Snuff- Dramione - O Retorno. escrita por Lívia Black


Capítulo 2
II- Scorpius Malfoy.


Notas iniciais do capítulo

Olá galera. Fiquei bem feliz pelas pessoas que comentaram. Continuem me incentivando a escrever a fic. Eu quero poder atrair cada vez mais ex-leitores de Snuff, que pediam por uma continuação. Ajudem-me a divulgar, por favor! Enfim, espero que gostem do capítulo...



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Draco Malfoy só percebeu o quanto estava atordoado quando Granger finalmente deixou sua sala. Gotas de suor haviam se acumulado no seu colarinho. Suas mãos tremiam. A garganta parecia um deserto.

Ele ainda não acreditava que ela, em uma questão de segundos, fizera com que concordasse em lhe apresentar Scorp na manhã seguinte.

Era no mínimo impressionante (para não dizer impossível).

Depois daquele encontro na estação, ele tinha jurado que era o Fim. Tinha aceitado aquilo, se resignado em apenas saber que existira aquela perfeição, mas que acabava ali, com seu filho nos braços de outro homem. Prometeu que faria de tudo para manter-se o mais longe possível de Hermione, a mulher mais fria e sem coração que ele já conhecera na vida.

 E no entanto, ali estava ele.

Havia marcado um encontro com ela.

 Em um momento que sabia que Astoria não estaria em casa.    

“Em que diabos estava pensando?!”

Afrouxou a gravata e tirou, debaixo de sua escrivaninha, uma garrafa de uísque de fogo. Já fazia tempo que não bebia, mas diante daquelas circunstâncias via-se sem escolha. O perfume dela inundava o ambiente todo, inebriante exatamente como ele se lembrava que era.

“Eu estava pensando no meu filho. No meu outro filho.”

Mas, por mais que a ideia de conhecer Charles o agradasse muito, afinal  sabia o quanto amava Scorpius e o quanto era capaz de amar um outro filho seu, Draco sabia que não era só isso.

Ele estava excitado com a ideia de ver Granger de novo.

Ele nunca, jamais, nem por um momento, havia pensado na possibilidade de que ela voltasse atrás...  Jamais lhe ocorrera, nem por um segundo, que Granger abdicaria de seu orgulho, de seu egoísmo, de suas mentiras, de seu casamento e sua vida perfeita com Weasley, para vir reencontrá-lo.

Depois de todo aquele tempo... Ele tinha se convencido, por muitas vezes, que não havia mais história para contar. Que não havia um ‘porém’ ou um “continua”.

Mas ele ainda se lembrava da perfeição de tê-la em seus braços, do gemido dela ao murmurar seu nome, de sentir sua pele se arrepiando debaixo da sua enquanto a possuía...

Aquilo era algo que ele sabia que não ia encontrar com mais ninguém, em um milhão de anos. E ao mesmo tempo em que tinha os desejo de possuí-la, esse se confundia com o desejo de simplesmente estrangulá-la, de fazê-la sofrer, pagar pelo que havia feito com ele...De vingar-se.

Era isso.

Nunca imaginava que teria a oportunidade de fazer Granger pagar por seus pecados, mas aparentemente, alguém lá no alto decidira aquela história não havia acabado. Alguém, que assistira todo seu sofrimento, havia lhe dado a oportunidade de finalmente se vingar.

Por mais que a ainda a amasse loucamente, o ódio o cegava.

Draco usaria aquela reaproximação ao seu favor.

A castanha sentiria o sabor da palavra Vingança.

x-x

Hermione Granger sentiu o vento estapear seu rosto quando deu o primeiro passo para fora do hospital St.Mungus.

As imagens do encontro que tivera com Draco Malfoy passavam por sua cabeça a mil; palavras trocadas iam sendo processadas, uma a uma, de maneira lenta e tortuosa causando um turbilhão de emoções distintas, uma mais complicada de lidar do que a outra. Era como se não tivesse vivido tudo aquilo de verdade. Como se tudo não tivesse passado de um sonho, ou como se fosse outra pessoa que tivesse assumido seu papel e tivera coragem o suficiente de ir falar com o loiro. Era como se, por um motivo maior, o bem do seu filho, ela tivesse colocado todas as suas lembranças mais vivas, emoções mais íntimas e dores mais penosas, dentro de uma caixa de chumbo, que manteve trancada durante toda a conversa com Malfoy. Ela fora cordial, controlada, objetiva e de certa forma... quase fria.

“O único monstro que existe aqui é você, Granger.” Ele dissera, soando convicto como quem dissesse que o céu é azul.  

Estaria ele certo? Afinal, ela dissera na cara dele que não se arrependera do que fizera.

E ela de fato não tinha se arrependido.

Quer dizer, excluindo o fato de que, à época, ela amava Malfoy intensamente e pertencia a ele de corpo e alma, como nunca pertencera a Rony. Excluindo o fato de que ela se privaria de um sentimento inigualável para o resto de sua vida pela felicidade de outra pessoa.

 Aquilo nunca fora sobre ela.

 Aquilo sempre fora sobre não fazer Rony sofrer. E de fato, naqueles anos, toda vez que o arrependimento e a culpa queriam bater em sua porta, ela se convencia de que aquilo para Malfoy não era nada, que por mais que ele a amasse ele a superaria, em breve, encontraria uma outra distração menos complicada, simplesmente a chamaria de sangue-ruim e seguiria em frente. Sempre subestimara o quanto ele sofreria por ela. Sempre considerou que Rony sofreria muito mais do que Ele, caso ela o deixasse, e que merecia muito menos esse tipo de Dor, porque tinha a alma pura, enquanto Draco Malfoy não passava de um ex-comensal da morte.  

Depois daquela conversa, no entanto, suas crenças e convicções desceram ralo abaixo.

Malfoy dissera que pensara em suicídio. Por ela. Nunca o imaginou sequer considerando a possibilidade de sofrer por uma sangue-ruim, quanto menos a de morrer por uma.

Não é que ela não tivesse acreditado que ele a amava... Quer dizer... Talvez fosse exatamente isso. Talvez ela tivesse o julgado incapaz de amar por muito tempo para se livrar da sensação de que aquilo não passava de uma tentativa dele de iludi-la. Subestimara os sentimentos deles, os comparara com o de Rony e os minimizara.  

Enquanto que na verdade...

Quando ela tomara a decisão de contar, não tinha ideia de como Ronald reagiria. Imaginou apenas que ele explodiria de ódio, começaria a atirar coisas em cima dela e xingá-la de todos os palavrões já inventados.

 Em vez disso, porém, deparou-se com uma silenciosa indiferença, que lhe era totalmente inacreditável e surpreendente.

De certa forma, era como se Rony já esperasse isso dela. Como se não fosse novidade alguma. Ele parecia quase que... Aliviado.  

Quando a castanha questionou sobre sua reação, o ruivo apenas deu de ombros “Eu sempre soube que tinha alguma coisa estranha com você. Quando você estava comigo, naquela época, sua mente parecia estar sempre a quilômetros de distância. Antes de nos casarmos, eu mal podia tocar em você sem que você se esquivasse e esboçasse uma expressão de culpa. Parecia que eu a deixava tensa, preocupada. De repente nossos momentos de lazer e diversão, tornaram-se momentos pesados. Eu comecei a cogitar que você estivesse tendo um caso com Harry.” A castanha fizera uma expressão de horror. “Ah, corta essa, Hermione. Eu sempre achei que vocês deveriam ficar juntos. Era o meu pior medo, mas também o que mais fazia sentido. Vocês sempre combinaram muito mais do que nós. Eu nunca me achei bom o suficiente para você, você sempre me criticou, sempre me deixou inseguro e me subestimou. Comecei a buscar alguém mais parecido comigo para desabafar. Foi quando, na mesma época que aconteceu esse seu lance com o Malfoy, comecei a me consultar no consultório de psicologia da Luna Lovegood. E bem, digamos que você não foi a única que teve um Caso.”  

E isso basicamente resumia a reação de Rony. Nada de gritos de desespero. Nada de lágrimas incontáveis. Nada semelhante a reação de Malfoy...

A decisão de contar para Rony, no entanto, não foi do dia para noite.

Hermione pensara nisso por anos, os longos 13 anos desde que Charles nascera.

 Primeiro porque, embora não tivesse imaginado isso na época, ela não aguentava a ideia de viver uma mentira. De ser falsa com a pessoa que deveria ser o seu melhor amigo da vida.  Seu namoro todo fora baseado em mentiras, e seu próprio casamento fora manchado com a traição. Ela imaginava que com o tempo passando, não cometendo mais os mesmos erros, a culpa desapareceria. Mas ela continuava lá, como uma coceira incômoda e indesejada, cujo remédio ela resistia em tomar. Talvez ela até pudesse ser esquecida se não fosse pelo fato de que... Essa culpa tomou a forma e o rosto de Charles, seu filho.

De onde também saia o segundo motivo do porque ela contara tudo a Rony. Charles e o ruivo se davam muito, mas muito mal. Brigavam o tempo todo, e ela não suportava assistir àqueles desentendimentos, sempre ficando no meio de campo, tentando conciliá-los . Ambos mereciam uma explicação para tanto desafeto dentro de uma família e a única que ele encontrava era de que eles simplesmente não eram uma família.

A culpa a invadia ao pensar em como seria a interação de Draco com Charles. Ela os privara desse contato, durante 13 anos, de algo que poderia ser... muito bom. Para ambos.

Ela fora egoísta.

Porque em seu íntimo, ela não depositava fé em Draco Malfoy. Ela o amara, mas não o perdoava por seus crimes. Algo dentro dela ainda dizia que ele era aquele mesmo garoto estúpido e preconceituoso que ela socara no terceiro ano de Hogwarts, que escrevera dezenas de cartas a xingando de sujeitinha de sangue-ruim, que tentara matar Dumbledore, que tinha a maldita marca-negra. Em seu íntimo, ela não acreditava na capacidade de um Malfoy amar alguém. Muito menos alguém como Ela.  

E no entanto, as evidências estavam ali, bem diante de seu nariz.

Recordava-se com perfeição de quando ele viera ter com ela, 13 anos atrás no dia do seu casamento. No som da sua voz dizendo “Eu te amo, Hermione Granger.”

Agora, ele dizia que a odiava com a mesma intensidade que uma vez proferira essas palavras. O tipo de ódio que ela esperava sentir vindo de Rony, ao saber que seu grande amor fora traído. Não de Draco.

Lágrimas escorriam em seu rosto uma atrás da outra conforme andava pelas ruas de Londres, perdida em seus pensamentos, confusa ao enxergar tudo por aquele outro ponto de vista.

Mas, como era típico da castanha, ela não queria se precipitar.

Amanhã, conheceria o filho dele. Dali tiraria suas próprias conclusões. Descobriria se um Malfoy era mesmo capaz de amar.

x-x

 

—Eu odeio Rose Weasley. -Foi a primeira frase que Hermione ouviu de Scorpius Malfoy quando o garoto a recebeu à porta da Mansão Malfoy, cuja exuberância não havia mudado nada desde a última e dolorosa vez em que a castanha estivera ali. – Você é Hermione Granger Weasley, a mãe de Rose, não é? A melhor amiga do Harry Potter?

Um Draco em miniatura mantinha-se diante de si com os braços cruzados, os cabelos penteados para trás com gel, roupas inteiramente em tons de preto, verde e prata.

—Olá para você também. – A castanha respondeu com algo que ela simplesmente não pode evitar diante daquela figura tão familiar: um sorriso. -Você deve ser Scorpius Malfoy. Sim, eu sou Hermione Granger.  -Estendeu a mão para cumprimentá-lo, e o menino a olhou como se ele tivesse estendido um balde de lesmas na direção dele.

—Como você sabe o meu nome?! – Pareceu extremamente desconfiado. – A Rose falou sobre mim?

Sabia que Rose não ficaria contente em saber que conversara com Scorpius Malfoy a respeito dela, mas não conseguia conter sua curiosidade.

—Ah, sim. Ela comenta bastante sobre você.

—Ah, é? E o que exatamente essa traidora de sangue comenta?

Hermione franziu o rosto ao ouvir a expressão preconceituosa dos lábios finos de Scorpius. Tão novo e já tão... Malfoyzento.

—Bem, ela me disse que você é muito parecido com o seu pai. -A castanha afirmou, sendo incrivelmente eufemística . “Sonserino arrogante, loiro-aguado, filhote de doninha” eram os adjetivos que sua filha comumente usava para se referir ao menino Malfoy. -O que eu posso afirmar que é verdade.

Scorpius sorriu com orgulho.

—Meu pai é o melhor bruxo que já existiu. -Falou, os olhos cinzentos sonhadores e brilhantes, iguaizinhos ao de seu filho mais velho. -Muito melhor que o seu amigo Harry Potter.

—Ah, é mesmo? E o que o faz pensar isso?

—Você ainda pergunta! -Ele se indignou brutalmente. – Ele foi obrigado por Você-Sabe-Quem a se tornar um comensal da morte quando tinha dezesseis anos. Você não tem noção do tipo de abuso e manipulação que ele sofreu por aquele maníaco. E todo mundo só pensou em como ele não estava do lado do Santo Potter. Mas ainda assim, depois que a guerra acabou, ele conseguiu se reerguer da imagem suja que tinham construído sobre nós e salvar o sobrenome dos Malfoy, em vez de acabar numa cela em Azkaban como todo o resto dos ex-comensais. Hoje, ele é o diretor do St. Mungus e um membro respeitado na sociedade bruxa. Quase qualquer bruxo que foi parar naquele hospital com uma doença grave deve créditos a ele e sua administração. Ele conseguiu casar com mamãe, uma bruxa de sangue-puro, de uma família tradicional...

—Scorpius, já chega, filho. -Um Draco Malfoy de cabelos meio molhados, camisa não completamente fechada, sorriso de canto de lábio, acabara de surgir atrás da porta. Lançou um olhar pouco significativo à figura de Hermione, que ainda estava meio embasbacada diante das palavras do menino. -Vejo que conheceu a Granger.

—A sangue-ruim do Potter, você quer dizer.

Scorpius!—Malfoy segurou o filho pelo ombro e o girou para que seus olhos se encontrassem. -Já falamos sobre esse tipo de linguajar na frente dos outros.

—Mas papai! -Ele parecia extremamente frustrado. -O que diabos a mãe da Rose Weasley está fazendo aqui na nossa mansão?

“Eu mesmo gostaria de encontrar uma explicação para isso” queria dizer Malfoy. Em vez disso, sorriu amarelo para o filho.

—Essa senhora é nossa convidada hoje, Scorpius.

—Nossa convidada? – O garoto olhou para Hermione, como se tivesse visto um dementador. – Ela?

—Sim. -Draco insistiu. -Convide-a para entrar.

—Não!

—Scorpius!

—A senhora ao menos trouxe o Charles Weasley com você?  

Até aquele instante,  Hermione estava se sentindo completamente tensa diante daquela discussão entre pai e filho, temerosa de que Scorpius não fosse nem sequer dar a chance dela conhecê-lo melhor. Ela havia ficado absolutamente fascinada com o menino. Mas isso se dissolveu quando soube que havia algo nela que interessava a ele. Charles.

—Receio que não. – Sorriu com pesar. - Por quê? Por acaso você gosta dele?

—Digamos que é difícil acreditar que ele seja um Weasley. - Hermione engoliu em seco, constrangida. Além de tudo, o garoto era inteligente. Draco tossiu, como a indicar para o menino que ele tinha esquecido alguma coisa. A contragosto, Scorpius deu um passo para trás. -Seja bem-vinda a Mansão Malfoy, Hermione Weasley.


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Notas finais do capítulo

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