Asterisco e Machine escrita por Helen


Capítulo 2
É por meio da Noite que fugimos dos nossos problemas




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As luzes fluorescentes brincavam e corriam pela Noite. Ele não sabia se era noite ou dia lá fora. Mas, ali dentro, era sempre noite.

—Asterisco? —ouviu a voz do amigo.

—Que é, Machine? —o moleque punk virou-se estressado.

—Não vai jogar não?

Asterisco voltou o olhar para a mesa. Dois outros caras, além dele e de seu amigo Machine estavam atentos ao centro, onde uma pilha de cartas estava posta. Asterisco jogou um 9. Todos bateram com uma rapidez tremenda.

—Puxa duas. —disse Asterisco para um dos outros caras, enquanto tomava um gole de seu refri.

—Aff. —o homem puxou as cartas, pela quarta vez.

—A culpa é sua por ser ruim no Uno. —disse o amigo do cara.

—Cala a boca. —e o cara jogou um +4.

—Filho da...

—Que cor? —perguntou Machine.

—Verde. —respondeu o jogador.

 —Af, só porque eu não tenho. —e Machine pegou uma carta do bolo, jogando logo em seguida.

Continuaram jogando.

—Tava olhando o que, Asterisco? —perguntou aquele que tinha jogado o +4.

—Sua mãe.

Os outros dois fizeram um “oloooco”, enquanto o homem riu, surpreso.

—Tá querendo virar meu pai, é?

—E se eu quiser?

—Vai casar com uma morta, é?

Pensaram em repetir o “olooooco”, mas acharam a informação pesada demais.

—Não sabia. —disse Asterisco, sério.

—Lógico que não. Você não presta atenção em nada. —e jogou um nove.

Asterisco teve de puxar duas cartas do bolo.

—Por que tá tão interessado em saber o que eu “tava” olhando? —questionou o punk.

—Porque minha namorada “tava” por aqui. E do jeito que eu sei que você gosta de pegar qualquer menina pra esquecer aquela Ketlyn...

—Olha aqui, eu não convidei vocês pra jogar pra vocês ficarem jogando na minha cara que eu fui corno.

Ficaram quietos. Depois de algumas rodadas, Machine disse “uno!”, e uma rodada depois, venceu.

—Bom jogo. —disseram todos.

Machine recolheu o uno e começou a o embaralhar. Os outros dois caras não estavam afim de outra partida, por isso se desconectaram, sumindo da sala-simulação.

—Bando de babacas. —Asterisco se reclinou sobre a mesa, satisfeito pela ida deles. —Todo mundo que vem aqui é babaca...

Seu amigo parou de embaralhar o monte na metade, e o olhou com uma expressão questionadora.

—Tirando tu, né, Machine. Tu é meu amigo.

—Ah bom. —continuou e enfim terminou de embaralhar.

—Por que todo mundo nessa época é tão irritante? Os delinquentes dos animes pareciam mais legais. Tipo, chega com um carão mas depois vira brother.

—Tu é babaca e depois quer que “os” cara vire teu amigo?

—E eu virei teu amigo como?

—Eu te venci no uno quarenta vezes pra você começar a falar comigo sem me xingar.

—Ah... mas aquilo ali era sacanagem. Eu sempre ia ganhar, mas aí você jogava um +4. Tava puto já. Mas depois eu acabei aceitando, “né”.

—Uhum. “Tá” legal.

Os dois esperaram na sala até que mais alguém entrasse. Ninguém entrou.

—“Tá” afim de jogar o jogo da moto? —perguntou Asterisco.

—“Bora”.

Ambos se levantaram da mesa, e Asterisco abriu o menu. Depois de passar algumas páginas, encontrou a imagem do túnel com a moto. Clicou com o dedo e o ambiente ao redor deles mudou, junto com a música de fundo. As duas motos já salvas e personalizadas carregaram diante dos olhos dos dois, e quando terminaram, eles subiram.

3... 2... 1... Go!

Machine ostentava uma moto cinzenta com detalhes azuis brilhantes, enquanto Asterisco tinha a moto com mais detalhes fluorescentes da região. A maioria eram assinaturas de amigos e ex-namoradas. Ele tinha orgulho de contar que algumas eram exclusivas, já que tinham sido feitas antes de alguns morrerem. Mas não é bom que você se atente a esses detalhes, já que quando a pista começara a se entortar em curvas e giros como numa pista de carrinho de brinquedo, toda a luz dos detalhes se misturou num arco-íris psicodélico, que alguma criança poderia confundir com o rastro de um unicórnio.

No meio do caminho, Asterisco se enjoou do cenário escuro e repetitivo da pista, e pausou.

—Que foi? —a moto de Machine estava paralisada no meio de um giro no ar. Ele não parecia se incomodar com isso.

—Eu vou mudar o cenário. —Asterisco olhava para as opções no menu.

—Coloca aquele do Rio.

—Que rio?

—Rio de Janeiro.

—Ah tá. Beleza.

Pouco depois, o cenário ao redor tinha mudado completamente, apesar de ainda ser noite. Uma favela se erguia ao redor das duas motos pausadas, e as luzes fluorescentes foram trocadas pelas luzes das casinhas. A pista deixara de ser retilínea e havia se tornado uma ladeira. Machine sorriu com o desafio.

—Pronto? —perguntou o punk.

—Nasci pronto, bicho. —respondeu o outro.

—Então pronto.

Tirando o jogo da pausa, os dois caíram em alta velocidade pela pista. Machine logo assumiu a liderança, obrigando Asterisco a usar o turbo. Com as motos coladas uma nas outras, os dois esperavam os seus turbos carregarem. Estavam próximos da chegada.

—Primeira vez que vou te vencer nesse mapa! —Asterisco já contava vitória.

—Vai sonhando. —Machine já estava com a mão no botão do turbo.

A ladeira estava terminando. Lá embaixo esperavam por eles uma grande plateia, que não se sabia se era real ou apenas figurativa. O nome “Chegada”, escrito em cores chamativas, refletiu nos olhos dos dois amigos.

Pausa de novo.

—Que foi, Asterisco? —o rapaz ficou impaciente.

—Se eu vencer, tu me dá o que? —o punk cruzou os braços.

—E agora tu quer prêmio, é?

—É. Vai ser uma vitória histórica.

—‘Cê quer o que?

—Eu tenho uma lista enorme disso. Começando pelo Assassin’s Creed novo...

—Te digo o final de One Piece.

—O que?! E tu sabe?!

—Lógico que eu sei. Eu sou o Oda.

—Ah me engana que eu gosto.

—É verdade!

—E qual o nome daquela garota ruiva?

—...Que garota?

—Tu não sabe nem quem é a Nami?

—Eu só assisti o primeiro episódio...

—Não te culpo, aquele treco é gigantesco... Mas aí, falando sério, vai me dar o que?

—Vou dizer agora não.

—Ah não, você tem que dizer agora.

—Tu é chato, ein. Tá, tá... Tenho grana pra comprar jogo não. Minha mãe tá passando por uns problemas aí... Hum... Já sei. Já assistiu JoJo?

—JoJo? Nunca nem vi.

—Fullmetal?

—Já.

—Pronto. Te dou um dos meus bonequinhos.

—Tem a Luxúria?

—Crie vergonha.

—A culpa não é minha se ela é a maior gata.

—Já jogou Shadow?

—Aquele “dos” bicho grande? Muito chato, desisti depois de dois “gigante”.

—Cagliostro?

—Isso é filme de fresco.

—Olha aqui, veja bem...

—Tu não tem um boneco do Assassin’s Creed não?

—Perdi numa aposta com o Jerônimo.

—Mermão, tu aposta logo com ele. Tu é doido.

—... Acontece. —pensou um pouco. —Mas é sério, não sei o que te dar não.

—Me empresta tua conta por dois dias!

—O que?! Nunca!

—Por quê?

—Tu vai estragar todos os meus scores.

—Ah, eles nem são tããão grandes assim.

—Eu estou entre os seis melhores do país.

—Ok, isso já é grande coisa... Ei, esse rank que tu tá é o mesmo da Lorelei?

—Tá afim de conhecer a Lorelei?

—‘Cê tem o whats dela?

—Não mas eu posso arranjar “facinho”.

—Te amo, brother.

—Guarde suas declarações pra quando você vencer.

Voltando ao jogo, o turbo dos dois logo carregou, e eles ativaram ao mesmo tempo. Asterisco estava tão animado com o prêmio que bateu na moto de Machine pra tentar atrasá-lo. E foi essa batida que o fez ganhar dois segundos que o fizeram vencer. Asterisco desceu da moto super animado.

—Te amo, Machine! —gritou ele.

—Ah vai tomar no...

E assim, Machine começou sua jornada atrás do telefone da nº1 em jogos do seu país: Lorelei Aristarco, conhecida como Impressora.


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