, os Genins pegos desprevenidos sacaram suas Kunais e se agruparam para proteger o velho Tazuna; infelizmente já era tarde demais, Kakashi soube disso, no momento em que viu os dois andando tranquilamente até eles, o mais jovem com a máscara sobre o rosto, fiel seguidor do mais velho, um homem enorme de feições ferozes que trazia nas costas a enorme espada que o identificava, a Kubikiribōchō.

— Faziam muitos anos, que queria te conhecer, Hatake Kakashi. — A voz ameaçadora soa alta e faz eco — Ou devo chamá-lo, Kakashi do Sharingan?

— Não lembro de ser tão famoso, para que Momochi Zabuza, o demônio do gás oculto, queira me conhecer. — Kakashi responde se mantendo alerta, precisava elaborar um plano rapidamente e tirar todos dali.

— É modesto, isso é bom, gostei de você, mas temos um pequeno problema. — Zabuza fala e gesticula a ponte a sua volta — Essa construção, ela está incomodando a pessoa que me contratou.

— É uma pena, essa ponte é o objetivo de quem me contratou e não posso abandonar minha missão. — Kakashi responde, já tinha feito sinais para os três alunos pegarem o construtor e fugir.

— Acho que não tem outro jeito de resolver. — Zabuza encolhe os ombros e saca sua espada — Haku, cuide dos garotos.

Kakashi foi pego de surpresa, quando pensara em reagir, seus alunos já haviam sido cercados pelo Shinobi, sem poder ajudá-los, foi imediatamente atacado por Zabuza; agora estava em um dilema, se recuasse e tentasse ir ajudá-los, Zabuza o seguiria e ele não poderia defender-se ou defender os Genins, só podia esperar que eles pudessem aguentar um pouco e pensar em uma forma de reverter a situação a seu favor. Não poderia agir imprudentemente, ou a missão também fracassaria, haviam coisas demais em jogo, o impedindo de tomar uma decisão definitiva; enquanto o Hatake pondera a os prós e contras, o demônio da névoa fez seu primeiro ataque. Kakashi se defendeu bem e esquivou sem problemas, sabia que aquilo era só o aquecimento, o Nukenin o estava testando, medindo sua força, antes de atacar com tudo que tinha; enquanto o Momochi o testava constantemente, Kakashi o olhava atentamente, estava se acostumando e estudando seus movimentos. Sabia que em questões de força e chakra, não poderia vencer o inimigo, mas o que o Hatake perdia nesse quesito, compensava em inteligência, esse sempre fora seu estilo, sempre soube que caras grandes e fortes, caiam impotentes diante uma boa estratégia; não querendo se arriscar demais e tentando manter sua luta longe dos garotos, Kakashi ia elaborando um plano, enquanto ainda podia pensar com clareza.

Apesar de estar se concentrando absurdamente, considerando a situação, a ideia inicial de Kakashi não estava dando certo, assim que conseguiu se acostumar com os movimentos iniciais de Zabuza, ele mudou o padrão e agora o atacava com mais ferocidade e força; estava se cansando daquele jogo de crianças, queria que Kakashi reagisse mais e o atacasse para valer, então decidiu força-lo a isso. Vendo que agora mal podia se defender, o Hatake se decide e destampa seu olho esquerdo, revelando seu único Sharingan, se queria sair dali vivo com seus alunos, teria que terminar com aquilo rápido; foi quando a verdadeira luta começou. Ambos Shinobis de alto nível, se atacavam com Jutsus fortes e poderosos, que se chocavam e se anulavam entre si, até o primeiro que falhar abrir uma brecha para o outro; era uma luta acirrada, afinal tudo que Zabuza fazia, Kakashi fazia também, no tempo perfeito e em total sincronia com o primeiro. Nesse momento, Kakashi teve uma boa oportunidade, Zabuza estava confuso, se perguntando se o Hatake o estava apenas imitando, ou se poderia prever seus movimentos tão facilmente e durante esse meio segundo de indecisão, Kakashi o ataca com uma de suas técnicas mais fortes; o Raijū Hashiri no Jutsu: Sō, e assim que a liberação do relâmpago é feita, dois lobos em forma de raio saem em sequência e atacam Zabuza em segundos.

 — Você finalmente decidiu lutar a sério. — Zabuza fala, cuspindo um pouco de sangue no chão.

Então movendo as mãos rapidamente, o Momochi faz selos que são complicados para Kakashi acompanhar, segundos depois, dois dragões d’água emergem em ambos os lados da ponte, seus olhos amarelos cintilando agourentamente através da névoa; sem chance de revidar, Kakashi vê o ataque se aproximando rapidamente, engolindo tudo que estava no caminho. A explosão de água se chocando contra o chão, arranca pedaços do calçamento e tritura como se fosse areia, não sobrara nada inteiro onde fora seu ponto de impacto; vendo o estrago que fizera, Zabuza se aproxima para buscar o corpo de Kakashi, mas encontra apenas pedra e destroços, e antes que seu raciocínio lhe dê uma resposta para aquilo, três enormes bolas de fogo o atingem, dando menos de um milésimo de segundo para desviar. Logo os dois homens voltam a se atacar ferozmente, já não era uma luta pela ponte ou pela missão, havia se tornado algo pessoal para eles, tanto Zabuza, quanto Kakashi queriam provar quem dos dois era o melhor; não era que o Jounin se esquecera de seu dever, ou que deixaria seus alunos a própria sorte, é que vencer ali significava seu orgulho como Shinobi de Konoha, e também a garantia de vida de seu time. A cada golpe que trocam, a disputa ficava mais acirrada e a tensão tomava conta de Kakashi, sentia o cansaço se espalhando por todo seu corpo, mas resistia bravamente, ainda não era momento de se render; rindo amargamente, pensando em quantos inimigos como aquele, encontrara ao longo de sua vida, o Jounin recupera suas forças e ataca novamente.

O único empecilho para Kakashi ganhar agora, era o fato de que Zabuza ainda não demonstrara toda sua força, afinal aquele homem não era chamado de demônio da névoa oculta sem motivo; o Hatake lembrara desse fato tardiamente, lembrara que Momochi Zabuza fora uma criança criada especialmente para ser parte da elite da Vila da Névoa, que passara anos confinado em uma prisão apenas aprendendo as diversas formas de matar, e que sua graduação consistia em matar a todos as demais crianças que cresceram com ele, passando pelas mesmas dificuldades e sentindo as mesmas emoções. Esquecera que Zabuza as matou sem nem hesitar, partiu seus corpos ao meio e se banhou em seu sangue, e quando o encontraram, ele estava rindo em meio aos mortos; ao lembrar-se da história que se alastrou pelo mundo, Kakashi viu a enorme lâmina cortando o ar, até parar em seu abdômen, ele viu o sangue jorrar da ferida, antes que sentisse a dor, e somente depois que o impacto do golpe o jogara para trás. Quando caiu, bateu com as costas no chão duro e perdeu o ar, sentiu algumas costelas se rompendo e seus ouvidos zumbindo; viu Zabuza se aproximando sorrindo amplamente, parecia estar se divertindo e fazia sinais com a mão, para que Kakashi levantasse. Foi quando o Jounin soube que aquele homem o mataria ali e que só estava brincando um pouco com a presa, e depois ele mataria seus alunos, que não teriam a mínima chance contra esse oponente; apesar de não ter nem mesmo simpatia pelos três, eles eram sua responsabilidade e era seu dever cuidá-los e protege-los, afinal aqueles imbecis eram Shinobis de Konoha também, e ele seria um lixo se os deixasse morrer ali. Assim que habilmente fez os selos e com o sangue de sua ferida, fez a invocação, logo um pequeno cão surgiu no lugar que tocara, em sua cabeça o símbolo de Konohagakure.

— Pakun, busque ajuda, busque Konoha. — Kakashi instrui e o pequeno cão foge em disparada.

Respirar estava se tornando muito difícil, assim como manter a consciência, mas usando todas as suas forças, Kakashi se pôs de pé, manteria sua dignidade até o final, se fosse terminar assim, queria terminar como alguém que aqueles dois pudessem se orgulhar, queria ser lembrado um dia como Hatake Kakashi, filho do grandioso Presa Branca da Folha, aluno do Relâmpago Amarelo, sensei dos heróis do mundo ninja, Neko e Kitsune; nessa hora o único que se arrependia, era não ter visto seus rostos sorrindo uma última vez, queria ter dito tanta coisa a Naruto, queria poder vê-lo se tornar o homem grandioso que estava destinado a ser, mas agora já não lhe restava mais tempo para isso. Minato-sensei, Kushina-sama, fiz meu melhor trabalho, Kakashi pensara suspirando alto, logo verei os dois novamente.

— Chidori, o canto dos mil pássaros! — fazendo um último esforço, Kakashi usa seu chakra restante para um último ato como ninja, e ataca.

***

Alguns metros da luta entre os dois homens, os integrantes do Time Sete e o construtor da ponte, se encontravam presos em uma redoma, feita por espelhos de gelo, estavam assustados e não sabiam o que fazer, o ninja mascarado os atacava saindo de um espelho, e logo entrando em outro; eles mal conseguiam ver de onde vinha ou como se movia, podiam apenas se defender torpemente, evitando ser atingidos em algum ponto vital. Kiba tentara usar o Gatsuga para quebrar os espelhos de gele, mas quanto mais quebravam, mais se formavam, era como se aquilo não tivesse fim, tão pronto como três eram destruídos, outros seis surgiam no lugar; sentindo-se cansado e frustrado, ele cedeu a vez da tentativa a Sasuke, e retrocedeu para junto de Sakura, para ajudar a proteger o construtor da ponte. Usando o Katon, o Uchiha encontra os mesmos problemas que o Inuzuka, por mais que usando as bolas de fogo, fazia com que mais espelhos derretessem, do mesmo jeito que antes, eles voltavam a se formar diante dos seus olhos; irritado por não achar uma brecha e vencer o inimigo, Sasuke age de cabeça quente e faz a maior labareda que consegue, fazendo com que as chamas cheguem até o topo e logo retornem para baixo, atingindo não apenas os espelhos, mas também respingando nos outros três atrás.

— Você é bem imprudente, não é? — Haku sai de um espelho e lança várias senbons no Uchiha — Se acha o mais forte do grupo?

Sabendo que aquele deboche era apenas para provoca-lo, Sasuke morde os lábios para não o responder, sabia que o Nukenin estava apenas brincando com eles, os torturando com aquelas agulhas que lançava, era tudo para fazê-los se cansar e se render; no meio de sua frustração e irritação, se pegou pensando como o Uzumaki fizera aquela luta durante sua primeira missão ser tão fácil? Lembrava claramente de ver Naruto despedaçando vários Nukenins com suas lâminas, vira também como não fora atingido nenhuma vez, a Hyuuga também, se não tivesse ficado em desvantagem protegendo Sakura, não teria sofrido um arranhão sequer; então por que ele não conseguia vencer um misero Shinobi, que não tinha nada mais que senbons em suas mãos?

— Você por outro lado, é uma covarde. — Dessa vez Haku mira a Haruno.

— Sakura, abaixa! — Kiba grita, se jogando na frente da garota.

— Idiota, eu já ia chegar em você! — Haku fala desgostado, vendo o Inuzuka receber todos os ataques.

Haku não os atacava a sério, estava apenas os mantendo ali, seu verdadeiro objetivo era Tazuna e a destruição da ponte, só precisava mantê-los presos por enquanto e depois poderiam lidar com eles, só tinha que esperar Zabuza eliminar o Jounin de Konoha; ele sim seria um problema e por isso tinha que ser morto rapidamente. Assim Haku passou a ataca-los lentamente, causando desespero e medo, eles não podiam se defender e muito menos atacar; a cada senbon que sentiam entrando e rasgando sua carne, sentiam seu final se aproximando a passos lentos e claustrofóbico. Sasuke e Kiba mal podiam erguer seus braços a essas alturas, seus olhos estavam turvos pelo sangue que os cobria, suas pernas não podiam sustentar seu próprio peso, tudo doía e nem seu raciocínio estava funcionando mais; já não podiam mais, não suportavam mais, tudo que queriam era que aquilo parasse. Sakura chorava desesperada, nos últimos minutos vira seus companheiros sendo alvejados sem qualquer chance de defesa, e agora fitando os dois caídos no chão, não sabia o que fazer e muito menos tinha força ou coragem para isso, ela não queria estar ali, não queria ser parte daquilo; ergueu seus olhos, esperançosa de que seu sensei estivesse vindo salvá-los, quando viu a pior cena que poderia esperar, Kakashi estava caído no chão, seu uniforme de Jounin manchado de vermelho.

— Ah, parece que ele já vai acabar. — Haku segue o olhar dela — Como você chegou até aqui? Como conseguiu sobreviver? Você viu seus amigos sofrendo e não fez nada para ajudar, não moveu um dedo para protege-los, isso é tudo que você é?

As palavras do Nukenin reverberaram em sua mente, todo aquele tempo tinha rido e ridicularizado o Uzumaki o chamando de monstro, mas ele não hesitara nenhum segundo em proteger a todos em sua última missão; também rira da Hyuuga, a chamara de tantas coisas que mal podia lembrar, mas quando esteve com a vida por um fio, fora aquela garota que veio em seu socorro, e agora seus dois companheiros de time estavam caídos, quase mortos e ela não fez nada para ajuda-los. Ainda tinha o construtor da ponte, que sabia que devia proteger, mas tinha plena consciência que não conseguiria, sabia antes de tentar que iria falhar; ela era fraca demais, covarde demais, só de pensar em agir suas pernas falhavam, tinha medo de sentir dor. Ela não era como a Hyuuga, que não se importava de viver cheia de cicatrizes, ou como o Uzumaki que se colocava em perigo sem importar a dor que sentiria, para proteger pessoas que nem conhecia direito; no fim das contas, tudo que ela dizia e apontava como defeitos de outras pessoas, sabia que eram seus próprios defeitos, suas próprias imperfeições, ela era a pessoa monstruosa no fim.

— Não vai nem tentar ter um pouco de dignidade no fim? — Haku questiona, se preparando para atacar, viu a garota fechar os olhos angustiada — Pois bem, acabarei com isso agora!

***

Zabuza sorria amplamente, havia conseguido derrubar o grande ninja copiador de Konoha, o fez ficar no chão, enquanto que ele continuara em pé; até mesmo seu último intento de golpe, fora um total desperdício de energia, somente um último ato de orgulho para alguém que viveu na glória. Sentindo o gosto da vitória, o famoso demônio do gás oculto, membro mais forte dos Sete Espadachins da Névoa, decide ser misericordioso; daria o último golpe naquele homem que o enfrentara bravamente e que fez de tudo para vencê-lo, aquele que seria lembrado por Zabuza, como o oponente mais valoroso que teve.

— Alguma palavra final? — Zabuza questiona tentando parecer solene.

— Foi por Konoha. — Kakashi mal abre a boca.

Cuspindo uma grande quantidade de sangue, o Hatake fecha os olhos, sentia seus dedos, pernas e braços formigando, estava com frio; ao longe, podia escutar o som das ondas quebrando nas rochas, fazendo espuma e depois retrocedendo para o oceano, devia ter apreciado melhor a vista. Escuta os passos de Zabuza no concreto, e sabendo que o golpe viria em seguida, começou a se lembrar de coisas do seu passado, como forma de se despedir; lembrou dos ensinamentos do seu pai, das suas disputas com seu companheiro de time, lembrou do sorriso daquela garota que sempre visitava seus sonhos, da gentileza e bondade do seu sensei, da sua competição interminável com Gai, e principalmente, dos dias felizes que passara naquela clareira, que mais parecia um lugar de sonhos e contos de fada. Desejando que um dia, o rosto de Naruto estivesse esculpido na grande parede de pedra, que ele vivesse muitos anos e envelhecesse junto de Hinata, depois de verem nascer seus tataranetos, Kakashi sorriu; estava pronto para abraçar a morte, então se sentiu quente e acolhido, já não tinha mais dor.

— E as surpresas continuam, quem diria que eu viveria para ver vocês? — Zabuza gargalha alto, explodindo de contentamento.

— Não vai viver muito mais que isso! — ouvir aquela voz, fez Kakashi abrir os olhos imediatamente, se deparando com um manto de chakra vermelho o cobrindo — Karasu, cuide de Kakashi, Neko vá com Tora e resgatem o Time Sete; agora a conversa é entre nós dois, Momochi Zabuza!

— Estou honrado, o famoso Kitsune conhece meu nome. — Zabuza debocha sacando novamente a espada — Mas confesso que pensei que eram mais velhos, mas não passam de crianças.

— Depois que mata, ninguém continua sendo criança. — Kitsune rebate.

Estava furioso e precisa se controlar, mas também não pegaria leve, faria aquele homem pagar por cada ferida de Kakashi, faria mil vezes mais; o chakra opressor da raposa, estava saindo em ondas do seu corpo, tremulando e ricocheteando ao tocar o chão, e somente isso, fazia Zabuza ficar arrepiado dos pés a cabeça. Estava diante de alguém tão monstruoso como ele, alguém que podia fazer o mundo inteiro se ajoelhar com um estalar de dedos, e teria o prazer de lutar contra essa pessoa; assim que esse pensamento lhe ocorreu, ele viu um borrão vermelho se dirigir contra ele como um projetil, era imparável. Naruto o golpeou antes que erguesse a mão para se defender, as Ninja-to’s fizeram o primeiro rasgo em seu braço; então Zabuza soube que se não prestasse atenção e lutasse a sério, não duraria muito nas mãos daquele garoto. A batalha entre os dois monstros emanava uma energia tão sinistra, tão macabra, que o pequeno Pakun tremia inteiro apenas ouvindo os sons das lâminas se chocando; Shikamaru e Kakashi sentiam seus corpos congelados no lugar, estavam vendo a fúria de Naruto e por mais que já o tivessem visto transtornado por causa de Hinata, aquilo era totalmente diferente. Naquele momento, o Uzumaki era como um grande e supremo jovem predador, que invadira um território e desafiara o antigo predador para destrona-lo, e apesar do mais velho ter reinado por anos absoluto, sua força estagnada, não era suficiente para deter o emergente e crescente poder do mais jovem; logo existiria um novo rei dos monstros ditando o futuro de todas as bestas.

No outro campo de batalha, as coisas não eram diferentes, enquanto Sai resgata os três Genins e o construtor usando seus humanoides, a Hyuuga bailava graciosamente com Haku; o enfrentamento entre os dois, era algo gracioso e aterrador ao mesmo tempo, suas mãos hábeis se moviam rapidamente, e enquanto o Nukenin lançava seus senbons, a ANBU usava seus leques para neutraliza-los sem fazer esforço. Sob a máscara azul do gato, o Byakugan se mantinha oculto, causando um assombro maior ainda em Tazuna e Sakura, que viam a garota se mover e evitar os ataques daquele que os destroçou como pequenas formigas; era como se vissem uma fada da água flutuando diante dos seus olhos. Haku lançava farpas de gelo, fazendo uso do seu Kekkei Genkai, esperando assim ter alguma vantagem sobre seu oponente, mas fica estupefato, ao ver a garota erguer uma parede de gelo para bloqueá-lo; Hinata tinha se aperfeiçoado mais uma vez, sabia que poderia colaborar com Naruto sempre que precisassem e quisessem, mas sabia também que em algumas vezes como agora, não estariam lutando juntos e ela precisaria sem dúvidas desse trunfo. A descoberta de que sua oponente também era usuária de Hyoton, fez Haku entender que aquela luta seria decidida por técnica e habilidade, além de quem fosse mais rápido, ele só não sabia da outra vantagem que sua oponente possuía; logo seus ataques com a liberação de gele tornaram tudo branco, quando se chocavam e explodiam em uma nevasca anormal.

Sai e Shikamaru se juntaram mais afastados das duas lutas, apenas observando os ataques impressionantes que seus amigos faziam, e como estavam fazendo frente com assassinos Rank-S sem nenhum esforço; enquanto Kakashi se recuperava lentamente graças ao chakra da raposa, ele ia assimilando tudo que acontecera e seu time também ser tratado e atendido, e suspirou aliviado ao ver que Tazuna estava seguro, apesar de tudo, agora que os dois estavam ali, sabia que tudo ficaria bem. Depois de fazer as verificações mais importantes, se deteve a analisar os dois que pareciam ser discípulos de Naruto e Hinata, seu modo de agir e suas atitudes já haviam sido moldadas pela dupla e se pareciam em personalidade e comportamento; e conforme os via trabalhando juntos, cuidando dos dois Genins que estavam por recuperar os sentidos, Kakashi tem a estranha sensação de conhece-los e agora os fita com mais cuidado, já que os dois estavam habilmente ocultando seus chakra’s como foram ensinados a fazer.

— Vocês são discípulos deles? — Kakashi questiona e faz Shikamaru rir.

— Você sabe que poderia perder a cabeça por isso, não é sensei? — O Nara debocha baixinho próximo ao ouvido do Hatake que arregala os olhos — Somos Karasu e Tora, discípulos em treinamento de Neko e Kitsune!

Virando o rosto ora para a máscara do corvo, ora para a máscara do tigre, Kakashi não consegue acreditar que aqueles eram Shikamaru e Sai, afinal depois da correria que fora sua primeira missão com seu time, e todo o trabalho burocrático que tivera a causa deles, não pode mais ir a clareira para conversar tranquilamente com seus ex-alunos; descobrir essa noticia assim, fora no mínimo impactante. Assim que todos foram atendidos e estavam fora de perigo, os dois ANBUS em treinamento, se postam em pé a frente dos resgatados e fixam seus olhos na luta cada vez mais intensa de seus mentores; estavam prontos para obedecer a qualquer ordem.

No seu lado, Hinata já havia reduzido o arsenal de Jutsus de Haku a uma lista de quase zero, seus ataques com a liberação de gelo ora eram neutralizados por revides do mesmo elemento, ora pela liberação de água da Hyuuga; sem falar que Haku não conseguia ser mais rápido que o Byakugan escondido. Os ataques precisos e comedidos de Hinata, pareciam não chamar muita atenção à primeira vista, mas na realidade o Nukenin estava sentindo cada um deles cruelmente; sua respiração estava entrecortada e parte de sua máscara já havia sido quebrada, seus dedos doíam por tanto lançar senbons que nunca atingiam seu alvo, precisava pensar em uma forma de vence-la rápido e ir ajudar Zabuza. Mas esse plano, infelizmente Haku não poderia concluir, durante toda sua luta, os ataques de Hinata pareciam mirar somente a ele e nada mais, mas na verdade o estavam conduzindo e obrigando a se mover por todo o perímetro que ela queria, e agora por fim poderia finalizar seu trabalho; todos os ataques de Hyoton e Suiton, deixaram resquícios nos lugares onde se chocaram e agora Haku se encontrava no centro do perímetro; fazendo selos com apenas uma mão, Hinata faz o seu Jutsu da redoma de água, prendendo Haku dentro, logo uma Fuma Shuriken de água surge em sua mão direita, e imediatamente se congela. No momento em que ela se precipita e desfaz a redoma, atravessa as lâminas de gelo no coração de Haku, que não pudera reagir um segundo sequer, dentro da esfera de água amaldiçoada que sugava sua energia; em meio a neve e água, sem sofrimento e desesperação, ele pode morrer de forma gentil.

Já do seu lado, Naruto estava fazendo um verdadeiro estrago, tinha sangue espalhado para todos os lados e nenhuma gota sequer era sua, ele até se feriu algumas vezes, mas o manto vermelho o curara imediatamente; já Zabuza era um caso completamente diferente, seus braços, suas pernas e seu rosto estavam vermelhos, suas roupas empapadas pingavam no concreto. Mas ao contrario do companheiro que acabara de morrer sem que ele notasse, o Momochi ficava cada vez mais exultante, nunca em sua vida, encontrara um oponente que pudesse lhe fazer cansar pelo menos um pouco, quanto mais feri-lo daquela forma; sentia que tinha tido a sorte grande naquele dia, estava se divertindo a valer. Ele mal imaginava que não seria o último a rir naquele dia, já que Naruto, vendo que Hinata terminara sua batalha, não queria fazê-la esperar muito, decide acabar com a quilo logo; ele diferente da amiga, não fizera nenhum plano ou estratégia, estava lutando apenas para descontar sua raiva e agora, como se tivesse perdido o interesse no brinquedo, iria descarta-lo. Sem qualquer aviso, o Uzumaki se move mais rápido do que Zabuza esperara, e sem que ele veja, com um golpe certeiro o desarma, então sentindo um poder muito maior emanar do seu oponente, viu atônito o exato momento em que o Uzumaki assumira a forma de uma besta de seis caudas; essa imagem horripilante, digna dos pesadelos mais assustadores, foi a última coisa que Momochi Zabuza viu, quando seu corpo iria raciocinar, sua cabeça foi separada do pescoço, o demônio da névoa teve seu fim nas mãos do demônio das nove caudas.

Antes que pudessem pensar no que fariam agora, uma algazarra de exclamações de espanto chama sua atenção; no final da ponte, bem onde a construção fora interrompida, uma multidão de cinquenta homens assistiu horrorizados, o fim do seu assassino mais competente; entre o grupo de indivíduos suspeitos, estava um velho baixinho e gorducho, vestindo um terno perfeitamente alinhado. Aquele era Gatou, que reunira sua pandilha e fora coletar os espólios de guerra, sem imaginar que ao invés da vitória que esperava encontrar, se depararia com uma derrota aterrorizante.

— Karasu, Tora, se encarreguem deles para podermos ir para casa. — Neko ordena, enquanto Kitsune ainda estava em processo de retroceder a sua forma normal.

Totalmente pegos desprevenidos, os Nukenins brandiram suas armas contra os dois mascarados, mas depois disso, não puderam fazer mais nada; enquanto uma metade do grupo fora pego pela possessão das sombras e logo estavam matando uns aos outros, a outra metade era esmagada literalmente por dois humanoides. Em questão de dez minutos, o grupo de baderneiros que aterrorizava os aldeões, já não existia; e seu líder que tentara fugir no meio do massacre, fora atingido por uma Katana que atravessara sua garganta antes mesmo de dar dois passos.

— Você assume daqui Kakashi? — Kitsune questiona, mantendo as aparências.

Estava preocupado com o sensei, mas agora que via que estava bem, pode ficar mais tranquilo; antes sentia que poderia colapsar de tanto estresse.

— Sim, obrigado pela ajuda. — Kakashi agradece realmente emotivo.

Se não fossem aqueles dois, não poderia voltar vivo para casa, e seu nome seria mais um dos muitos que seriam gravados naquele mármore negro.

— Então nos vemos por aí. — Neko completa, depois de conferir os sinais vitais dele e ter certeza que tudo estava em ordem.

Sem dizer mais nada, os dois somem num Shunshin com seus discípulos a tira colo, deixando para trás apenas rastros da batalha que travaram, além de vários corpos espalhados como se fossem folhas pelo chão; naquele dia finalmente, a “justiça de Konoha” havia chegado ao País das Ondas, e esse feito seria contado pelos anos vindouros até o fim dos tempos, e aquela ponte por agora inacabada, no futuro seria decorada e ornamentada e lhe renderiam festivais para comemorar o dia de sua construção, bem como o nome que recebera, para honrar a Ponte do Gato e da Raposa.


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