Naruto se trancava no banheiro da escola sempre que o alerta do recreio soava. Era algo tão comum que nem seus poucos amigos estranhavam, eles já sabiam da condição do menino. Lá o menino podia ficar em paz, mergulhando no mar em tormenta que era sua mente, pensando em como o dia ainda poderia piorar e os milhares de planos para que nada que o mundo o fizesse o pudesse pensar, novamente, em se jogar.

A paz, então, fora perturbada por um SMS de sua amiga, Sakura, perguntando se poderia resgatar o menino da solidão com um almoço. Apesar do gosto pela solidão, comer era algo que o garoto não recusava de jeito nenhum — na verdade, era um dos seus pontos de escape daquela tempestade toda, e o fazia feliz. Os olhos azuis então brilharam e o garoto apenas respondeu "estou indo", enquanto saia do banheiro, arrumando seu uniforme. 

A menina de cabelo rosa o esperava na porta da cantina, sabendo que muito dificilmente o menino entraria lá por conta própria. Quando os olhos de ambos se encontravam, um sorriso tímido, por parte do garoto, foi esboçado. Sakura então acenou para Naruto, confirmando sua presença no local, o garoto timidamente acenou de volta, e foi até a amiga.

A menina o abordou com tom de preocupação, "hoje você ficou lá mais tempo que o normal. Tem algo errado?" abordava a menina. O olhar de Naruto, apesar de triste, não estava diferente, então a menina considerou que não. Ambos entraram na cantina, pegaram seus pratos e, como prometido, Sakura pagou o almoço. Depois, com a barriga já cheia, Sakura percebeu que seu amigo encarava um menino sentado próximo de onde estavam. 

— O nome dele é Sasuke, cê sabe, né? — Falou Sakura, o encarando junto a Naruto. — Ele venceu o campeonato de natação pra escola esse ano. Com um puta desempenho, diga-se de passagem. Uns mentirosos até espalharam que foi dopping, mas, pffffttt, quem usa isso em um campeonato entre escolas?!

— Eu já fui da classe dele, quando éramos menores. — Respondeu Naruto, olhando para o chão desta vez. Até que nos dávamos bem, na época, mas de pouco em pouco fomos nos afastando. 

Sakura então esboçou tanta preocupação quanto antes e segurou as mãos do amigo.

— Escreve uma carta... — sugeriu a menina, abrindo um leve sorriso.

— Carta?! P'ra quê? — Respondeu o menino, estranhando a fala da amiga. 

— Pra retomar a amizade, oras. Eu posso ajudar com isso, tem a Hinata lá do clube de literatura que pode ajudar com isso. Ela tá me devendo um favor e tal, do dia em que eu fui na casa dela pra...

— Pra...

— Bem, não importa. Se você quiser ajuda, eu posso te ajudar. Acho que você ficaria feliz até.

— Não sei... Ninguém mais lê carta hoje em dia.

— Justamente por isso! Imagina só a surpresa de achar uma carta misteriosa na sua bolsa, igual faziam antigamente? É tão... romântico! — Sakura suspirou ao pensar na aventura amorosa que estava arrumando para o amigo. 

— Não, essa sua ideia é fura---

— Too late! Alô, Hinata?! Oi, oi. Então, preciso da sua ajuda, mon amour. Então, eu preciso que você ensine um amigo meu a escrever cartas pra ele mandar pr'a uma pessoa que ele tá afim. Ta, ta... ok! Tô indo!

Sakura se levantou determinada, puxando o amigo pelos abraços em direção a saída do refeitório.