Apenas Escritos escrita por Th Roberta


Capítulo 13
Apenas 12




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Ela era solidão. Vivia trancada no seu mundinho, não abria a porta pra ninguém, nem mesmo para a felicidade. A felicidade queria entrar, completá-la e ajudá-la. Mas ela, coitada, não queria.

É que ela tinha medo. Medo de gente, medo de enganações; medo de bicho, medo de errar. E por medo de errar, ela nem tentava; e sem tentar, já não sonhava. Ela só vivia, um dia após o outro, remoendo suas dores dentro de si.

Ela vivia presa dentro dela mesma e já não sabia como abrir a cela. Ela era sonhadora, bem me lembro: ela esperava o dia em que o grande vilão que destruía sua vida fosse vê-la, olhá-la com outros olhos e ali, naquele instante eterno que duraria apenas alguns segundos, eles se apaixonariam. E ele lutaria contra tudo para soltá-la, para que fossem felizes juntos. E ela faria de tudo para aprender a lutar pelo amor de ambos. Ela esperou muito e ele nunca apareceu. E como nunca apareceu, ela deixou de acreditar. Mas ela não sabia, não se passou pela sua consciência, que ela tinha a chave para abrir a cela, para sair daquela prisão, para se libertar. Sendo assim, era ela a vilã de sua própria história? Ou levaremos em conta sua ignorância ingênua, que não lhe permitia ver a chave tão perto de si? Deixarei a ti o papel de juiz; já não sou capaz de opinar.

Ela era só alegria, sorrisos e diversão. Ela era só amizade, um vulcão em erupção. Ela era luta contra os pequenos que não sabiam lutar. Ela era destemida, valente por quem só sabia chorar. Agora era ela quem só sabia chorar. Era mestrada em lágrimas, doutorada em tristeza; sabia de cor o significado de cada cicatriz. Agora era ela quem não conseguia lutar, quem não tinha voz dentro de seu ser inconsciente. Agora ela era um lago congelado, sem movimento e curso de vida. Agora ela era solidão, um parque vazio, uma alma sem vida.

Suas roupas coloridas disfarçavam o incolor de sua vida; sua casa grande camuflava seu coração pequenino. Suas jóias brilhavam no lugar de seus olhos; sua reputação escondia o que sentia seu coração.

Ah, mas se ela soubesse que debaixo daquele rio congelado ainda havia vida... Ah, se ela soubesse que atrás daquela dor há uma evolução... Ah, se ela soubesse que ela possui a chave de sua libertação... Se ela soubesse, ela seria feliz novamente. Seria vida que corre livre nas ruas, vento que sopra inquieto nas colinas, calor que aquece os jardins. Mas mesmo que não conseguisse voltar a ser calor e ventania, poderia recomeçar sendo frio e quietude, acalmando as agitações (in)constantes da vida, aquietando a dor que palpita a cada instante. Poderia ser um lago congelado e sem vida aos olhos dos outros, mas essência de sua própria necessidade, fundamento de sua alegria, importante peça da construção de sua vida. Seria feliz mesmo que os outros não vissem; saberia viver mesmo que sem companhia, porque ela seria um lago sem vida por fora, mas cheio de ensinamentos por dentro.

Ah, se ela soubesse o quão perto a chave está de suas mãos... Ah, se ela soubesse o quanto desejo que ela saia daquela prisão... Ah, se ela soubesse que está sofrendo em vão... Ah, se soubesses que essa chave é você e que se encontra em seu coração. E se soubesses que poderias usá-la, serias feliz.


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