Aracnídeo: Sangue Perdido escrita por Gabriel Souza, WSU


Capítulo 12
Capítulo 11




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Tudo começou com um stress. Sentir-se impotente em relação a algo é um sentimento horrível, passar todos os dias com esse sentimento é pior, e por conta disso, Jonas havia se cansado de ficar esperando algum sinal de Bernardo ou de qualquer outra pessoa ligada à ele e resolveu sair pela cidade como Aracnídeo, em busca de alguma pista.

Afinal, era isso que ele deveria ter feito desde o início, e era o que ele ele já vinha fazendo há algum tempo. Para sua sorte, naquela noite não teve que procurar muito, antes mesmo que sua ronda se iniciasse Rafael deu-lhe o sinal de uma confusão envolvendo corrompidos, eis que no centro de todo o caos haviam oito pessoas. Dentre as quais uma era das mais importantes para ele, além de ser uma dos pivôs de toda a situação que deixou Jonas estressado.

— Sabe — Ele exclamou em busca de atenção. Em sua cabeça, ele podia ouvir a voz de seus amigos dizendo que ele não havia mudado nada, ainda queria ser o centro das atenções — Eu sabia que chegaria o dia em que veria um samurai enfrentando um exército, só não imaginava que seria no meio da minha cidade, nem com a minha ex envolvida. — Talvez fosse verdade, uma boa chegada sempre era bem-vinda.

— Jo... Aracnídeo?!? — Andressa exclamou, estava surpresa de ver a pessoa que mais amava aparecer de repente em um momento tão complicado. Ela estava à beira da morte por seus “irmãos” que à atacavam por ela trair a chamada revolução.

— Oi — Jonas acenou para Andressa enquanto analisava os outros sete corrompidos, todos pareciam poderosos, muito mais do que ele próprio.

Abriu um sorriso.

— Acho que estamos em menor número, o que acha?

— Dá dois para cada um — Um sorriso fraco era visível no rosto de Andressa, sabia que Jonas estava feliz em vê-la, além de estar animado para a ação — O da espada é aliado, — liberou uma carga elétrica potente da palma de suas mãos, o diálogo era uma distração — o resto é seu.

Aracnídeo saltou do prédio com um mortal e ficou lado a lado de Andressa e Enrique, mais precisamente entre ambos, havia um sentimento ali envolvido que Serena facilmente reconheceria como ciúmes.

— Três contra seis — cerrou os punhos — Senhoras e... — Jonas foi puxado com força para baixo, Lionel, um corrompido com poder de esticar e contrair os membros de seu corpo, havia aproveitado a distração do herói para enfiar ambas as mãos por debaixo da terra para assim puxar e prender o Aracnídeo no solo em um ataque supresa.

— Que merda é essa? — Jonas havia se assustado com o ataque repentino, naquele momento somente sua cabeça era visível.

Andressa saltou para escapar dos braços elásticos, porém foi arremessada longe por um soco de Adrian, mais um dos milhares de corrompidos que era superforte, o super poder mais básico já visto.

Enrique tentou segurar a corrompida que voou numa velocidade absurda, batendo contra uma parede e logo em seguida caindo no chão.

— Então — Segurava sua espada — Você é o grande Aracnídeo? — cortou o ar após errar uma investida contra Agatha, a corrompida com poderes magnéticos — Que decepção — Mais uma investida falha — você se resume à uma cabeça idiota no chão com meio segundo de luta? — girou e acertou o rosto de sua adversária com o punho de sua Caliburnus, percebeu a movimentação próxima e num movimento instintivo concentrou seu poder em sua arma e atacou para cima, fazendo um corte na perna de Fenrir, o lobo, que uivou de dor — Vamos, levante-se e lute.

Aracnídeo saltou do solo, sua mente gritava para ele pegar Andressa e correr dali, podia transparecer animação, porém ele sabia que eles estavam numa luta difícil contra seis oponentes poderosos e com habilidades variadas, apenas demonstrava estar relaxado para abaixar, mesmo que de leve, a guarda de seus adversários.

— Não me subestime. — Ele saltou para o poste mais próximo de onde pôde ver Andressa se reerguer e começar a lutar contra uma outra corrompida de pele pálida, Enrique estava frente a frente contra Fenrir, velho conhecido de Jonas.

— Me procurando? — Foi tudo o que Jonas pôde ouvir antes de ser atingido no rosto, ele rolou no chão e rapidamente recuperou os sentidos logo avistando seu agressor, Renato, o teletransportador.

— Não, só estava querendo saber quando você iria querer uma revanche — Jonas retrucou enquanto pensava numa forma de enfrentar Renato, ele não seria um adversário fácil, nem o único.

— Que seja — Renato desapareceu e logo reapareceu atrás de Jonas que conseguiu escapar de ser atingido por um soco devido à seus reflexos — Está mais atento — sumiu novamente, reapareceu acompanhado de Albérico, outro corrompido.

— Já encontrei seu padrão — Jonas saltou escapando de uma rajada de fogo de Albérico ao mesmo tempo que disparava uma teia na direção de Renato que novamente desapareceu apenas para reaparecer acima de Jonas e lhe acertar uma cotovelada na nuca.

— É mesmo? — questionou em meio a desaparecimentos e novos reaparecimentos frequentes — E qual seria? — Por pouco não acertou o rosto de Aracnídeo que deu um mortal para trás.

— Você é covarde — Aracnídeo segurou a investida de seus agressores, com a mão esquerda segurava o punho de Albérico e com a direita, a perna de Renato — Nunca luta sozinho — forçou então os membros de seus inimigos causando-lhes uma dor intensa — Esse é o seu padrão, o padrão de alguém que sabe que não é capaz de nada sozinho.

Jonas entendia que Renato preferia lutar com algum parceiro não para se esconder e fingir ser superior, mas sim para usar o outro como distração, impedindo que o alvo descubra com facilidade para onde ele iria se teletransportar.

Em meio à dor Renato sorriu — Pode ser verdade — desapareceu e surgiu ao lado de um Palio que estava estacionado próximo — Mas é como dizem — Albérico, começava a esquentar — a união faz a força.

Renato desapareceu e reapareceu nas costas de Jonas o agarrando e se teleportando junto dele e do corrompido com poderes de fogo para cima de um taque.

— Cuidado! — Foi a última coisa que Jonas ouviu Andressa gritar antes de sua audição se perder em meio à uma explosão. O calor excessivo do corpo de Albérico auxiliado de um ataque altamente inflável desencadearam uma reação em cadeia que fez Jonas ser lançado à metros de distância e chocar-se contra uma parede.

— Certo — Tentava se levantar sentindo seu corpo doer, sua mão direita estava queimada — Eu posso lutar ainda... sem ouvir nada e nem... — O osso de seu antebraço direito estralou — Isso eu senti.

Enrique surgiu à sua frente, sua espada estava eletrizada — Uma mãozinha? — Ele se colocava em posição de luta, suas vestes jaziam rasgadas — Eu posso muito bem lutar contra quatro adversários enquanto você se recupera — Um sorriso surgia em seu rosto — Na verdade eu até agradeço.

Rapidamente o espadachim sumiu da frente do Aracnídeo, sua velocidade era descomunal e sua sede de luta implacável.

Mais adiante Andressa encontrava problemas em enfrentar os poderes magnéticos de Agatha que estava acompanhada de Adrian, tornando as coisas mais complicadas para a corrompida de 19 anos resolver.

— Nunca gostei de você mesmo — Agatha exclamou antes de focalizar seus poderes em Andressa, que foi puxada com força na direção da dupla apenas para levar um soco forte de Adrian no rosto.

— É recíproco — Andressa se reerguia, conhecia os poderes de seus inimigos, ela havia ajudado no breve treinamento que eles receberam por ordem de Bernardo e por conta disso sabia como explorar a fraqueza deles.

— Não sei o que o padre via em você — Agatha comentou esticando sua mão esquerda em direção à Andressa, estava pronta para mais uma vez atrai-la com suas habilidades — Só sei que agora você, como traidora, irá sofrer.

Andressa foi elevada do chão e assim permaneceu por poucos segundos até ser puxada violentamente por Agatha.

Ao se lembrar do treinamento Andressa pôde perceber uma fraqueza na habilidade de sua adversária antes que fosse acertada por um golpe novamente. Focalizou suas energias em aumentar a energia cinética de todas as moléculas de ar presentes entre ela e Agatha causando assim um aumento de calor que anulou o imã, com certeza havia alguma lei física que explicasse isso, porém Andressa não queria pensar naquele momento.

Com o fim da atração magnética Andressa rolou no chão escapando do golpe de Adrian e acertando em seguida uma rasteira em Agatha que caiu no chão, se levantou e acertou três socos em sequência no rosto do corrompido com super-força sem lhe causar algum dano. Rolou para trás e parou para recuperar o fôlego.

Enquanto isso Aracnídeo já se recuperava e retornava à batalha, lutava contra Fenrir que o atacava ferozmente, seus instintos o avisam de que teria de tomar cuidado, seu adversário era uma mistura bizarra de corrompido com lobisomem. Isso lhe dava capacidades físicas e sensoriais acima da média até mesmo para seres com poderes especiais, tornando o combate mais difícil.

— Ei Lobinho — desviava de investidas sequenciais de Fenrir — Estava com saudades — Jonas lembrava-se com desgosto do primeiro embate que teve contra Fenrir e Renato, havia levado uma surra ao vivo em sua própria streaming — Acho que tá na hora de eu lhe dar uma revanche, certo? — saltou para um muro, esperou seu adversário investir para assim se lançar com força para longe.

Com o ataque Fenrir derrubou o muro sobre si o que deu tempo para Aracnídeo disparar suas teias numa tentativa de prendê-lo mais ainda em meio aos escombros. Um a menos, pensava enquanto corria para auxiliar Andressa que continuava seu embate contra Agatha e Adrian.

— Ei — Sua teia atingiu o braço direito de Adrian que apenas o puxou com força — Você... — Fazendo Jonas ser arremessado para longe, porém não sem antes levar o corrompido consigo devido à mais uma teia disparada contra o corrompido enquanto ele estava no ar.

— Luta de mulheres? — Agatha sorria enquanto sacava uma faca.

— Não — Andressa respondeu sorridente, sua adversária estava exatamente onde ela queria — Isso não pode ser chamado de luta... — Focou toda a sua energia para criar uma corrente elétrica, que atravessou o solo até atingir Agatha que gritou de dor até cair inconsciente no chão — se só uma está de pé — Havia usado à eletricidade contra o magnetismo, uma boa saída.

— Qual é? É só isso que têm? — Enrique exclamava enquanto sua espada cortava o ar — Vamos lá Renato — saltou para escapar de um ataque surpresa do teletransportador, girou e acertou um golpe na barriga do mesmo que gemeu de dor antes de desaparecer — Não subestime minhas habilidades — O metal de sua espada estava quase invisível para olhos humanos, tudo o que se via era uma luz forte de eletricidade percorrendo uma área delimitada. Em um segundo Enrique estava parado com a espada em mãos, no outro, já havia atravessado 50 metros de distância e estava com sua Caliburnus cravada na perda de Lionel.

Sorriu de excitação ao ver a perna flácida de seu adversário sangrar.

— Deveria ser mais atento — Renato surgiu ao lado de Albérico que disparou uma bola de fogo contra o espadachim — Sempre se achando superior — Renato acertou-lhe um chute nas costas — É só mais um dos vários capachos que seguem a Cassandra, nada mais.

— Está errado — Enrique cravou sua espada no chão — Sou muito mais do que um servo de um líder cego — referia-se à Bernardo — Muito mais. — Mesmo não sendo um teletransportador como Renato, Enrique e sua espada desapareceram em meio à um estrondo, surgindo acima de um prédio próximo — Eu poderia dizer, que sou o cara que vai te matar. — Mais um estrondo e dessa vez Enrique estava no solo, com sua espada eletrizada atravessando o peito de Renato que já tinha olhos fixos no céu.

— Nunca ataque — retirou a Caliburnus do peito de Renato — Aquilo que não pode matar! — O corpo de seu adversário caiu no chão atraindo a atenção de todos os que lutavam ao redor, principalmente Jonas que interrompeu seu duelo contra Adrian ficando espantado com a cena de um corrompido morto à sua frente.

— Jonas... — Andressa tentou falar antes que Jonas dispara-se duas teias nos postes próximos à Enrique e se lança-se num estilingue improvisado em direção ao espadachim.

— Seu filho da puta! — Seu corpo havia ganhado músculos, suas unhas se transformaram em garras e os dentes em presas — O que você fez? — Acertou um soco — O que você... — Soco — Fez — Soco — Aaaahh — Deu uma cotovelada no peito de Enrique e recuou, tentando se acalmar, naquele estado ele poderia matar a qualquer um numa explosão de raiva.

— Jonas — Andressa se aproximou, tocou-lhe o ombro.

Os demais recuaram, sabiam que era arriscado continuar a luta naquele estado, Enrique havia se provado um adversário poderoso e extremamente perigoso para eles.

— Não dá — Jonas chorava — Eu não consigo, não consigo — Seu corpo lentamente voltava ao normal.

Andressa o abraçou.

— Ele teve o que merecia — Enrique se colocava de pé, havia determinação em seus olhos — Não foi ele quem te deu uma surra ao vivo e o humilhou? Deveria me agradecer pelo favor.

Jonas não respondeu, apenas se afogou no abraço de Andressa, ele não sabia como continuar lutando, não sabia como proceder em relação aos corrompidos, à revolução e a humanidade em geral. Mas havia uma coisa que sabia, não queria deixar ninguém morrer, não enquanto estivesse por perto.

— Não dá mais... — Jonas se levantou e retirou a máscara de seu rosto que estava visivelmente machucado — Foi mal Andressa, mas não dá mais — saltou para o prédio mais próximo e saiu do local o mais rápido que pôde.

— Ele não é um soldado — Andressa se voltou para Enrique que guardava sua espada nas costas — Você não devia ter feito isso, não na frente dele.

Enrique desdenhou:

— Se ele não pode aceitar a morte de alguém que tentava matá-lo no meio de um combate, é por que ele não está pronto para uma guerra, não a que está por vir.

Andressa suspirou, sabia que aquilo era o que Jonas evitava desde o início, uma guerra. Isso era algo admirável é claro, porém era um pensamento utópico, ela sabia que aquilo era inevitável naquele momento.

— Ele é o que temos.


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