Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 79
Um Último Confronto




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Diante do espelho Catherine encarava sua própria imagem. Enquanto penteava seus cabelos, pensava do quanto eles haviam mudado. Ao sair de Otium os fios alcançavam sua cintura e ela se lembrava quantas horas gastava para mantê-los em ordem ou minimamente limpos. Lembrou-se do motivo de tê-los cortado, lembrou-se que havia descoberto em si mesma alguém que não conhecia em outra ocasião.

— Não importa o que aconteça — A bruxa respirou fundo e olhou para os seus próprios olhos — Eu jamais serei a mesma!

Quando abriu a porta do seu quarto, se deparou com dois guardas a esperando. Se perguntava se aquilo era mesmo necessário, mas não podia fazer muito em relação a isso. Queria poder se despedir de Cindy, mas não achava adequado pedir licença aos dois senhores e se enfiar dentro de um porão. Isso pareceria uma fuga, mas para onde ela poderia fugir?

“Eu espero que isso seja rápido…” Catherine refletia em silêncio enquanto entrava no carro do Statera.

— Está com fome senhorita? — Um dos guardas se dirigiu a ela.

— Uh-h… Não… Obrigada — Catherine se assustou.

— Qualquer incômodo é só falar — O rapaz sorriu para ela.

“Por que?” A bruxa estava confusa.

“Mas é claro!” Catherine estapeou a própria testa “São do Statera”

Seu pai havia sido general deles e ainda tinha bastante influência dentro da corporação. Ela era a filha do chefe e eles queriam causar  uma boa impressão.Talvez tivessem sido enviados pelo seu pai. Uma forma de mantê-la segura, é isso combinava com o Ivan. Sem especular sobre mais nada Catherine apenas encostou a cabeça na janela do carro e fechou os olhos. Não demorou muito para que fosse assustada pelo barulho de algo se chocando contra o vidro, uma mancha vermelha era o que havia restado do que parecia ter sido uma chuva de tomate.

O tribunal do primeiro reino estava lotado, não era permitido a entrada de civis no recinto, todavia, uma multidão se empurrava do lado de fora.

— QUEIMEM A BRUXA!

— QUEIMEM A BRUXA!

As pessoas acertavam o carro com socos e chutes.

Catherine se encolhia, completamente em choque.

— Eu vou matá-los… — Ivan cerrava os punhos.

— Vai matar todos os civis ali fora? — Hendrick o encarava com certo desdém — Primeiramente isso não é do seu feitio e além do mais, são como moscas, não importa quantos você mate viram mais. Você precisa matar a ideia.

Por mais que tentasse pensar logicamente, ouvir todas aquelas ameaças contra sua filha, fazia seu sangue ferver.

O carro parou de frente para o tribunal, mas os soldados do Statera não se atreveram a abrir a porta.

— Se tentarmos sair nessa situação, a garota vai acabar se ferindo — O motorista dizia com certa aflição em sua voz.

— Está tudo bem, aí? — O soldado sentado na cadeira da frente se dirigiu a Catherine.

A bruxa acenou positivamente com a cabeça, embora sua expressão fosse de total pavor.

De repente um silêncio se instalou do lado de fora do carro. A luz brilhante do sol que atravessava as janelas do veículo, havia desaparecido totalmente. Inesperadamente a porta se abriu. Catherine se encolheu, mas logo relaxou quando reconheceu aquele rosto familiar.

— Vamos? — Ryu estendeu a mão para a bruxa enquanto estampava um sorriso em seu rosto.

Com um pouco de atenção, a bruxa pôde perceber que Eveline, havia se transformado em uma espécie de túnel, que fazia uma passagem segura e silenciosa até a porta do tribunal.

— QUEM É VOCÊ? — Os dois soldados apontaram armas para o rapaz.

— Sou o guardião dela — Ryu tinha uma expressão descontente em seu rosto.

— Acho que agora você não tem mais esse cargo, não é mesmo? — Catherine segurou a mão do garoto e saiu  do carro.

— Você está estudando agora? — Ryu perguntou a garota.

— O que? — Catherine estava confusa.

— Meu trabalho é te levar até o santuário, mas cá está você, lutando judicialmente por isso — Ryu dava de ombros — Meu trabalho ainda não acabou.

Os dois garotos se olhavam de forma simpática. Os soldados do Statera permaneceram em silêncio e visivelmente assustados, mas seguiram os dois garotos rumo ao tribunal.

— Meu anjinho — Ivan abraçou Catherine com certo desespero.

— Eu senti sua falta… — A bruxa se aconchegou no abraço do pai.

— Vai dar tudo certo, ok? — Ivan segurou o rosto da filha com carinho.

A bruxa acenou positivamente com a cabeça, mas não pôde evitar de se emocionar.

Os de protestos vindo lá de fora, de repente tomaram um novo tom, o de enaltecimento.

Blanc Lagunov não só teve passagem, como também foi recebido com aplausos. Frases como “Nosso Messias” Podiam ser ouvidas de dentro do tribunal. Escoltado por um grupo de soldados do Minus, Blanc passou por Catherine com uma expressão confiante em seu rosto.

— Dizem que a voz do povo é a voz de Deus — Blanc sorriu.

Todos permaneceram em silêncio e pouco depois a audiência se iniciou.

— A réu, Catherine Gibran, está sendo acusada pelo General Blanc Lagunov, pelo crime de ser uma ameaça para a humanidade e as bruxas — O juiz, um renomado bruxo de Otium iniciou o julgamento — Essa audiência se baseia na sustentação dessa acusação, através de fatos e provas. Todavia, a senhorita Catherine Gibran, membro oficial da sociedade das bruxas, tem o direito de se defender, provando estar apta para o convívio social como cidadã do primeiro reino.

O Júri consistia de um membro do Statera, um membro do Minus, uma representante da Igreja e um representante do Santuário.

No palanque, Catherine se sentava à esquerda do juiz e Blanc a direita. De frente para os dois havia um grupo, composto por seus respectivos apoiadores.

— Tem a palavra o General do Minus — O juiz ordenou.

— Como muitos aqui sabem, não é a primeira vez que me encontro com Catherine Gibran. Quando ela ainda era uma criança uma reunião extraordinária foi feita para decidir seu destino. Por sorte e interferência de um caçador influente, ela conseguiu escapar da morte. Embora, a existência dela tivesse sido um risco para a humanidade, ainda houve a decisão de que esse risco fosse corrido. Todavia a presença dessa bruxa no santuário intensifica esse risco em proporções absurdas — Blanc deu uma pausa e se voltou para o júri — Aos bruxos aqui presentes, vocês estão dispostos a compartilhar seus segredos mais poderosos com uma força incontrolável e desconhecida?

Houve uma movimentação entre o júri e então Denize caminhou até a ala reservada às testemunhas.

— Denize Oliveira, anciã do santuário e membro do conselho das bruxas, irá depor — O Juiz anunciou.

— É inadmissível a presença desta garota no santuário! — Denize começava a listar todos os argumentos que sustentavam seu posicionamento.

O julgamento prosseguiu com o depoimento de soldados do Minus e até o prefeito de Ita estava presente no grupo de testemunhas de acusação. Catherine havia sido acusada de incêndios, desabamentos e todos os tipos de acidentes acontecidos nas cidades que estavam no caminho da travessia.

— Catherine Gibran, conhecida como a Bruxa do Azar, inicie sua defesa — O juiz passou a palavra para que Catherine pudesse se defender.

— Bom… — Catherine estava receosa — Primeiramente, eu não acho que Bruxa do Azar seja o título que me defina. Considerando que não é essa minha única habilidade.

Todos estavam em silêncio, mas mantinham seu olhos fixos na garota.

— Uma vez eu li em um jornal que um grupo de saqueadores desavisados atacaram a caravana que levava algumas representantes do santuário para uma reunião importante no segundo reino. Eles foram completamente dizimados pela nossa respeitável anciã Denize Oliveira — Catherine voltou seu olhos para a bruxa que a encarava com desprezo — Denize usou sua magia para se defender, para favorecer uma situação que colocava o seu bem estar em perigo, mas sabe, Denize não respondeu por seus atos e foi considerado que aqueles assassinatos eram legítima defesa. Quando eu estou em perigo, meus inimigos escorregam, desmaiam, as vezes ficam confusos ou tem todo tipo de infortúnio… Eu nunca matei ninguém e me orgulho disso, todavia eu estou aqui respondendo por me defender e ela ocupa a posição de acusadora. Se isso não for uma injustiça, eu não sei o que é.

— O que os cidadãos de Ita fizeram a você? — O prefeito se manifestou com rispidez.

— Me acusaram de algo que eu não fiz, me amarraram, me arrastaram por vários quilômetros, me ofenderam e tentaram me matar — Catherine respondeu assiduamente — Você não pode provar as acusações que estão fazendo contra mim. Nenhuma dessas acusações podem ser provadas, vocês se aproveitam da sutileza da minha magia para me culpar por tudo de ruim que acontecem na vida de vocês!

O juiz permaneceu em silêncio, analisando a situação e as reações do réu.

— E você não pode provar que é inocente! — O prefeito levantou o tom de voz.

— Com a sua permissão meritíssimo — Ryu se levantou do meio do grupo de defesa da bruxa.

O juiz deu a permissão e o guardião entregou a ele uma pequena pasta com papéis referentes a um inquérito interno feito por membros do Minus.

— Aqui diz que o caso do incêndio em Ita foi resolvido pelo Minus — O juiz folheava os papéis — Consta um interrogatório com um Homem chamado Estevan Alencar, onde ele acusa Clarisse Bortoluzzi de queimar a feira e o subornar para acusar injustamente Catherine Gibran— O Juiz encarou Blanc — Também consta aqui que Clarisse Bortoluzzi, a acusada em questão, foi julgada e condenada em uma audiência interna do Minus.

A expressão de Blanc congelou, ele não era capaz de entender como Ryu poderia ter tido acesso a aqueles documentos.

O júri estava tenso, conversavam entre si e se entreolhavam.

Os testemunhos de defesa continuaram.

— A Cat pagou nossa fiança e nos fez prometer que seríamos cidadãos decentes! — Bob e Rick testemunharam.

Catherine acenou contente para seus antigos parceiros de cassino.

— Ela assumiu a culpa por coisas que ela não fez para poder salvar meus avós de serem levados para a fogueira! — Heitor dizia com admiração.

Catherine sorriu contente para o amigo que havia feito em Ita.

— Catherine salvou a mim e ao meu noivo do bando de contrabandistas que trabalhavam para o Minus — Miriam, a Bruxa do vento se pronunciou.

A cada testemunho dado, a moral de Catherine aumentava e as acusações contra o Minus seguiam o mesmo ritmo.

Com a palavra de volta para ele, Blanc usou sua última cartada.

— Catherine Gibran… — Blanc encarou a garota — Quando você se gaba das suas mãos limpas de assassinatos, está ignorando a morte de Yuki Yamamoto e Gaspar Reynald?

— Yuki? A Yuki está morta?— Catherine franziu o cenho ao se lembrar da arqueira atrapalhada com quem se encontrou em duas ocasiões — E eu não faço ideia de quem seja Gaspar!

— Para alguém que se julga tão íntegra, você nem sabe o nome das vidas que ceifa — Blanc tinha um tom de escárnio em sua voz — Meritíssimo, essa garota mente e o seu cinismo ultrapassa todos os limites que eu conhecia. Ela tem uma aparência doce e gentil, talvez ao olhar para ela muitos aqui se lembrem de seus filhos ou sobrinhos ou mesmo netos. Acham que uma injustiça está sendo cometida contra uma criança… Mas ela é um demônio dissimulado.

— É mentira! — Catherine estava alterada e sensibilizada — Por que todos estão me acusando de coisas que eu não fiz?

Um alvoroço se instalou no tribunal, o júri e principalmente o restrito público que assistia ao julgamento estavam muito agitados.

— Que história é essa de assassinato? — Hendrick se virou para Ryu.

— É mentira… — Ryu tinha um sorriso cínico em seu rosto — Mas não se preocupe, não estamos no clímax.

— Silêncio! — O juiz bateu seu martelo e uma onda de energia inundou o recinto, fazendo com que todos sentissem uma sensação de perigo grande o suficiente para perderem a fala.

O juiz ordenou que o julgamento prosseguisse, e uma testemunha caminhou silenciosamente pelo recinto e se sentou de frente para Catherine.

— Ryan Rousseau, líder da equipe de elite do Minus e companheiro de longa data da vítima em questão. Tem a palavra.

Blanc estava atônito, desde o dia em que Ryan desobedeceu suas ordens na captura de Catherine, ele não havia tido notícias dele. Mas agora ele estava ali, depondo a favor da bruxa do azar. Mas a presença do rapaz ali, explicava como arquivos confidenciais do Minus haviam caído nas mãos de um guardião qualquer. Blanc havia sido traído, mas no fundo não esperava algo diferente daquele garoto. Sempre soube que ele não estava pronto para fazer os sacrifícios necessários.

— Há algumas semanas, eu soube da morte da minha subordinada, me foi informado que ela havia saído em uma missão clandestina de captura da bruxa do azar sem minha autorização. Eu não desconfiei, porque essa atitude cabia a personalidade da Yuki, e vários fatores contribuíam para que ela agisse dessa maneira — Ryan respirou fundo e continuou — Todavia, ontem eu encontrei meu antigo comunicador que constava uma mensagem dela.

Ryan retirou seu comunicador do bolso e colocou a gravação para rolar. Conforme a mensagem ia passando, o recinto ficava mais inquieto.

— Isso é um absurdo!

— Ele é um monstro…

Sussurros eram ouvidos de todos os lados.

De repente o tribunal saiu do controle e todos começaram a vaiar o general.

— SILÊNCIO! — O Juiz bateu seu martelo mais uma vez e o alvoroço passou.

— Uma investigação será aberta para o caso do Minus, mas por hora o júri pode se reunir para decidir o veredicto — O juiz deu um intervalo.

Catherine se juntou aos seus amigos, com uma expressão assustada no rosto.

— O que aconteceu aqui? — A bruxa se virou para Ryu — Desde quando o Ryan da nosso lado e o Blanc… matou um aliado? Isso está completamente caótico.

— Desde que eu soube do julgamento eu saí de Otium e refiz a travessia — Ryu explicava — Reuni todo mundo que eu podia para testemunhar ao seu favor. Estava pronto para hoje, no entanto ontem, Ryan entrou em contato comigo.

Ryu se lembrava do momento em que recebeu a visita de Ryan na fortaleza de Otium.

— Tem um carniceiro aí fora — Lya avisava a contragosto.

Ryu estava um pouco confuso, até se deparar com a imagem de Ryan no pátio. Ele vestia roupas comuns, diferente do uniforme do Minus do qual o guardião estava habituado a ver o rival.

— Não preciso dizer que é estranho te ver aqui — Ryu se aproximou do caçador.

— O julgamento da Catherine é amanhã certo? — Ryan estava diferente. Tinha olheiras fundas e uma fala desanimada, diferente do tom enérgico e determinado que sempre esboçou.

— Sim.

— Eu quero depor a favor dela… — Ryan se aproximou de Ryu.

— Ok… isso não está batendo — Ryu coçou a cabeça — Você é inimigo da Cat.

— Não — Ryan assumiu seu tom incisivo novamente — Meu inimigo é a arrogância a subjugação através do poder abusivo, a falsidade e a injustiça. Por muito tempo meus inimigos foram as bruxas, agora eu posso enxergar com clareza, enxergar que uma espécie não determina uma atitude.

Ryu se sentiu estranhamente identificado naquelas falas, se sentia assim antes de conhecer a Catherine, antes de conhecer alguém que mudasse como ele enxergava o mundo e as coisas.

— A duelista que me acompanhava foi assassinada e amanhã o Blanc vai acusar a Catherine desse crime — Ryan continuou — Ele vai usar isso para provar que a Catherine é perigosa.

— O que? — Ryu estava boquiaberto — Isso não faz o menor sentido! A Cat nunca matou ninguém e…

— Eu sei. O Blanc matou a Yuki! Ele a caçou dentro do Minus quando ela descobriu a sujeira que ele estava fazendo por debaixo dos panos e fez uma queima de arquivo. — Ryan cerrou os dentes — E isso teria funcionado se ela não tivesse deixado uma mensagem me contando tudo o que sabia antes de morrer.

— Isso não me surpreende nem um pouco — Ryu respirou fundo — Você ainda é jovem e tem muita admiração pelo seu general… você não faz ideia do que ele é capaz de fazer pelos próprios objetivos.

Ryan olhou para Ryu com certa surpresa, afinal, como ele poderia falar aquelas coisas com tanta convicção? Ele conhecia o Blanc há tão pouco tempo. Todavia ele sabia que, mesmo convivendo com o Blanc por anos, a sombra da admiração o impedia de enxergar o quão perverso ele poderia ser.

Ryu por outro lado, estava comovido com a situação daquele rapaz, enquanto ele aprendeu pelo amor que Catherine o ofereceu, Ryan aprendeu através da dor e da traição.

— E tem mais! — Ryan se lembrou de algo importante — Catherine saiu como fugitiva de um incêndio que aconteceu em Ita.

— É eu sei… — Ryu suspirou ao se lembrar daquele incidente — Estou levando um álibi para a Cat, mas essa situação é muito complicada.

— Não, não é — Ryan entregou para Ryu uma pasta — O meu pelotão estava investigando esse crime e descobrimos que a verdadeira culpada dói uma bruxa nobre chamada Clarisse Bortoluzzi.

Ryu franziu o cenho ao se lembrar da insuportável nobre com quem teve o desprazer de esbarrar mais de uma vez.

— Eu pessoalmente capturei essa bruxa e a levei para o Minus — Ryan explicou — Ela foi julgada e condenada por esse crime. Assim esses papéis do processo, são a inocência da Catherine provada e carimbada pelo Minus.

— Meu deus… — Ryu levou a mão ao rosto, totalmente chocado — Vocês trabalham muito bem e rápido — ele lia os papéis — O Blanc vai ser ferido por fogo aliado… mal posso ver a cara dele.

— Eu queria agradecer a ele… — Catherine dizia com certo receio após ouvir a história de Ryu — Mas ele me dá muito medo.

— Ele é um cara legal — Ryu dava de ombros — mas é um bom soldado sabe? Você era o inimigo, então… se você tem medo dele, significa que ele fez um bom trabalho.

Catherine encarou Ryu com uma expressão fechada.

O juiz entrou no recinto.

Todos ficaram silêncio, talvez por medo de ele bater o martelo mais uma vez.

— Com base no que foi analisado através dos testemunhos e provas nesse julgamento, o júri considera Catherine Gibran — O homem deu uma pausa dramática — Inocente! — Ele bateu o martelo, mas dessa vez sem nenhuma ofensiva.

Catherine saltou para um abraço em seu pai e todos ali vibraram.

— Agora é sério não é? — Catherine se virou para Ryu — Eu estou livre não estou?

— Está sim… — Ryu fez carinho na cabeça da bruxa — Livre para fazer o caminho que você quiser.

Do outro lado do tribunal, Blanc tinha uma expressão vazia. Ele sentia como se todo o seu trabalho tivesse sido em vão. Ele sentia que uma injustiça estava sendo feita. Ele realmente sentia isso. Quando ele saiu do tribunal ainda havia centenas de pessoas gritando seu nome, mas aquilo não mais o enchia de autoridade e confiança. Ele sentia como se tivesse recebido um prêmio por perder uma batalha, ele se sentia humilhado. Completamente abatido ele entrou no carro do Minus e foi embora.

— Festa de comemoração na casa do Trevor! — Catherine dizia com empolgação.

— Quem é Trevor? — Ivan estava curioso.

— Nem queira saber… — Ryu suspirou.

No segundo reino, Helena assistia pela TV a humilhante derrota de seu pai.

— Ele vai ser enforcado sem sombra de dúvidas — Hans dizia de forma despreocupada.

— Não fala assim — Helena repreendeu seu tesouro celestial.

— Eu não entendo porque você continua se estressando para cuidar dos problemas do seu pai — Hans tinha uma expressão de desdém — Ele não é uma pessoa boa, não é um pai bom, não é um general bom… ele é só um velho com sede infinita de poder que trocaria os filhos por uma arma mais poderosa.

— Você nunca teve família Hans? — Helena encarou o bruxo — Pela família a gente faz coisas idiotas as vezes. A gente se sacrifica e dá o nosso melhor, mesmo que não ganhemos nada em troca.

— Eu sei bem o que é isso — O bruxo tinha um tom nostálgico — Mas acho que já passei por coisa demais para manter esse pensamento, sabe? As ervas daninhas precisam ter suas raízes arrancadas, porque não importa o quanto amor você dê, elas não vão se tornar qualquer outra coisa.

— É muito fácil falar essas coisas… — Helena tinha uma expressão deprimida — Na prática ainda somos humanos e… amamos. 


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