Simplicidade escrita por AnneWitter


Capítulo 3
O Casaco Amarelo


Notas iniciais do capítulo

- Cap não betado
— Este é o penultimo capitulo, o proximo, e ultimo, será o epilogo.

—Espero que gostem!



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O casaco amarelo

 

O casaco amarelo caiu gracioso sobre a mesa. Todos estavam olhando para ele. O garoto sem emoções e nem amigos, mas que era o mais inteligente e que todos queriam se sentar perto dele em tempos de prova, estava em pé, sem o casaco do uniforme. E exibia uma camisa suja de sangue e terra, seus cabelos, embora nunca alinhados, encontrava-se terrivelmente mais desalinhados.

Outra figura chamava atenção ali. A garota ruiva de sorriso frouxo que todos gostavam, e que tinha amigos em quase toda escola, estava em pé diante do garoto. Tinha os olhos vermelhos, como se houvesse chorado durantes dias e dias.   Embora somente por vê-la com um olhar triste e vermelho, já era todo o cenário caótico na jovem Inoue, o que realmente chamou atenção de todos, era a mão dela estendida para ele.

Os olhares revezavam de um para o outro, esperando por alguma coisa. Talvez uma explicação.

Ninguém sabia que aquilo tudo começara com um embrulho vermelho, e que deste passou para uma biblioteca e flores de sakura. Todos imaginavam que o inicio daquilo fosse a razão do sangue, da mão estendida, e do casaco jogado sobre a mesa.

A verdade era que o embrulho vermelho tinha sua grande parcela, e aquele que o encontrou dentro do lixo junto com o cartão.

Inoue, coberta sempre com sua inocência, certa de que nada de ruim poderia lhe acontecer, nem mesmo no dia mais triste de sua vida, ela achou que somente jogar o embrulho vermelho no lixo e tentar esquecê-lo iria lhe trazer paz. Infelizmente ele sentiu que não era bem isso que aconteceu.

Ao fim do intervalo, quando ela e sua amiga caminhavam de volta para sala de aula, embora não era bem isso que a ruiva queria, mas fazia por exigência da amiga, um garoto as abordou.

Ambas o conhecia, ele era aluno do segundo ano. Segundo C, ficou sabendo depois. O rapaz era excêntrico em suas escolhas de cores para cabelo. Um azul recobria todos seus fios, destacando o olhar malicioso que Arisawa, amiga de Inoue, descrevia como sendo um mau sinal.

-Imagino que isso seja seu. – disse ele com uma voz carregada com a mesma malicia de seu olhar.

Inoue pegou o papel que ele estendia para ela. Era um pedaço de folha de algum caderno, uma folha que não tinha linhas coloridas, portanto não vinha de seu caderno, e tampouco aquelas letras tortas e mal escritas eram suas, mas para seu desespero, quando leu as primeiras palavras, ela teve que concordar com o rapaz, embora não visivelmente, ‘sim, isso é meu’.

Seu olhar se encontrou com os deles, espantada, chocada, petrificada.  Arisawa inclinou-se para também ler o papel, Inoue rapidamente o amassou e enviou dentro do seu casaco

A amiga não entendeu o porque a ruiva fizera aquilo, e muito menos o clima que se instalou entre os dois, quando olhou de um para o outro. O rapaz tinha um sorriso vitorioso no rosto, e Inoue tinha os olhos levemente marejados. Queria chorar?

-O que você quer com ela? – perguntou Arisawa no timbre forte e protetor de sempre.

 A morena sempre foi assim, sempre gostou de proteger sua melhor amiga. Mas Inoue sabia que daquilo ela não poderia lhe proteger. Pois a verdade é algo que não tem como driblar, principalmente quando esta se mostra pronta para se revelar.

-Responde para ela, o que eu quero com você. Orihime.

Inoue não o conhecia, mas Arisawa ficou confusa, notou ela, quando o rapaz falou seu nome. A malicia esvaindo por cada silaba dita por ele. Utilizar seu nome significava que se conheciam. Mas eles não se conheciam, e a razão dele usar seu primeiro nome, estava escrito em letras redondas numa folha perfumada de cor rosa, a folha que foi junto com o cartão. A folha que deveria estar no lixo.

-Inoue, o que ele quer com você? – questionou a amiga.

-Espera-me na sala, eu já volto.

Os dois saíram dali apesar dos protestos de Arisawa, quem somente se aquietou  quando Inoue garantiu que tudo estava bem. Quando desciam a escadaria para o pátio interno, alguém passou perto deles. Um alguém que havia um perfume familiar.

Um perfume que esteve presente quando seu presente e sonho foram destruídos, um perfume que a ajudou se levantar, um perfume que estava na biblioteca, um perfume que lembrava conforto.

Quando ela iria virar o rosto para ver quem era, o rapaz lhe dirigiu a palavra.

-Imagino que esteja se perguntando como consegui aquelas palavras melosas, declarando-se para aquele idiota

Inoue virou o rosto bruscamente para ele. O sorriso perverso dele encontrava-se ainda em seu rosto, impassível e cruel, como um vilão perfeito de uma historia de final triste. E esse final Inoue não queria, em hipótese alguma, conhecer.

-Kurosaki não é um idiota. – murmurou. – E sim, eu gostaria de saber como ficou sabendo delas.

Eles alcançaram o pátio e seguiam para a biblioteca, ao menos era o que Inoue esperava.

-Encontrei elas numa folha jogado no lixo, junto com um embrulho rasgado e bombom em formato de coração. E não pense que vivo remexendo o lixo, mas depois de hoje imagino que seja tentador fazer algo do gênero. Mas isso não importa no momento, apenas saiba que o papel vermelho chamou a minha atenção quando fui jogar fora uma prova corrigida...

Os dois pararam na entrada para a biblioteca, a lata de lixo onde havia jogado o embrulho e o cartão, estava posta ao lado da entrada. O rapaz sorrindo abriu uma porta que havia diante da entrada da biblioteca, esta levava para um corredor, e este para a sala de equipamentos.

Inoue ficou nervosa com a visão do corredor precariamente iluminado. E olhou com terror para o rapaz, o broche dourado com o número 6 sobre o bolso de seu casaco, informou a ela onde ele a queria levar. E era exatamente para a sala de equipamentos, somente os lideres de equipes tinham acessos a sala, além do técnico da escola, e aquele número informava que ele era um dos dez escolhidos naquele ano para ser portador da chave da sala.

Ela tentou falar alguma coisa contra aquilo, mas ele não a deixou se expressar, a empurrou para o corredor. Passos estava se aproximando, era obvio que ele tinha pressa agora. Assim que ele também se colocou no corredor, ele bloqueou a porta com uma vassoura que estava ali perto. Um instrumento que parecia sempre ficar ali para que ele a usasse quando necessário. Inoue tremeu com esse pensamento.

Ele seguiu na frente, segurando a mão dela, a puxando. Assim que entraram na sala, ele olhou em volta, não havia mais ninguém. E ele sorrindo olhou para ela, colocando uma de suas mãos na parede, os cabelos azuis rebelde, combinando perfeitamente com sua posse de dominador. Inoue era sua presa naquele momento.

- Será que Kurosaki gostaria de receber aquela folha rosa, ou melhor, a namorada dele? – as palavras bateram de encontro á ruiva com violência, ela ficou lívida, sentindo seu coração se acelerar, e aquilo parecia alegrar o rapaz.

-Por favor, não faça isso.

O sorriso que delineou nos lábios dele, deu a certeza á Inoue de que as palavras que havia acabado de dizer foi exatamente o que ele queria ouvir. A sua sentença tinha sido feita sem ela perceber.

Ele aproximou-se dela, colando-a na parede.

-Lógico que não irei fazer isso. – disse ele para o alivio de Inoue. – deste que seja boazinha comigo.

Perversidade esculpida na expressão do rosto dele. E a jovem inoue sem saber o que dizer, a não ser chorar, deixou que sua cabeça, num breve e lamentoso balançar, dissesse sim.

-Ótimo.

Um casaco amarelo, como outro qualquer do uniforme da escola, destacou-se em  meio a equipamentos esportivos, e uma luz banhou o recinto, que outrora se entregava-se a uma parcial escuridão.

Inoue fechou os olhos quando percebeu que o azulado iria lhe beijar, mas nunca chegou a senti-lo. E a abrir os olhos viu a razão, como também o motivo de um barulho estranho, que na verdade foi o que lhe fez abrir os olhos. Outro aluno encontrava-se dentro da sala de equipamento, empurrando, em meio a muros e socos o outro para extremidade da sala.

Então Inoue viu a outra porta, a mesma que o azulado não teve preocupação de bloquear, como fizera com a do corredor.

Inoue não viu o momento que os dois caíram ao passarem pela porta, indo ambos para o chão de terra, o caminho que levava para a quadra descoberta.

Somente neste instante que o outro começou também a bater, agora que o elemento surpresa se fora.

Socos, chutes, xingos, formava a cena de briga desses dois rapazes. O outro, aquele que se tornou herói, era quem não deixava aquela briga cessar. Toda a raiva que ele guardava dentro de si, esvaia naquele momento, raiva que nem mesmo fazia parte daquele ultimo acontecimento. Inoue seguiu para porta aberta, visualizando a cena da briga, o perfume estava ali também.

Então, quando seus passos incertos se fez ouvir pelos rapazes, a briga cessou momentaneamente, e o acinzentado avermelhado pelo choro se encontrou com o negro.

O azulado aproveitou este momento e acertou mais um soco no moreno, Inoue levou a mão á boca, soltando junto um grito. O moreno empurrou o azulado contra a grade da quadra. Não havia mais ninguém ali além deles. E por isso o grito que o azulado deu ao sentir o próximo golpe, sendo esse baixo, não foi ouvido por mais ninguém sem ser eles.

-Pede desculpa para ela. – a voz do moreno em meio a respiração acelerada, era fria, como o olhar que ele lançava para o outro.

Inoue tinha suas mãos sobre o peito, assustada com todo o acontecimento, ela, nem nas suas imaginações mais férteis e sonhadoras, poderia imaginar uma situação como aquela. Numa única manhã de aula, ela descobriu que seu amado estava namorando, que gostava do perfume que ainda brincava em seu nariz, que mágica existia ( uma que pelo menos substituía livro por uma sakura), que jogar embrulho destruído e revelador em lixo pode ser perigoso, que há garotos perverso com mentes maliciosas no colégio e que ainda existe heróis bondosos.

-Vai á...

O outro não conseguiu terminar o seu desaforo, recebeu um novo soco, causando um novo corte nos lábios já machucado.

-Não vou repetir. – a voz autoritária assustou a frágil jovem que ainda assistia a tudo, como se aquilo realmente não fosse verdade. Talvez sua mente se desligou no momento que o rapaz a beijou, e agora, enquanto ele se aproveitava de sua presa, ela vivenciava um momento divino.  – E recomendo que desculpe-se logo, Grimmjow, pois não tenho a manhã toda.

Os olhos azuis fitaram os de Inoue, a ruiva soube quando os viu, que aquilo era real, aquele olhar carregado de ódio, nunca estaria em sua mente, ela nunca imaginaria algo tão cruel como aquilo. Na verdade nada daquilo que aconteceu, ela imaginaria.

-Desculpa-me. – as palavras saíram fria, e baixa.

E Inoue, apesar disso, gostou em ouvi-la. O moreno virou-se para ela, e a viu assentir com a cabeça.

Então o moreno o soltou, o rapaz ficou o olhando, Inoue pensou que este, ainda com raiva, tentaria bater nele, mas este somente saiu dali, com a mão na boca, sentindo, sem dúvida alguma, dores horríveis pelo corpo. Assim que ele sumiu de sua visão, ela voltou-se para seu herói, ele já seguia o seu caminho. A ruiva ficou parada por alguns segundos, querendo processar melhor tudo que tinha acabado de lhe acontecer, e mesmo que ficasse mais tempo ali, ela sabia que não conseguiria tal façanha, e por isso resolveu deixar aquele lugar.

E diferente do que havia imaginado, quando entrou na sala de aula, ela não o encontrou. Arisawa a olhou com um ponto de interrogação visível sobre a testa. Inoue percebeu que não havia professor na sala de aula, o que era de imaginar, a baderna que se encontrava aquele lugar, era impossível que houvesse algum professor, aquilo lhe foi até bom, mesmo que todos a olharam quando entrou, não perderam muito tempo nela, afinal tinha o que fazer, caso ao contrario notariam os olhos vermelhos. E sem falar com sua amiga ela se sentou em seu lugar, Arisawa, como que entendendo-a, continuou em seu lugar. Então a porta foi novamente aberta.

Todos olharam para a figura que entrou, imaginando que desta fez fosse o professor, para espanto de todos era o garoto tímido, e que quase não falava em sala de aula, o misterioso Ulquiorra Schiffer. Totalmente sujo de terra, e com mancha de sangue no rosto e na roupa. E os olhares pareciam que não iria mais desfiar dele, até que então a ruiva alegre que todos conheciam, levantou-se.

O que ninguém sabia, além de não saberem do embrulho vermelho, do garoto perverso, dos socos e seus motivos, era do perfume. Ninguém notou o perfume adocicado de sakura que espalhou-se pela sala quando ele entrou, o perfume que fez Inoue se levantar, e enviar sua mão dentro do seu casaco.

Como ninguém também não entendeu o porque que ela estendeu a mão para ele, e dos seus olhos vermelhos, que somente agora eles notaram.

O moreno deixou seu casaco amarelo sobre sua mesa, e a fitou, e lentamente abaixou seu olhar, e lá, sobre a palma de Inoue, estava a sakura que ele havia deixado sobre a mesa da biblioteca mais cedo, quando ela chorava por certo ruivo.

Ele também estendeu sua mão, e sobre a sua, um cartão com uma folha rosa dobrada, destacava-se na palidez.

Ela o fitou, surpresa. E ele carinhoso, tirou sua sakura, e colocou na mão dela o cartão. Ela olhou o cartão, e abriu a folha dobrada em quatro, e o leu. Como fizera naquela manhã diante de sua sala, enquanto esperava Ichigo chegar.

Querido

Kurosaki

Esse presente é somente para provar algo que a muito tempo venho querendo lhe contar. Sei que o certo era que eu lhe dissesse pessoalmente, mas a minha coragem toda vez que lhe vejo, foge de mim. E portanto o melhor caminho é este.

Eu queria que você soubesse o quando eu gosto de você, um gostar maior que a mim mesma, fazendo com que este sentimento se torne mais que isso, que o transforme em amor. Sim, Kurosaki-kun, eu te amo.  E eu, Inoue Orihime, gostaria que esse sentimento lhe fizesse feliz.

Beijos

Orihime

Sem pensar duas vezes ela rasgou aquele bilhete, e seu cartão, e pela janela aberta, o fez voar junto ao vento, e enquanto os pedadinhos rosas, imitando sakuras, balavam ao vento, ela voltou-se para o moreno. Todos ainda os olhavam curiosos.

-Obrigada, Schiffer-kun.

O moreno se mostrou surpreso diante o agradecimento dela. Ele que sempre pensou que Inoue não sabia seu nome, tinha acabado de pronunciá-lo, ele não pode deixar de sorrir.

-Não foi nada Inoue-san.

Ela sorriu para ele, um simples sorriso, que certamente marcaria o inicio de um simples relacionamento...

 


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