— Ah finalmente! – Adrien levantou as mãos para cima ao ver a gravação de nós dois lutando contra um akuma e Félix se escondendo atrás de uma lata de lixo. – Seu irmão é demais, nunca critiquei.

— Eu sei, é de família. – brinquei.

— Olha só, parece que sua convivência com o Chat Noir está começando a surtir efeitos na sua personalidade. – disse com um sorrisinho. Ele estava no meu quarto, porém como Chat Noir, já que estava tarde e o pai dele certamente não deixaria ele sair de casa e bem, nem meus pais deixariam ele vir aqui a essa hora.

Se bem que meus pais nem estavam em casa, eles tinham ido para a casa do meu avô e provavelmente só voltariam bem mais tarde. Estávamos somente eu e Kim – e este último estava jogando no quarto.

— Há há! Agora só falta esfregar esse vídeo na cara da Alya. 

— Nossa! Que maldosa, princess!

— Ela me infernizou com essa história e me deixou quase maluca a sequer cogitar que o Félix poderia ser o Chat Noir. – ele riu.

— Apesar de saber a verdade, confesso que fiquei preocupado com a minha reputação. – colocou a mão sobre o peito – Mas ainda bem que conseguimos a prova.

— É também acho. – sorri e beijei o meu namorado. – Não consigo imaginar ninguém melhor para ser o Chat Noir.

— Nem eu para ser a Ladybug, acredite. – o puxei pelo guizo de sua roupa e voltei a beijá-lo, enquanto estava encostada na parede. Coloquei minha mão nos fios loiros e sedosos, bagunçando mais ainda seu cabelo. Então, ele segurou as minhas pernas e deu impulso para que eu subisse em seu colo. – Espera! – parou o beijo de repente, me assustando – Estamos nos beijando assim na frente do Louis, somos péssimos pais! – comecei a rir e escorei minha cabeça no seu pescoço. Eu simplesmente amava esse lado bobo dele.

— Tá bom, tá bom. – dei leves batidas no seu braço, para que ele me soltasse. – Falando nisso, preciso colocar a comida pra ele. – desci do seu colo e fui pegar a comida do nosso filho.

— Posso te ajudar? – assenti e então Adrien abriu a gaiola e pegou o pote de comida. Coloquei uns pedaços de cenoura dentro do pote e o meu namorado colocou de volta. – Dá pra ver que ele é nosso filho, puxou a fofura da mãe e a beleza do pai. – cruzei os braços e o encarei, sem acreditar no que tinha acabado de escutar.

— Você é inacreditável!

— Sei disso. – balancei a cabeça e bocejei – Com sono, Bugaboo?

— Sim, infelizmente.

— Então vai deitar, você não pode chagar atrasada de novo essa semana. – fiz careta – Eu fico com você até dormir.

— Você está muito fofo ultimamente, o que está acontecendo, Adrien Agreste? – cruzei os meus braços e o encarei com desconfiança.

— Só estou feliz, assimilando o fato de que estou namorando a garota mais incrível do mundo. – sorri involuntariamente.

— Falando nisso, meu Instagram encheu de seguidores e curtidas graças a foto que você postou.

— Isso é ruim?

— Não, não. Só quis comentar. Espero que eu não receba nenhuma ameaça das suas fãs.

— Ou da Chloé.

— Chloé e eu somos amigas agora. – falei orgulhosa da situação e então Adrien me olhou com uma expressão desconfiada – Tá, não exatamente amigas. Mas estamos nos entendendo. – o loiro veio até mim e colocou a mão na minha testa – O que você tá fazendo?

— Checando sua temperatura.

— Nossa, como você é engraçado! Que comédia, você! – ele riu.

— De qualquer jeito, fico feliz que vocês duas sejam quase amigas agora. – Chat dizia enquanto eu arrumava a cama. – Chloé pode ser uma pessoa difícil, mas ela não é tão ruim. Inclusive, ela até nos ajudou como Queen Bee.

— Sim, sim. Acho que talvez isso tenha ajudado ela a mudar, sei lá. Pronto. – coloquei minhas mãos na cintura assim que terminei de arrumar os cobertores – Chat? – chamei ao notar total silêncio no cômodo. E antes que eu me virasse para procurá-lo, sinto suas mãos envolverem a minha cintura e seu rosto pousar na curva do meu pescoço, onde ele depositou um beijo.

— Estou bem aqui. – sussurrou no meu ouvido, o que fez com que eu me arrepiasse. Sabe o que eu disse sobre estar aprendendo a lidar com o meu namorado? Esquece, não tem como. – Já disse o quanto você é bonita, hoje?

— Não.

— Então você é linda, princess. – disse baixo, ainda distribuindo beijos pelo meu pescoço. Se eu permanecesse assim, provavelmente enfartaria a qualquer momento. Então, reuni toda a força de vontade que tinha e virei de frente pra ele, ou ao menos tentei. Quando fiz menção de virar, minhas pernas se enroscaram no edredom e eu tropecei nele, em seguida indo por cima de Chat. O loiro não esperava por isso e suas pernas acabaram vacilando e logo nós dois fomos ao chão. – Isso é o que eu chamo de ter uma queda por alguém. – Adrien riu em baixo de mim, enquanto eu abria e fechava a boca tentando falar algo, porém eu estava constrangida demais para conseguir.

— Marinette, tá tudo b... – Kim apareceu na porta segurando uma vassoura e parou de falar assim que viu a cena de mim por cima de ninguém menos do que Chat Noir.

Um momento de tensão foi criado e eu não sei se passaram segundos, minutos ou horas que nós três ficamos completamente congelados em silêncio.

— Eu posso explicar. – Chat foi o primeiro a dizer e então Kim correu na nossa direção com a vassoura. Levantei rapidamente e o meu namorado segurou os meus ombros, me colocando na frente de si.

— O que significa isso? Por que Chat Noir está atacando a minha irmã? – falou alto, em um tom irritado.

— Mas eu... Ela que estava... – o loiro desviava das vassouradas e se afastava comigo em sua frente, como se fosse um escudo.

— Marinette sai da frente!

— Para com isso, Kim! – falei. Adrien então saiu de trás de mim e correu para o terraço, Kim foi atrás e eu corri também.

— Eu não ligo que você seja super-herói! Eu vou te tirar a vassouradas daqui como se fosse um gato de rua! – Chat estava pendurado na estrutura do prédio, enquanto Kim tentava alcançar a vassoura nele.

— Marinette! – meu namorado me chamou – Faz alguma coisa!

— Kim, para! Ele não estava me atacando! – segurei os seus braços para trás do seu corpo. Ele tentou se soltar, no entanto eu não deixei.

— Não interessa! Vai levar vassourada igual! – bati minha mão na testa – E você, como trai o seu namorado assim? – eu queria explicar para ele a verdade, mas eu simplesmente não podia.

— Ela não traiu o namorado. – Chat desceu de onde estava e meu irmão tentou avançar, porém eu continuei o segurando. Eu sou a Ladybug, ele não sairia dali tão cedo.

— Como não?

— Vai embora, Chat. – falei. Não queria que ele piorasse a situação.

— Não. Escuta, ela não traiu o namorado dela. Eu sou o namorado dela. – Kim relaxou e parou, processando a informação. – Claws in! – desfez a transformação e o meu irmão até soltou a vassoura com o espanto.

— Agreste? – Adrien deu um sorriso sem graça. – Mas você... – soltei ele, que virou na minha direção e alternou o olhar entre nós. – E você... Você não tem medo da morte? – se aproximou de Adrien, que recuou até bater na parede.

— Kim! – parei ao lado dele.

— Ai, vocês dois só me dão dor de cabeça! – suspirou, massageando as têmporas. Em seguida saiu na direção do meu quarto. Eu e Adrien trocamos olhares e ele fez menção de entrar também, porém eu o interrompi com a minha mão.

— Você, fica!

— Mas...

— Shh! – entrei para o quarto e Kim virou na minha direção. – Me desculpa por isso, se eu pudesse te contar a verdade antes eu teria contado.

— E por que não contou?

— O segredo não era meu para que eu contasse. – ele suspirou.

— Tudo bem. De qualquer forma, é um alívio saber que o seu parceiro é o Adrien. Assim eu fico mais tranquilo quanto às suas lutas com os akumas, sabendo que ele está ao seu lado.

— Devia ficar tranquilo sabendo que eu estou ao lado dele. – cruzei os braços. Ora, não preciso que me salvem.

— Essa é a minha irmã. – Kim riu – Mas enfim, não é de todo mal. – sorri e o abracei, sendo retribuída em seguida. – Diz pro Agreste que o segredo dele está guardado comigo e... Pede desculpa pelas vassouradas.

— Não foi nem um pouco legal da sua parte, entretanto, eu sei que sua intenção era me proteger. – o encarei, ainda em seus braços – Mas não precisa mais disso. Eu já sou crescida agora e também sou a Ladybug, posso me defender sozinha.

— Eu sei, eu sei. Só que você sempre vai continuar sendo a minha irmãzinha. – sorri e beijei a sua bochecha – Agora eu vou lá levar a vassoura de volta e iniciar outra partida do meu jogo. E sem gracinhas vocês dois, ou eu volto com a pá também. – tive que rir. Sem dúvidas eu tinha o melhor irmão do mundo. Não é qualquer um que enfrenta um super-herói com uma vassoura por você.

— Pode deixar. – Kim sorriu e fechou a porta, mas antes desejou boa noite – Boa noite.

— Posso entrar agora? Tá frio aqui. – ouvi a voz de Adrien e balancei a cabeça em negação.

— Pode. – o loiro entrou no cômodo e parou ao meu lado.

— E aí? O que deu? Posso aparecer na escola amanhã ou devo fugir do país hoje mesmo?