O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 21
A Gente


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Tudo bem? Espero que todos estejam bem!
Muito obrigada a todos que comentaram, que estão acompanhando e que favoritaram essa fic! Muito obrigada de coração a todos!
Desculpem a demora. E agora mais um capítulo pra vocês, espero que gostem!
Bjus e até o próximo.



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A noite já cobria com seu manto negro, toda Konoha, o vento fresco de primavera varria as folhas e flores pelo chão, e trazia a todas as residências, o aroma adocicado e suave das primeiras flores da estação; a Vila toda estava em festa, até mesmo os turistas estavam alvoroçados juntamente com os habitantes, crianças corriam pelas ruas, com lanternas flutuantes nas mãos e máscaras de gatos e raposas nos rostos. As notícias haviam chegado antes deles, antes que pudessem entregar seus relatórios sobre a sua expedição até a fronteira do País do Fogo, e sua intervenção na missão do Time Sete; toda Konohagakure já sabia que Neko e Kitsune haviam salvado o time de Kakashi e que eliminaram um dos Nukenins mais temido de todos os tempos, Momochi Zabuza, o demônio da névoa oculta, e que haviam trazido glória mais uma vez à Konoha. Ao chegarem aos portões da Vila, a gritaria e algazarra era tanta, que os quatro ANBUS pensaram que se tratava de um ataque ou revolta interna, e imediatamente seus pensamentos se voltaram preocupados para o clã Uchiha; por isso eles se colocaram a correr pelas ruas vazias e apagadas do portão sul, indo em direção ao centro de Konoha, onde todo barulho se concentrava, e ao chegarem lá, espantaram a multidão. Quando os habitantes avistaram os quatro, e reconheceram as máscaras laranja e azul, o choque foi o primeiro que sentiram foi o choque, logo a incredulidade e por fim a euforia; não havia dúvidas, aqueles dois adolescentes eram seus misteriosos heróis, tinham retornado a Vila e estavam bem diante de seus olhos.

— Eles estão aqui, eles chegaram! — uma senhora grita eufórica.

Ninguém sabia o que fazer, foi algo totalmente fora do previsto, jamais pensaram que Konoha organizaria um festival por seus feitos, ou que acabariam no meio dele assim; para os habitantes também não era diferente, estavam surpresos por descobrir que os Shinobis temidos de Konoha, eram na verdade dois jovens que mal deixaram a infância, e ao constatar isso, sentiram um arrepio por seus corpos, ao imaginar a idade que a dupla tinha quando ingressara na ANBU. Era assustador imaginar, aterrador pensar o que fizeram em tão pouca idade, algumas mulheres sentiram ânsias quando ouviram os sussurros dos mais próximos, todos sentiram medo; a situação era tensa e podia virar uma catástrofe ao menor passo em falso, e só piorou quando uma garotinha com menos de cinco anos, correu do meio da multidão e abraçou as pernas de Kitsune.

— Onii-chan! — ela grita alegríssima erguendo os braços — Onii-chan salvou Nene! Salvou Otousan e Okaasan!

Naruto reconheceu aquela pequena, ele e Hinata haviam retirado ela e sua família de um pequeno vilarejo que fora incendiado por bandidos, vendo o sorriso genuíno da menina, ele agiu naturalmente e a pegou nos braços como ela queria; todos na multidão prenderam a respiração, com medo do que aconteceria.

— Você está bem agora, pequenina? — a voz rouca de Kitsune é ouvida perfeitamente no silêncio sepulcral que se instaurou.

— Sim, Nene está feliz! — a garotinha fala alto e abraça Naruto, para espanto geral — Nene queria ver onii-chan!

— Nene, cadê seu Otousan e seu Okaasan? — a voz melodiosa de Neko se faz presente, chamando a atenção da pequena.

— Ali, comprando doce pra Nene. — A pequena aponta a barraca de dangos felizmente — Nene quer onee-chan também.

Gargalhando um pouco pelo jeito desinibido da menina, Hinata a pega atendendo seus desejos, e como Naruto recebe um abraço apertado, seguido de um beijo em sua máscara, causando uma gostosa gargalhada em Naruto; ao escutarem os dois rindo e se divertindo com a pequena menina, os demais aldeões relaxam e se emocionam também, eles eram os assassinos especiais de Konoha, mas eram também apenas jovens com sentimentos igual a todo mundo, e muitas vezes tiveram que renunciar sua juventude pelo bem de todos eles. Logo os pais da menina apareceram, ela havia escapado deles enquanto compravam os doces, assim que ouvira a senhora gritando que Neko e Kitsune estavam ali; os dois adultos também se emocionam ao vê-los ali, lembrando daquela hora de desespero que viveram. Naquele dia, quando os bandidos chegaram ao vilarejo, roubaram tudo que tinham e logo atearam fogo, os outros habitantes fugiram em pânico, e não ouviram os gritos daquele pai que ficara preso com a mulher e a filha, no deposito que desmoronava; quando percebeu que ninguém podia ouvi-los, o homem abraçou as duas e se encolheu em um canto ainda intacto, sussurrando entre o choro que tudo ficaria bem, para que sua amada e sua bebê não sentissem o desespero da morte. Foi quando uma rajada de vento poderosa, quebrou a janela superior do armazém, então ele os viu, o primeiro a entrar foi o garoto e depois a garota, ela pegou Nene firmemente em seus braços e a envolveu com uma manta molhada e correu por entre as chamas que já os alcançava, quando o garoto gritou para que tapassem os narizes e se segurassem nele, eles atravessaram a parede de fogo em segurança, envoltos por um manto vermelho; a porta bloqueada do armazém fora feita em pedaços por uma foice de vento tão forte, que estilhaços de madeira foram jogados a cinquenta metros de distância. O homem se lembrava perfeitamente do momento em que estavam do lado de fora, do cuidado que os dois tiveram com sua família, tratando suas feridas os instruindo a ir para Konoha, onde seriam acolhidos pelo Hokage em nome deles; e lembrava principalmente de Neko cantando calmamente uma canção de ninar, para acalmar sua filha que chorava a plenos pulmões, e a embalara em seus braços até que a bebê dormira. Em nenhum momento os dois foram bruscos com eles, ou se irritaram pelo choro de sua filha, ou pela tremedeira de sua esposa, aqueles dois desconhecidos estavam genuinamente preocupados com eles, e lhes mostraram mais gentileza do que qualquer outro; por isso agora, aquele homem abraçava os dois sem medo algum, enquanto chorava de alegria por revê-los.

— Obrigado, muito obrigado! — Saito agradece entre o choro.

— Está tudo bem agora, vocês viverão bem! — Naruto fala tranquilamente e dá palmadinhas no ombro dele, para acalmá-lo.

— Vocês, dois estavam lá também? — Miko, pergunta a Sai e Shikamaru, também queria agradece-los.

— Não senhora. — Shikamaru responde e não consegue esconder o orgulho na voz — Nos tornamos seus aprendizes há pouco tempo!

— Mesmo assim, muito obrigada, por tudo que farão! — ela agradece abraçando a filha.

Como Naruto e Hinata, Sai e Shikamaru foram abraçados pelo casal e ganharam a simpatia da garotinha; os demais habitantes que assistiam tudo emocionados, estavam vendo em primeira mão o lado humano de seus salvadores.

— Tenentes! — um ANBU para a frente da dupla e se abaixa, mostrando respeito — O Capitão os aguarda na sala do Sandaime, Tora e Karasu devem se apresentar também.

— Obrigado Kanzaki, estamos a caminho. — Naruto agradece e dispensa o rapaz.

— Precisamos ir agora. — Hinata fala e os quatro se afastam da família.

Antes que alguém na multidão possa dizer alguma coisa, eles somem num Shunshin, reaparecendo logo em seguida há quilômetros dali, no parapeito da janela da sala de Hiruzen; o velho Hokage os aguardava sorrindo, Tenzou também estava visivelmente feliz, e isso era um feito e tanto, já que suas expressões eram simplesmente indecifráveis. Hiruzen sabia que os dois estavam confusos, mas queria que a dupla fosse reconhecida e nada melhor que um festival para isso, afinal era mais que merecido; depois daquele dia, pelos anos seguintes, Konoha também celebraria o dia de Neko e Kitsune. Envergonhados por receber elogios diretamente de Hiruzen e Tenzou, eles dão seu relatório o mais preciso e rapidamente que podem, sentindo seus rostos vermelhíssimos; não estavam acostumados a ser o centro das atenções, não com tantas pessoas os observando. Após receber seu pagamento e uma bonificação a mais, os quatro deixam o prédio, aquelas duas semanas que ficaram longe de casa, foram terrivelmente cansativas, mas também muito gratificantes; ver todas as pessoas que os aguardavam e confiavam neles, saber que puderam ajudar todas elas, era o melhor pagamento do mundo. Eles se despediram dos dois amigos e também lhes deram alguns dias de folga, antes de voltarem a rotina e correria que era sua vida agora; conforme vão caminhando e se afastando, os barulhos do festival vão diminuindo, logo as construções somem, dando lugar as árvores e arbustos que rodeavam sua amada casa. Não demorou muito para chegarem à clareira, então avistaram sua pequena e aconchegante cabana, iluminada apenas pela luz da lua, que brilhava tão magnificamente àquela noite; ao entrarem em casa, acenderam apenas um abajur na sala, se revezaram para usar o banheiro e logo se aconchegaram em sua cama quentinha, que parecia os estar aguardando voltar, tão confortável que estava, cair no sono foi com cair num Genjutsu, rápido e fácil.

Ao amanhecer do novo dia, Naruto logo foi despertado pelo canto alegremente barulhento dos pássaros, que naquela época do ano, estavam mais agitados que em qualquer outra; e também por que sentia seu estômago protestando como nunca. Na noite anterior, os dois estavam tão cansados, que a única coisa que conseguiram fazer antes de dormir, foi tomar um banho bem quente; mas agora que o sono estava em dia, faltava sua fome ser saciada. Pensando que Hinata também acordaria faminta, Naruto levanta da cama se arrastando, estava dolorido e com preguiça, mas para ela não haveria nada impossível, mesmo que tivesse que ir se arrastando, faria um café da manhã caprichosamente para esperar Hinata; enquanto fazia torradas com bastante manteiga como ela gostava, e o matcha sem adoçante, Naruto sorria e assoviava ao imaginar a expressão que Hinata faria ao ver o banquete que tinha lhe preparado. Foi quando ele se lembrou da expressão muito linda que ela havia feito recentemente, com seus olhos de lua brilhantes pelas lágrimas que escorriam por seu rosto, e o sorriso em seus lábios, tão genuinamente lindo, que parecia uma obra de arte; então Naruto se lembra do motivo que a fizera fazer esse tipo de expressão e entra em pânico; entre toda correria que haviam sido suas vidas ultimamente, havia se esquecido completamente daquele pequeno detalhe, e agora não sabia o que fazer, suas mãos começaram a suar e ele acaba fazendo uma meleca com os ovos fritos.

— Você precisa se acalmar, seu idiota! — ele escuta a voz rosnenta de Kurama em seu interior.

— Se não vai me ajudar, fica quieto. — Naruto retruca nervoso.

— Mas a Hyuuguinha já disse que também te ama, o que tem de difícil nisso? — Kurama provoca apenas para vê-lo mais nervoso.

— O problema é que agora não sei o que fazer, como as coisas ficam? — Naruto pede e puxa seus próprios cabelos, em frustração.

— Vocês só têm que conversar, nada se resolve sem conversa. — Kurama aconselha, sentia que seu portador iria desmaiar a qualquer momento.

— Você acha? — o Uzumaki pergunta, e mesmo no estado em que estava, conseguiu terminar o café sem mais problemas.

— Claro que sim, idiota! Agora uma coisa mais importante. — A raposa sem vergonha fala, fazendo suspense.

— O que é? — Naruto se agarra aquela frase, como sua tábua de salvação.

— Naruto tá namorando, tá namorando, tá namorando... — a enorme raposa continua cantarolando essa letra em sua cela, suas nove caudas balançando com seu corpozarrão.

— Cala essa boca Kurama, raposa estúpida! — Naruto xinga ficando muito vermelho, fazendo Kurama gargalhar muito.

Depois de ouvir a Kyuubi fazendo piada com ele, Naruto deixou de falar com a raposa, se concentrou em por a mesa e ignorou as risadas que ouvia da besta; ainda sentia seu corpo mole e cansado, então decidiu tomar um banho para se despertar, e como se precisasse se manter ocupado para não pensar, o Uzumaki passa a fazer uma limpeza na casa, deixou inclusive a roupa limpa, mas quando terminou, não era nem oito e meia. Assim que ele se sentou na porta da frente, vendo como o jardim que Hinata cuidava estava lindo aquele ano, e apreciando verdadeiramente o espetáculo que via diante dos seus olhos, Naruto finalmente conseguiu se acalmar; estava feliz observando como pequenos beija-flor, nem se importavam mais com sua presença, sobrevoavam cada uma e todas as flores daquele jardim, e no centro da clareira, estava a cerejeira que sempre mantiveram o balanço de Hinata, Naruto já a podia imaginar ali, se embalando graciosamente como sempre fazia, com as pétalas rosadas caindo sobre ela como mágica, se embrenhando em seus cabelos sedosos e a gostosa gargalhada que ela daria ao subir até o topo. Estava sorrindo como bobo, pensando em como Hinata estaria linda assim, sendo beijada pelo sol e pelo vento, sentia até inveja das folhas e flores que caiam sobre ela; estava distraído assim, quando sentiu seu pescoço ser abraçado por braços delicados e o aroma de begônias tão típico dela o envolveu.

— Hi-Hi-Hi-Hina, já acordou é? — Naruto fala nervoso — E-e-e-e-eu fiz o café, vamos comer?

— E o meu bom dia? — Hinata pede e antes que ele pense direito, o abraça apertado e beija seu rosto.

Naruto fica congelado no lugar, o rosto igual a uma pimenta, as mãos tremendo, a respiração irregular e o coração na garganta, parecia ter corrido uma maratona, enquanto que Hinata o fitava tranquilamente, e logo ficara confusa com a reação dele, franzindo o cenho; para Naruto ficou claro que ela não tinha lembrado de tudo, era só mais um dia normal na vida deles, mas ele sabia que precisavam aclarar aquele assunto, antes que ela se lembrasse sozinha e as coisas ficassem estranhas entre eles, por mais que morresse de vergonha.

— Hi... — ele tenta falar, mas sua voz quebra — Hina, acho que a gente precisa conversar.

— O que aconteceu, Naruto? — Hinata pergunta confusa.

— Você não lembra do dia, antes da gente sair de missão? — ele pede olhando pro chão, mal podia falar de tanto que seu coração batia.

— Sim, claro que lembro, a gente ficou de vigia na prisão, e depois Shikamaru interrogou um dos peões do Kabuto, a gente organizou a expedição e tudo aquele dia. — Hinata relembra, enumerando os fatos em ordem cronológica.

— Sim, mas antes a gente foi almoçar no Ichiraku, você lembra o que aconteceu lá, Hina? — Naruto a induz a conclusão, ainda não conseguia olhar nos olhos dela.

— Ah sim, a gente encontrou a Haruno aquele dia né? Tá preocupado com o que ela disse? Não se preocupa com isso, Naruto! Quando eu precisei, você me defendeu e... — é nessa hora que Hinata se dá conta do que ele estava falando, imediatamente fica vermelha e se vira de costas para esconder o rosto.

Finalmente recordara os acontecimentos daquele dia, a briga com Sakura, as palavras cruéis dela e a forma como Naruto a defendera e cada silaba do que ele dissera depois, assim como ela mesma, que não conseguiu impedir que as palavras saíssem de sua boca; lembrava de ter ficado tão emocionada, que mal podia conter o rosto inexpressivo durante o trabalho, e até Shikamaru rira deles, mas tudo aquilo foi esquecido, depois do acidente que viram acontecer no final do dia.

— É verdade? — a Hyuuga pergunta com o coração aos pulos, fechando os olhos com força para ouvir a resposta.

— Sim. — O Uzumaki sussurra baixinho, e nem notara que seus olhos estavam marejados.

— De que forma? — Hinata questiona insegura.

— Não é como antes. — Naruto responde de presa, e gentilmente a vira de forma que o olhe diretamente — Não sei explicar, a gente sempre foi tão unido, tão amigos, e quando vi, eu não gostava nem um pouco quando você sorria pra outros garotos, seu sorriso tinha que ser só meu, seus olhos tinham que ver somente a mim, você era minha muito antes de eu me dar conta, meu coração doía só de imaginar que um dia poderia ir embora.

— Mas ainda é igual a antes, eu sempre fui sua amiga, e só sua antes de qualquer outra amizade. — Hinata ressalta, a essa altura também estava chorando.

— É diferente! — Naruto afirma decidido, se tinha que contar, contaria tudo — Eu não sinto pela Ino, o mesmo que sinto por você, eu não vejo as outras garotas como vejo você, e só de imaginar que um dia você poderia viver com outra pessoa, ser de outra pessoa, eu sinto vontade de matar alguém que nem existe! Eu vejo você não somente como minha amiga, eu amo você daquela forma diferente que Kurenai-sensei ensinou pra gente, Hinata! E como ela ensinou aquele dia, é de um jeito especial e único, e agora entendo o que ela nos disse, mas do mesmo jeito que antes, eu ainda quero e pretendo ter um casamento com você!

Vendo os olhos azuis dele tão brilhantes, cheios de lágrimas e o sorriso tão lindo em seus lábios, acompanhados de suas bochechas rosadas, aquele olhar meigo tão expressivo, era tudo que Hinata precisava para entender o que ele dizia; então sem aviso, a Hyuuga apenas o abraçou entre o choro, ouvia seu coração acelerado no peito, e quando sentiu os braços dele a abraçando de volta, tudo que estava solto e incompleto dentro dela, encontrou seu lugar.

— Eu também amo você, Naruto. — Hinata confessa escondendo o rosto no peito dele.

— O que a gente é agora, Hina? — Naruto pergunta, beijando seus cabelos, seu rosto estava corado e agradeceu por poderem falar daquela maneira — A gente está namorando?

Ele pregunta e logo prende a respiração, sentia que iria desmaiar a qualquer momento.

— Eu não sei, não sei o que vem agora, é isso que quer? — Hinata fala baixo, igualmente nervosa e feliz, quando o sente balançar a cabeça em afirmação, seu coração se agita novamente — Então sim, acho que estamos namorando.

Em meio ao nervoso de suas descobertas, eles gargalham alto, tentando colocar as emoções em ordem, ainda que faltassem muitas coisas por entender, estava bem assim, com esse começo já era mais que suficiente.

— Então minha companheira, minha amiga, meu par e finalmente, minha amada. — Naruto fala com carinho e alegria mal contidos na voz.

Afastando-se apenas poucos centímetros, eles se olham e sorriem amplamente um para o outro, Hinata toma coragem e toca o rosto de Naruto, aquele rosto que sempre esteve voltado só para ela, que era só dela; era satisfatório saber que àquela expressão e aquele sorriso, eram todos seus. Ainda constrangidos eles juntam suas testas, e então sentindo mais vergonha do que nunca, fecham seus olhos e tocam seus lábios um no outro minimamente, curiosos e acanhados ao mesmo tempo, mas imensamente felizes.

— É assim? — Hinata pergunta com o rosto abaixado.

— Não sei, mas Kurenai-sensei e Asuma-sensei fizeram assim, né? — Naruto responde incerto e logo acrescenta — Mas é bom!

Sem saber como agir ou o que fazer depois do pequeno primeiro beijo, eles caminham em silêncio até a mesa para tomar o café da manhã, e mesmo ter certeza de como era que se devia agir agora, os dois conversaram e riram juntos, além de ponderar e discutir suas opiniões sobre sua expedição e as descobertas que fizeram pelo caminho; logo depois estavam ajustando seus planos para os exames Chunin, que aconteceriam dali alguns dias. Quando percebem que podem agir normalmente, que nada seria diferente, e que suas vidas seriam exatamente como antes, eles finalmente relaxam; descobriram que o único diferencial, era que agora sabiam os sentimentos um do outro, e que sua relação tinha evoluído outra vez. Agora mais descontraídos, eles organizam a cozinha e decidem descansar mais um pouco, estavam cansados ainda e como sempre gostaram de fazer depois das missões, voltaram a dormir; aquele ato tão corriqueiro que faziam todos os dias, e se repetia e repetia, dessa vez tinha um sentimento especial junto, aquela sensação gostosa de poder estar junto de quem ama, ser feliz por isso e poder demonstrar abertamente.

Durante a tarde, Hinata acordou primeiro, e como Naruto tinha feito todo o serviço da casa pela manhã, ela não tinha o que fazer, então decidiu dar uma volta pela floresta, tentando encontrar novas mudas de plantas e flores para o seu jardim; ela caminhou por bons minutos, mas valeu a pena, a caminhada lhe rendeu lindos girassóis, que ela retirara do chão com todo cuidado, preservando ao máximo, suas raízes. Ela retornou para casa contente e imediatamente se colocou a preparar o canteiro onde os plantaria, preparou bem a terra e usou bastante adubo, para que a muda resistisse a transição; quando estava terminando de cobrir as raízes, Hinata sentiu aquela a aproximação dele e logo o viu se abaixando ao seu lado, estava com o rosto um pouco amaçado e os olhos azuis pequenininhos pelo sono, mas incrivelmente lindo assim.

— Hina, por que levantou tão cedo? — Naruto pergunta, escorando a cabeça nos ombros dela.

— Só acordei, já estava descansada. — Hinata responde tranquila.

— Mas Hina, eu não gosto nada de dormir sozinho. — O Uzumaki se queixa fazendo manha, ele sabia ser bem dengoso quando queria.

— Naruto, não faz drama. — A Hyuuga replica, tentando não olhar pra carinha de tristeza que ele fez.

— Que má Hina, minha namorada é muito má. — Ele fala espontaneamente, fazendo a alma de Hinata sair do corpo e voltar no mesmo segundo.

E como se não bastasse estar usando do seu sorriso encantador, Naruto ainda dá um beijinho na bochecha de Hinata, tão naturalmente quanto respirar.

— Vo-v-vo-você é um sem vergonha, Uzumaki! — Hinata xinga escondendo o rosto nas mãos.

— Foi o Kurama que disse pra eu fazer! — Naruto dedura imediatamente, as bochechas numa vermelhidão que podia ser confundida com febre, pensaram que ela tinha ficado brava.

— O que disse? — Hinata pergunta confundida.

— Kurama disse pra eu falar assim e fazer um carinho, disse que você ia gostar. — Naruto responde de cabeça baixa, agora estava começando a ficar triste.

— Eu gostei, só fiquei com vergonha. — Hinata solta imediatamente após ver o jeito desanimado dele.

Em cinco minutos, as emoções de Naruto tinham variado entre alegria, confusão, nervosismo, medo e logo euforia, se fosse uma pessoa mais descontrolada, teria surtado no primeiro minuto; depois de ajudar Hinata a regar sua nova planta e as demais que compunham seu jardim, eles buscam duas cadeiras dentro de casa e ficam apenas sentados na frente de casa, aproveitando a tranquilidade e admirando a paisagem. Naruto tentava resolver um jogo de logica que viera na edição do jornal da semana, e Hinata estava entretida em terminar de tecer a nova cortina para a sala; o restante do seu sábado fora tranquilo e relaxante, tudo que precisavam para estar prontos para sua segunda, quando começariam sua correria novamente.

O domingo amanhecera imensamente lindo, com um sol brilhante que iluminava a floresta num amarelo cheio de vida, e na cabana como sempre, os moradores amanheceram animados e ansiosos; afinal o domingo era o dia da semana que dedicavam apenas para sua família, era o dia que Konohamaru e Hanabi passavam inteiramente com eles. Assim eles preparam tudo para a chegada dos dois, os jogos, os brinquedos e as guloseimas que os pequenos mais gostavam; e não aguentando a ansiedade, antes do horário combinado, resolveram ir a Vila buscar os dois, para que pudessem aproveitar melhor o dia e fazer uma surpresa, faziam dias que não os viam. O primeiro que buscaram, fora Konohamaru, que no momento de sua chegada, estava dormindo em cima das panquecas no seu prato, mas quando ouviu que Naruto estava ali para busca-lo, saiu correndo com o café ainda grudado no rosto; depois se dirigiram para o clã Hyuuga, ouvindo a animação do pequeno Sarutobi, ao escutar que naquele dia, Naruto o ensinaria a pescar. O único, porém, Hanabi não os esperava no portão como de costume, e não tinha como ela não saber que iriam naquele dia, haviam avisado que sairiam de missão por duas semanas e que quando voltassem, a buscariam no primeiro domingo após sua chegada; pensando que talvez tenham saído de casa cedo demais, resolveram espera-la um pouco, mas começaram a se preocupar quando a pequena não apareceu depois de uma hora. Pensaram que talvez Hanabi estivesse doente, mas não tinham como ter certeza, Hinata sabia que o guarda não lhe daria qualquer informação, eles agiam como se a Hyuuga não existisse; por isso decidiu usar seu Byakugan e verificar o que acontecia, e o que viu, fez seu sangue ferver.

— Naruto, fique aqui com Konohamaru, eu vou buscar minha irmã. — Hinata sibila, suas mãos tremiam tanto, que ela parecia estar tendo um ataque.

— Hina? — Naruto ficara completamente confuso.

— Apenas faça o que pedi e confie em mim. — A Hyuuga estava furiosa, deixando transparecer até mesmo a personalidade que ela tinha quando usava a máscara do gato.

Ignorando os protestos do guarda, Hinata avança para o portão decidida, e quando ele tenta impedi-la, o punho gentil quase explode seu coração e ele cai no chão cuspindo sangue; com seu chicote d’água aperfeiçoado pela liberação de gelo, Hinata arrebenta as portas do clã, e ali no meio do pátio central, estava a cena que a fizera ficar tão furiosa. Caída no chão e encolhida em posição fetal, estava Hanabi, que era agredida com varas por alguns adultos do clã, enquanto Hiromi apenas assistia em pé; a Hyuuga não precisava de qualquer explicação para saber o que era aquilo, havia vivido e sentido na pele exatamente a mesma coisa, aquela punição por falhar no treinamento. Antes que qualquer um deles notar sua presença, ela usa o Hakke Kūhekishō e arremessa dois deles longe, é quando é vista, mas já era tarde; Hinata havia tido tempo de concentrar muito chakra em suas mãos, e agora simplesmente explode a garganta dos dois homens. Ela então se vira para sua mãe, apesar do choque de ver o que Hinata fizera, Hiromi já estava em posição de luta, pronta para enfrentar a filha mais velha; mas o que a matriarca Hyuuga não imaginara, é que o estilo Hyuuga de Hinata, era muito superior ao dela, e antes que percebesse, as sessenta e quatro palmas dos punhos gentis foram usadas nela, a deixando como farrapo no chão.

— Seu monstro! — Hinata grita furiosa, o rosto completamente distorcido pela raiva — Você só tinha que nos amar, só tinha que nos proteger, só precisava ser nossa mãe!

Ela grita e soca a cara de Hiromi, que não pode nem se defender com seus Tenketsus fechados e seus braços incapacitados, mas isso não minimizou a fúria de Hinata; ela bateu no rosto, nas pernas, nos braços, na barriga, não teve uma região do corpo de Hiromi que escapara dos golpes violentos de Hinata. Ela estava tão fora de si, que não vira a multidão que se juntara ao redor dela, mas nenhum deles com coragem o suficiente para impedi-la; enquanto batia na mãe, Hinata chorava, chorava pela irmã, chorava por não ter descoberto isso antes, chorava por ela mesma e pelos anos em que sofrera com as atrocidades de Hiromi. Ela bateu na mãe até suas mãos ficarem em carne viva, até seu sangue se misturar ao dela, até seus braços arderam de tanto se mover, e ainda não era suficiente para aplacar sua fúria; em meio àquele desespero angustiante, Hinata socou as duas mãos no peito de Hiromi, onde deveria ter um coração e gritou, era um grito tão parecido com o uivo de um animal ferido, era doído e agonizante, ela gritou e chorou olhando para o céu, gritou sua dor, seu desalento; chorou toda dor que viera guardando, toda falta de amor e abandono que sofrera dos pais, ela continuou uivando sentida, aquela ferida que doía e latejava, e foi esvaziando seu peito e prometendo que nunca mais deixaria àquela mulher vê-la chorando. Hinata estava ali, sentada na terra, as mãos cheias de sangue e a visão turva pelo choro, se sentia tão pequena, e aquela bola em sua garganta parecia que iria sufoca-la, seu choro iria sufoca-la; então a sensação foi embora, quando sentiu aqueles braços a envolvendo, sentiu o calor dele e soube que voltara a estar segura e completa.

— Está tudo bem agora, Hinata. — Naruto falou baixinho para ela, a consolando e alentando — Estou aqui com você, nós vamos ir para casa.

— Hanabi... — Hinata mal fala.

— Já estou com ela, nós quatro vamos todos pra casa agora. — Naruto a acalma, e com todo cuidado, a ergue em seus braços para saírem dali.

O Uzumaki caminha pelas ruas de Konoha com ela em seus braços, sem se importar com a atenção que recebiam ou que as pessoas falariam sobre isso por semanas, tudo que lhe importava era Hinata, e os soluços contidos que ela tentava esconder dele; caminhando junto a ele, um clone trazia a pequena Hanabi ainda desacordada em seu colo, e Konohamaru os seguia apreensivo, era inteligente o bastante para saber que algo grave ocorrera com as duas. Ao chegarem em casa, Naruto tratou Hanabi e logo Hinata, colocou as duas deitadas na cama e as cobriu com uma manta, ficou um bom tempo acariciando os cabelos de Hinata, até que ela dormisse abraçada fortemente na irmã; quando saiu do quarto, ele enviou um pergaminho ao Hokage informando tudo que ocorrera e depois tratou de apaziguar e entreter o jovem Sarutobi, que a essas alturas, estava muito ansioso. A resposta de Naruto chegara na parte da tarde, e ele agradeceu imensamente por ser positiva, agora poderia estar tranquilo novamente, e como Konohamaru ainda era uma criança cheia de energia, o Uzumaki decidiu cumprir a promessa que tinha feito; deixando um bilhete para Hinata, ele sai com o garoto para pescar no riacho próximo.

— A nee-chan está triste, não é? — Konohamaru questiona depois de um tempo.

— Ela está sim. — Naruto concorda, não gostava de mentiras — Mas logo ela vai voltar a ser feliz, eu prometo!

— Você tem certeza, Naruto nii-chan? Não gosto de ver a nee-chan triste! — Konohamaru fala com os olhinhos cheios de lágrimas.

— Ei, que isso moleque? Não confia mais em mim? — Naruto brinca com ele e finge dar um cascudo em sua cabeça — Prometo que vou deixar a Hinata feliz, ok? Agora desfaz essa cara e se concentra, sua cara está tão feia que está espantando os peixes.

Se distraindo com a provocação do Uzumaki, o Sarutobi inicia uma pequena briguinha, que Naruto finge perder e se rende ante ele, o logo o humor do garoto havia voltado ao normal; no finalzinho da tarde, eles retornam para a cabana, tinham pego alguns peixes e já os traziam limpos para fazer à noite. Quando chegam em casa, Hinata já estava acordada, sentada a mesa da cozinha com o olhar vazio fitando a parede; estava perdida em pensamentos e nem notara a presença deles.

— Kono, vai ver como a Hanabi está pra mim? — Naruto pede gentilmente.

Se sentindo orgulhoso por Naruto lhe conceder uma tarefa, Konohamaru caminha a passos ligeiros para o quarto, assim que o Uzumaki vê que o pequeno está longe o suficiente para não ouvir nada, ele se aproxima da mesa e de forma desajeitada, abraça por trás; somente nesse momento, Hinata voltou a si, estava perdida em pensamentos, revivendo seus próprios tormentos.

— Você está bem? — Naruto pergunta preocupado.

— Só lembrei de algumas coisas. — Hinata responde e tenta esconder algumas lágrimas que insistiam em cair — Achei que tinha superado isso, mas pelo visto ainda restava um pouco lá no fundo.

— Na verdade você não tinha tido tempo pra pensar nisso até agora, todo esse tempo, estivemos concentrados em nos tornar o que somos, e esquecemos de concertar nossos passados. — Naruto ressalta e acaricia os cabelos dela — Mas agora é diferente Hina, nós finalmente temos uma posição sólida e sem ter que nos preocupar com o conselho, nossos inimigos estão todos onde deveriam estar; vamos poder cuidar de nós agora, e vai ficar tudo bem, eu prometo!

— Eu também vou precisar cuidar da Hanabi também. — Hinata fala e suspira alto, sabia que seria um processo complicado por experiência própria.

— Nós vamos, já falei com o vovô e expliquei o que aconteceu, usei o pedido que ainda tínhamos por salvar Yona, Koji deu aprovação. — Naruto conta e vendo que Hinata não entende nada — Hanabi não volta mais para o clã Hyuuga, ela é nossa responsabilidade agora e vai viver com a gente.

— Oh meu... Naruto, isso é sério? — Hinata pede emocionada e quando o vê confirmando e sorrindo, ela o abraça apertado — Obrigada, você não sabe o quanto isso me deixa feliz e aliviada.

— Agora mais do que nunca, é meu papel te apoiar e proteger. — Naruto responde sorrindo daquele jeito que fazia seus olhos se fecharem completamente.

Impulsionada pela alegria daquele momento, sentindo seu coração mais aliviado e suas preocupações sendo todas dissolvidas, Hinata fez algo inesperado, segurando o rosto de Naruto com ambas as mãos, e tão naturalmente quanto podia, cola seus lábios nele; o Uzumaki se surpreende ao vê-la ser tão espontânea, mas aprecia o carinho, também toca o rosto da Hyuuga com delicadeza. Se sentindo confusos e inseguros sobre o que fazer, eles trocam aquele beijo inexperiente e acanhado, ficando completamente entretidos um no outro; não ouviram a porta do quarto abrindo, ou os passinhos apressados que se seguiram.

— O que está fazendo, Naruto nii-chan? — Konohamaru os interrompe abismado, nunca tinha visto algo assim em sua vida, se perguntava por que estavam com as bocas coladas.

— Nada, a Hina estava com um fiapo no rosto. — Naruto inventa uma desculpa esfarrapada, então volta seus olhos para Hanabi, que estava agarrada ao braço do pequeno Sarutobi — Ei baixinha, não está com fome? Kono e eu pegamos uns peixes muito bonitos hoje, que tal fazermos com bastante arroz e molho?

Quando Naruto tenta bagunçar os cabelos dela, Hanabi se encolhe inteira e esconde o rosto nas costas de Konohamaru, seu corpinho miúdo tremia inteiro, e logo os soluços ficaram muito altos; o pequeno não sabia o que fazer, mas a abraçou apertado e logo ele e Hanabi foram abraçados por Naruto, que se sentou no chão, para aconchegar os dois pequenos, e logo Hinata se juntou a eles, para acalmar a irmã. Hanabi estava tão sentida com tudo que acontecera, que a voz de qualquer um era assustadora demais de se ouvir, estava triste e não conseguia entender por que a mãe fizera aquilo, e muito menos entendia o que acontecera para fazê-la dizer palavras tão duras, quando nunca tinha nem levantado a voz para ela; a pequena Hyuuga não entendia o que fizera de errado para que sua mãe mudasse tão de repente, e não conseguia entender a dor que estava sentindo no momento, tão arrasadora que comprimia seu pequeno coração.

O que Hanabi não sabia, é que Hiromi conhecia o segredo da irmã que ela ainda não tinha descoberto, a matriarca Hyuuga sabia que a garota que fora expulsa do clã anos atrás, era a mesma Neko que estava sendo festejada no dia anterior, a mesma Kunoichi tão temida no mundo; Hiromi era incapaz de aceitar que a filha que não quis, fosse tão longe assim e sem ela, não admitia que Hinata podia ser tão forte e que nunca usou essa força pelo bem do clã, e muito menos queria ver sua enjeitada tendo uma vida de glória. Então quando naquela manhã, fora supervisionar o treinamento da sua filha mais nova, encontrara tantos defeitos e falhas na pequena garota, que se enfurecera, não podia acreditar que aquela garota seria uma imprestável e lhe gritou assim, quando ordenara que os instrutores a castigassem; Hiromi estava fora de si, ensandecida pela ideia de ter escolhido filha errada, queria gritar com Hiashi e o fazer ir  até o Hokage e ordenar que fosse feita uma troca, daria Hanabi e mais quantos filhos de servos precisasse a Konoha, para ter Hinata de volta ao clã, e por isso mesmo ela ficou imensamente feliz quando viu sua filha mais velha entrando no pátio, tão cegada pela cobiça, que não notou o ódio nos olhos dela.

— Está tudo bem agora, vai ficar tudo bem. — Hinata fala baixo, a voz embargada e acaricia o rosto miúdo da irmã — Você não precisa mais voltar lá, vai viver aqui comigo e com Naruto, nós vamos cuidar de você agora Hanabi.

— Onee-sama... — Hanabi chora mais ainda, e por mais que quisesse abraçar a irmã, não conseguia se afastar da segurança que sentia com Naruto — Onii-chan...

Quando ela estende uma de suas mãos debilmente em direção a Hinata, Naruto entendo o que ela não conseguia dizer, e acomodando Konohamaru melhor em seu colo, puxou Hinata para mais perto, onde Hanabi pudesse abraçar a irmã também, naquele embolado de pernas e braços, que parecia o lugar mais confortável do mundo, eles permaneceram até que a pequena Hyuuga conseguisse se acalmasse; e o Uzumaki não se queixou nenhum minuto que suas pernas estivessem dormentes, nem que suas costas doessem e seus braços começassem a ficar rijos, ele não reclamou por estar cuidando de sua família. Logo que Hanabi parou de chorar e estava voltando ao seu normal, Hinata decidiu dar um banho nos dois pequenos, já que Konohamaru também ficaria ali uns dias; Naruto pensou que Hanabi se sentiria melhor se tivesse com ele por perto, seria mais fácil para ela superar, então pediu ao Hokage que o Sarutobi pudesse permanecer com eles por uns dias. Enquanto via Hinata cuidando das crianças, várias lembranças surgiram em sua mente, seus dias mais encantados e mágicos começaram com a chegada dela naquela cabana, quem diria que anos depois eles estariam tomando o lugar de Kurenai? Sorrindo saudoso, Naruto preparava filés de peixe com bastante molho, como disse a Hanabi que faria, além do arroz e uma sobremesa bem enfeitada, para chamar a atenção da menina; estava pondo a mesa, quando tocaram a porta, tinha uma ideai de quem seria e realmente não se decepcionou quando abriu.

— Vim assim que sai do trabalho. — Hiruzen fala adentrando a cabana — Trouxe algumas mudas de roupa pra Konohamaru, como ela está, Naruto?

— Nem sei por onde começo. — Naruto responde preocupado — Ela chora e se assusta quando alguém fala muito alto, e pelo que pude ver, se deixar que fique muito tempo quieta, ela começa a chorar sozinha, não sai de perto do Kono por nada.

— Você pode não lembrar, mas Hinata estava exatamente assim quando a trouxemos pra cá, a única pessoa que ela não tinha medo era você. — Hiruzen conta — Quando fui levar a ordem a Hiashi, ele estava transtornado, parece que foi um ato individual de Hiromi e foi a primeira vez.

— Imaginei que era estranho mesmo, em outros tempos ele teria queimado a clareira toda por termos entrado no clã daquela forma. — Naruto observa e vê Hinata saindo do quarto com as crianças — Talvez por isso o choque tenha sido tão grande, uma criança que sempre foi tratada com amor e carinho, de repente sofre uma crueldade dessas, até mesmo um adulto ficaria atordoado.

— Se forem você e Hinata, sei que conseguem cuidar dela. — Hiruzen fala e não esconde a admiração ao olhar aquele rapaz tão maduro que estava a sua frente — Você está no caminho para se tornar um grande homem, Naruto! Tenho certeza que Minato e Kushina teriam orgulho de você!

Pego desprevenido pela menção dos seus pais, e pelos elogios recebidos daquele velho que ele respeitava tanto, Naruto fica com os olhos marejados e a garganta embolada; ele funga várias vezes antes de se recompor, quando está por responder, Konohamaru os interrompe.

— Vovô! — ele corre e pula no colo do velho — Sabe hoje Naruto nii-chan me ensinou a pescar, peguei um peixe enorme, assim oh!

— É mesmo? Você está tão forte assim? — Hiruzen se diverte vendo o menino contar suas histórias e logo sua expressão se escurece um pouco — Vocês vão ter que me levar junto da próxima vez, antes que eu fique velho demais pra caminhar!

— O dia que você estiver velho, eu vou ter um Sharingan vovô! — Naruto brinca e arranca risadas do velho que o olha tão emotivo, como se fosse a última vez que veria o rosto de Naruto.

— E você Hanabi, está se divertindo com sua irmã? — Hiruzen se vira para a pequena menina pegada ao Sarutobi, e igual Hinata anos atrás, Hanabi também não teme o velho senhor.

— Vou viver com Onee-sama e Onii-chan. — Hanabi conta se aproximando dele com os olhinhos cheios de lágrimas — Eu não quero mais treinar, não quero isso...

— Você não precisa, aqui você pode fazer o que quiser, Hinata e Naruto vão cuidar de você, e eu vou fazer de tudo pra ajudar. — O Hokage afirma, podia entender a dor daquela menina — Aqui você não precisará ter medo, Hanabi!

Eles conversam mais um pouco, enquanto as crianças brincam no tapete da sala, faziam seus planos para acomodar a nova moradora da cabana, e Hiruzen oferece ajuda para que aumentem a casa; quando eram apenas os dois, era suficiente, mas agora precisariam de mais espaço e não era como se seu terreno fosse limitado. Logo a conversa se volta para o que aconteceria com Hiromi e eles passam a sussurrar e usar códigos para que as crianças não escutassem, aproveitaram também para ajustar algumas partes dos preparativos para os exames Chunin, e como sempre, a dupla era muito eficiente e prática e tudo se resolveu rapidamente; e no meio de tantas conversas e planos, eles sentaram-se a mesa para jantar.

— Em outubro passado, enviei uma carta a um velho conhecido e recebi uma resposta hoje. — Hiruzen fala, chamando a atenção da dupla — Ele foi meu aluno, acho que pode ajudar vocês com Orochimaru.

— Eles eram companheiros de time? — Hinata pergunta, perspicaz.

— Sim, eles eram do mesmo time, ele é um dos três Sannins Lendários. — Hiruzen conta e logo se vira para Naruto — Ele foi o sensei do seu pai, Naruto; esteve viajando pelo mundo e nunca retornou a Vila desde que Minato morreu, mas como eu disse que você é um dos alvos de Orochimaru, ele resolveu voltar.

— O que ele sabe? — Naruto pede um pouco indiferente.

— Nada, apenas contei que é filho de Minato e Kushina, o resto cabe a vocês decidirem se contam ou não. — Hiruzen explica, entendia perfeitamente sua reação — Ele não sabia que você existia até agora, quando você nasceu, decidi esconder isso do mundo, para evitar te por em perigo, então quando Jiraya soube que seus pais morreram, pensou que você também e só agora eu lhe contei a verdade.

— Então ele sabia que Okaasan estava me esperando? — o Uzumaki pede emotivo.

— Sim, ele esteve com os dois esperando você, foi o maior tempo que Jiraya permaneceu na Vila, quando foi embora, foi por que se culpava por não estar aqui naquele dia, ele estava espionando Ame faziam duas semanas, ninguém imaginava o que ia acontecer. — Hiruzen conta e ele também não consegue esconder a amargura na voz — Jiraya é seu padrinho, Naruto!

— Por que? — Naruto questiona de cabeça baixa.

— Por que eu nunca soube sua localização. — Hiruzen conta, tinha entendido a pergunta — Quando ele foi embora, sumiu completamente, quando você cresceu e entrou na ANBU, pensei que já não teria perigo e comecei a procurar por ele, só há alguns meses atrás que descobri onde ele está.

— Quando ele chega? — Naruto pede, sentia seu coração retumbar no peito.

— Não sei, ele apenas me escreveu que estava voltando, mas deve ser logo, talvez até antes dos exames. — O Hokage conta e vê aliviado, o brilho intenso nos olhos de Naruto.

Depois do jantar, eles se despedem do Sarutobi como sempre, e o velho homem quase chora de alegria, ao ver que Naruto não ficara ressentido com ele, a dupla o despede depois de chamar um ANBU para escoltar seu querido vovô; quando colocam Konohamaru e Hanabi na cama, eles organizam a casa e fazem o mesmo, se deitando ao lado dos dois pequenos, mas diferente das crianças, Naruto não consegue dormir. Sentindo a inquietação dele, e sabendo que tinha muitas emoções para processar, Hinata apenas abraça Naruto e passa a enrolar os dedos em seus cabelos rebeldes, dando o espaço que ele precisava para pensar, sem deixar de estar ao seu lado; ela permanece assim, até que ele finalmente se acalma e dorme, e a Hyuuga o acompanha logo em seguida. Na manhã seguinte, eles levantam cedo, preparam um café bem reforçado e nutritivo para os pequenos, e como haviam combinado na noite anterior, preparam os dois para irem a Vila fazer algumas compras; Hanabi era uma criança em crescimento e não poderia viver apenas com o pijama antigo de Hinata, também precisariam comprar os materiais para o aumento da cabana e alguns materiais para ela, por mais que não quisesse treinar mais, eles não negligenciariam sua educação, isso sem falar que também precisavam de material de trabalho. Assim eles passaram a visitar lojas de roupas infantis, acessórios e calçados, passaram no boticário em busca de materiais de higiene para ela e remédios para manter em casa, como sabiam que seria preciso; também compraram alguns mimos para Konohamaru, não queriam deixa-lo de lado e muito menos que se sentisse excluído, aos poucos e sem se darem conta, os dois iam seguindo os mesmos passos de sua tutora.

Durante sua caminhada pelo mercado, descobriram que o time de Kakashi havia retornado a Vila naquela manhã, e ficaram aliviados ao descobrirem que o sensei estava bem; após estarem caminhando por algumas horas, entrando e saindo de lojas, notaram os dois menores ofegantes e suados, foi quando se lembraram como era difícil caminhar muito a essa idade. Decidiram parar na pracinha e descansar um pouco, antes de irem buscar suas gatas na casa de Kurenai, deixaram que as crianças fossem brincar quando se encontraram com Moegi e Udon; vendo como Hanabi se divertia com os três, Naruto e Hinata resolveram permanecer ali um pouco mais, seria uma mudança de ares bem vinda para a pequena Hyuuga. Estavam ali os vendo brincar e se divertir, e aproveitando o tempo deles saindo pela primeira vez como um casal, e quando Hinata escutou Naruto dizer isso com tanta naturalidade, escondeu o rosto nas mãos envergonhada, fazendo o Uzumaki gargalhar alto; foi nesse meio minuto que aconteceu, Konohamaru corria com Moegi, Udon e Hanabi, e em suas mãos estavam os dangos que ganhara de Naruto, quando se trompou com alguém mais.

— Argh, olha o que fez com minha roupa, moleque. — Kiba grita irritado.

— Desculpa, eu não te vi. — O Sarutobi pede imediatamente, procurando um pano para emprestar ao mais velho.

— Desculpa o que? Vê o estrago que fez? — o Inuzuka continua alterado.

— Ele já disse que não te viu. — Moegi intervém cheia de coragem — Hanabi vá chamar Naruto-nii.

— Não falei com você tampinha, e você parada aí coisinha estranha. — Kiba se exalta mais ao ouvir o nome de Naruto e tenta pegar o braço de Hanabi.

— Não toca nela! — Konohamaru pula nele o pegando desprevenido e o derruba no chão.

— Suas merdinhas, eu vou matar vocês! — Kiba ameaça se levantando.

Mas os quatro pequenos já tinham corrido, no meio do seu desespero, não encontravam o banco em que Naruto e Hinata estavam sentados e então tentaram encontrar um lugar para se esconder, e acabaram entrando em uma rua escura; ali eles viram alguém mais assustador que o Inuzuka, haviam três pessoas ali, uma garota de expressões ferozes e um garoto com o rosto quase todo coberto, mas o mais assustador era aquele que estava olhando diretamente para os quatro congelados a sua frente. Seus olhos verdes estavam adornados por marcas negras, e seus cabelos vermelhos pareciam brilhar como fogo, mas seu rosto sem expressões era o mais impressionante; sentindo que aquela pessoa era perigosa, as quatro crianças caíram sentadas no chão, seus rostos estavam em completo pânico.

— Ei, vocês aí, me entreguem esses pirralhos! — ouviram seu perseguidor gritando a suas costas, mas não conseguiam desviar os olhos daquele a sua frente.

— Não recebemos ordens de Konoha, se quiser venha pegar. — A garota retruca petulante.

Mas nem mesmo o Inuzuka se atreveria a se aproximar agora, não vendo a forma como aquele garoto olhava para as quatro crianças, já tinha visto aquele olhar, quando viu o Uzumaki despedaçar vários Nukenins; seu instinto e Akamaru diziam para não se aproximar. Em sua cabeça, Gaara lutava consigo mesmo, seus olhos fixos nas crianças que tremiam de medo, sentindo seu coração bombear furiosamente em seu peito, emocionado por ver o pavor deles; em sua mente, uma voz dizia para mata-las, dizia que se sentiria bem, era só estender a mão, em seu subconsciente Gaara negava, eram só crianças, não tinham feito nada, não queria fazer aquilo, não gostava daquilo. Estava preso, não conseguia controlar seu próprio corpo, que não obedecia a sua vontade, aquele monstro comandava tudo, fazia o que queria; sempre fora assim, vira durante os anos, o monstro matar e trucidar pessoas a sua frente, e ele não podia fazer nada, via as pessoas gritar por socorro e por clemencia, mas não conseguia fazer nada além de cobrir os ouvidos e chorar. Queria gritar para que aquelas crianças corressem, para que se escondessem do monstro, não queria ver aquilo e quando sua mão se ergueu contra sua vontade, viu aterrorizado os rostos deles contorcidos de medo, e seus pequenos corpos se encolhendo; Gaara também estava com medo, não queria ver seus corpos sem vida, não queria ver seu sangue escorrer pelo chão, não queria lembrar do que faria àquelas crianças, então fechou os olhos quando a areia se movei e tentou não ouvir os gritos que viriam a seguir.

— Recue agora, Shukaku! — ele ouviu uma voz a sua frente e abriu os olhos, e pela primeira vez em dois anos, recuperava o controle do próprio corpo — Quanto tempo sem te ver, irmão!

Gaara viu assombrado o garoto à sua frente, dissipar a areia como se fosse nada, seu corpo envolto por um manto vermelho, sua presença era impressionante e sua força se equiparava a sua; não, estava enganado, aquele garoto tinha muito mais força, sua aura era muito diferente de tudo que já tinha visto, e sentia estranhamente que o conhecia de algum lugar.

— Konohamaru, pegue os outros e vá com Hinata, ela está esperando vocês ali atrás. — Naruto ordena sem desviar os olhos dos três à sua frente.

— Mas Naruto-nii... — Konohamaru tenta explicar que outro garoto estava os perseguindo.

— Está tudo bem Kono, Hinata já cuidou daquele lixo. — O Uzumaki não consegue refrear o impulso de xingar.

Escuta aliviado os quatro se erguendo do chão e correndo chamando por Hinata, a escuta dizer a eles para nos esperarem na pracinha com Shikamaru, e a sente estar ao seu lado, e não precisava nem olhar para saber, ela estava com o Byakugan ativo; viu a postura dos outros dois mudando e soube que eles seriam um problema.

— Vocês não querem mesmo se meter com a gente, não é? — Temari fala debochada.

— Muito menos você iria querer me irritar. — Hinata responde e se volta para o outro — Nem pense em usar as marionetes, vai ser a última coisa que fará na vida.

— Vocês estão em desvantagem, como pode estar tão segura? — Kankuro gargalha um pouco.

— Eles não estão sozinhos Kankuro. — Gaara fala pela primeira vez, é então que os irmãos notam os ANBUS — O que é você? Como conseguiu me libertar?

— O mesmo que você. — Naruto fala e erguendo a blusa, mostra o selo em sua barriga — Carrego a Kyuubi, você quer que ele fique preso?

— Isso é possível? — Gaara pergunta abismado.

— Gaara, o que está fazendo? — Temari se exalta, nunca tinha visto irmão tão calmo.

— Quieta Temari! — Gaara ordena e sem aviso prévio some com Naruto e Hinata dali — Achei que não a deixaria para trás.

— Sorte a sua. — Naruto ri aliviado por ele estar cooperando — Hina, você pode fazer a barreira?

— Você tem meia hora, depois disso Shikamaru vai acionar o esquadrão. — Hinata ordena e com uma kunai, corta a mão do Uzumaki — Se você se arriscar demais, Kurama vai me contar e você não quer me irritar, não é?

— Sim senhora! — Naruto sorri animado e a vê mover as mãos com maestria, e logo uma barreira escarlate os rodeou — Está pronto? Já aviso que talvez doa um pouco.

— Por quê está me ajudando? — Gaara questiona segurando a mão que ele estende.

— Por que somos iguais, eu sei como se sente. — Naruto fala e faz selos com a outra mão — Fecho os olhos e não pense em mais nada.

Logo o cenário a volta deles muda, Gaara se surpreende ao ver o que parecia ser uma sala mal iluminada, com goteiras por todos os lados, ele mal consegue ver algo a sua frente, mas sente sua mão ser segurada e logo é puxado para frente; ele para a frente de uma enorme cela, com dois olhos vermelhos o fitando, e então vê a fera totalmente, a enorme raposa laranja balançava suas caudas, era uma magnifica besta, e estranhamente, Gaara não a temia.

— É, aquele guaxinim fez um estrago tremendo nele. — Kurama fala depois de olhar bem para Gaara — Está sugando a vida dele, logo ele se liberta completamente.

— Ainda dá pra fazer? — Naruto questiona, e só agora que se lembra de sua presença.

— Dá sim, você vai ficar bem cansado, mas dá pra fazer, agora vem aqui e me de a mão do selo. — A Kyuubi explica e vê Naruto se aproximando da grade — É pior que a liberação da sexta, então se prepare.

— Se eu ficar muito machucado, a Hina vai cuidar de mim ou vai terminar de me machucar? — Naruto brinca para descontrair e toca o rosto da enorme raposa.

No momento em que Naruto passa a absorver o chakra de Kurama, sua pele começa a derreter, e tanto ele quanto a besta com cauda gritam, ambos sentindo a mesma dor avassaladora; ouvir o rugido da besta é impressionante para Gaara, e quando vê aquele desconhecido se transformando em uma pequena besta, ele fica imensamente fascinado, queria saber mais daquela pessoa tão igual e tão diferente dele.

— Argh, agora vamos trazer aquele guaxinim aqui. — Kurama fala depois de se recuperar um pouco — Garoto, fique atrás do Naruto, venha para mais perto da grade e não ouça nada do que ele falar.

Sem entender o que acontecia, Gaara apenas obedece, mas mantinha seus olhos fixos em Naruto, que se posiciona a sua frente, completamente irreconhecível; mal tendo tempo para processar a informação, Gaara sente sua pele queimar, quando a mão de Naruto toca seu braço, ele grita surpreso e se encolhe de dor, nunca havia sentido esse tipo de dor em sua vida.

— Kyuubi! — a voz ameaçadora de Shukaku soa alto e logo eles o veem a sua frente — O que pensa que está fazendo, se intrometendo nos meus assuntos?

— Seus assuntos se intrometeram na vida do meu Jinchuuriki. — Kurama rebate, sabia que o guaxinim não seria amigável.

— Agora você é bichinho dos humanos? Que ridículo, o grande Kyuubi sendo dominado por uma pulga como essa! — Shukaku debocha e logo olha para Gaara — Nem pense em fazer isso comigo, vou estraçalhar você se tentar!

— Não dê ouvidos a ele, meu irmãozinho gosta de fazer bagunça. — Kurama provoca, chamando a atenção do guaxinim.

— Irmãozinho?! Você é burro? Ainda quer viver de acordo com as regras daquele velho? Esqueceu como a gente se ferrou por ouvir ele?! Olha o que os humanos nos fizeram! — Shukaku ruge enfurecido e sem aviso algum, lança bolas de Futon na direção de Kurama.

— Foram aqueles humanos, esses garotos não tem culpa nenhuma daquilo. — Kurama responde depois que Naruto anula o ataque do Shukaku com seu próprio Futon — Eu encontrei a pessoa que o velho falava Shukaku, é por isso que estou fazendo o que ele me pediu.

Antes que a besta de uma cauda respondesse, o selamento foi iniciado, Naruto fazia os selos tão rapidamente, que mal se podia ver, Shukaku fica irritado por ter sido pego na armadilha e tenta se soltar, mas agora já era tarde, estava preso e via como todo seu poder era drenado para dentro do corpo daquele humano frágil; Gaara sentia seu corpo inteiro arder e não tinha forças para se manter em pé, era como se seu corpo estivesse se rasgando, e quando achou que estava acabando, Naruto tocou sua barriga no mesmo lugar que tinha seu próprio selo, fechando a chave do selamento, naquele momento Gaara achou que fosse desmaiar. Kurama ajudou os dois garotos a se recuperarem e aguardou que seu Jinchuuriki ficasse bem com toda paciência, sabia que Naruto tinha evoluído mais um passo naquele dia, e estava contente por ele e por si mesmo; quanto mais Naruto evoluísse, mais próximo estaria de sua liberdade e do sonho que seu velho lhe contara um dia.

— Como? — Gaara pergunta perdido, esteve o tempo todo preocupado com Shukaku, que não viu nada do que o outro fizera.

— Kurama manteve ele ocupado pra que eu pudesse fazer as marcações e os sinais, depois eu só fiz o selamento, como ele estava dentro das marcações não pode resistir. — Naruto explica entre pesadas lufadas de ar, ainda estava tentando manter a lucidez.

— Mas quando ele atacou, você impediu. — Gaara observa espantado.

— Por isso dei mais chakra do que ele podia suportar. — Kurama fala vendo o corpo de Naruto vermelho, com pedaços de pele faltando — Se Shukaku o atacasse ou nos atacasse, meu chakra potencializando o Futon de Naruto poderia detê-lo, e isso era necessário para o selamento também.

— Mas como foi que isso aconteceu? Ninguém em Suna conseguiu. — Gaara lembra seus anos de terror como experimento do pai e seus conselheiros.

— É um Selamento de Oito Trigramas, meu pai usou para selar o Kurama em mim, é uma técnica do meu clã. — Naruto conta, já bem melhor que antes — Mas isso não vai bastar, ele estava tão forte ao ponto de te controlar sem ninguém ver, quando a prova acabar, vou refazer o selo.

— Você sabe que vim para os exames? — Gaara pergunta impressionado.

— Sei tudo sobre você, Sabaku no Gaara. — Naruto responde e como ninguém havia feito antes, estende a mão para cumprimentar Gaara — Me chamo Naruto, Uzumaki Naruto! Vou ajudar você!

— Eu... meus irmãos, eles... — Gaara pensa em como explicar, tinha muita coisa que queria contar, muita coisa que Konoha precisava saber.

— Não precisa se preocupar, sabemos de tudo, sei também que estiveram te manipulando, você só precisa agir normalmente e evitar que desconfiem que estivemos juntos. — Naruto fala fazendo Gaara arregalar os olhos — Meu pessoal já cuidou da memória dos seus irmãos, eles não vão falar nada.

Sentindo como se um grande nó estivesse se desatando dentro dele, Gaara sentiu pela primeira vez na vida, o que era estar aliviado, via pela primeira vez, uma luz no seu mundo de escuridão.

— Precisamos voltar, vão dar nossa falta em breve, te vejo mais tarde Kurama! — Naruto se despede da raposa com um aceno e quando Gaara se dá conta, estavam novamente dentro da barreira na colina — Gaara, se você sentir que pode Shukaku está quebrando o selo, me mande um sinal e saia imediatamente da Vila, vá para a floresta ao leste, eu vou detê-lo e selá-lo novamente.

— Mas e se eu não conseguir? — Gaara pede angustiado, não queria voltar a sentir aquele terror novamente.

— Só avise, nós vamos te ajudar. — Hinata fala e estende um pergaminho para ele — Queime o pergaminho se precisar nos chamar.

Quando os três se separam na mesma rua que se encontraram, Gaara vê os dois se afastando ainda em completo transe, nunca tinha visto pessoas como eles, que não o temeram ou evitaram; e mais, ainda o ajudaram e prometeram continuar ajudando, vendo os irmãos ser liberados do Genjutsu pelos ANBUS de Konoha, Gaara se sentiu pela primeira vez, esperançoso. De caminho para casa, Naruto e Hinata avisaram Hiruzen que a primeira parte do plano fora concluída com sucesso; claro que não esperavam ter encontrado os irmãos Sabaku em seu dia livre, afinal esperavam que eles chegariam mais tarde com a delegação de Suna, mas por sorte conseguiram agir rápido e fazer tudo como o previsto. Eles carregavam o pequeno Sarutobi e a pequena Hyuuga, que dormiam profundamente depois de ter suas memórias do encontro bloqueadas, a dupla estava concentrada em revisar seus próximos passos, sentiam que finalmente iria começar, o momento que estiveram esperando desde que entraram na divisão; todos aqueles cinco anos de espera estavam chegando ao fim, todo tempo que ansiaram e planejaram cuidadosamente começava agora, a caída das organizações criminosas havia iniciado.

— Está preocupado com ele? — Hinata questiona, quando estão quase em casa.

— Um pouco, as memórias dele são perturbadoras. — Naruto responde, não sabia como Gaara ainda estava lúcido.

— Vai ficar tudo bem, conseguimos cumprir o planejado e agora ele já confia na gente. — Hinata fala confiante e sorri orgulhosa para Naruto — Vamos conseguir ajuda-lo.

Estavam felizes, garantiram várias vitórias naquele dia ensolarado, e enquanto caminhavam tranquilamente para casa, Konohamaru e Hanabi acordaram no meio do caminho, e decidiram caminhar; com as crianças correndo a sua frente, Naruto e Hinata se deram as mãos, sentindo o vento em suas faces, e o aroma das flores os rodeando, como se o universo estivesse em sintonia com seus corações. Foi nesse clima descontraído que chegaram à clareira, gargalhando da pequena brincadeira que Naruto fizera, dizendo que Hinata devia cuidar um pouco mais dele naquele dia, como prêmio por seu sucesso, ao que a Hyuuga só faltou desmaiar de vergonha; estavam assim quando voltaram a ficar alertas imediatamente, fazendo sinal para que os dois pequenos ficassem atrás, Naruto se colocou a frente de Hinata, quando viu o estranho homem para a sua porta. Era claramente um viajante, mas não podendo ter absoluta certeza, o Uzumaki se preparou para um possível ataque e sacou suas Ninja-to’s, e infundindo chakra em suas lâminas, deu dois passos a frente; o desconhecido sentiu suas presenças e se virou para eles, os olhos muito negros marejaram ao ver o Uzumaki, e ele caiu de joelhos no chão.

— Minato... não, não é isso, você é Naruto, não é? — o homem pergunta e mal consegue controlar seus lábios trêmulos.

— Quem é você? — Naruto questiona e logo aponta a bolsa do homem — Jogue a bolsa no chão e não se atreva a fazer nada, eu te fatio em mil se tentar algo!

Fitando a expressão feroz no rosto do Uzumaki, o homem sorri admirado, estava impressionado com o controle de chakra do rapaz, sua postura impecável e a força absurda que emanava dele, mas principalmente, estava impressionado com a forma protetora que ele se posicionara a frente da garota e as duas crianças; era tão parecido com seu pai, que o deixava zonzo, triste e alegre ao mesmo tempo.

— Meu nome é Jiraya, sou um dos três Sannins Lendários de Konoha, o Hokage me chamou. — Ele consegue falar, apesar do choro — Hiruzen-sensei não deve ter dito muito, mas eu sou...

— Meu padrinho. — Naruto o interrompe com a voz embargada, larga as armas no chão e faz sinal para Hinata se aproximar com os pequenos — Estávamos te esperando chegar!


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