Head Above Water escrita por BiahPad


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom mores, é a primeira vez que to aqui me arriscando a escrever sobre esse casal que eu amo demaaaais. Espero, do fundo do meu coração, que vocês gostem da história. Ainda não decidir se a fic vai ser short ou long, tudo vai depender de vocês. Espero que gostem. Beijinhos ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767775/chapter/1

Sarah

Faziam cerca de seis meses desde que havia deixado Chicago, longe do MED, dos meus amigos, do Dr.Charles e de tudo que me fazia reviver os acontecimentos envolvendo meu pai. Depois do que aconteceu, eu não conseguir seguir em frente naquele lugar, me sentia sufocada só de lembrar o pesadelo que vivi ali.

            Ainda conseguia ver os olhos assassinos daquele homem, enquanto torturava e matava aos poucos Gabi, uma menina que tinha a infeliz coincidência de ter cabelos iguais aos meus. Sim, meu pai era um psicopata, serial killer. Matou, torturou, abusou de varias meninas, em especial suas alunas, que o faziam lembrar-se de certa forma de algum traço meu, desde os cabelos, o sorriso, até a cor dos olhos. Ele sentia prazer de ver o medo, a dor nos olhos delas, enquanto as matava aos poucos.

            Após a cirurgia, depois de receber alta, acabei o levando para minha casa, ignorando os protestos de minha mãe e os alertas de Dr. Charles. Falando nele, naquela época nossa relação estava bastante conturbada, após o flagrar negando atendimento ao meu pai, tivemos uma briga terrível, acabei falando coisas que me arrependo até hoje, tomei atitudes estúpidas e não pensadas, coisas que me fizeram passar pela pior experiência da minha vida.

            Com o tempo, Bob começou a demonstrar um comportamento instável, atitudes suspeitas que acabavam denunciando sua obsessão por mim. Diversas vezes o flagrei cheirando minhas roupas, olhando minhas fotos, mexendo em minhas coisas. Sem contar como comportamento ciúme doentio que passou a demonstrar quando qualquer homem se aproximava de mim, a gota d’água foi quando estávamos em uma consulta com o Dr.Rhodes e aparentemente eu o lancei um sorriso diferente, essa foi a primeira vez que senti medo dele. A forma que me olhava, como gritava comigo, a força que segurava meus pulsos, sem se importar com os olhares que nos lançavam no corredor do MED. Ele só me soltou quando Connor se intrometeu na discussão e perguntou se havia alguma coisa errada, o jeito que Bob o olhou me fez sentir um frio na espinha, acabei dizendo que estava tudo bem e que era apenas uma briga boba de pai e filha e fomos embora.

            Um mês depois, me encontrava nos fundos de uma fabrica abandonada, localizada em um bairro no subúrbio de Chicago, presa a correntes que me faziam ficar suspensa em um gancho, tinha machucados em lugares que nem conseguia identificar, vendo aquele monstro estuprar, torturar e matar jovens, totalmente inocentes. Ele me olhava e falava: “Calma meu anjo, logo será sua vez. Primeiro preciso purificar as almas dessas mulheres, depois será você, não sabe como estou ansioso”.

            Deus sabe quantas vezes chorei e orei pedindo aos céus para que tudo aquilo acabasse, para morrer.

            Três semanas depois a polícia invadiu o local, Bob acabou reagindo, levando um tiro no peito e não resistindo. Chorei por horas abraçada a Dr.Charles, eu me encontrava perdida, desolada, acabada.

            Lembro-me como os pais de cada vitima, sete no total, a forma que eles me olhavam, alguns com nojo, raiva, outros com pena. Mary, mãe de Gabi, me olhou e pediu um abraço, disse que eu realmente lembrava a filha dela, e que não sentia raiva de mim, que todas as vezes que me olhasse iria lembrar da filha doce, meiga e sonhadora que havia tido. Acabei me tornando muito amiga de Mary, constantemente trocávamos mensagens, ela sempre me perguntava como eu estava e dizia que aos poucos a dor da perda ia se transformando em sonhos e acabou fundando uma ong para ajudar mães que perderam os filhos muito jovens.

            Tentei continuar minha vida normal, retornar minha rotina, meus amigos sempre me apoiavam, eu tinha acompanhamento profissional, mas acabou se tornando impossível. Comecei a ter ataques de pânico e ansiedade, tanto em casa, na rua ou no hospital, em frente aos meus pacientes. Acabei não aguentando e fui embora.

            Passei um tempo em Nova Iorque, com minha mãe, mas não me sentir bem e me mudei para Minnesota, onde conseguir uma vaga de residente em psiquiatria na Mayor Clinic e foi justamente lá que esbarrei com Connor Rhodes, ele havia aceitado uma proposta feita pelo hospital após a operação das gêmeas siamesas.

            Como éramos novos na cidade e não conhecíamos ninguém, acabamos nos aproximando, saímos para ir beber à noite, conversar, tomar café da manhã juntos, antes do expediente, coisas que nos faziam espairecer um pouco da vida. Certa vez, enquanto bebíamos em um bar perto do hospital, Connor acabou confessando que se sentia de certa forma culpado por tudo o que eu havia passado com meu pai, que ele havia feito coisas quase impossíveis para salvá-lo, para que no final ele tivesse feito o que fez. Deixei bem claro que ele não tinha culpa de nada, que tinha agido como qualquer médico tentando salvar a vida de seu paciente.

            Com essa aproximação acabei desenvolvendo sentimentos por Connor, não que nunca tivesse me sentido atraída por aquele homem, coisa que devia ser impossível para qualquer mulher, mas dessa vez eu estava conhecendo o verdadeiro Connor Rhodes e não um dos maiores cirurgiões cardiotorácicos do país ou o herdeiro da Dolan Rhodes, apenas o Connor, um cara gentil, atencioso, amoroso, que escondia por trás de toda uma mascara a dor profunda da perda da mãe e a relação perturbada que tinha com o pai e a irmã.

            Certa vez, acabei exagerando nas taças de vinho, aquele dia tinha sido péssimo e parecia que nunca ia acabar. Connor ficou preocupado e se ofereceu para me levar em casa. Acabei adormecendo no carro, sendo acordada por ele que, gentilmente, afagava meus cabelos e chamava meu nome. Estávamos na garagem do prédio dele, eu havia esquecido de dizer onde ficava minha casa e ele preferiu me levar para a dele. Chegando em seu apartamento, ele me levou até o quarto de hóspedes, me deu uma toalha e disse que iria arranjar roupas limpas para  eu me trocar. Tomei banho e quando sair haviam uma blusa branca e um short preto em cima da cama, acabei optando por vestir apenas a blusa, que ficava um vestido em mim, e minha calcinha. Deitei na cama, me cobrindo com as cobertas, e tentei dormir mas não consegui, por volta das três da manhã a porta do quarto foi abrindo aos poucos e Connor surgiu na fresta, ele sorriu quando notou que eu o encarava.

—Não consegue dormir?— perguntou.

—Não, e você?— respondi me levantando de forma que ficasse sentada na cama.

—Também não. Dia difícil?

—Você não sabe como— respondi suspirando e baixando a cabeça.

—Quer conversar?

—Na verdade, não.

—Tudo bem, vou voltar para o meu quarto- falou e virou-se em direção a porta.

—Espera!— gritei— Não quero ficar sozinha— ele continuava parado na porta me encarando, reunir minhas forças, aproveitando do restante do álcool que se encontrava no meu sangue e falei— Dorme comigo.

—Sarah...— ele começou a falar, mas o interrompi.

—Por favor, Connor, hoje faz três meses.

            Ele me encarava surpreso, nossos olhos estavam presos uns aos outros até que sentir os meus marejarem e as lagrimas começarem a escorrer, baixei minha cabeça tentando, inutilmente, disfarçar meu choro. Escutei a porta sendo fechada e alguns minutos depois a cama começou a afundar, delicadamente Connor me puxou para me acomodar em seus braços, deitei minha cabeça em seu peito e o abracei pela cintura, enquanto ele me fazia cafuné. Ficamos daquele jeito até ambos adormecerem.

            Aquela foi à primeira noite em que dormir sem precisar da ajuda de remédios, sem acordar no meio da noite após um pesadelo. Foi a primeira vez que me sentir segura após muitos meses.

            Após aquela noite, ficamos ainda mais próximos, era difícil passarmos um dia sem nos encontrar, sem nos falar. Admito que tinha medo de meus sentimentos, de me ferir, de não ser correspondida, até porque, assim como era no MED, Connor fazia sucesso com as mulheres na Mayor Clinic e perdi a conta de quantas vezes me pararam para perguntar se estávamos juntos, morria de ciúmes mas no final não podia fazer nada.

            Mas era impossível negar, Connor Rhodes me fazia sentir coisas que homem nenhum me proporcionou.

            Dois meses atrás Connor teve que retornar ao MED, havia surgido um problema e teve que assumir a nova ala de cirurgia cardiotorácica na emergência. Apesar desses meses separados, sempre nos comunicávamos por mensagens, constantemente passávamos a noite falando por telefone, inclusive uma vez o ajudei em um caso de uma garotinha.

            A distância só fazia meus sentimentos aumentarem, sentia saudades do seu corpo, do seu cheiro inebriante, do seu sorriso que iluminavam meus dias e daqueles olhos. Connor também estava diferente, mais carinhoso e sempre falava que não via a hora de viajar de volta para Minnesota.

            Maggie havia me ligado e comentou que o Dr. Rhodes estava diferente, que todo o hospital comentava a mesma coisa, ele não costumava sair para beber, nem para comemorar quando realizava procedimentos complicados, vivia recusando convites e investidas das médicas e enfermeiras, inclusive da Dra. Ava Bekker. Maggie disse que apostava que ele estava apaixonado e que essa pessoa era da Mayor Clinic, já que segundo uma amiga dela que trabalhava no hospital, Connor namorava com uma psiquiatra de lá. Ela falou que o flagrava constantemente olhando para o celular com um sorriso bobo nos lábios.

            Tentei negar para mim mesma que eu não era essa mulher, que seria impossível um homem como ele se apaixonar por uma menina feito eu: tímida, desengonçada e insegura. Acontece que dois dias atrás, enquanto conversávamos por telefone, notei como Connor estava diferente, mais distante, pensativo, perguntei se tinha acontecido alguma coisa e ele negou e disse que era apenas cansaço, ameacei desligar e ele prontamente  disse que não, que precisava escutar minha voz.

—Tem certeza que não quer desligar? Você parece tão cansado, não quero te atrapalhar—falo preocupada.

—Você nunca atrapalha Sarah, sabe disso. É que as coisas estão confusas aqui— suspira.

—Não posso te ajudar?

—Se você soubesse que a razão disso é você— Ele fala tão baixo que eu quase não tenho certeza se ouvir direito.

—Eu fiz alguma coisa?— pergunto nervosa.

—O quê?— ele exclama assustado— Não Sarah, claro que não. Você não fez nada, o problema é comigo.

—Então me fala Connor, estou preocupada.

—Sarah...

—Por favor, Connor.

Ele suspira e após alguns minutos fala:

—Talvez eu esteja apaixonado por você, Dra. Reese.

Meu coração parecia que ia explodir, meu corpo tremia e eu tinha um sorriso idiota em meus lábios. Acabei perdida em pensamentos e só acordei quando ele falou:

—Sarah, ainda está aí? Meu Deus me desculpe, não deveria ter falado assim. Não tinha esse direito, você deve está assus....

—Talvez eu esteja apaixonada por você, Dr. Rhodes— Falo o interrompendo.

     E foi assim, depois dessa conversa, que eu me encontrava parada no meio do aeroporto de Chicago, esperando por um taxi, pronta para enfrentar meus medos e fantasmas do passado, rezando a Deus para que nada desse errado.

—----------------------------------------------------------------------------------------------------

Connor

                                                  Hoje seria o baile beneficente que o hospital havia organizado para arrecadar fundos a nova ala hospitalar de tratamento de crianças com câncer. Praticamente todos do hospital estariam lá, inclusive os investidores, ou seja, meu pai.

                                                  Suspiro pela quarta vez tentando arrumar a bendita gravata borboleta que insistia em ficar torta, depois de alguns minutos desisto, fecho a porta do meu armário com força e sento no sofá, passando as mãos no meu rosto.

—Parece que alguém não teve um bom dia— fala Will, enquanto sai do banheiro, arrumando a manga da camisa social que vestia.

—Só estou cansado, se não fosse obrigatório, nem ia. Só quero chegar em casa, terminar de revisar os casos dos meus pacientes e dormir o resto da noite.

—É um belo plano para aproveitar a noite- fala Ethan enquanto entra na sala de descanso.

—April sabe que você ainda está vestido assim?— pergunta Will, ao ver que Ethan ainda está de uniforme.

—Do jeito que ela está hoje, é capaz de me matar. No meu velório vocês vão me ver vestido com um smoking— responde enquanto entra no banheiro com suas coisas.

—Olha que eu não duvido! A Natalie saiu daqui sete horas, falando que já estava atrasada e pelo que eu estou sabendo o baile só começa às dez— fala Will— Mas diz aí, sério que você não vai levar ninguém? Tem noção de quantas mulheres terão seus corações quebrados essa noite? Sabe quantas estavam se matando para chamar a sua atenção, para ser seu par?

—Não me importo com elas, a única que eu queria está a milhas de distância daqui. Provavelmente nunca mais vai querer voltar para Chicago.

—E quando teremos a oportunidade de conhecer a futura Sra. Rhodes? — diz Ethan, saindo do banheiro, devidamente arrumado. Arqueio os olhos e ele continua— O quê? Da forma que você fica quando chega uma mensagem dela no seu celular, o sorriso idiota que você fica todas as vezes que o seu celular toca e é ela, não dá pra negar Rhodes, você está apaixonado.

—Na verdade, vocês já a conhecem֫— falo rindo imaginando a cara que eles fariam ao descobrir sobre Sarah.

—Tá de sacanagem que você voltou com a Robin?— exclama Will.

                                                  Antes que eu tenha a chance de responder, Maggie adentra na sala devidamente arrumada, com um vestido verde esmeralda, cabelos soltos em cachos definidos e uma maquiagem leve, dando-lhe um ar elegante.

—UAU!— falamos juntos.

—E aí, o que acharam? Gostaram? Estou bonita? Sexy?— pergunta enquanto dá um giro para que víssemos tudo.

—Maggie, se a April não fosse uma maníaca/psicopata eu investiria em você— diz Choi, nos fazendo rir.

—Maggie, se seu par não soubesse usar uma arma, com toda a certeza eu tentaria te roubar dele— digo.

—Não sejam tão bobos— ela fala— Só vim ver se os três mosqueteiros já estão devidamente arrumados.

—Já sim! Vamos logo, se a Natalie chegar lá e eu não estiver, espero que vocês tenham um kit de emergência por perto— fala Will, enquanto saímos do hospital.

                                                  Assim que chegamos no estacionamento, Maggie se despede e entra no carro do seu namorado. Ethan se despede e avisa que ainda vai passar na casa de April para busca-la.

—Me dá uma carona? Meu carro está com a Nat e só vou encontrar com ela na festa— pergunta Will.

—Claro!— respondo enquanto andamos em direção ao meu carro.

                                                  Quando entramos no veiculo, olho meu celular e vejo que tem uma mensagem da Sarah:

“Espero que minha concorrente essa noite seja uma senhora, bem simpática, de 80 anos, Dr.Rhodes”.

                                                  Sorrio e respondo:

“Pode ter certeza que ela está a sua altura, Dra.Reese. Nunca vi uma dentadura tão fixa em uma boca”.

—Por favor, me diz que todas as vezes que eu vejo a Natalie, não fico com um sorriso idiota igual a esse— fala Will com um sorriso sarcástico no rosto me olhando.

—Vai à merda, Will— respondo rindo, guardando o celular e dando partida no carro.

                                                  Chegamos 15 minutos depois, a festa iria ser em prédio da antiga prefeitura da cidade, havia milhares de repórteres e curiosos na frente. Descemos do carro e dou a chave ao chofer para que ele guarde o carro, caminhamos em direção a entrada, sendo abordados por alguns jornalistas. Quando finalmente nos livramos da bagunça, entramos no prédio, havia um enorme salão, a decoração variava de flores cor de creme e rosas vermelhas, havia um palco montado mais a frente, uma pista de dança bem no meio. Eu e Will descemos a escada e fomos ao encontro de Maggie e alguns amigos que já estavam lá.

                                                  Tudo ocorria normal, um tempo depois Natalie chegou, acompanhada de Choi e April, ambas estavam lindas, Nat vestia um vestido rosa nude, na parte de cima haviam pedrarias, era bem ajustado na cintura e depois ficava solto, April vestia um vestido amarelo com um decote até o umbigo, que se ajustava até a cintura e com uma fenda nas pernas.

                                                  Por volta das onze e meia, Miss Godwin deu um discurso a respeito das expectativas da nova ala e como aquilo iria ajudar as crianças. Cornelius Rhoedes, claro, não perdeu a oportunidade de aparecer e deu um longo discurso sobre como a franquia Dolan Rhodes apoiava aquele projeto e de como estava ansioso para ajudar as criancinhas, não pude evitar revirar os olhos, aquele homem era patético. Tomei de uma só vez a dose de whisky, sentindo a queimação que a bebida proporcionava.

—Se eu não fosse psiquiatra acreditaria nesse discurso— diz uma voz atrás de mim, me curvo e dou de cara com Dr.Charles.

—Se eu não fosse filho dele, também acreditaria— falo sorrindo e pegando um novo copo de whisky que o garçom trazia.

—Dia difícil?— pergunta.

—Noite difícil, não queria está aqui.

—Sinceramente? Nem eu. Se não fosse o chefe do departamento de psiquiatria, nem viria. Não ando bem, minhas costas doem e estou sem paciência para festas.

—Não deveria se culpar para sempre doutor— falo o encarando.

—Eu sei! Mas não canso de pensar em como as coisas estariam agora se nada tivesse acontecido, tudo o que Sarah sofreu, tudo o que ela sentiu, não consigo não me questionar se tivesse feito mais alguma coisa a teria salvado.

—Bom Dr. Charles, não há como saber. Mas lhe garanto que Sarah não o culpa, ela só precisa de um tempo para conseguir seguir em frente. Ela tem um carinho enorme pelo senhor, tenho certeza que não lhe culpa pelo o que aconteceu.

—Vocês andaram se falando?— me questiona e acabo engasgando com a bebida.

—Oi? Não! Quer dizer...— paro de falar quando vejo a forma que ele me olha— Tudo bem, falei com ela.

—Sério? Quando? Faz um bom tempo que não tenho noticias sobre ela.

—Ela está bem— é a única coisa que consigo responder.

                                                  Ele me encara e sinto como se ele estivesse enxergando tudo dentro de mim, como se soubesse do meu relacionamento com a Sarah. Antes que possa falar mais alguma coisa, somos interrompidos pela salva de palmas, a hora dos discursos havia acabado e a pista havia sido liberada.

                                                  Peço licença e vou em direção ao Dr. Latham que estava acompanhado por alguns investidores e Bekker. Começamos a conversar sobre assuntos do trabalho, cirurgias que havíamos feito nos últimos dias e projetos que estávamos organizando. Algum tempo depois, Latham pediu licença e se retirou alegando que a música alta estava o incomodando, ficando apenas eu e Bekker.

—Então você veio sozinho?— ela pergunta com o sorriso irônico que sempre usava.

—Bom, estou em uma festa cheia de amigos, pessoas conhecidas, não acho que eu vim sozinho.

—Entendeu o que eu falei Rhodes.

—E você sabe a resposta para a sua pergunta— retruco.

—Posso saber o que te fez não trazer ninguém? Cansou das meninas do hospital? Acha que elas não são dignadas de serem apresentadas ao Cornelius Rhodes?

—Não é nada disso, você mesma foi apresentada ao meu pai.

—Como uma colega de trabalho.

—E nós éramos o quê na época, Ava?

—Sabe que tínhamos algo mais.

—Tínhamos e não nego, mas já passou. Somos muito diferentes, mesmo que tentássemos alguma coisa, não ia dar certo— Quando vejo que ela vai retrucar a interrompo— Além do mais, encontrei alguém que eu realmente me importo, que me faz sentir diferente.

—Então os rumores estavam certos? Você se envolveu com uma mulher na Mayor Clinic— ela afirma, me olhando com certo nojo.

—Sim e não vejo a hora de terminar aqui no MED para voltar a Minnesota.

—Você vai largar tudo o que construiu aqui por causa dela? —ela pergunta assustada.

—Eu abriria mão da minha vida se isso a fizesse feliz.

                                                  Quando Ava vai falar alguma coisa, ela estanca, olhando estupefata para cima. Percebo que todos olham para o mesmo local, alguns murmuram coisas do tipo “Minha nossa” “É ela mesmo?” “ Como ela está linda”. Vejo que todos que estavam na pista haviam parado de dançar, inclusive Will, Natalie, Choi, April e Maggie, a expressão em seus rostos era uma mistura de encanto, com surpresa, pareciam que viam uma miragem. Então, tomando o ultimo gole de whisky que se encontrava no copo, virei e dei de cara com ela.

                                                  O vestido, vermelho, tomara que caia se ajustava perfeitamente ao seu corpo, nos pés havia uma espécie de calda (o vestido é estilo sereia, mas provavelmente o Connor não sabe disso kkk) no pescoço havia um maxi colar de esmeraldas, seus cabelos estavam presos para o lado e alguns cachos estavam soltos de maneira proposital, a maquiagem leve. Sem duvidas ela era a mulher mais bonita da festa, o ar faltou em meus pulmões e lembrei-me de respirar.

                                                  Nossos olhos finalmente se cruzaram e ela sorriu, causando o estopim de sua entrada. Lentamente começou a descer as escadas, sem nunca desviar seus olhos dos meus, prontamente caminho em sua direção. Aquele momento parecia único, parecia que havíamos apenas nós dois no mundo, no nosso mundo. Eu era dela e ela era minha.

Minha.

Minha Sarah.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ;) Logo tem att, não esqueçam de comentar, pfvr!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Head Above Water" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.