Alya quase teve um surto quando eu contei sobre Louis pra ela, o que diga-se de passagem, foi muito engraçado. E se ela estava surtando, imagina eu.

— Eu quero todos os detalhes na minha mesa, ok?

— Ok, eu vou contar todos.

— Bom dia, meninas. – Adrien parou em nossa frente com um sorriso.

— Bom dia, Adrien. Se me derem licença, vou ali falar com o meu namorado e deixar vocês à sós. – Alya disse com um sorriso sugestivo.

— É claro, está dispensada. – brinquei.

— Sr. e Sra. Agreste. – fez uma reverência e saiu, deixando nós dois um pouco vermelhos.

— Então, eu queria falar com você. – começou, quebrando o silêncio constrangedor – O Nino me disse que ele e a Alya estão quase concluindo que o Félix é o Chat Noir.

— O que sabemos que não é possível.

— Sim, mas como vamos provar? Precisamos de uma nova estratégia. – falou realmente preocupado com isso.

— Já sei, podemos usar a minha estratégia de filmar ele durante uma luta contra algum akuma. – Adrien fez uma careta.

— É, mas você esqueceu o porquê descartamos ela?

— Eu sei, não podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo. Mas eu posso pedir um favorzinho ao meu irmão.

— Genial, princess! – Adrien beijou a minha cabeça – Ah, e mais uma coisa. Como vai o Louis?

— Vai bem, ele é tão fofo! – juntei minhas mãos e sorri – E não esqueça que você vai jantar lá em casa hoje à noite.

— Como eu poderia esquecer?

— E sem gracinhas. – estreitei o olhar para ele – Se não eu... Proíbo você de ver o Louis. – Adrien abriu a boca e levou a mão até o peito.

— Você não ousaria!

— Pode apostar que sim. – o loiro riu, em seguida seu olhar se fixou em algo atrás de mim – O que foi?

— Félix está nos encarando. Será que eu vou ter que falar com ele pra te deixar em paz?

— Não! – exclamei – Quero dizer, deixa ele. E outra, se ele vir falar algo, eu mesma posso me defender. – cruzei os braços – Eu consigo fazer isso. – toda a minha vida Kim era a pessoa que fazia esse tipo de coisa por mim. E não é que eu não gostasse ou não apreciasse o gesto, só que eu precisava me virar sozinha.

Quando eu ganhei meu Miraculous e me tornei a Ladybug, aprendi a ter autonomia e coragem como nunca antes. Então eu iria continuar cuidando de coisas do tipo sozinha.

— Não estou dizendo que não consegue, eu só...

— Nem mais um pio. – interrompi, colocando minha mão na frente do seu rosto – Vamos pra aula. – segurei a mão de Adrien, que sorriu e saí o puxando.

— Como quiser, my lady.

***

— Pode entrar. – Kim disse e eu adentrei o seu quarto com um sorrisinho – Que cara é essa? O que você quer?

— Nada. – sentei ao seu lado – Só vim ver como está o meu irmãozinho querido. – ele me encarou com um olhar desconfiado. Acho que dei muito na cara.

— Sério, o que você quer? – suspirei.

— Então... – comecei a contar sobre a aposta que fizemos com Alya, sobre como teríamos que provar que o Félix não é o Chat Noir e é claro, como a participação do meu irmão seria importante. – O que você me diz?

— Não sei, não. Como pode ter certeza de que ele não é o Chat Noir? Vocês me parecem ter bastante provas que ele é.

— Hã... Eu já vi ele o Chat Noir ao mesmo tempo. – inventei rapidamente, não queria contar ao meu irmão mais do que ele já sabia – Só que eu não tenho como provar. E como Ladybug, eu não posso filmar. Por motivos óbvios.

— E por que o Adrien não filma? – arregalei os olhos.

— Porque ele é muito ocupado! – respondi desesperada. Mas senti que não era o suficiente para convencê-lo, então decidi apelar para o seu ponto fraco – Qual é, você não vai deixar a Alya ganhar da gente, não é? Sabe, vocês dois são bem competitivos. E se ela ganhasse...

— Ok, é o suficiente. Eu ajudo você. – sorri satisfeita.

— Muito obrigada.

***

Abri a porta receosa, dando de cara com um Adrien sorridente, segurando uma rosa. Quase não consegui me mover de tão lindo que ele estava – normalmente ele é, mas hoje tinha se superado. O loiro vestia uma blusa de lã verde escuro, que eu reconhecia ser da linha do seu pai, calça jeans clara e um tênis preto. Simples mas incrível.

— Wow! – exclamei.

— Eu sei, perfeito né? – revirei os olhos e dei passagem para ele entrar. – Boa noite, Bugaboo. Como vai? – deu beijo na minha testa.

— Shh! Você não pode me chamar assim aqui, se o Kim escuta ele pode te associar ao Chat.

— Ah, claro. Me desculpe. – sorri.

— Mas eu estou bem e você?

— Nervoso. – colocou a mão atrás da nuca – Eu trouxe essa rosa pra sua mãe. Será que ela vai gostar? – ri achando muito fofo e o segurei pela mão.

— Vai sim. Vem comigo. – o conduzi pelas escadas e adentrei a sala de estar. – Atenção família, este é o Adrien. O meu namorado. – apresentei ao meus pais, por mais que já o conhecessem.

— Olá, fico feliz que tenha conseguido vir. Marinette me disse que você é muito ocupado. – minha mãe foi a primeira a se aproximar e abraçá-lo.

— Olá Sra. Cheng. É verdade, mas eu consegui uma brecha na agenda.

— Olha mãe, ele trouxe pra você. – apontei pra rosa e Adrien a estendeu envergonhado. Minha mãe pegou a flor e sorriu, dando outro abraço nele.

— Muito obrigada, querido. Eu amei.

— Não há de quê.

— Fala aí, Adrien. – Kim se aproximou, o cumprimentando.

— Oi. – fizeram um toque e logo meu pai veio até nós. Adrien ficou meio paralisado, pois meu pai estava com uma expressão séria, só que eu sabia que era apenas fingimento.

— Sabine, eles não são adoráveis juntos? – ele mudou completamente a expressão, juntando as mãos e nos olhando de maneira amável. Minha mãe riu e concordou com a cabeça. – Seja bem-vindo à família, filho! – abraçou Adrien e o levantou do chão, assim podíamos saber que seu afeto era verdadeiro. Ri da expressão de surpresa do meu namorado.

— Obrigado, Sr. Dupain. – disse assim que foi colocado de volta no chão.

— Que isso, pode me chamar de Tom. – meu pai piscou – Fico muito feliz em saber que a nossa Marinette está namorando alguém como você. Mas se partir o coração dela eu vou garantir que não encontrem o seu corpo. – disse com um sorriso e Adrien arregalou os olhos.

— Pai! – o repreendi, enquanto Kim ria atrás dele.

— Só estou brincando. – riu e conduziu Adrien e eu em cada um dos seus braços. – Agora vamos jantar, fiz um prato especial para uma noite especial.

***

Adrien estava admirando Louis, enquanto eu admirava ele. O jantar tinha sido um sucesso, pelo visto a personalidade de Chat Noir não estava presente. O que foi muito bom.

Não que eu não goste da personalidade Chat Noir. Só que com os meus pais não seria uma boa.

— Por que você fica olhando pra essa criaturinha quando você pode olhar pra mim? – Plagg questionou, fazendo com que nós dois ríssemos.

— Ciúmes?

— Ciúmes? Eu? Não seja bobo, Adrien. – o kwami cruzou os braços e olhou para o lado. Tikki e eu trocamos olhares cúmplices e ela me abraçou brevemente.

— Quer um abraço, Plagg? – meu namorado indagou com um sorriso sugestivo.

— Não.

— Vem cá. – Adrien fez menção de pegá-lo e então o kwami saltou para o lado e se escondeu atrás de mim.

— Nem pense nisso! – o loiro riu e sentou ao meu lado.

— Tudo bem, seu rabugento!

— Crianças? – ouvimos batidas na porta do meu quarto e rapidamente os kwamis se esconderam.

— Pode entrar. – meu pai passou pela porta com uma bandeja de doces variados que ele fez hoje para a padaria.

— Trouxe a sobremesa.

— Muito obrigada! – dei um beijo na bochecha dele e peguei a bandeja.

— De nada. Espero que gostem. – trocamos sorrisos e logo ele saiu, nos deixando à sós.

— Seu pai é incrível. Na verdade sua família toda é. – disse Adrien e eu sorri. – Claro que eu já imaginava isso ao conhecer você.

— Que fofo! – beijei sua bochecha, porém antes que eu me afastasse, ele virou o rosto e beijou a minha boca. – Obrigada por ter vindo hoje. – agradeci com o meu rosto ainda próximo do seu.

— Eu é que agradeço por você ser tão incrível.

— Não vou dizer que você também é, porque você mesmo já diz. – ele riu.

— Isso é verdade.

***

— E aí, você conseguiu? – sussurrei para Kim. Nós dois estávamos sentados em um banco do pátio, durante o intervalo.

— Olha, eu tentei. Mas o Félix simplesmente sumiu durante o ataque. – lamentou – Tem certeza que ele não é mesmo o Chat Noir?

— Absoluta!

— Espera... Você sabe quem é o Chat Noir por trás da máscara, não sabe? – Kim se aproximou, me encarando com desconfiança.

— Não, não. – balancei as minhas mãos. – Mas eu o conheço o suficiente para saber que não pode ser o Félix. – menti. Kim não podia nem sonhar que Adrien era o Chat Noir, pois esse segredo não era meu.

— Tá, entendi. – deu de ombros – Vou tentar novamente da próxima vez. – suspirou – O que não fazemos pelos irmãos? – sorri e beijei sua bochecha.

— Muito obrigada. – ele retribuiu o sorriso e eu saí, indo procurar os meus amigos.

Sinceramente, não que eu fizesse questão de saber muito sobre o Félix. Mas era curioso o fato de ele sumir durante os ataques. O que será que ele esconde?