— Você por acaso é burra? – Chloé questionou irritada.

— Você que é burra! – Lila respondeu.

— Viu, você é tão burra que não entendeu que eu fiz uma pergunta e não uma acusação!

— Chega! – bati minhas mãos na mesa, parando a discussão e levando um olhar feio da bibliotecária. Sorri sem jeito para a senhora e voltei minha atenção para as duas garotas. – Precisamos fazer essa porcaria de uma vez, ou vamos perder nota.

— Eu me recuso a fazer essa parte. A minha divisão ficou muito melhor. – Lila virou o rosto e cruzou os braços. Chloé me olhou com uma expressão de “faz alguma coisa, Dupain-Cheng”.

— Então eu vou começar a fazer esse trabalho agora e quem quiser, fique à vontade para se juntar à mim em silêncio. Quem não quiser, eu ficarei muito feliz de retirar o nome do trabalho. – disse calma, puxando o livro de história e abrindo na página certa.

Por cima do livro, pude ver as duas trocarem um olhar de desprezo. Em seguida, Chloé pegou o outro livro e Lila permaneceu de braços cruzados. Após notar que não tinha mais o que fazer, a italiana finalmente pegou o livro e começou a ler.

Depois de milagrosamente termos feito a metade do trabalho, resolvemos fazer um intervalo. Chloé foi fazer algumas ligações e Lila não me interessa. Enquanto isso fiquei ali mesmo na biblioteca, trocando mensagens com o meu namorado.

Estamos quase terminando o nosso.

Agora fizemos um intervalo.

Que bom.

O Kim está ajudando?

Sim, todos estamos.

Mas e aí? Como está a situação do seu?

Estamos na metade.

Acho que consegui colocar ordem no grupo.

Pelo menos eu espero.

Fico feliz, Bugaboo.

Agora preciso ir.

Nathaniel perdeu e agora é minha vez de jogar com Kim.

Ok, boa sorte, kitty.

Obrigado, princess.

Balancei a cabeça, não acreditando que tinha sido trocada pelo meu irmão. Ri com meus próprios pensamentos.

Não demorou muito para Chloé e Lila voltarem e começarmos a fazer o resto do trabalho. O que felizmente, não foi um completo desastre.

***

— Adrien? – ouvimos a voz de ninguém menos que Gabriel Agreste.

Nós dois estávamos jantando na casa de Adrien, como marcamos mais cedo. No entanto, meu namorado tinha dito que seu pai já tinha ido dormir. Acho que ele se enganou.

— A-Ah, oi pai.

— Quem é a sua amiga? – permaneci com um sorriso nervoso no rosto, até que Adrien ficou de pé e tocou no meu braço, para que eu fizesse o mesmo.

— Essa é a Marinette. A que ganhou seu concurso de chapéus, lembra? – ele apenas assentiu e eu acenei envergonhada – Na verdade... Ela não é só a minha amiga. – Ai meu Deus! – Marinette é a minha namorada. – os olhos de Gabriel Agreste se arregalaram de leve e acho que os meus também. Não estava esperando para ser apresentada ao pai dele. Eu não vim preparada para isso? Aliás, tem como se preparar?

— Há quanto tempo estão... Namorando?

— Desde a semana passada.

— E por que você não me disse? – comecei a ficar nervosa. Puxei a gola da minha blusa de leve, por que de repente tinha ficado quente? Eu estava suando?

— Eu tentei, mas você estava ocupado. – Gabriel pareceu analisar a situação, me deixando ainda mais nervosa.

— Seja bem-vinda, Marinette. – deu um meio sorriso – Boa noite. – em seguida virou as costas e saiu.

— Obrigada e boa noite. – respondi ainda meio em choque, pois não sabia como reagir àquilo. Adrien virou na minha direção com um sorriso imenso no rosto.

— Ele gostou de você! – me abraçou apertado.

— Gostou é?

— Sim. Eu sei que não parece, mas é assim que ele demostra as coisas. – sorri para o meu namorado e depositei um beijo na sua bochecha. – Eu te amo, Marinette. – ok, agora eu morri de vez. É claro que eu sabia dos seus sentimentos por mim, mas ouvindo assim diretamente... 

— Eu também te amo, Adrien. – disse e o beijei com vontade. Mas não com muita vontade, vai que o pai dele resolve aparecer de novo.

Depois do jantar, eu e Adrien conversamos um pouco e ficamos abraçados no sofá dele. Mas não por muito tempo, pois já estava tarde e como eu vim como Marinette, não podia simplesmente sair pela janela dele como Ladybug. Então, o motorista dele me levou para casa e assim que cheguei, dei boa noite para a minha família e fui direto dormir, com o maior sorriso bobo.

***

— Ah, qual é Agreste? Tá com medo? – Kim provocou e eu sabia que aquilo não daria em boa coisa.

Meu irmão estava tentando convencer Adrien a fazer uma queda de braço com ele. Caso Kim vencesse – o que ele já contava que aconteceria –, Adrien não poderia me beijar na frente dele, caso Adrien vencesse, Kim pararia de fazer perguntas constrangedoras sobre o nosso relacionamento.

— É claro que não. Vamos logo acabar com isso então. – meu namorado falou, puxando a manga para cima e fazendo nossos amigos vibrarem na volta.

Eu apenas bati minha mão na testa. Acho que a maioria estava contando que o meu irmão fosse vencer, já que seus músculos eram bem mais aparentes. Só que Adrien era ninguém menos do que Chat Noir e isso contava muitos pontos para a sua vitória – embora apenas eu soubesse disso.

— Amor, quer fazer as honras? – Adrien pediu com um sorriso e eu encarei ele com uma expressão de tédio. Em seguida, suspirei e ajeitei as mãos dos dois.

— Preparados? – os dois assentiram. – Três, dois, um. Valendo. – Kim fez força primeiro e Adrien deu um sorriso pretensioso, típico do Chat Noir, fingindo que estava prestes a perder.

— Já era, Adrien. Agora você... – antes que meu irmão terminasse a frase, o loiro simplesmente reverteu o jogo e bateu o punho de Kim na mesa, deixando todo mundo em choque. – Mas...

— Ah! O sabor da vitória é doce. – Adrien se recostou na cadeira – Assim como os lábios da sua irmã. – Kim fez uma careta e eu soquei o ombro do meu namorado, completamente constrangida.

— Idiota! – ele riu.

— Ok, foi justo. – meu irmão admitiu – Você é um bom adversário, Agreste. – estendeu a mão e Adrien a apertou – Agora sem mais gracinhas, senão você vai se ver comigo.

— Relaxa, só estou zoando com você. – os dois fizeram um toque.

— E foi isso meus amigos, pela primeira vez alguém venceu Kim Le Chien na queda de braço! – Nino falou empolgado, filmando os dois. – E você Marinette, como se sente sobre isso? – colocou a câmera no meu rosto.

— Com um irmão e um namorado igualmente idiotas.

***

Me aconcheguei nos braços de Adrien, enquanto observávamos os meninos jogarem basquete na quadra, na hora do intervalo.

— Você não quer jogar com eles?

— Não, meu negócio é esgrima. – sorriu.

— É mesmo ou você está com medo de entrar no time adversário do Kim? – Adrien riu.

— É mesmo. Eu e ele estamos nos entendendo. Não que não nos entendêssemos antes, mas você sabe, ele é bem protetor. – assenti.

— Querendo proteger logo eu, a Ladybug. – ironizei.

— Pois é, ainda mais de mim, o Chat Noir. – nós dois rimos – Mas eu entendo o lado dele, se eu tivesse uma irmã, ficaria preocupado também. Ainda mais se ela tivesse essa beleza toda.

— Uau! Você me elogiando ao invés de elogiar a si mesmo?

— Boba! – Adrien riu e beijou a minha testa. – Eu já disse que amo você?

— Já, mas nunca é demais. E não é como você já não soubesse, mas eu te amo também. – ele sorriu e puxou o celular de dentro do bolso.

— Vamos postar uma foto?

— As suas fãs malucas não vão me odiar? Seu pai não vai brigar com você?

— Para de besteira e sorri. – apontou a câmera para nós, dando um sorriso muito fofo que me fez sorrir também. Quando percebi, ele já tinha tirado a foto – Ficamos incríveis, o que já era de se esperar.

— Ah tá!

— Vou colocar uma legenda fofa. – começou a digitar.

— Qual? – virou o celular na minha direção. – “Essa é a garota mais incrível do mundo e eu tenho o maior orgulho de chamá-la de minha namorada!”. Que fofo! – pisquei os olhos, assimilando. Nós dois realmente tínhamos ficado muito lindos e eu com certeza mandaria imprimir aquela foto e colaria na minha parede – E confesso que também é um alívio porque imaginei que você fosse colocar “essa é a Marinette, apenas uma amiga”.

— Por que eu colocaria isso?

— Porque era assim que você me chamava. – disse em um tom falsamente irritado – Eu tinha vontade de socar a sua carinha linda. – o desgraçado ainda riu.

— E pra você o Chat Noir era “apenas o meu parceiro”. Então, estamos no mesmo barco, Bugaboo.

— Eu nunca disse “apenas”. – ele parou para pensar – Mas enfim, não quero remoer a enorme dor que você me causou ao longo dessa vida. – fiz uma pose dramática.

— Há há há! Muito engraçado! – Adrien me puxou de volta para os seus braços e me deu um beijo na bochecha – Como se sente sendo a namorada do incrível Adrien Agreste?

— Adrien Agreste? Nesse momento pensei que estava namorando o Chat Noir mesmo.

— Pois é, é um bônus. Vem junto com o pacote.

— Poxa, que sorte a minha!

— E não é? – apenas balancei a minha cabeça e permaneci nos braços do meu namorado. Aquele garoto era um total desafio à sanidade, mas eu acho que estou aprendendo a lidar. Pelo menos eu espero.