Head Above Water escrita por BiahPad


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Hoje estreia a nova temporada de CM e eu to muito nervosaaaaaaaa! Espero que a minha bebê continue na série e que mais para frente nosso OTP aconteça. Por enquanto, vamos ficar aqui nas fanfics mesmo 3 Espero que gostem e não deixem de comentar, beijinhos ♥



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Sarah

            Definitivamente aquela não era a entrada que pretendia fazer, estava atrasada e, como se não bastasse, o olhar daquelas pessoas me causavam certo desconforto. Sempre fui tímida e nunca gostei de ser o centro das atenções, sabia que a minha volta traria certo rebuliço, mas havia planejado tentar ser o mais discreta possível, infelizmente meus planos deram errados e lá estava eu, no meio do salão sendo encarada por todos.

Meu corpo tremia, meu coração batia em descompasso, minhas mãos suavam, não conseguia lembrar como respirar. Minha vontade era de dar meia volta e sair o mais rápido possível daquele lugar. Abaixei a cabeça e respirei fundo. “Vamos lá Sarah, não atravessou metade do país em um avião para desistir agora” Falo a mim mesma. Reunindo todas as minhas forças, ergo a cabeça e meus olhos começam a passear pelo salão, observando detalhadamente as expressões de espanto, horror, confusão e perplexidade com que as pessoas me olham. Definitivamente, aquele não havia sido um bom plano.

Quando a sensação de querer voltar para casa começa a ganhar força e começo a dar passos para trás, meus olhos o encontram.

De repente, toda minha angústia, insegurança, meus medos, desaparecem.  Meu coração se acalma e lembro do motivo de ter largado todas as minhas coisas em Minnesota. Quando meus olhos encontraram aquela imensidão azul, esqueci das pessoas em minha volta, esqueci onde estava, esqueci da minha vergonha. Só queria está em seus braços, porque sabia, naquele momento eu sabia, que ele estaria do meu lado, independentemente de tudo, me seguraria se eu caísse e seria meu esteio quando não tivesse mais forças para enfrentar o mundo.

Ele.

Connor Rhodes.

            Aqueles olhos azuis pareciam ainda mais brilhantes, a barba por fazer lhe dava um ar mais sério e extremamente sexy, o elegante smoking preto provocava a sensação de ele ter saído de um filme hollywoodiano.

E sem ao menos perceber, já descia as escadarias, sem nunca perde o contato com seus olhos. Lentamente, ele se moveu até a frente da escada e estendeu sua mão em minha direção, aguardando minha chegada. Assim que chego a sua frente, seguro sua mão e ele deposita um beijo casto na minha, sorrimos um para o outro e desço o ultimo degrau, ficando bem a sua frente.

            Era um misto de sentimentos, não sei como descrever o que sinto neste momento, mas sei que se ele não estivesse me segurando não estaria mais de pé.

Nos encaramos por minutos, que mais pareciam ser horas, cada um tentado entender seus sentimentos, tentando ler a mente do outro, querendo guardar, na memória, cada micro detalhe do outro. Estávamos completamente perdidos em nosso próprio mundo.

—Hey— ele quebra o silencio, dando um sorriso galanteador.

—Oi— respondo, sentido minhas bochechas esquentando, denunciando minha timidez. Acabo abaixando minha cabeça, na tentativa inútil de esconder minha vergonha.

—Está magnifica esta noite, Dra. Reese— fala, colocando uma das mãos em meu queixo, obrigando-me a o encarar novamente.

—Você também não está nada mal, Dr. Rhodes— respondo sorrindo.

—Quando decidiu voltar? Por que não me falou? Eu poderia ter ido te pegar no aeroporto e...

            O interrompo:

—Decidir de ultima hora, não quis te avisar porque tinha medo de desistir e também queria te fazer uma surpresa, espero que tenha gostado.

—Pode ter certeza que “gostar” não é a palavra que eu usaria aqui. Céus Sarah! Eu não consigo encontrar um adjetivo que descreva o quão maravilhosamente linda você está. Nem sei o que dizer— ele fala colocando as mãos ao redor de minha cintura.

Antes que eu possa falar alguma coisa, somos interrompidos por uma voz que surge logo atrás dele.

—Me digam, por favor, que o que estou vendo não é uma miragem. Que minha menininha voltou para Chicago e é ela que está aqui em minha frente— fala Maggie, com os olhos cheios de lágrimas.

            Viro minha atenção para ela, Connor fica ao me lado, mas ainda deixa um de seus braços ao redor de minha cintura, puxando-me, delicadamente, para que fique ainda mais colada ao seu corpo.

—Oi Maggie— falo sorrindo, sentido meus olhos marejarem.

—AI MEU DEUS! AI MEU DEUS! É VOCÊ MESMO?— grita April chegando correndo, atrás dela vinham Ethan, Natalie e Will.

—É ela sim April e ainda mais linda do que nunca— reponde Connor, dando um beijo em meu pescoço, provocando-me cócegas e arrepios por conta da barba.

—Aí meu Deus, vocês estão juntos? Como assim? Quando? Onde? Desde quando?— pergunta Natalie.

—Tudo bem, já perdi a conta de quantas vezes escutei um “Meu Deus” ou “É você mesmo” em uma única frase— brinca Will.

            Logo em seguida, Maggie vem em minha direção, obrigando Connor a me soltar, abraçando-me.

—Céus Sarah, senti tanto sua falta, tive tanto medo por você, nunca passei um dia sem me preocupar em como estaria— fala Maggie, em meu ouvido, chorando. Sem conseguir segurar as lágrimas, a abraço ainda mais forte.

—Eu sei Mags, sinto muito por ter sumido. Não era o que queria, mas precisava de um tempo para eu mesma, reorganizar minha vida, aprender a viver novamente. Me desculpe se causei algum tipo de problema por aqui.

—Eu sei minha querida, eu sei— ela fala me soltando e depositando um beijo em minha testa. Logo depois faz uma careta— Não acredito que não me contou sobre vocês dois. Pior! Eu te falei, naquele dia, sobre a possível namorada dele e você ficou caladinha.

—Na verdade, naquela época ainda não estávamos juntos— respondo corando.

            Maggie então olha para Connor e fala:

—Escuta aqui bonitão, depois teremos uma séria conversa sobre quais são as sua intenções com a minha menina e fique logo avisado que se a fizer sofrer por qualquer motivo besta que seja, sofrerá as consequências comigo. Estamos entendidos?

—Com toda a certeza comandante— ele responde, rindo.

—Ai meu Deus garota olhe para você, que vestido é esse? Repararam nesse corpo? Aliás, nem parece uma garota, parece uma mulher, linda, elegante e sexy— diz April, deixando-me envergonhada, me puxando para um abraço.

—Obrigada April, você também está linda. Na verdade, quando não está?

—Ah, para com isso— responde, me soltando— Estou muito feliz que esteja de volta.

—Sentimos sua falta— diz Natalie enquanto nos abraçamos— O MED nunca mais foi o mesmo sem você.

—Não exagerem tanto, do jeito que aquilo ali é uma loucura, nem devem ter tido tempo para sentirem minha falta.

—Ta de brincadeira? Sabe quantos estagiários sofreram na mão do Choi? Ele sempre os comparando com você. E quantas vezes a Maggie gritou com algum residente por ter feito algum procedimento errado? Ela sempre dizia que se fosse você ali, nada estaria dando errado. Fora as vezes que eu peguei ela rezando pedido a Deus a sua volta, falando que se isso não acontecesse logo ela ia enlouquecer. Quantos residentes passaram na vaga de psiquiatria mesmo? Milhares, e todos dispensados por não serem considerados competentes o suficiente— diz Will e o encaro chocada— É Reese você deixou aquele hospital de ponta a cabeça e nunca se deu conta disso— e termina de falar e me abraça.

            —Eu senti muita falta de vocês, não imaginam o quanto. Nenhum hospital é como o MED, mesmo que você procure, nenhum se compara com a ligação que crie com vocês.

—É como sempre falamos Sarah, no MED somos uma família. Ajudamos cada um, nos dias difíceis, alegres, complicados. Sempre estaremos lá para dar o suporte que o outro precisa, o conselho, seja ele profissional ou pessoal. Brigamos, discutimos, nos entendemos, choramos e rimos. Mas quando um vai embora as coisas não são mais as mesmas, sempre faltam algum detalhe, sempre vai haver um sentimento incompleto. Foi isso que sentimos nos últimos meses. Fico feliz por ver mais uma vez a família reunida e completa de novo, mas fico ainda mais feliz por te ver seguindo em frente, mostrando ao mundo a mulher incrível, forte corajosa e batalhadora que se tornou, mas sem nunca perder esse sorriso dos lábios e esse brilho nos olhos. Seja bem vida de volta Reese— diz Ethan, me fazendo cair no choro mais uma vez e me puxando para um abraço apertado. Era exatamente assim que me sentia, completa, segura, feliz. Rodeada por aqueles que me faziam bem, rodeada por pessoas que me amavam, que me ensinavam todos os dias o verdadeiro sentido da palavra “família”.

—Tudo bem Choi, talvez eu tenha ficado levemente enciumado— fala Connor, nos fazendo ri e nos separarmos.

            Choi me manda uma piscada de olho discreta, que me faz sorrir, e volta em direção a April. Caminho em direção a Connor, ele prontamente coloca as mãos e minha cintura e diz:

—Então Dra. Reese, me daria a honra de ser meu par esta noite?

—Achei que já tinha um par, Dr. Rhodes. Cadê a senhora da dentadura, talvez ela se sinta ofendida por tê-la deixado de lado.

—De maneira alguma, Dra. Reese. Any acabou não se sentindo bem esta noite e cancelou comigo— fala me fazendo ri.

—Neste caso, Dr. Rhodes, aceito ser seu par. Já que estamos em um baile de caridade, posso me sacrificar fazendo esta boa ação por uma noite— respondo, passando os braços ao redor de seu pescoço, rindo da cara de indignado que ele me faz.

            Nossos olhos se encontram mais uma vez naquela noite, sinto terrivelmente conectada aquele homem, como se estivesse em um mar agitado, onde por mais que tentasse nadar contra a maré, sempre iria voltar para o mesmo lugar. E sabe de uma coisa? Eu não me importava, desde que as águas sempre me levassem a Connor, não lutaria contra o impossível. Nossos rostos foram se aproximando cada vez mais, já conseguia sentir o hálito de Connor, conseguia imaginar como seria tocar e sentir pela primeira vez, aqueles lábios nos meus...

Até que uma tosse forçada nos interrompeu, virei para ver quem era dando de cara com Dr. Charles.

            Fiquei parada, não sabia como agir, me lembrava de todas as coisas inescrupulosas que havia lhe dito e me arrependia todos os dias por isso. Sentia vergonha do meu comportamento, não queria ter feito tudo o que fiz e se pudesse apagaria tudo aquilo da minha memoria. Ficamos os três nos encarando por alguns minutos, sem dizer absolutamente nada, até Connor tomar uma atitude:

—Bom, vou pegar uma bebida. Quer alguma coisa, amor?— ele me pergunta, apenas balanço a cabeça negando— Dr. Charles?

—Oh, estou bem, obrigado!— responde.

—Tudo bem então, com licença— responde Connor se virando, me dando um beijo na bochecha e sussurrando um “Até logo”.

            Vejo ele se afastar aos poucos, entrando no meio da multidão, algumas pessoas o encaravam, especialmente as mulheres, mas Connor parecia não notar, ou fingia que não notava.

—Vocês dois? Apesar dos meus muitos anos em psiquiatria, nunca notei nada entre vocês— fala Dr.Charles.

—Na verdade nunca existiu, não naquela época.  Nos aproximamos quando me mudei para Minnesota, fui residente em psiquiatria na Mayor Clinic.

—Mayor Clinic? Que interessante, espero que o Dr. Hemmings não tenha sido duro com você.

—Ele variava de humor, na maioria das vezes estava de péssimo— falo e acabamos rindo juntos.

—Sarah...— ele começa.

—Não Dr. Charles, deixe-me falar primeiro. Quero que saiba que de forma alguma o senhor tem culpa pelo o que aconteceu, ele era seu paciente e, apesar da relação de pai e filha que temos, compreendo que tenha seguido o sigilo médico-paciente. Ainda sim o senhor não deixou de se preocupar comigo, de se importar, sempre me dando sinais para que eu notasse o comportamento do meu pai, sempre me alertando para o risco que estava alí na minha frente e eu me negava a enxergar. O senhor, mais do que ninguém, se preocupou, estendeu sua mão nas vezes em que mais precisei e o que lhe dei em troca? Agir como uma criança, fingir que meu pai não havia sumido da minha vida pelos últimos vinte anos, que ele me amava, que eu poderia ter uma família de novo. Enganei a mim mesma e para quê? Para no final acabar em uma fabrica abandona, sofrendo torturas psicológicas e físicas por um monstro, que matou sete mulheres inocentes por puro prazer, por que, em alguma parte do seu cérebro, uma vozinha dizia que elas não eram puras e que precisavam morrer.

“Me dói muito, Dr.Charles. Ainda acordo com os gritos de Gabi ecoando em minha cabeça, o brilho nos olhos de Bob enquanto torturava a mim e a ela, ainda me causam arrepios. Fui ingênua e boba, se tivesse escutado o senhor, minha mãe e meus extintos que gritavam para que eu fugisse daquele homem, nada disso teria acontecido. Não teria me machucado, nem machucado outras garotas, muito menos teria ferido os seu sentimentos. Não sabe como tenho vergonha pelas coisas que fiz e falei ao senhor, por todas as atitudes ridículas que realizei. Quero que saiba que me arrependo todos os dias, que durante esse tempo não me comuniquei com o senhor uma só vez por pura vergonha, mas sempre que falava com Connor perguntava sobre o senhor, me preocupando de como estaria. Quis lhe ligar infinitas vezes, mas sempre perdi a coragem”.

            “Sei que pode ser demorado e complicado, mas eu peço Dr. Charles me perdoe, perdoe minhas atitudes, minhas palavras, meu jeito. Preciso seguir em frente e para isso preciso da sua ajuda, do seu apoio, da sua presença ao meu lado. O senhor estaria disposto a deixar todas essas mágoas para trás e seguir em frente comigo? Por favor, me diga que sim. Não sabe como essa angustia me mata todos os dias, sinto que existe um nó em minha garganta e sei que isso só vai passar quando eu tiver o seu perdão. Me perdoa?”

            Termino de falar, sentido as lágrimas escorrerem por meu rosto. Dr. Charles me encara por alguns minutos, parecendo surpreso por minhas palavras, mas logo me puxa para um abraço. Choramos um nos braços do outro, era inegável, Dr. Charles era a representação paterna que sempre procurei na minha vida e todos esses meses sem sua presença me faziam sofrer.

Quando finalmente nos soltamos ele me encara e fala:

—Fico feliz por está de volta, Dra. Reese.

—Eu que estou feliz por voltar.

—Quando voltará a Minnesota? Podemos marcar algum dia para você dar uma passada no MED e visitar alguns de meus novos pacientes, tem uns casos bem interessantes e sei que irão chamar a sua atenção.

—Na verdade, Dr. Charles, não vou voltar para Minnesota. Voltei para ficar— respondo.

—Quer dizer que largou tudo? Inclusive a residência na Mayor Clinic— pergunta surpreso e eu confirmo com a cabeça um pouco envergonhada— Bom nesse caso Dra. Reese, teria o interesse de fazer parte da minha equipe? Tenho uma vaga e talvez possa ser do seu interesse.

—O senhor está falando sério? Ainda me quer em sua equipe?

—Claro que sim, Sarah. Nunca encontrarei uma pessoa mais capacitada do que você, mais motivada em aprender, mais empenhada.

—Eu aceito, claro que aceito!— grito, lhe abraçando de novo— Então, quando posso começar?

—Segunda feira! É o tempo em que falo com Godwin e faço os preparativos para a sua chegada.

—Perfeito, segunda feira estarei de volta ao MED— falo sorrindo.

—Bom, acho melhor você ir encontrar certo rapaz que foi buscar uma bebida e nunca mais voltou. Você deve lembrar que algumas médicas e enfermeiras do MED não são 100% confiáveis.

—Ah, mas eu certamente me lembro disso— respondo rindo e indo na direção que Connor havia seguido. Olho para trás e vejo Dr. Charles me dando tchau com as mãos, aceno de volta.

Definitivamente era bom está de volta.

 

Connor

            Chego ao balcão e peço ao garçom uma água, não era bom misturar bebidas e agora com a chegada de Sarah queria me manter sóbrio pelo resto da noite. Sento-me em uma cadeira enquanto o aguardo voltar.

—Então a filha do psicopata é a sua nova vítima, Rhodes? Não acha que a garota já sofreu demais?— Ava fala sentando-se ao meu lado.

—Não se atreva a falar assim dela, Ava. Pode falar o que quiser de mim, não ligo, mas não vou permiti que se meta na vida de Sarah— falo entredentes.

—Ui, ficou nervosinho foi? O quê? Vai me dizer como é a sensação, a adrenalina, que deve ser namorar com ela? Ah, cuidado, sabia que alguns casos de psicopatia podem ser hereditários? Vai que ela fica louca e tenta fazer alguma coisa com você. Já pensou se ela...— a interrompo.

—QUAL O SEU PROBLEMA, BEKKER?— grito, fazendo ela se assustar— Eu só vou repetir uma vez— levanto-me, ficando em sua frente— Fica longe da Sarah, está me ouvindo? Conheço sua falta de escrúpulos e se descobrir que você fez ou tentou fazer, alguma coisa com ela, acabo com a tua raça, entendeu?

—Algum problema por aqui?— pergunta Choi, se aproximando.

—Não, apenas estávamos esclarecendo algumas. Não é verdade, Dra. Bekker?

—Sim, Dr. Rhodes. Apenas estávamos colocando os pingos nos i’s— ela fala com o mesmo sarcasmo de sempre.

—Espero que tudo tenha ficado entendido— falo.

—Ficou sim, boa noite rapazes— diz e se retira.

O garçom chega com a água e pego, lhe agradecendo.

—Por um momento pensei que ia avançar para cima dela— diz Ethan.

—Foi por pouco, meu amigo, bem pouco— falo, bebendo um pouco de água.

—E o que ela fez para te deixar assim?— pergunta.

—Falou sobre a Sarah. Juro, Ethan, nos últimos meses essa mulher tem se mostrado outra pessoa para mim. Achei, no começo, que nossas brigas e competições eram algo saudável, que ajudavam a amenizar o clima pesado que existe no nosso trabalho. Mas agora, eu não consigo enxergar isso. Ela faz coisas para prejudicar os outros, sem pensar nas consequências desde que isso a beneficie de alguma forma. Eu não sei, mas algo dentro de mim me diz para deixar a Sarah bem longe dela.

—Tudo bem cara, eu entendo— ele fala colocando a mão no meu ombro e sorrindo— Você e a Sarah, hein? Nunca imaginei vocês dois.

—Nem eu, meu amigo— respondo rindo— Sarah é diferente de todas as mulheres que já me envolvi. A timidez dela é encantadora, aquele sorriso que me faz sorri junto, um olhar de menina com um jeito de mulher. Ainda estamos nos conhecendo, mas sei que com ela vai ser diferente, eu quero que seja diferente.

—Eu também quero o melhor para os dois, mas saiba de uma coisa Connor, Sarah é como uma irmã mais nova, não só para mim como para o Will, se fizer alguma coisa contra ela, me desculpe, mas nós vamos acabar com você— ele diz sério, tomo um gole de água um pouco nervoso— Mas no fim, estou feliz por vocês.

—Ethan, se for depender de você vou morrer seca. Cadê a minha bebida?— April chega e se junta a nós dois.

—Desculpe amor, está meio cheio aqui— ele responde dando o selinho na morena.

—Cadê a Sarah?— ela pergunta.

—Conversando com o Dr.Charles, acho melhor ir atrás dela— respondo e quando faço menção de me virar, sinto dois braços me abraçando por trás.

—Hey, finalmente te encontrei— Sarah sussurra em meu ouvido.

—Hey! Tudo certo?— pergunto me virando e ficando de frente para ela.

—Tudo certo— responde sorrindo, me fazendo sorrir. Levo uma de minhas mãos até seu rosto, fazendo carinho, Sarah deposita um beijo nela e sorrimos ainda mais, um para o outro.

            Com a outra mão, seguro Sarah pela cintura a trazendo a mim. Ela coloca os braços no meu ombro e nos encaramos.

—Eu já disse como você está linda, esta noite? Não consigo parar de te olhar— uma risada me escapa quando a vejo corar— Você não tem noção de como fica ainda mais linda com vergonha— me aproximo de seu rosto e digo em seu ouvido— Fica muito sexy.

—Connor!— ela diz me dando um tapa no braço, acabo gargalhando.

—O quê? É verdade— ela me dar mais um tapa— Aí Sarah!

—Bem feito— diz fazendo bico com os lábios que a faz ficar ainda mais linda. Sorrio e começo a aproximar nossos rostos novamente. Quando estávamos quase nos beijando um gritinho nos interrompe.

—Aí, vocês são muito fofos! Não aguento— diz April.

                        Sarah esconde o rosto em meu peito, envergonhada e eu reviro os olhos, acariciando os cabelos dela.

—Obrigado, April— falo com sarcasmo.

—Desculpa por ter interrompido o clima, mas eu não podia ficar calada— ela diz.

—Vem amor, vamos dançar— diz Choi puxando-a.

            Sarah levanta a cabeça e me encara, percebo que tocava uma música lenta.

—Quer dançar?— pergunto.

—Na verdade eu não sei dançar.

—Nem eu— falo e ela ergue uma das sobrancelhas.

—Vamos ser o centro das atenções na pista, dois pernas de paus. Não duvido que gravem um vídeo nosso e viramos meme.

—Você já é o centro das atenções da noite, Sarah, é a mulher mais linda da festa. Não me porto em virar o assunto da semana, desde que esteja do meu lado.

            Ela sorri e seguro sua mão, a guiando para a pista de dança. Chegando lá, coloco uma de minhas mãos em sua cintura e, com a outra, seguro sua mão. Sarah coloca a outra mão em meu ombro e começamos a nos mover, lentamente, conforme o ritmo da música.

—Você me disse que não sabia dançar, Dra. Resse.

—A culpa é sua, Dr. Rhodes. Você que sabe como guiar uma dama.

—Acho que nunca vou conseguir parar de te olhar.

—Acho que um dos prazeres da sua vida é me ver corar— ela fala com as bochechas avermelhadas.

—Com toda a certeza isso é verdade— falo e ela morde os lábios.

—Se você não quiser que eu te agarre na frente de todos, nunca mais repita esse ato, Sarah— falo sério, ela me encara confusa.

—Que foi?— ela pergunta, mordendo de novo.

—Morder os lábios, não sabe como fica fazendo isso.

—Desculpe— ela sussurra, envergonhada— Mas normalmente faço isso quando estou nervosa.

—E por que estaria?

—As pessoas não param de nos olhar— acabo reparando que é verdade, algumas pessoas tentavam disfarçar, mas outras nos encaravam escancaradamente.

—Não posso as culpar, meu par simplesmente é a mulher mais linda da festa— Sarah revira os olhos, mas acha graça.

—Dr. Rhodes, você é o homem mais bobo que eu conheço. Sério que isso funcionava com as outras?

—Não quero saber das outras, Dra. Reese. Desde que funcione com você é o suficiente— ela revira os olhos de novo.

            Antes que possamos continuar, escuto uma voz atrás de mim que faz com que sinta um frio na espinha:

—Connor, não vai me apresentar sua acompanhante?— diz com sarcasmo.

            Paramos de dançar e viro para encarar meu pai, ele estava acompanhado de Ava, o que me deixou ainda mais desconfortável e enjoado.

—Pai, como vai?— o cumprimento com o mesmo tom sarcástico— Não acho que seria bom estragar a noite da minha acompanhante com a sua presença.

—Ora Connor, vamos lá. Acha que eu vou fazer o quê? Ameaçar a menina? Não sou o monstro que pensa— ele diz e dá um passo para frente, tentando se aproximar de Sarah. Automaticamente me ponho em frente dela, impedindo-o.

—Fique longe dela— falo entredentes.

—Connor, está tudo bem— diz Sarah, colocando a mão em meus ombros— Olá, Sr. Rhodes, é um prazer lhe conhecer. Me chamo Sarah Reese— ela diz passando por mim e estendendo a mão para meu pai.

—Reese? Anastácia seria...?— ele pergunta segurando sua mão.

—Minha mãe, o senhor a conhece?— Sarah pergunta confusa, fico ao seu lado e passo os braços a sua volta, tentando, de alguma forma, lhe proteger.

—Bom minha cara, no mundo dos negócios quem não conhece Anastácia Reese? Tenho saudades de quando ela era uma de minhas advogadas, muitas das minhas dores de cabeça seriam poupadas— ele diz— Mas afinal de contas querida, não acha ele muito velho para você?— Faço menção de avançar, mas sou impedido por Sarah.

—Na verdade, Sr. Rhodes, nossa diferença de idade não é tão grande quanto aparenta, e mesmo que fosse não seria um problema, seria?— ela fala encarando meu pai e Ava, com as sobrancelhas arqueadas. Acabo deixando um sorriso escapar.

—De forma alguma senhorita, só estava me certificando se meu filho não estava cometendo algum crime— ele diz e reviro os olhos.

            Sarah sorrir gentilmente, colocando uma das mãos em meu peito. Vejo Ava se aproxima e a seguro ainda mais forte contra mim, ficando tenso, fato que não passa despercebido por ela que me olha confusa.

—Quer dizer que voltou a Chicago, Dra. Reese? Não esperava que voltasse tão cedo, na verdade, se fosse comigo nem sei se voltava— diz Ava.

—E por que você não voltaria?— Pergunta meu pai, nos encarando.

—Sarah teve alguns problemas pessoas, pai— respondo por ela.

—Não chamaria aquilo de problemas pessoais— diz Ava e sinto Sarah estremecer ao meu lado— Você deve ter ouvido falar sobre o caso, Cornelius. Lembra do nome Robert Haywood?

—O psicopata?— ele pergunta confuso.

—Esse mesmo! Sarah é a filh...

—Já chega Ava!— a interrompo nervoso— Eu avisei para não se aproximar dela.

—Ora Rhodes, não acha que um pai tem o direito de saber com quem seu filho se relaciona?— ela diz sarcástica— Como eu ia dizendo, Cornelius, Sarah não só estava envolvida com o caso como também era filha...

            Avanço para cima de Ava, segurando forte em seu braço. Àquela hora, todos tinham parado a festa para olhar a confusão que se formava ali, mas pouco me importavam aquelas pessoas, minha raiva era muito maior do que qualquer coisa.

—Você está me machucando, Rhodes. Me largue!— ela fala tentando se livrar de meu aperto.

—Você não tem o direito de fazer isso, Bekker— digo com raiva.

—Solte-a imediatamente, Connor— diz meu pai se colocando ao lado da médica loira— Eu mandei a soltar— ele repete, visto que não cumpro o que lhe peço.

—Não, eu avisei para ela. Quem você pensa que é para se fazer isso Ava? Qual o seu problema? Se for eu, mexa comigo e não envolva a Sarah, pois não vou admitir.

—Me solta, Connor— ela pede mais uma vez e aperto seu pulso com ainda mais força.

—Juro Ava, se você fizer alguma coisa contra ela, eu sou capaz de...

—Connor— a voz tremula de Sarah me interrompe— Vamos embora, não quero mais ficar aqui.

            Viro e encaro Sarah, ela estava com lágrimas nos olhos e se abraçava tentando de alguma forma se proteger. Aquilo parte meu coração e imediatamente solto Ava e vou a seu encontro.

—Você está bem?— Pergunto a abraçando, ela apenas balança a cabeça negando.

            Tiro meu blazer e coloco em volta dela, seguro sua mão e a puxo contra mim, parando em frente à Bekker:

—Nunca mais se aproxime de mim, a não ser que seja por questões profissionais. Muito menos de Sarah, já avisei uma vez, na próxima eu não vou ligar para as consequências— termino de falar e saio puxando Sarah pelas mãos, tentando sair daquele ambiente o mais rápido o possível.

            Chegamos ao lado de fora e aguardamos o chofer voltar com meu carro. Sarah estava encolhida em meus braços, a seguro mais forte. Sinto minha camisa começar a molhar, ela estava chorando.

—Perdão meu amor, eu nunca devia ter deixado aquele homem se aproximar de nós. Muito menos aquela mulher, eu deveria ter...— ela me interrompe.

—Não, Connor. Eu que não deveria ter me apresentado ao seu pai, não deveria ter vindo a essa festa, muito menos ter voltado para Chicago. Onde estava com a cabeça? Eu ainda não estou pronta para lidar com tudo isso, não posso, não consigo— ela diz chorando ainda mais forte.

            Sinto um aperto no meu coração ao ver Sarah daquele jeito, aos prantos e tremendo. Sinto-me terrivelmente culpado.

—Me desculpa Sarah, me perdoa, por favor— falo a abraçando e passando a mão em seus cabelos— A culpa é minha, por favor, não fique assim.

—E-eu a-acho que vou embora— ela diz gaguejando e eu paraliso— Me desculpe Connor, eu achava que ia conseguir lidar com isso, que seria tudo diferente, mas não consigo. Me desculpe— ela diz se afastando de meus braços.

—Não— digo desesperado, segurando sua mão— Pelo amor de Deus, Sarah, não vá. Eu não sei mais viver sem você ao meu lado, esses meses que passamos longe um do outro fez com que eu percebesse que quero isso, quero nós dois, quero tentar ser feliz com você. Quem sabe futuramente construir uma família. Se não for aqui, que seja em Minnesota ou qualquer outro lugar do mundo, desde que eu esteja com você ao meu lado, não me importo com o resto.

—Você faria isso? Largaria seu posto, de cirurgião do chefe, no MED por mim?— ela pergunta assustada.

—Eu largaria tudo por você, Dra. Reese— falo e me aproximo dela, colocando as mãos em seu rosto, enxugando algumas lágrimas que ainda caiam. Olho em seus olhos, Sarah fica vermelha, mas não quebra o contato. Vou me aproximando lentamente, começando a sentir sua respiração, encaro seus lábios e quebro a distancia que nos separa.

            É a primeira vez que sinto seus lábios nos meus, é um beijo carinhoso, delicado, praticamente um selinho. Sinto Sarah sorrir, ainda com nossos lábios colados, e também sorrio. Peço passagem e ela prontamente cede, sinto sua língua quente e macia, nossos lábios parecem se encaixar um no outro com perfeição, exploramos a boca um do outros, calmamente, sem nenhuma pressa. Suas mãos vão ao meu cabelo, puxando-os delicadamente. Desço minhas mãos até sua cintura a trazendo para mais perto de mim.

É a melhor sensação da minha vida, quero ficar ali para sempre, mas o ar falta em nossos pulmões, nos obrigando á romper o beijo, terminando-o com vários selinhos.

Sorrimos um para o outro e nos encaramos.

—Esperei por esse beijo a noite toda, Dr. Rhodes— ela diz.

—Esperei por você, por uma eternidade, Dra. Reese— respondo e lhe puxo novamente para um beijo.

 

Sabia que as coisas iam ser difíceis, mas faria qualquer coisa para proteger Sarah, mesmo que isso custasse minha vida.


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Notas finais do capítulo

É isso mores, espero que tenham gostado ♥ Não esqueçam de comentar, favoritar e acompanhar a história, pois ajuda bastante, a autora aqui, saber o que estão achando da fanfic. Tchauzinho, até a proxima att!



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