Snuff- Dramione - O Retorno. escrita por Lívia Black


Capítulo 3
III - Ódio.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Fico muito contente que estejam gostando da fanfic e principalmente do lindo do Scorp. Muitas pessoas estão ficando com raiva da Mione, mas genteee...coitada. É difícil amar um sonserino. Vamos ver o que acontece agora, né?
Comentem pls!



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Hermione entrou na mansão, um tanto quanto receosa, apesar de Scorpius ter feito o convite. Ainda era difícil para ela estar no mesmo ambiente que Draco Malfoy. Tudo parecia ao mesmo tempo improvável e impossível de estar acontecendo. Além do fato de que ela se lembrava daquele lugar de quando ainda eram...amantes, por assim dizer, e a lembrança por si só fazia seu corpo estremecer todo.

 Seu salto fez barulho ao chocar-se com o piso liso e impecável do Hall Malfoy, e o som enchia seus ouvidos enquanto os seguia pelo aposento até a sala de estar. Pai e filho andavam lado a lado, e a semelhança entre eles era algo realmente inacreditável, porque até os cabelos eram da mesma cor. Isso fazia a castanha pensar que teria sido complicado ocultar a identidade de Charles se ele tivesse nascido com aqueles cabelos loiro-brancos, da mesma forma.  

Finalmente chegaram a sala de estar, cujo estilo e luxo pouco havia mudado naqueles anos. Ainda havia a imensa lareira revestida por mármore branco, a tapeçaria sonserina, o imenso sofá de couro cercado por poltronas verdes, os porta-retratos com fotos de Astoria e Draco abraçados, além de retratos do pequeno Malfoy.  Entre as poltronas e sofá, havia uma mesinha de centro, em que repousavam três xícaras de porcelana em seus respectivos pires. Ela ficou surpresa de Draco se dar ao trabalho de preparar uma espécie de recepção calorosa; não achava que ele teria o trabalho de fazer algo assim para ela.

—Vamos tomar chá com ela? -Scorpius parecia ter notado a mesma coisa, e agora perguntava ao pai, com uma certa aversão tateando o tom de voz.

—A Granger tem que fazer umas perguntas para você, Scorp. -Draco respondeu, displicente, enquanto se jogava em uma das poltronas verdes, oferecendo a poltrona ao seu lado para Hermione.

—Não é bem isso, Malfoy. -Granger tratou de corrigi-lo, aflita. -Desse jeito até parece que eu vou inspecioná-lo.  -Olhou para Scorpius, que sentou na cadeira que Draco havia indicado para ela, com um ar pretensioso de “Isso aqui é tudo meu, bocó”. -Apenas quero conhecê-lo. – Explicou, delicadamente, e com vergonha, ocupou o sofá ao lado das poltronas.

—E por que eu daria esse prazer a senhora, Weasley? -O garotinho quis saber, braços cruzados e sobrancelha arqueada.

—Quem sabe você possa me conhecer antes, para julgar se eu mereço ou não. – Sugeriu Hermione, constrangida por ser chamada daquela forma na frente de Malfoy, muito embora fosse seu sobrenome legítimo. Colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Era impressionante como a personalidade do menino era igual, sem tirar nem pôr, a de Draco, sempre desconfiando de tudo e de todos, e se sentindo inegavelmente superior. Isso só podia sugerir algo que ela viera ali para confirmar com os próprios olhos: que eles eram extremamente próximos um do outro. Mas ela ainda não estava convencida, apesar disso, de que ele era um bom pai.

Quer dizer, ver Scorpius falar bem de Draco e dizer que achava o pai o máximo era algo um tanto quanto acusatório, mas ele podia ter sido simplesmente obrigado a adquirir aquela opinião sobre seus superiores, e não ter nutrido o respeito por afeição própria.

Scorpius foi até a mesa de chá, pegou sua xícara, depositou o conteúdo do bule nela, junto com o açúcar e em seguida sentou-se novamente. Olhou para Granger com sua típica cara de pôquer.

—O que você é do meu pai? -Quis saber, enquanto girava a colher dentro do pires, o cenho franzido.

Hermione olhou para Draco, que olhava bem na direção dela com cara de “Quero ver você responder essa”, e simplesmente engoliu em seco. “Fomos amantes por seis anos e hoje compartilhamos um filho, que é seu irmão” não parecia ser a resposta adequada para o momento.

—Er... Nós erámos colegas. Em Hogwarts.  

—Isso é óbvio. -O garoto revirou os olhos. -Eu estou me referindo ao presente momento. Você trabalha no St.Mungus ou algo do tipo?

—Trabalho no Ministério.

—Em que departamento?

—Execução das Leis da Magia.

—Você é a amiga da mamãe então? -Seu olhar se iluminou, como se tivesse encontrado a única explicação plausível para aquele encontro. -Ela tem essa mania de achar que os nascidos-trouxas são legais.

—Er...Eu e Astoria... Somos. – Hermione mentiu, concluindo que era a melhor forma de deixar o garoto satisfeito, algo que, aparentemente, ela queria fazer.

Na cadeira ao lado de Scorpius, viu Draco segurar o riso, e falhar miseravelmente.

—Com certeza, Granger. Você e minha esposa são as melhores amigas do mundo. – O sarcasmo era quase um gás tóxico em cada palavra daquela sentença, mas aparentemente só ela percebera. O pobre Scorpius não parecia ter detectado nada.

—Acho que isso é suficiente. Mamãe ia ficar chateada se soubesse que eu te chamei de sangue-ruim. -Ele coçou queixo, reflexivo. -Vou dar uma chance para você. -Um brilho se acendeu nos olhos dele, e isso provavelmente se devia ao fato de que ia começar a falar sobre si mesmo. -Bem, acho que a primeira coisa que eu posso falar sobre mim é que eu gosto muito de quadribol. Papai me ensinou a voar quando eu tinha seis anos, e desde então nós praticamos todos os fins de semana até eu ir para Hogwarts.

—Vocês costumam fazer muitas coisas juntos? – A castanha questionou, genuinamente interessada, porque finalmente tinham chegado no ponto que a tocava: a relação entre eles.  

—O quê? É óbvio que sim. -O garoto bufou, como se pensasse “Tinha que ser uma sangue-ruim para não perceber o que é óbvio.”- Vamos assistir aos jogos juntos. Ele sempre me leva para tomar sorvete no Beco Diagonal depois.

—Vocês não...er.. brigam ou algo do tipo?

—Claro que não. -Scorpius soou bastante indignado. - Diferente do seu marido, o meu pai é um ótimo pai.

—Como assim diferente de Ronald? – Hermione perguntou, sem conseguir conter a surpresa no timbre. Jamais imaginaria que seu marido poderia ser citado naquelas circunstâncias.

O pequeno loiro se empertigou. Tomou um longo gole de chá antes de falar.

—Charles me contou tudo. De como a Rose e o Hugo são os queridinhos do papai e ele sempre fica de castigo e é deixado de lado.

Hermione engoliu em seco. Não imaginava que as desavenças entre Charles e o ‘pai’ fossem tão fortes que ele saia espalhando por aí o tamanho de seus desafetos. Corou.

—Charles e Ronald são bem diferentes.

—É. Como se isso justificasse ser um péssimo pai. -Scorpius fez “tsc, tsc, tsc” enquanto balançava os ombros.- Mas é, nem todos tem a sorte que eu tive. – Em seguida, tomou o resto de seu chá em um gole só e voltou os olhos para Draco. Parecia ter ficado imediatamente entediado com aquela conversa. -Papai, eu terminei meu chá. Posso voltar para meu quarto agora? Quero terminar de ler “Quadribol através dos séculos.”

—Granger? – Malfoy perguntou a ela, como se estivesse a cargo dela tomar aquela decisão por ele.

—C-claro. Fique a vontade. – A bem da verdade Hermione não queria ser deixada sozinha na sala de estar da Mansão Malfoy com o próprio Draco Malfoy, mas também não queria ser a chata de obrigar o garotinho a ficar ali sendo interrogado por ela quando ele estava claramente farto e interessado em outras coisas.  

Scorpius se preparou para deixar a sala, mas não partiu sem antes dar um beijo no canto do rosto de Draco. Subiu as escadas para o andar de cima, parecendo contente e satisfeito.

Uma vez sozinhos, o silêncio tomou o lugar.

Hermione não sabia ao certo o que dizer, ou como começar a dizer. Debruçou-se em direção a mesa, pegou uma xícara e ficou tomando chá por um bom tempo, enquanto refletia sobre suas impressões recém-tiradas. Quando o comentário saiu de sua boca, foi tão espontâneo que ela mesmo se surpreendeu por ouvi-lo.

—Eu confesso que não estava esperando por nada disso. – Dissera.

Draco, que estivera quieto analisando sua figura, sentado naquela poltrona de espaldar alto, mexeu-se na cadeira parecendo estar subitamente desconfortável com alguma coisa.  

—O que quer dizer, sangue-ruim?

A castanha franziu o rosto de desgosto ao ouvir o xingamento. Não estava acostumada a ouvir aquele tipo de coisa por muitos e muitos anos. E aquilo trazia lembranças demasiado dolorosas, de como nunca imaginou que ele voltasse a se referir a ela desse jeito. Mas não, não era como se não esperasse ser tratada assim.

 Teve que respirar fundo antes de responder.

—Draco Malfoy é um pai carinhoso e dedicado. Tem um filho que, a despeito de ser tão preconceituoso quanto ele, é educado e... adorável. -Ela não encontrou outro adjetivo para chamar Scorpius. O menino havia realmente conquistado sua afeição naqueles poucos momentos.

Malfoy simplesmente deu de ombros diante das palavras dela.

—Eu falaria “eu te disse” mas, na verdade, eu realmente preferi não dizer nada e deixar você ver com os próprios olhos. -Explicou-se. -Scorp é simplesmente o amor da minha vida.

—... – A castanha perdeu a fala diante daquela declaração.

— Eu nunca achei que ia ser capaz de amar de novo, depois de... você sabe o quê. Mas ele tocou meu coração de novo.

Ela ainda parecia embasbacada.

—Então você é mesmo... -Olhava para o nada, como se falasse consigo mesma. -Capaz de amar.

Draco rolou os olhos.

—Era essa a sua dúvida, Granger? Se eu era um psicopata insensível que tinha enganado você?

—...- Novamente, ela ficou sem palavras.

—Eu até desconfiava que você não tinha acreditado em mim, 13 anos atrás. Mas vir jogar isso na minha cara é muita ousadia sua.

—Oras, e você culpa a mim por não acreditar?! -Hermione desabafou aquilo que estava entalado em sua garganta há muito tempo. Odiava aquele sentimento que ele embutia nela, de que ela era uma megera fria e sem coração capaz de fazer as piores coisas, de tomar as conclusões mais horríveis.  Olhava para ele, agora, bem no fundo daqueles olhos cinza cáusticos, que pareciam dissolvê-la por dentro. - Tudo o que você fez, durante a nossa convivência, Draco, foi me mostrar o quanto você era indiferente aos meus sentimentos. Você esperou até o dia do meu casamento para vir dizer que me amava. E você realmente se convenceu de que isso bastava? Que um segundo agindo diferente comigo, fosse fazer com que eu largasse tudo que eu havia construído durante anos...?

Por um momento, em que os olhos dele faiscaram,  até pareceu que ele ia dizer que “De fato, você está certa, Granger, seria pedir demais que você agisse assim.” Ele segurava os braços da poltrona com força. No entanto, o brilho morreu tão rápido quanto surgiu e ele era novamente uma pedra de gelo.    

—Se você me amasse, teria sido o suficiente.

—Eu am...

—Shhh. -Não deixou com que ela fizesse aquela declaração, que considerava demasiado indigna de ser ouvida. - Quem liga para suas mentiras? Não importa, agora, sangue-ruim...

—Eu ligo. -Hermione se levantou do sofá, de repente, num gesto de determinação. Caminhou até a poltrona dele, cabeça erguida. -Para mim importa. – Colocou a mão no peito. Não imaginava que iam falar sobre aquilo, mas uma vez que estavam colocando as cartas na mesa ela depositaria todas as verdades sufocantes de seu peito. -Não gosto que você pense em mim como um monstro insensível. Eu sofri muito com a minha decisão, Malfoy. Foi a pior coisa que eu fiz para mim mesma. E eu não tive um casamento feliz.

—Por favor. -Ele se levantou também, mas diferente dela, não era com determinação, e sim com fúria. As palavras dela o irritavam tão profundamente, que ele seria capaz de lançar um crucio em qualquer ser que visse respirando naquele momento.  - Não ouse falar do seu sofrimento, Granger. Não foi você que teve que assistir o amor da sua vida dizer “sim” para algum filho da puta qualquer. Não foi você que teve que passar semanas sozinho, sem conseguir levantar da cama, num mar de álcool. Não foi a sua palavra que foi jogada no lixo. -Cada uma daquelas frases, ao penetrar nos ouvidos dela, pareciam fazer um nó em sua garganta. Imaginá-lo naquela decadência por sua causa realmente deixava Hermione coberta de pecaminosa culpa. - Mas como eu disse, não importa mais. Já passou. E quem perdeu tudo foi você, não eu. Para mim, apenas me livrei de uma sangue-ruim desprezível.

—Isso quer dizer que você não pensa mais nisso? -Aproximou-se alguns passos, e ergueu mais a cabeça, para que ficassem na mesma linha de visão. Engoliu em seco, antes de perguntar algo que jurou que não perguntaria, em hipótese alguma, por medo de saber a resposta. - Você é feliz com Astoria?   

Sou.

Não houve hesitação. Não houve um “Mas”. Não houve um “Talvez”.

Hermione não imaginou que fosse doer tanto, como se alguém tivesse acertado uma facada em sua barriga. Seus olhos perderam o brilho e algo dentro dela pareceu encolher-se e morrer. Mas o que importava agora era não demonstrar.  

—Então, eu tinha razão, não é?  Você ia conseguir me superar. Hoje você não sente mais nada por mim.

—Mas eu sinto, Granger. Sinto muito coisa por você.

Os olhos dela voltaram a brilhar, num instante, com aquelas simples palavras. Não sabia como, nem quando, mas de repente estavam muito próximos. Os olhos dele pareciam mares a banhá-la, cobrindo-a de esperanças e expectativas. E se tudo tivesse sido um grande erro? E se depois de todo aquele tempo, ela pudesse consertar e finalmente ficar com quem amava? Seu coração acelerou, bateu cem vezes mais forte. Conseguia sentir a respiração dele agora, quente, sobre sua bochecha. Draco ergueu a mão direita e segurou seu rosto, perto do dele, como se fosse beijá-la. Mas quando ela estava prestes a fechar os olhos, ouviu as palavras que quebraram suas expectativas em mil cacos distintos.  

—Ódio, Hermione. Você me dá nojo.  


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Notas finais do capítulo

Reviews são meu combustível.



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