A professora começou a sortear trios para fazer um trabalho de pesquisa de história. Infelizmente, não caí com Adrien, Alya ou Nino. Na verdade, os três caíram em grupos separados também, que triste.

— Marinette, Chloé e Lila.

— Ah não! – nós três dissemos em uníssono. Chloé e Lila olharam uma para a outra com desprezo e eu escondi minha cabeça entre os braços. Isso só podia ser um pesadelo.

— Ih! Boa sorte. – Alya deu leves tapinhas nas minhas costas.

— Valeu, eu vou precisar.

***

— Não, essa divisão ficou péssima. – Chloé, Lila e eu estávamos na sala depois da aula, discutindo a divisão das partes do trabalho. Ou melhor, as duas estavam discutindo e eu estava impaciente apenas observando.

— Claro que não. Essa divisão ficou ótima. – Lila respondeu.

— Ah, por favor. Você não consegue nem escolher roupas bonitas pra vestir e quer escolher as partes do trabalho. – me segurei para não rir. Lila fechou os punhos irritada e eu percebi que teria que intervir.

— Sua...

— Ok, chega! – parei entre as duas. – Quem sabe a gente não se reúne na biblioteca amanhã depois da aula e já fazemos tudo ali mesmo?

— É, pode ser.

— Que seja.

— Fechado então? – as duas se entreolharam e assentiram. Em seguida, Lila pegou sua bolsa e saiu, sem nem dar tchau.

— Aquela garota é ridícula! – Chloé bateu o pé e eu tive que concordar com ela.

— É, eu sei. Mas infelizmente ela está no nosso grupo, então temos que aturar. – a loira me olhou.

— Às vezes você é boa demais com as pessoas, Dupain-Cheng. – disse em um tom calmo. – De vez em quando, é preciso mostrar quem manda.

— Não sou boa nesse tipo de coisa. – Chloé escorou seu cotovelo no meu ombro e deu um sorriso.

— Deixa essa parte comigo então. Lembra o que você me disse uma vez? A única coisa necessária para o mal vencer, é as pessoas boas não fazerem nada. Então, nós duas vamos fazer esse trabalho dar certo. – encarei Chloé sem entender. Tudo bem que ela era uma pessoa mais aturável agora, no entanto, ela parecia amigável demais. E eu nem acreditava que ela lembrava que eu tinha dito aquilo pra ela nos primeiros dias de aula – O que foi?

— Nada. É que você não está me tratando com o desprezo habitual.

— Eu não te desprezo. Não mais. – valeu, eu acho – Você é... Legal.

— Obrigada. Hã... Você também.

Chloé deu um meio sorriso, pegou sua bolsa e saiu. Enquanto isso eu fiquei ali parada, assimilando o que tinha acabado de acontecer.

Não acredito que vou dizer isso, mas estou gostando de Chloé Bourgeois.

Balancei a cabeça, rindo da situação inusitada e juntei as minhas coisas. Saí da sala e quase trombei com uma pessoa.

— Desculpa, eu... – parei de falar assim que notei quem era – Ah, é você. – Félix permanecia com a mesma expressão impassível.

— Oi pra você também. – revirei os olhos.

— O que você queria comigo? – perguntei. Tudo bem que eu não fazia questão de saber, mas confesso que agora já estou ficando um pouco curiosa sobre o assunto.

— Ah! – pareceu lembrar. Em seguida, Félix olhou para os lados, tendo certeza de que não havia ninguém por perto – Então... Eu sei sobre a sua investigaçãozinha com seus amigos. – arregalei os olhos e dei um sorriso nervoso.

— Investigação? Que investigação?

— Sobre vocês acharam que eu sou o Chat Noir. – foi a vez dele revirar os olhos.

— Mas como você sabe?

— Você e seus amigos não são nada discretos. – bom, nisso eu tu tinha que concordar. – Mas até que é um pouco engraçado, pra falar a verdade.

— Engraçado?

— É. Há algumas semanas atrás eu suspeitei que você fosse a Ladybug. – engoli em seco e permaneci com um sorriso forçado – Tentei investigar também, só que depois eu me dei conta do que estava fazendo. Como que você poderia ser ela? – deu uma risada, me fazendo passar de nervosa para irritada.

— Por que eu não poderia? – indaguei com os punhos cerrados.

— Pra começar você é desastrada ao extremo. Se fosse um super-heroína, Paris estaria ferrada. – me segurei para não avançar no pescoço dele. Tinha que manter o disfarce, apesar de tudo.

— Aham. E você não poderia ser o Chat Noir também.

— Tem razão, ele é patético. – abri a boca sem acreditar que ele tinha falado isso. Tudo bem falar de mim, agora do meu gatinho...

— Você que é patético! – o garoto me encarou surpreso. – O Chat Noir é incrível!

— O quê? Não sabia que era uma das fãs dele. – cruzei os braços.

— Não sou. Eu só... – respirei fundo, não valia a pena me estressar com ele – Quer saber? Eu vou embora, tenho coisas à fazer.

— Ei! – Félix chamou, porém eu virei as costas e fui embora.

Assim que saí de vez do campo de visão dele, respirei fundo, sentindo um misto de alívio e preocupação.

Félix suspeitou que eu pudesse ser a Ladybug e até chegou a investigar. Isso explica seus sumiços durante as batalhas. Mas também é um alerta para que eu tomasse ainda mais cuidado. Não poderia arriscar que mais pessoas soubessem o meu segredo.

***

— Você quer que eu bata nele? – Kim questionou depois de eu ter contado para ele sobre a minha conversa com Félix.

— É claro que não! – bati minha mão na testa. – Só que o que ele disse me fez perceber que talvez eu não esteja sendo cuidadosa o suficiente. – juntei as minhas mãos e encarei as minhas sapatilhas.

— Bom, tudo tem um certo risco. – meu irmão colocou a sua mão no meu ombro, me fazendo olhar pra ele – Talvez ele tenha suspeitado por alguma atitude e isso não tem como esconder.

— Pode ser.

— Você é uma ótima Ladybug e dá pra ver que você se compromete com a sua vida heroica. Não se preocupe tanto. – sorri com as palavras dele, dando um beijo em sua bochecha.

— Obrigada, Kim.

— Não há de quê, irmãzinha. – ficou de pé e bagunçou o meu cabelo, enquanto eu fazia uma careta. – Então, me diz, como vai o meu sobrinho? – meu irmão questionou de um jeito sério e eu ri.

— Louis está ótimo. Hoje eu fiz uma roupinha pra ele com a estampa da joaninha. – ele riu.

— Só você mesmo.

***

Você quer que eu bata nele?

Tinha contado para Adrien também sobre a minha conversa com Félix mais cedo. Só omiti a parte que ele falou que o Chat Noir era patético. Do jeito que Adrien é, ou ficaria se lamentando por dias, ou iria tirar satisfações. E o que eu menos quero é entrar no assunto “super-heróis” novamente com Félix. Ou em qualquer assunto com Félix.

Não!

Kim perguntou a mesma coisa.

Qual o problema de vocês homens?

O dos homens eu não sei.

Mas o meu é te amar demais.

Nossa, essa doeu.

Não tanto quanto Félix dizendo que eu não poderia ser a Ladybug.

Mas doeu.

Não dá bola pra ele.

Aposto que ele queria ser a Ladybug.

Você é meawravilhosa, Bugaboo!

Meu Deus!

Você não para.

Mas enfim, o que achou da nova roupinha do Louis?

Não aguentei, tive que mandar uma foto do hamster vestido de Ladybug. Enviei para Alya também, que quis até postar no blog dela na seção de “cosplays”.

Sinceramente, eu quase explodi de fofura!

Pretende fazer uma do Chat Noir?

Não é meio irônico vestir um ratinho com uma roupa de gato?

My lady, a vida é uma grande ironia.

É, tem razão.

Dei boa noite para o meu namorado, coloquei o celular para carregar, fiz um rápido carinho em Tikki e virei para o lado pronta para dormir.

Mas é claro que Hawk Moth não estava pronto para dormir.

Assim que ouvi uma explosão, saltei da cama e fui correndo para janela. Não fazia ideia do que era, só sei que estava pegando fogo em um prédio e um risada maldosa ecoou na noite.

— Lá vamos nós de novo. – encarei Tikki, que assentiu e bocejou – Tikki, spots on!

***

— Com soninho? – Adrien questionou depois de eu ter bocejado pela quarta vez em um curto intervalo de tempo.

— O que você acha? – escorei minha cabeça em seu ombro.

Estávamos no período de aula livre, então nós dois sentamos na arquibancada, assistindo meu irmão e mais algumas pessoas jogarem. Na verdade, Adrien estava concentrado lendo um livro e eu tentava me manter acordada.

— Por que não dorme um pouquinho?

— Não posso. Mais tarde eu tenho que fazer o trabalho com a Chloé e a Lila e se eu dormir agora, não vou acordar. – ele riu.

— Vamos começar o nosso hoje. Kim e Nathaniel vão lá pra casa depois da aula. Espero que seu irmão não faça perguntas sobre o nosso relacionamento, ainda estou traumatizado com ele perguntando se eu te dei o hamster porque queria que você se acostumasse com a ideia de ter um filho. – foi a minha vez de dar risada. Na hora que ele perguntou eu fiquei nervosa, mas depois eu achei engraçado.

— Ele só estava zoando. Eu espero. – Adrien me encarou com um sorriso e beijou a minha testa.

— O que acha de jantar comigo hoje? – ponderei. Tive vontade de responder que não, pois hoje tinha a intenção de dormir cedo. Porém lembrei que às vezes Adrien jantava sozinho, já que seu pai era muito fechado.

— Pode ser. – concordei com um sorriso.

— Ótimo, te pego em casa às nove.

— Achei que fosse me pegar no jantar. – arregalei os olhos depois de ter notado que disse em voz alta, porém meu namorado apenas riu.

— É, também.