O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 19
Nosso Futuro


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Tudo bem com vocês?
O capítulo saiu um pouco mais tarde do que o esperado, e um pouco menor, mas a causa é que ele ficou muito grande mesmo, e tive que dividir em duas partes, a segunda metade vira amanhã a noite.
Espero que gostem!! Beijos!



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­­­­­A floresta estava iluminada por uma luz brilhante alaranjada, era o entardecer mais lindo jamais visto, e quando o vento roçava as folhas nas copas, a melodia que se cria acalma em apenas escutá-la, talvez se não estivesse morrendo de vontade de chegar em casa, teria ficado por horas ali, apenas observando aquela magnífica paisagem; de seus ninhos e tocas, pequenos animais espiavam curiosos, de narizes pra cima, farejando o ar, enquanto a garota caminhava e caminhava. Não lembrava que aquele caminho fosse tão longo, podia ver pela trilha que fora feita de tanto ser usada, os grandes choupos se abrindo para criar a tão conhecida clareira; mas não importava o quanto andava, se corria ou ia devagar, a cada passo que dava, a trilha parecia ficar maior. Já estava cansada, ansiava por chegar em casa, tomar um banho e descansar a cabeça depois do dia longo de trabalho, queria sentar na porta da frente e aproveitar uma boa xícara de matcha; seria realmente gratificante. Quando finalmente consegue chegar ao final da trilha, suspira aliviada, ali estava seu amado lar, lugar de recordações felizes e onde aprendera o que é amar; franziu o cenho ao constatar que a cabana parecia estar um pouco maior do que lembrava, mas atribuiu isso ao cansaço que sentia. Sorrindo de orelha a orelha, a garota dá passos confiantes em direção a entrada, e logo quando está a cinco metros da porta, a mesma se abre repentinamente; ela fica atônita ao ver uma jovem mulher saindo de dentro cantarolando, imediatamente fica alerta e suas mãos hábeis buscam os Tessen’s em seus equipamentos, mas a mulher parece não a notar, ignorando-a completamente.

— Quem é você? O que está fazendo em minha casa? — Hinata questiona séria, não podia simplesmente atacar um cível que estava claramente desarmado.

Sem dar indícios de que tenha ouvido ou que vá responder, a mulher continua cantarolando, e mais surpreendente ainda, rega as flores do seu jardim; pensando que talvez não a tivesse ouvido por causa do vento forte, Hinata decide se aproximar um pouco mais e cautelosamente, nesse momento o vento muda de direção e sopra os longos cabelos negros da desconhecida, revelando um pouco do seu rosto de porcelana. Hinata nunca tinha visto uma mulher tão linda assim, as bochechas dela estavam rosadas iguais aos lábios, tinha longos cílios negros como seus cabelos, que surpreendentemente ultrapassam sua cintura; quando analisa o contesto, se descobre encantada com a beleza daquela estranha, que só se torna mais linda ainda, quando os raios de sol a tocam, refletindo em sua pele branca como o leite, ela parecia verdadeiramente uma fada das florestas. Incapaz de desviar os olhos daquela mulher, Hinata sente um pequeno frio na barriga, ao escutar sua voz melodiosa ficar mais clara, quando o vento sessa; talvez estivesse tendo alucinações depois do dia cansativo, mas tinha quase absoluta certeza que conhecia aquela mulher de algum lugar, e se aproxima mais para perguntar novamente, antes de ser interrompida.

— Mamãe! — um garotinho passa correndo por ela, e se joga nos braços abertos da mulher.

— Que bom que voltaram, você se divertiu com o papai? — ela o abraça apertado e então beija seus cabelos negros.

Mas é quando essa desconhecida finalmente se ergue, que seu belo rosto fica inteiramente visível, e Hinata quase entra em um estado de choque ao ver os olhos dela.

— Já disse pra não se jogar assim na sua mãe, e se machuca ela? — a voz alta e forte de um homem soa atrás dela, fazendo os pelos do corpo de Hinata se eriçarem.

O que era aquilo? Quem era aquela mulher? Será que estava em algum Genjutsu? Será que tinha pego o caminho equivocado? Mas tinha certeza, aquela era sua cabana, sua e de Naruto.

— Está tudo bem, ele é muito cuidadoso quando me abraça. — A desconhecida responde fitando a pessoa que se aproximava carinhosamente — Bem vindo de volta!

— Como estiveram as minhas princesas hoje? — o homem pergunta abraçando-a com uma mão e a outra repousa em sua barriga, enquanto rouba-lhe um beijo.

Nesse instante o coração de Hinata entra colapso, de todas as coisas estranhas e desconexas daquela cena, aquele homem alto e de cabelos rebeldes era o mais surpreendente, desde seu jeito de andar, aos seus fios loiros e olhos azuis; e quando viu seu rosto completamente, pensou que estava alucinando.

— Vou dar um banho em Minato. — Ele fala sorrindo e entra na cabana com o menino gargalhando em seus braços.

— Quem são vocês? — Hinata pergunta emocionada, já sentia as lágrimas descendo por seu rosto e o coração se contorcia no peito — Quem é você?

Finalmente a mulher dirige seu olhar a Hinata, lhe sorri gentilmente e se agacha um pouco para nivelar suas alturas.

— Está tudo bem Hinata. — Ela fala enxugando as lágrimas da garota — Eu sou você! Somos o seu futuro, é por isso que você se tornará forte Hinata, suportará tudo e jamais se afastará dele, é por esse futuro que você tanto luta! Tempos difíceis virão, e não importa o quanto doa, você vai superar tudo e então chegará aqui novamente; então guarde esse desejo em seu coração e se torne forte Hinata, seu futuro espera por você!

Sentindo novas lágrimas se formando, Hinata fecha os olhos para se acalmar e ao mesmo tempo que seu rosto fica molhado novamente, aquele toque cálido desaparece, e abrindo os olhos novamente, encontra apenas um teto branco; todo o resto sumira, a floresta, o sol, a cabana e as flores e principalmente, ‘aquela Hinata’. Totalmente desorientada e incapaz de controlar as próprias emoções, a pequena Hyuuga deixa que mais água vaze de seus olhos, sentia o coração maltratar seu peito e sabia que seria impossível se acalmar por um bom tempo; estava assustada e perplexa, e por mais que dissesse a si mesma que não existia lógica naquilo, sua alma dizia que era verdade. Quando seu choro ficou mais audível, e os equipamentos começaram a fazer muito barulho, Kurenai desviou sua atenção da janela e olhou para a cama; sorriu grandemente ao ver sua amada aluna acorda, mas o sorriso em seu rosto logo murchou, dando lugar a um rosto preocupado, ao ver que Hinata chorava.

— Hinata! — ela chama indo apressada até a cama — Você está sentindo alguma dor? Está se sentindo mal? Espera, vou chamar um médico!

— Não precisa. — A Hyuuga refuta baixinho e se senta lentamente na cama, agora por fim dando-se conta de que estava em um hospital — Estou bem, Kurenai-sensei.

— Mas você está chorando, minha princesa, você teve algum pesadelo? — Kurenai questiona ainda preocupada.

— Não, foi só um sonho. — Hinata conta e sorri entre lágrimas — Um sonho muito bom!

Apesar de não entender direito, Kurenai a abraça apertado, esteve tão preocupada quando Neji fora lhe dar as noticias e pedir o favor por Naruto, sentiu que seu coração doía constantemente desde então; também esteve furiosa, se não fosse Asuma segurá-la, teria ido ao encontro do time de Kakashi e ensinaria uma lição aquele bastardo Uchiha, só se acalmou um pouco, quando ouviu Neji contar que Naruto tinha um plano, e conhecendo seu garoto como ela, sabia que ele daria um jeito de fazer Sasuke pagar caro. Kurenai se afasta um pouco de Hinata e começa a analisar o rosto dela, cada pedacinho de pele é inspecionado, para garantir que estava tudo bem; então abraça novamente a pequena Hyuuga e a enche de beijos e carinhos. Ficara apenas alguns dias sem vê-los ou ter noticias deles, mas sentia como se tivesse passado um milênio, queria que suas crianças chegassem à Vila em segurança e que fossem recebidos com festa por ela e os demais senseis, também queria ter feito um jantar especial, com direito a fogos de artificio e tudo, em comemoração ao decimo segundo aniversário de Naruto; mas tudo isso se viu frustrado pelo acidente causado por Sasuke, toda alegria que os dois tinham direito de sentir, foi substituída por horas de angustia e apreensão, e só de pensar nisso, a mulher sente a ira lhe tomar conta novamente e seus olhos carmesim cintilam obscuros.

— Você está com fome, minha princesa? — Kurenai questiona, para se manter ocupada e não sair fazendo besteira.

— Não muita, só estou com sede. — Hinata fala tratando de aprumar-se um pouco e seus olhos não param de vagar pelo quarto em momento algum, fazendo Kurenai sorrir contida, sabia quem ela estava procurando — Onde está Naruto?

— Foi acertar as contas com Sasuke. — Kurenai conta orgulhosa e logo se assusta ao ver Hinata tentando sair da cama — Que está fazendo Hinata, você não pode levantar assim, acabou de acordar, seu corpo ainda está fraco.

— E deixar que meu Naruto estrague sua carreira por causa desse imbecil?! — Hinata se altera um pouco, e mesmo que seu corpo estivesse debilitado, ela estava decidida a parar Naruto.

— Minha querida, ele não está batendo no Uchiha, não se preocupe. — Kurenai lhe explica e se abstém de comentar como a Hyuuga soou agora — Naruto é inteligente Hinata, vai fazer Sasuke pagar pelo que fez através da lei.

— Naruto não estará em problemas? — Hinata pede mais calma.

— Não querida, assim que vocês chegaram à Vila ontem, e depois que você foi atendida, ele solicitou aos conselheiros e líderes dos clãs, uma audiência para julgar Sasuke pelo crime de insubordinação. — Kurenai conta cheia de orgulho — Ele me pediu para ficar aqui com você até que voltasse, Shikamaru está com ele.

— Se é assim, então vou esperar aqui. — Hinata fala decidida e volta a se recostar na cama.

— Não está preocupada? — a Yuhi questiona confusa, já que segundos atrás, Hinata estava toda alvoroçada.

— Não, sei que Naruto pode ganhar fácil. — A Hyuuga responde convencida, agora que estava a par da situação, seu coração voltara a ficar tranquilo — Só me preocuparia se eles estivessem em uma luta, no nível em que Naruto está agora sensei, pode matar o Uchiha num piscar de olhos.

A revelação de Hinata surpreendeu a ex-tutora, desde que os dois entraram para a Academia, não tinham mais feito algum treinamento em conjunto com os demais senseis, então a mulher não sabia em que patamar estavam as habilidades de suas crianças; sabia apenas através de Sai, que estavam fazendo e elaborando seus próprios treinamentos, mas isso também explicava como eles venceram cinco Jounins em menos de meia hora.

— Mas Sasuke não é tão fraco, ouvi dizer que era um dos melhores na Academia quando entrou. — Kurenai media, queria verificar se aquilo era sério, ou apenas a opinião de uma garota apaixonada.

— Ele não é, Sasuke tem grande potencial, suas habilidades e seu Kekkei Genkai são realmente assombrosos, mas esse idiota não sabe usar nada disso. — Hinata explica irritada — Ele acha que ter talento é tudo, não busca melhorar em nada e está sempre subestimando todos a sua volta.

— Mas o tipo de treinamento que vocês receberam e o que Sasuke recebeu, são diferentes, então a noção que vocês têm das coisas é bem mais complexo e amplo. — Ela argumenta logicamente.

— Pode até ser verdade, mas se comparamos ele com Shikamaru ou Sai, lembrando que Sai começou seu treinamento bem mais tarde, se equiparam ao Sasuke. — A Hyuuga faz uma avaliação moderada.

Kurenai então se dá conta do que Hinata estava falando, ela não achava o Uchiha fraco, o achava desinteressado, e isso era algo que Kakashi havia comentado na reunião com o Hokage, dois dias depois da graduação dos novos Genins; o Hatake dissera que o garoto tinha um complexo de superioridade e que não fazia nada sem ter benefícios, era o tipo de pessoa que não faz nada além e acredita piamente que seu talento e sua linhagem garantem tudo. Por fim a mulher sorri satisfeita, apesar de estar emocionada pelas possibilidades da descoberta do amor, sua pequena menina não estava cegada por ele, era bem capaz de julgar o certo e o errado, e de tomar decisões sabias e racionais; se sentindo agraciada por ter visto esses dois crescer, Kurenai entendeu que havia cumprido bem sua missão, a mais importante de todas.

— Está bem então, senhorita espertalhona, vou chamar uma enfermeira para te examinar e buscar algo para que coma, já retorno. — Kurenai fala e beija os cabelos da garota.

Hinata sorri grande para a ex-tutora, tinha certeza que podiam passar anos, Kurenai seguiria cuidando e se preocupando por eles, aquela mulher que dedicara anos da sua vida para cria-los com todo amor e carinho, era o mais perto que tiveram de uma mãe e o maior motivo que ela e Naruto possuíam, para saber diferenciar o bem e o mal; já haviam provado tudo de ruim que o ser humano poderia fazer ao outro em tão pouca idade, que quando Kurenai se encarregara deles, ela fora tudo que seus corações e suas almas carentes precisavam. Talvez um dia, quando for maior, ela poderia ensinar seus filhos a chama-la de vovó; ao simples pensamento de ter filhos, Hinata imediatamente lembrou-se do sonho que teve, seu corpo estremece quando a imagem surge vividamente, como se estivesse vendo naquele mesmo instante. A Hyuuga suspira alto, real ou não, ela não teria como saber agora, precisaria crescer e cumprir seus objetivos, e não tinha tempo para ficar sonhando acordada; mas apesar disso, rever aquela imagem, a deixava extremamente feliz. Gostaria de dividir essa fantasia com Naruto, saber o que ele pensaria a respeito e como reagiria se ela dissesse que sonhou com eles adultos; gargalhou um pouco, pensando que guardaria esse pequeno segredo para outra hora, e como seria especial ver os anos passando e descobrir se ele tornaria como aquela pessoa ou não, e apesar de todas as hipóteses que se formavam em sua cabeça, a pequena Hyuuga tinha absoluta certeza que sempre estaria com ele.

Quando Kurenai retornou, trouxe com ela uma enfermeira como dissera que faria, e um prato fumegante de canja, e enquanto Hinata era examinada meticulosamente, as duas engataram em uma conversa sobre a missão e a estadia deles no País da Terra; nesse momento, a Hyuuga ficou muito empolgada, contava sem parar sobre como foi agradável, mesmo que estivessem fingindo estar de visita, e ao final de cada frase que a garota dizia, o nome de Naruto era citado. Falando de como ele cuidou dela durante a viagem, ou que dormiram empoleirados em um enorme salgueiro e gargalhando alto pelo inusitado que era, contando sobre como o rapaz ficara feliz e emocionado ao receber seu presente de aniversário; e a cada vez que Hinata falava seu nome, seus grandes olhos de boneca brilhavam lindamente, suas bochechas coravam e um sorriso bobo brincava em seus lábios. A enfermeira ia medindo a pressão de Hinata, quando olhou para Kurenai inquisitivamente, e recebeu um sinal de concordância discreto da mulher; Keiko se precipitou para atender Hinata, quando ouviu Kurenai pedindo auxilio no saguão, dizendo que a menina tinha acordado. Desde o outro dia, quando vira o desespero do Uzumaki, ficara curiosa por saber que tipo de menina era aquela, para fazer alguém mostrar tal expressão de sofrimento; e agora ouvindo a conversa das duas, se dera conta do profundo que era a relação daquelas duas crianças. Foi naquele momento, em que sensei e aluna conversavam animadas, que a porta do quarto se abriu, e assim que Hinata avistou a pessoa, seu sorriso se aumentou, seus braços se abriram e seus olhos brilharam pelas lágrimas que se formaram; o coração da Hyuuga deu um solavanco ao ver aquele rosto, e foi impossível não compara-lo ao de seu sonho, nessa hora foi difícil até mesmo respirar, um nó gigante se formava em sua garganta e só foi desfeito, quando Naruto correu até ela e a abraçou apertado.

— Bem vindo de volta! — Hinata solta sem se sentir, a voz embargada pelo choro estrangulado.

— Estou em casa! — Naruto sussurra baixinho, apenas para que ela escute.

Os dois permanecem bons minutos abraçados, totalmente ignorantes do mundo e das pessoas a sua volta, não viram quando as duas mulheres soltaram suspiros e secaram discretamente suas lágrimas, de tão emotivas que ficaram ao ver a reunião dos dois, não viram quando seus amigos pararam a porta do quarto esbaforidos por seguir a correria de Naruto pelas ruas; tudo que lhes interessava agora, era ter um ao outro dentro daquele abraço, e por mais que não tenham se separado por tanto tempo, sentiam a saudade aos poucos deixando seus corações que iam, de batida em batida, entrando em sintonia. Ao se afastarem minimamente, o Uzumaki acaricia delicadamente o rosto choroso dela, que fecha os olhos ao receber o carinho; estavam perdidos em seus olhos, buscando suas almas, para fazê-las andar juntas novamente, quando foram pegos desprevenidos pelo abraço grupal que os cercou. Os amigos, que também estiveram preocupados desde que souberam o que ocorrera, finalmente caem em seus sentidos e demonstram a alegria de ver que tudo acabara bem; em poucos minutos, aquele quarto é preenchido por gostosas gargalhas, haviam superado mais uma etapa difícil juntos. Assim que Keiko consegue se aproximar, desliga os equipamentos ligados a Hinata e diz que ela só necessita aguardar a visita do médico, para ganhar alta e faz algumas recomendações especiais para os próximos dias; ao sair do quarto, a mulher agradeceu por estar trabalhando, e ser privilegiada por ver algo tão bonito.

— Então, como foi? — Kurenai pergunta, depois de dar tempo para todos se acalmarem.

— Naruto fez o Uchiha ficar na pior. — Chouji conta animado.

— Sim, e ainda ferrou com os conselheiros. — Neji comenta, ainda estava muito assombrado com tudo aquilo.

— Qual foi a pena? — Kurenai pergunta de olhos fixos no Uzumaki, que a essas alturas já estava sentado na cama com Hinata, sem soltar as mãos dela.

— Um mês em reclusão na prisão de Konoha, três meses sem receber o pagamento pelas missões concluídas e a partir de agora, Sasuke será avaliado por um ANBU em todas suas missões e atividades do Time Sete, se caso ele volte a infringir outra lei ou regulamento, terá sua bandana retirada e será desqualificado como Genin, ele nunca mais vai poder ser Shinobi. — Shikamaru explica, estava muito contente com o resultado.

Não que fosse de se importar com brigas e rixas entre os companheiros de Academia, mas por que durante todos aqueles anos, a prepotência e narcisismo de Sasuke o tiraram do sério; o que era um feito surpreendente, já que o entediado Nara sempre fora muito tranquilo, e jamais havia desgostado de alguém.

— O que acontecerá com os conselheiros? — Ino pergunta, estava curiosa e sua imaginação não a levava a lugar algum.

— Provavelmente serão destituídos. — Naruto fala encolhendo os ombros, pouco lhe importava o destino dos velhos, tudo que lhe interessava era Hinata — Se eles não tentassem interferir nos meus planos, poderiam ficar com suas bundas bem grudadas na sala do conselho.

— O que eles fizeram? — Hinata pergunta preocupada.

— Tentaram virar o julgamento a favor de Sasuke, Yoruichi comprou o voto deles. — Ele conta e então franze o rosto — Acho que vou informar sobre isso ao sensei, eles estão começando a ficar gananciosos novamente, tramando coisas por de baixo dos panos.

— Será que nunca aprendem a lição? — Kurenai pede indignada, pensando em quantos mais teriam que morrer, para os Uchiha’s se darem por vencidos.

Eles deixam de falar sobre o tema, quando a porta se abre novamente, dessa vez revelando o Dr. Matsumoto, que viera fazer a avaliação final de Hinata, todos deixam de falar e prestam atenção no médico, enquanto ele faz várias perguntas a Hyuuga; por fim ele conclui que está tudo bem, e apenas lhe receita um suplemento vitamínico por um mês, tempo necessário para recuperar totalmente a imunidade do corpo e por fim lhe dá a tão esperada alta. Ambos, tanto Hinata, como Naruto, agradecem respeitosamente o médico, e sorrindo enormemente, o Uzumaki trata de recolher todos os seus pertences e com a ajuda dos amigos, conclui rapidamente a tarefa; Kurenai e os outros até gostariam de ir com eles para a cabana, mas sabiam instintivamente que Naruto estava cansado e que Hinata ainda precisaria repousar por aquele dia, e fazer aglomeração nessa hora não ajudaria em nada. Resignados e contentes, eles marcam um dia para visita-los e um a um, depois de se despedir calorosamente dos dois amigos, todos vão embora; ao ficarem sozinhos no quarto, Naruto suspira aliviado, e faz um selo de mãos rapidamente.

— Sim, Tenente! — no mesmo instante, um ANBU se materializa no local.

— Shiro, quero que fale com o Capitão e reporte toda a situação, depois organize um grupo para se revezar na vigília do clã Uchiha, quando tudo estiver concluído, me reunirei com vocês e direi o que quero que façam. — Naruto instrui tudo que consegue pensar no momento — Diga a Kanzaki, Tadeki e Akami para vigiarem a prisão de Konoha, façam tudo discretamente, não podemos alertar o clã e muito menos o inimigo, conseguiu o relatório que te pedi?

— Sim senhor. — Shiro imediatamente entrega um grande pergaminho a Naruto — Todos os ninjas do som estão listados aí, dos mais conhecidos aos que nunca foram vistos fora da Vila, suas habilidades e suas conexões também.

— E Kabuto? — Naruto pergunta sorrindo.

— Ainda não fez nenhum movimento, segundo Aburame Tokume, ele está tentando não se destacar enquanto coleta informação. — O ANBU informa.

— Isso é esperado, deixem alguns cebos pra ele recolher, se mantivermos tudo muito controlado, eles vão perceber. — Naruto dá a última ordem e o ANBU se retira.

— Desculpe te deixar com todo esse trabalho. — Hinata pede compadecida, as grandes olheiras de Naruto mostravam o quanto ele estava se esforçando além da conta.

— Não foi sua culpa, você sempre dá o máximo pra me ajudar Hina. — Naruto responde e como sempre faz, lhe dá um beijo sob a franja a fazendo corar muito — Mas agora vamos deixar isso de lado e ir pra casa descansar? Tudo que podia ser feito até aqui, foi feito!

Era verdade, todas as preparações estavam prontas, todas as peças em seus devidos lugares, não havia mais o que ajustar a essas alturas, tudo que restava era se manter observando e informado dos passos do inimigo, assim como treinar e se aperfeiçoar para quando chegue o momento; sabendo que tinha cumprido seus deveres, Naruto coloca suas mochilas nas costas, segura Hinata em seus braços e logo os dois somem do quarto, o Uzumaki optara por utilizar um Shunshin para que Hinata não se cansasse demais, assim eles reaparecem em frente a sua adorada casa. Quando a Hyuuga olha para suas paredes repletas de flores, tem uma sensação de Deja Vu e apesar de saber que não ocorrerá, quando Naruto gira a chave na porta, ela olha para dentro de casa cheia de expectativas, mas tudo estava idêntico a como deixaram uma semana atrás; se achando uma grande tonta, Hinata entra em casa se repreendendo mentalmente. Ao deixar suas coisas no sofá, para organizar mais tarde, o Uzumaki vai diretamente para a cozinha, e habilmente prepara uma refeição rápida para os dois, e mesmo que Hinata alegue que já se alimentou no hospital, Naruto insiste alegando que comida de hospital não alimente, até que ela cede e o acompanha; aproveitando o silêncio e tranquilidade do seu lar, os dois voltam a sua rotina normal.

Assim que terminam a refeição, Naruto recolhe tudo e organiza a cozinha, recusa veementemente a ajuda de Hinata, a proibindo de fazer qualquer tarefa enquanto se recupera, e sem conseguir fazê-lo voltar atrás, a pequena Hyuuga decide tomar um banho morninho pra se aquecer; do lado de fora da cabana, um vento frio soprava furioso, anunciando um inverno prematuro, e ali no meio da clareira, era pelo menos dez vezes mais frio que na Vila. Quando ela sai do banho ainda secando os cabelos, um fogo crepitante já ardia na lareira, e a pequena bagunça que deixaram na sala ao chegar em casa, já não se encontrava mais a vista; intuindo que Naruto se encarregara de tudo, ela vai a sua procura, o encontra tratando suas gatas na cozinha. É quando Hinata bufa irritada, apesar de estar cansado ao extremo, aquele teimoso continuava fazendo coisas e mais coisas, ao invés de parar um pouco e descansar; se não estivesse com dó de ver seu rosto abatido, ela teria lhe dado um cascudo.

— Uzumaki Naruto! — Hinata fala baixo, sua voz chegava tremer em cada sílaba, as duas mãos na cintura — Você vai agora entrar naquele banheiro, tomar um banho e se esquentar e depois vai direto para debaixo das cobertas, me entendeu?!

— Sim senhora. — Naruto concorda rapidamente, conhecia aquele tom, sabia que Hinata estava no limite da sua paciência.

Assim que ele corre para o banheiro, e no momento que a porta se fecha, Hinata desfaz a cara de brava e sorri boba, as expressões de Naruto sempre a amoleciam no final; resignada com sua falta de tenacidade, ela se dirige até o quarto, arruma a cama e estende cobertas mais grossas. Deixando apenas seu rosto do lado de fora, Hinata aguarda que Naruto vá se deitar, com a mente repleta de pensamentos sobre os dias anteriores a missão, sobre tudo que vivenciaram enquanto estiveram longe de casa; todas as palavras e carinhos trocados não poderiam ser um engano, e o coração da Hyuuga se aqueceu ao dar-se conta. Estava tão perdida em sua contemplação dos fatos, que até se assustou quando Naruto se deitou ao seu lado, e também se envergonhou um pouco ao sentir os braços dele a rodeando, mas era tão nostálgico e reconfortante estar assim, que mesmo envergonhada, Hinata se aconchegou mais perto dele; no fim das contas, não existia melhor lugar para ela, que estar dentro daquele abraço.

Ainda sem conseguir conciliar o sono, os dois começaram uma conversa sobre o curto período que Hinata esteve inconsciente, Naruto contou como veio para Konoha, logo após concluir a missão, contou sobre o atendimento no hospital e como recebera ajuda de Shikamaru e Neji, para conduzir as coisas de modo que conseguisse uma condenação para Sasuke, também explicou sobre as vigílias que vinha solicitando que os colegas da divisão fizessem e sobre suas descobertas a respeito dos movimentos do inimigo; logo contou sobre o pedido de Shikamaru e igual Naruto, Hinata também se dividiu entre o orgulho e a apreensão pelo amigo, decidiram que acatariam a decisão que Tenzou tomasse, e caso as coisas tomassem esse rumo realmente, passariam tudo que sabiam ao Nara. Em instantes suas conversas começaram a ficar banais, o Uzumaki contou rindo muito, sobre como os conselheiros ficaram perplexos quando foram expostos, também riu a valer falando como Sasuke saiu do salão de audiências com a cara pálida; e a cada minuto que passava, os olhos azuis dele ficavam mais pequenos e nublados, Naruto estava tremendamente exausto, mas lutava contra o sono, falava o tempo todo para se manter acordado, tinha medo de dormir e quando acordar descobrir que tudo aquilo era um sonho e que Hinata continuava naquela cama de hospital. Vendo o que ele fazia, a Hyuuga passou a mexer vagarosamente em seus cabelos loiros, enquanto escutava sua voz ir ficando cada vez mais baixa, até por fim se calar; não foram necessários mais que vinte minutos para ele entrar em sono profundo. Agora que sua expressão estava relaxada e completamente pacifica, Hinata tentava fazer ela mesma dormir um pouco, mas era incapaz de pregar os olhos, tudo que queria fazer no momento, era ficar ali por horas, apenas velando seu sono, pronta para sorrir-lhe amavelmente quando acordasse, queria ver seus lindos olhos azuis se abrindo; estava absorta pensando em diversas maneiras para cuidar dele de agora em diante, quando viu seus olhos abertos, mas não era seu olhar que encontrava.

— Hyuuguinha. — A voz rosnenta soou alta pelo quarto — Que bom que já está bem!

— Kurama-san. — Hinata cumprimenta felizmente a raposa.

— O garoto esteve louco enquanto você esteve desacordada. — A raposa conta e sua voz entoava preocupada — Foram dias bem difíceis.

— Ele esteve muito agitado? — Hinata pergunta preocupada.

— Extremamente, durante a sessão, eu tive que assumir o controle, de tão alterado que ele estava — A Kyuubi revela, para espanto de Hinata — Decidi te contar isso enquanto ele dorme, estou preocupado, dessa vez o selo enfraqueceu muito.

— O que posso fazer pra ajudar? — ela pergunta nervosa.

— Acalme o coração dele. — Kurama responde misterioso.

— Como? — Hinata pede confusa.

— Você saberá. — A enorme besta apenas diz isso — Vou descansar também, até a próxima, pequena.

Sem entender direito o significado do que Kurama falou, Hinata o vê se retirar ao subconsciente de Naruto, que agora volta a estar dormindo; tentando encontra a resposta do que fazer, Hinata sente as mãos dele a apertando com força, ao mesmo tempo que seu rosto se contorce inteiro na mais pura expressão de sofrimento. Ela rapidamente põe suas mãos sobre o rosto do Uzumaki, e então sente as lágrimas caindo de seus olhos fechados, agora tinha absoluta certeza de que ele estava tendo algum pesadelo; sem pensar direito no que fazia, ou se poderia agir assim ou não, com o coração dando cambalhotas, Hinata fecha os olhos e toca seus lábios nos dele, permanece assim por alguns segundos e logo se afasta.

— Vou proteger nosso futuro, Naruto! Vai ficar tudo bem agora. — Ela sussurra e o vê voltando a dormir normalmente.

Quando se recosta mais perto do seu peito, escuta seus batimentos irregulares lentamente voltando a normalidade, e é ouvindo esse som que Hinata finalmente adormece. Ao acordarem somente na manhã do dia seguinte, descobriram que o cansaço foi maior do que o estimado, e agora que já estavam renovados, ambos voltaram ao trabalho normalmente; ou quase isso, já que agora, toda vez que se olhavam, Naruto via Hinata ficar absurdamente vermelha e apesar de não saber a causa disso, a encontrava extremamente fofa e sorria abobalhado para ela. Conforme os dias foram passando, eles conseguiram por tudo que estava atrasado em dia, e assim passaram duas semanas; e como fora previsto naquela doze de outubro, o inverno chegara mais cedo no País do Fogo. Dois dias depois toda Vila estava coberta de branco, pegando quase todos os cidadãos desprevenidos; foi uma correria enorme para preparar as casas, as lojas e tendas, também para encontrar os artículos da estação necessários. Alheios ao pandemônio que se instalou em Konoha, os dois habitantes da cabana estavam tranquilos, seu lar sempre estava bem abastecido e com todo o necessário para qualquer situação; tinham isso por regra, desde que moravam praticamente isolados da Vila, tinham o próprio sistema de calefação e seu reservatório de água e lenha estava completo.

Como combinado, os amigos e senseis foram visita-los alguns dias mais tarde, organizaram uma grande festa em comemoração ao aniversário de Naruto e a recuperação de Hinata, também aproveitaram para se atualizar de tudo que não sabiam sobre seus planos futuros; no final das contas, acabara sendo uma noite bem agitada, mas também muito produtiva e animada, e Naruto finalmente conseguiu relaxar. Logo a dispensa que receberam para trabalhar de casa, chegou ao fim e os dois voltaram a frequentar a divisão regularmente, participaram das patrulhas, entregaram pilhas e pilhas de documentos dos projetos que estiveram trabalhando, com todo tipo de assuntos; desde a organização final do exame Chunin, como o projeto dos novos recrutas. Foi no final de outubro, quando revisavam os informes que suas equipes enviaram sobre o andamento de suas missões, que ambos foram chamados por Tenzou.

— Recebi o relatório dos recrutas. — Ele começa quando os dois se apresenta — Tinha um nome interessante no meio, qual a opinião de vocês?

— Realmente não queremos, mas ele vai fazer de qualquer jeito. — Naruto fala sincero.

— Penso que se for ser assim, gostaríamos que ele ficasse aos nossos cuidados. — Hinata complementa.

— Seria muito proveitoso para a divisão, vi o histórico dele e seu QI é impressionante, e com seus ensinamentos, seria um enorme trunfo pra nova geração. — Tenzou dá seu parecer — Claro que ele vai começar de baixo, igual vocês dois, mas logo estará apto para fazer parte da inteligência, o que pensam?

— Seria o ideal, que não fique muito tempo trabalhando na limpeza. — Naruto aprova sombrio, seria a melhor forma.

— Podemos nos encarregar do seu cronograma inicial. — Hinata sugestiona.

— Desde que não amoleçam. — Tenzou ressalta, sabia por que os dois se preocupavam, mas ninguém podia ter privilégios, não sem merecer antes.

— É justamente o contrário, se vamos jogá-lo aos leões, vou mostrar como domá-los. — A Hyuuga responde prontamente.

— Ótimo, vamos anunciar? — Tenzou se põe em pé animado, por mais que quisesse a opinião da dupla, ele já havia aprovado os recrutas um dia antes — Esse dia será memorável!

Sabendo o que viria a seguir, Naruto e Hinata colocam seus capuzes e sus máscaras, estava na hora de receber os novatos; ao caminharem pelos corredores do primeiro piso, entraram por uma porta escondida atrás de uma coluna de pedra, ninguém além deles tinham permissão para andar naquele corredor. Ao passarem pela porta, ouvem o barulho d’água e os gritos dos prisioneiros logo abaixo, uma escada em espiral descia até o mais profundo da masmorra; Naruto nunca tentara adivinhar quantos degraus levavam até o fundo da torre, mas havia ouvido falar que eram mais de duzentos, talvez mais. Estranhamente, descer ali não demorava tanto quanto parecia, e logo os três estável no subsolo de Konoha, lugar que as pessoas felizes acima deles, nem sonhavam que existia; a sua frente os imediatos de mais alto posto se enfileiravam, e logo adiante deles, um pelotão com jovens inexperientes, uma colheita um pouco menor que do ano anterior.

Quando Neko e Kitsune são avistados, todos e cada um dos jovens, prendem as respirações e ficam rígidos, já estavam assustados por terem sido retirados de suas casas sem aviso prévio, foram vendados e amordaçados e depois jogados ali, ouviram gritos de pessoas implorando piedade e logo foram insultados de todas as formas possíveis, empurrados e amontoados naquele poço sem fim, e somente duas horas depois, foi permitido que retirassem as vendas; foi simplesmente aterrador quando viram onde estavam, e enquanto se perguntavam o que estava acontecendo, ouviram os passos fazendo eco, anunciando que alguém se aproximava, e quando os demais homens encapuzados se curvaram respeitosamente, os jovens avistaram as famosas mascaras azul e laranja, então logo se surpreenderam ao notar que os Shinobis mais temidos de Konoha, tinham praticamente sua mesma idade.

— Bem vindos! — Tenzou inicia calmamente e isso os assusta mais — Vocês que foram reunidos aqui hoje, se inscreveram previamente e foram selecionados para fazer parte da nossa divisão!

— Todos os presentes tem direito a escolha, os que decidirem ir embora, serão acompanhados por Ibiki. — Hinata sinala o sensei escorado em um dos pilares — Quem decidir ficar, será integrado imediatamente.

— Quem ficar, será designado a um tutor durante o período de aprendizagem, esse tutor será responsável por seu aprendiz até que ele esteja apto. — Naruto explica — Se decidam agora!

Surpreendentemente, nesse ano nenhum Genin ou Chunin desistiu, todos permaneceram em seus lugares, apesar de alguns tremerem feito vara verde; Hinata suspirou baixinho por sobre a máscara, sabia que alguns daqueles jovens sairão em missão dentro de poucos meses, e nunca mais voltarão para casa. Ela se conteve ao máximo para não perder a linha e mandar alguns embora, mas como tinha dito antes, eles tinham direito de escolha, não caberia a ela decidir; mordendo os lábios para se manter firme, a Hyuuga fechou os olhos e aguardou a cerimônia começar.

— Muito bem, vou chamar seus nomes e seu tutor designado lhe dará um codinome que sempre deve ser usado, vocês também não falaram nada do que acontece aqui com ninguém, do momento que decidiram ficar, são automaticamente membros da divisão, seus nomes serão informados ao Hokage e sua equipe se encarregará de organizar suas missões com seus times, de forma que não atrapalhe seu treinamento. — Tenzou explica diligentemente o funcionamento e as regras — Como e onde aconteceram as práticas, fica totalmente a cargo do tutor, muito bem agora iniciaremos a cerimônia!

Assim que Tenzou anuncia o início, todos os membros que estavam encapuzados até agora, retiram seus capuzes, revelando suas máscaras e seu uniforme, logo uma mesa é colocada diante de todos, com um enorme pergaminho em cima; um a um os jovens são chamados e designados, ganham novos nomes e suas tatuagens, e aqueles que ainda estavam assustados, quase entram em colapso quando seus tutores fazem o símbolo em seus braços. Então finalmente resta apenas um recruta, esteve o tempo todo em silêncio, nem quando os outros ao seu redor fizeram alerde ou especulavam o que estava acontecendo, ele permaneceu quieto, apenas observando tudo; seu olhar firme demonstrava o tanto que estava decidido e comprometido.

— Nara Shikamaru! — Tenzou o chama e Shikamaru caminha até a mesa obedientemente — Seus tutores serão Neko e Kitsune.

Foi como atear fogo em palha seca, em questão de segundos, toda masmorra ficara agitada, os oficiais olhavam uns aos outros completamente aturdidos e os recém integrados membros olhavam Shikamaru com as mãos diversas emoções; alguns pareciam assombrados pela conquista do Nara, outros ficaram preocupados e se perguntavam se ele ficaria bem sendo aprendiz da dupla. Realmente foi um feito histórico, em todos os anos em que estavam na divisão, eles nunca tiveram um aprendiz; alheio a todos os cochichos, Shikamaru apenas observava os dois amigos se aproximando, era realmente impressionante e abrumador estar diante deles daquela forma.

— Escreva seu nome no pergaminho. — Naruto ordena e o Nara cumpre de imediato.

— Agora você será Karasu! — Hinata nomeia e então, ela e Naruto juntam suas mãos lado a lado — Erga a manga do braço esquerdo.

A diferença dos demais, que ganharam as tatuagens através do pincel que seu tutor empunhava, Shikamaru receberia a sua de um selamento, logo que as mãos da dupla começaram a se mover em sincronia, as linhas vermelhas surgiram no braço do Nara; nessa hora ele agradeceu ter sido o último e poder ter visto os outros recebendo a sua, já que perceberá de antemão o quanto aquilo doía, teve que cerrar os dentes para não gritar de dor. Queria entender como Naruto e Hinata aguentaram aquilo com apenas sete anos, e mais uma vez ficou assombrado com o tanto de coisas que os amigos estiveram suportando; quando a última linha foi gravada em sua carne, Shikamaru voltou a respirar normalmente.

— Todos vocês, acompanhem seus tutores, eles lhes darão as próximas instruções. — Tenzou encerra a cerimônia.

Como existia uma hierarquia bem rígida na divisão, o Capitão deixou a masmorra primeiro, voltando a subir as escadas, e logo a dupla de Tenentes também se retirou, com Shikamaru os seguindo de perto; mas quando olhou para trás, procurando os outros recrutas, os viu seguindo seus tutores por outra porta. Achou aquilo confuso, mas como não sabia se poderia questionar ali, apenas caminhou em silêncio observando e tentando assimilar tudo que podia; conforme iam subindo a longa escadaria, os prisioneiros que antes estavam gritando e pedindo clemência, agora se afastavam das grades e se encolhiam na escuridão de suas celas, sempre e quando avistavam Naruto e Hinata. Quando por fim saíram da masmorra, entraram novamente no corredor e se dirigiram para sua sala, assim que a porta se fecha, ambos retiram seus capuzes e as máscaras; é então que dirigem seus olhares para Shikamaru, antes de dizer qualquer coisa, abraçam o amigo e ficam os três assim por bons minutos.

— Agora já pode fazer perguntas. — Naruto diz se recostando em sua cadeira.

— Aquelas pessoas nas celas, todas elas ouviram nossos nomes. — Shikamaru comenta o primeiro que lhe preocupava.

— Nenhum deles sairá dali vivo. — Hinata responde de pronto — Te aconselho a não se importar com eles, são todos os prisioneiros que usaremos para ensiná-los a interrogar, dissecar um corpo ou simplesmente matar.

Bastante impactado com a frieza da amiga, que sempre fora doce e gentil, o Nara pisca várias vezes, processando a informação, e logo pensa em outra pergunta.

— Por que minha tatuagem é diferente? — indaga em seguida.

— Resolvemos te oficializar do mesmo jeito que Kakashi fez conosco. — Naruto conta enquanto Hinata abre um armário — É uma técnica antiga, os mais novos não gostam de usar por que acham complicada, mas tem um significado especial quando um tutor sela a tatuagem do aprendiz.

— Como garantem que ninguém fale nada do que vê aqui? — Shikamaru pergunta sentindo sua garganta arranhar.

— Quando assinou o pergaminho, ganhou um selo de bloqueio, enquanto for aprendiz não poderá falar de nada disso com alguém que não está dentro. — Hinata conta e para a frente de Shikamaru, medindo algumas peças nele — Acho que essas vão servir, pelo menos até você terminar o treinamento, semana que vem serão entregues as máscaras, já que precisamos fabricá-las de acordo com seu codinome.

— Por quê Karasu? — Shikamaru pede intrigado.

— Por que é inteligente. — Os dois falam juntos e acabam rindo.

— Mais alguma coisa? — Hinata o olha inquisitiva.

— Por que só vocês subiram as escadas? — dessa vez ele nota que perguntara algo sério.

— Somente o Capitão e o Tenente têm acesso a esse corredor, no nosso caso, os Tenentes. — Naruto conta — Se não estiver comigo ou com Hinata, você nunca deve entrar aqui, será considerado um espião e morto na hora.

— Existem muitos segredos de estado guardados nessa área, documentos perigosos e investigações secretas da Vila, tudo que não queremos que o inimigo saiba, está aqui. — Hinata termina a explicação — Por isso nunca entre aqui sem a gente, Tenzou as vezes bota os recrutas a prova e os manda vir até aqui, você nunca deve obedecer, nem se ele tentar te persuadir com sua posição aqui dentro! Essa é uma regra absoluta, Shikamaru!

— Alguém já entrou, não é? — o Nara rapidamente conclui.

— Que bom que entendeu! — Naruto rebate e a expressão no seu rosto é aterrorizante.

Em questão de segundos, Shikamaru entende como eles sabiam de tudo aquilo, e mais uma vez a realidade bateu em sua cara, não conseguia nem imaginar quão desesperador, ou quão asqueroso e agonizante, ser obrigado a seguir as ordens e assassinar os próprios companheiros; internamente o Nara fez uma oração silenciosa, para nunca precisar passar pelo mesmo, e se perguntava quanto mais ficaria sombria a história dos seus dois grandes amigos. O restante daquela reunião, a dupla usou para instruir Shikamaru sobre como seria a dinâmica de treinamentos e missões; e como não tinham tempo a perder, começariam naquela noite mesmo, assim que saíram dali, os três se dirigiram até a cabana, onde iniciarem o árduo caminho que o amigo percorreria.

Os dias se transformaram em meses, e logo a neve que cobria a Vila era tão expeça, que mal se podia caminhar pelas ruas, e usando a estação a seu favor, a dupla treinou e doutrinou seu aprendiz para aguentar as mais diversas situações, todo conhecimento que adquiriram dos seus senseis, foi compactado com a ajuda da experiência e passado a Shikamaru; e graças ao intelecto superior dele, foi capaz de evoluir rápido e de assimilar melhor seus deveres. Um ponto complicado como a dupla previra, foram os interrogatórios, o amigo não conseguia se libertar de suas emoções nesses momentos e as fazes não conseguia ir adiante; até que Naruto mudou a tática de ensino, antes de mandar Shikamaru interrogar o prisioneiro, o colocava em um Genjutsu, onde o Nara via em primeira mão os crimes cometidos pela pessoa. Depois que descobriram essa possibilidade, ficaram satisfeitos de ver que o amigo já não se sensibilizava mais com os choros e lamentos; e quando por fim conseguiu executar um prisioneiro depois de obter toda informação, e sem que Naruto e Hinata lhe dessem a ordem, Shikamaru estava pronto para participar de uma missão razoável.

Durante esse período, por mais que as pessoas não passassem tanto tempo como antes nas ruas, a fofoca do que ocorrera no julgamento de Sasuke e dos conselheiros, se espalhou exitosamente por todo o País do Fogo; tanto que certo dia, apesar da nevasca do lado de fora, um corvo bicava a janela da sala. Era lógico que quando ouvisse as notícias, Itachi iria querer saber o que aconteceu, e já esperando por isso, Naruto deixara a carta pronto, apenas esperando que o sensei enviasse o animal, já não poderiam saber por onde ele andaria no momento; no outro dia, assim que o sol despontou no céu, o corvo fora enviado de volta ao dono, com a resposta bem segura na perna. Apesar de sua rotina estar mais apertada e sem muitas brechas, Naruto conseguiu arrumar tempo para continuar seu próprio treinamento com Kurama, e agora que vivia dias tranquilos sem ser importunado por um certo alguém, o Uzumaki finalmente conseguira chegar a sexta cauda sem problemas; esse feito foi comemorado entusiasticamente por ele e Hinata, que pela primeira vez em dias, estavam sozinhos em casa.

— Estou cansado, mas feliz. — Naruto comenta estirado no sofá.

— Eu sei, mas é bom descansar por uns dias agora. — Ela aconselha enquanto mexe a panela de ramén especial que estava fazendo — Kurama disse que pode ficar mais perigoso agora.

— Sim, sim, agora você está ouvindo isso? — ele pergunta e a vê franzindo o cenho confundida — Não tem barulho, né? É bom ter um dia sem ninguém por perto, acho que não ficamos só nós desde o seu aniversário, não é?

— Acho que sim. — Hinata concorda surpresa — Como a gente estava ocupado.

— Eu só quero que a prova Chunin chegue logo, depois disso a gente vai poder folgar de verdade. — Naruto fala e se coloca ao lado dela para lhe dar um abraço — Gosto quando o pessoal vem aqui, mas prefiro quando somos só você e eu.

Vendo como Naruto estava mais alto e estava mudando um pouco suas feições, Hinata se dá conta de que o tempo estava passando rapidamente, sentia o coração palpitando fortemente, enquanto sentia o aroma amadeirado que tanto adorava; então aquele tesouro que ela guardava com todo carinho, voltou a passar nitidamente diante de seus olhos.

— Talvez um dia, não sejamos só eu e você. — Ela sussurra baixinho, relembrando aquela voz fininha que as vezes vinha chama-la em seus sonhos.


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