Ronnie, me faz uma limonada? escrita por Mel de Abelha


Capítulo 2
Cozinha


Notas iniciais do capítulo



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A festa estava ótima, mas depois de tanto tempo dançando, tive que parar um minuto para descansar, como a sedentária que sou. Parei quando começou uma música de um rapper famoso que eu não curtia muito e fui a cozinha beber água, depois fui ao banheiro, monitorar o que estava acontecendo. Levei um susto quando vi uma garota dormindo na banheira, com um pacote de salgadinhos na barriga, então encostei a porta de vidro do box, para dar a ela mais privacidade.

Alguns casais se agarravam no corredor, e, antes que eles resolvessem ir além do beijo, eu passei pelo meio deles, empurrando-os para a sala. Pode me chamar de estraga prazeres, mas quem limpa a casa sou eu e isso inclui lavar a roupa.

Quando entrei na sala pude ver a Jessie com uma garrafa suspeita na mão, enquanto ela e Piper dançavam juntas. Um grupinho estava se formando no vácuo entre a janela e o sofá, que havia sido empurrado para a frente. Eles formaram uma roda, Jessie e Piper se encaminharam para lá, minha amiga dando um último gole na garrafa para acabar com o líquido, a posicionando no meio da roda logo em seguida. Era o famoso jogo: verdade ou desafio.

— Ei, Ronnie! - Gritou Henry do círculo. - Vem jogar com a gente.

— A-Ah… Ah, é que eu tenho que… - Gaguejei, tentando pensar em uma desculpa para não jogar.

Esse tipo de jogo não foi feito para pessoas como eu.

— Vem logo, Ronnie. - Murmurou Jessie, pegando meu braço e me arrastando até seu lado na roda.

Dez pessoas participavam: Henry, Mason, Ryan, Jessie, Piper, Karen, Sol (uma garota da escola), Angus (um garoto que eu não fazia ideia de quem era), Sasha (uma amiga da Karen, pelo que eu tinha entendido) e eu.

A maioria deles parecia estar fora do normal, ou seja, tinham bebido.

A garrafa girou no meio do círculo. Caiu em Karen.

— Já?! - Exclamou a ruiva. - Verdade!

— É verdade que você e o Mason já tiveram um caso? - Perguntou Sol, que tinha girado a garrafa.

— Bom, nós… - Começou Karen.

— Nunca tivemos nada! - Falou Mason, cortando o que deveria ser uma longa história do porquê ela nunca deu uma chance ao Mason, sendo que ele que não dava chance a ela.

Karen franziu o cenho e respondeu, seca:

— Não. - Então girou a garrafa. Caiu em Jessie.

As duas não tinham um histórico muito bom, nem se entendiam perfeitamente, mas, fosse o álcool ou uma súbita onda de coragem, Jessie escolheu desafio.

Karen pensou por um minuto e jogou o desafio, iniciando o jogo sujo.

— Eu te desafio a beijar a pessoa mais bonita da roda!

— Uhhhh! - Fizeram os garotos, enquanto eu revirava os olhos.

Então Jessie fez a coisa mais inesperada possível, enquanto os meninos se exibiam dizendo que eram mais bonitos, minha amiga virou para o lado e beijou Piper, que, inacreditavelmente, não a afastou.

Essa foi a minha hora de deixar o queixo cair. Sempre soube que ela era bissexual, mas não sabia que ela gostava da Piper.

Jessie sorriu e girou a garrafa, caiu em Ryan.

— Desafio!

— Te desafio a beijar o Henry.

— Quê?! - Exclamaram Ryan e Henry ao mesmo tempo.

— Não vou beijar o Henry! - Falou Ryan.

— Ah, beija ele logo, é um jogo. - Reclamou Karen.

Com os rostos mais vermelhos que tomates, os dois meninos encostaram os lábios e logo soltaram, ficando mais vermelhos ainda. Vi Mason escondendo o celular no bolso e algo me dizia que aquele momento não seria esquecido tão cedo.

Ryan girou a garrafa, caindo na Sol, que escolheu desafio. Pessoal corajoso.

— Beija o cara mais bonito da roda.

Sol sorriu, então se inclinou no meio da roda na direção de Mason.

Não sei porque, mas não consegui olhar. Depois do que me pareceu um minuto ela voltou ao seu lugar, entre as risadas dos garotos, sendo um deles, Mason, que estava com o cabelo um pouco bagunçado.

Sol girou a garrafa. Parou em Henry, que também pediu desafio. O desafio dela foi, para mim, a coisa mais baixa possível:

— Te desafio a beijar a garota mais feia da roda. - Falou, com um sorriso estampado, como se tivesse fazendo um comercial de margarina.

Mal esperei para ver o que Henry faria, me levantei e saí do jogo, indo em direção à cozinha. Pude ouvir Jessie e Karen iniciando uma discussão, enquanto Henry murmurava que não tinha ninguém feio e não faria aquilo, o que me deixou com um certo orgulho dele.

Só percebi que estava fazendo limonada pela segunda vez na noite quando dei o primeiro gole. Vi que tinha colocado automaticamente um segundo copo na bancada. Uma mão pegou o copo, olhei para o lado e vi Mason se servindo.

— Nem precisei pedir, hein? - Disse ele, me empurrando com o cotovelo.

Cheguei para o lado, não estava com vontade de brincadeirinhas.

— Ei, vi que ficou irritada com o que a Sol disse…

— Não estou irritada! - O interrompi.

— Tá, tudo bem. Mas nem precisa ficar, mesmo que tenha sido bem idiota.

Bebi mais um pouco da limonada. Tinha exagerado no açúcar.

— Ainda bem que caiu no Henry, se ela tivesse desafiado o Ryan era bem capaz dele fazer e deixar tudo muito pior. Quem acha que ele beijaria?

— Ah, Mason, vai beijar alguém na sala, por favor. - Murmurei.

Ele serviu mais um copo de limonada.

— Não tem ninguém interessante na sala.

— Você pareceu achar a tal Sol bem interessante.

— Nah, ela é uma idiota. Além do mais a Karen a colocou para fora aos berros.

— Mentira?! - Sorri.

— É sério! Você tinha que ver, foi ótimo.

Nós rimos. Olhei para ele e vi que seu cabelo ainda estava bagunçado do lado, então estendi a mão para arrumar.

— Seu cabelo tá bem louco aqui. - Falei, enquanto tentava assentar os fios. - Pronto! Agora até parece que é gente.

— Ha, ha, ha! - Disse Mason, então passou a mão pelos meus cabelos, bagunçando tudo, enquanto eu tentava desviar.

Acabei batendo no banquinho da bancada e perdendo o equilíbrio. Mason me segurou bem a tempo.

— Nossa, quase caí! - Suspirei. - Valeu – Completei, retomando o equilíbrio.

Mason não me soltou.

— Tudo bem, acho que não vou cair agora…! - Comecei a falar, mas fui interrompida.

De repente os lábios de Mason estavam nos meus. Sua mão ainda me segurava, a outra se entrelaçava pelos meus cabelos e então era eu que bagunçava os cabelos dele.

Por mais que minha cabeça dissesse que aquilo não deveria acontecer, meu coração dizia o contrário, e na luta dos dois, a pulsação ficou forte e alta demais para me deixar ouvir meu cérebro, então o coração ganhou.


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Notas finais do capítulo



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