Sakura e Naruto, já cansados por terem corrido por metade da escola, chegam a sala do clube de literatura, onde Hinata — uma doce menina, de personalidade calma, tão distante do gênio forte de sua amiga de cabelo rosa — dava aulas extras de lingua japonesa, além de organizar clube de leituras. 

— É esse aqui! — Sakura falou alto, bufando de cansaço, apontando para Naruto.

Naruto já era conhecido de Hinata, de vista só. Eles não sabiam que o loira era, há muito tempo atrás, um crush da gentil menina, mas a vida também os colocou em situações diferentes até se reencontrarem nesse local. Seus olhos brancos, ao se encontrar com os do menino que desconfortavelmente sorria enquanto tentava fugir dos braços Sakura, miraram o chão rapidamente. No fundo, nunca esquecera Naruto, mesmo que hoje em dia uma romance entre ambos já não seja possível.

O trio entrou na sala, e aproximaram três cadeiras, para que ficassem juntos. Hinata então explicou para a dupla que escrever cartas é algo muito simples, por isso eles deveriam enfeitar mais, fazendo um poema. Sakura, claro, se empolgou ainda mais com a ideia, mas Naruto parecia ainda mais em pânico. Poemas, apesar de sua estrutura simples, são complexos, já que devem carregar e mostrar os sentimentos de quem os escrevem, coisa que Naruto não é tão bom em fazer. 

Ficou combinado que, todos os dias, Naruto iria passar no clube e ter uma aula com Hinata. No sábado, ultimo dia da semana escolar, ele teria que entregar uma carta à Sasuke declarando o que sentia pelo menino. Caso isso fosse feito, Sakura iria dar um Nintendo Switch para o Uzumaki. Caso o combinado não fosse cumprido, o menino teria que, todos os dias, finais de semana também, fazer o almoço de Sakura e, além disso, teria que passar os recreios no pátio, junto com os alunos.

Então o sinal bateu, e todos voltaram para suas salas.

No fim do dia, Naruto e Sakura de despediram no caminho do trem. Naruto morava longe, então precisava voltar para casa de trem e, apesar do alto custo que isso tinha nas contas no final do mês, era a parte que ele mais gostava. Podia voltar ouvindo suas músicas, sozinho, novamente mergulhado na tormenta de sua mente e um algo a mais: Sasuke pegava o mesmo trem. Era o momento perfeito para admirar aquele seu amigo distante, que mesmo perto fisicamente, se encontrava tão longe, o fazendo concluir que o plano de Sakura não parecia tão idiota assim.

Ao chegar em casa, o menino correu para o quarto e arrancou uma folha do caderno de desenhos que sempre deixava na gaveta na escrivaninha. Tentou e tentou escrever, mas sua mente era bagunçada demais para pensar em uma só coisa e colocar no papel o turbilhão de pensamentos e ideia só geraria confusão ao leitor. Escreveu de tudo, mas não escreveu nada, e algumas folhas foram parar dentro da lixeira. "Vou deixar isso para amanhã, antes que minha mente exploda" pensou, mesmo sabendo que se o dia virasse e nada tivesse escrito, aquela folha nunca seria rabiscada.

No fim do dia seguinte, Naruto pediu dicas para Hinata. Sua professora explicou que ele deveria escrever o que sente, sem ter medo de ficar bom ou ruim. Poderia também ouvir músicas, para se inspirar. Olhar a paisagem no caminho de casa também ajudaria. Mas o mais importante era ser sincero na hora da escrita, sem medo. O jovem ouviu atentamente cada palavra da menina, e até aceitou sugestão de um artista que a ajudava quando tinha que escrever poemas, Hiro Takahashi.

Voltando pra casa, no caminho da estação de trem, Naruto encontrou Sasuke. Pela primeira vez, depois de muitos anos, seus olhares voltaram a se cruzar. Sasuke sorriu timidamente e seguiu se caminho, e Naruto, espantado com a reação do menino, se assustou sem deixar tempo para retribuir o sorriso, perdendo a oportunidade de sorrir para Sasuke.