Questão de Sorte escrita por Hakiny


Capítulo 66
Desventuras em Série


Notas iniciais do capítulo

Sem criatividade pra nomes desculpa aysgyags



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Nas proximidades de Montis, a batalha se intensificava. Enquanto Lya e Ivan lidavam com os soldados que não paravam de surgir. Kai seguia tentando atravessar a fortaleza que Blanc havia criado ao redor do seu corpo. A cada golpe desferido, o bruxo se sentia um pouco mais cansado.

— O que houve? — Blanc tinha um tom irônico — Onde está toda a sua vitalidade?

Foi nesse momento que Kai entendeu o que estava acontecendo. Desde o momento que chegou ali, sentiu suas energias diminuindo. Inicialmente ele acreditou que fatores psicológicos poderiam ser os culpados daquela condição, no entanto, agora ele compreendia que estava sendo envenenado.

— Lya! — Kai saltou para longe de Blanc e agarrou o braço da companheira.

— O que está acontecendo? — Lya estava confusa.

Foi então que uma luz intensa tomou todo o local e fez com que todos ali ficassem temporariamente sem visão.

Kai acomodou Lya em seu colo e se esforçou para correr o mais rápido que podia, no entanto seu trajeto foi interrompido por uma flecha nas costas. O objeto claramente estava banhado em extrato de raiz de laranjeira. O efeito foi tão imediato que Kai acabou caindo no chão.

— Kai! — Lya, que havia sido lançada longe, correu para ajudar o companheiro.

— Foge… — Kai murmurava.

— Isso é uma armadilha, não é? — A bruxa estava séria.

— Sim… — Ele murmurou — Não podem pegar nós dois...

Lya assentiu com a cabeça e iniciou sua corrida pela vida. Uma boa qualidade que ela prezava era sua capacidade de pensar com clareza. Naquele momento, ela não seria capaz de salvar Kai e tinha poucas chances de salvar a si mesma, mas fugir era a única forma de ela conseguir uma oportunidade de mudar aquele jogo. Mas não agora.

— ALVEJEM — Blanc gritou.

Um enorme grupo de duelistas surgiram no alto das duas paredes de rocha que cercavam a garota.

Era uma emboscada, muito bem planejada, mas não havia sido feita para um humano, havia sido minuciosamente armada para capturar doi bruxos nível S.

Enquanto as flechas choviam sobre Lya, uma imensa bola de fogo erguida ao seu redor impedia que ela fosse atingida. Foi nesse momento, que ela se viu diante de um penhasco. Um fim para a fuga, deixando até os mais perigosos dos bruxos, como um rato em uma ratoeira.

— Até isso foi planejado? — Lya murmurava consigo mesmo.

Mas talvez, aqueles pobres tolos, não haviam contado com uma inconstância naquele plano ardiloso. Ela não estava sem saída.

Lya saltou o penhasco, sem nem mesmo hesitar.

Parado diante de Blanc, Ivan estava completamente sem reação. Kai estava inconsciente, de Lya ele não sabia.

— Vai parar agora ou devo matar um amigo seu para que você perca um pouco mais de vigor? — Blanc encarou o ex Statera.

Dois caçadores se aproximaram enquanto arrastava o corpo inconsciente de Kai. Uma espada foi posta no pescoço do bruxo.

Ivan largou sua alabarda e entrou no carro.

Enquanto isso, nas instalações do Minus, o caos se instaurava com a besta a solta. Um grupo de soldados se uniu para tentar contê-la, mas antes mesmo que pudessem se aproximar, foram expelidos por uma rajada de energia tão poderosa que colocou parte da sede abaixo.

— CUIDEM DOS INTRUSOS, EU LIDO COM A CRIATURA — Ryan deu a ordem.

Os soldados que restaram, correram em direção a vila para dar reforços aos que já estavam em batalha.

Ryan sacou Safira, e iniciou sua batalha. Enquanto a criatura se preparava para atacar os soldados que fugiam, o jovem caçador a atingiu com uma explosão nas costas. O ataque não provocou muito dano a sua pele reforçada, mas foi suficiente para chamar sua atenção e despertar sua fúria.

— Safira — Ryan iniciava seu comando — Reforço físico.

No momento em que a besta se lançou contra o corpo de Ryan, foi atingida por um soco tão poderoso na cabeça que acabou caindo de costas.

Ryan posicionou sua espada em direção a cabeça da criatura, mas antes que pudesse desferir seu golpe final, foi alvejado na parte de trás da perna e caiu de joelhos.

— Round 2! — Benjamin arrastava sua kusarigama de volta para sua mão  — Agora um pouco mais difícil.

Os olhos de Ryan pareciam não acreditar no que presenciava. Era Benjamin ali? Era de fato o seu amigo?

“Vocês não são mais amigos” Safira gritava em sua mente.

— Mexa-se seu merdinha! — Benjamin gritava ao longe — Pense nisso como um reencontro emocionante!

O mundo ao redor do jovem caçador parecia ter paralisado. Toda a sua atenção estava voltada para aquele desconhecido. Era com ele que havia treinado por tantos anos? Era com ele que havia divido quarto e pedido conselhos? Por que ele o odiava tanto?

“Ryan, sua perna já está em condições de fuga, por favor fuja.” Safira estava desesperada.

A criatura se levantava, ainda um pouco zonza.

Mesmo diante daquele monstro, tão perto dele, Ryan não se sentia capaz de tomar qualquer atitude.

— LEVANTE-SE — Safira havia tomado sua forma humana — Precisa fazer alguma coisa.

Por mais que tentasse arrastar seu portador, Safira não era capaz de fazê-lo mover um único centímetro. Talvez por puro instinto, ela apenas se lançou sobre o corpo de Ryan para servir como escudo. Foi nesse momento, quando Safira estava prestes a ser destruída, que a criatura foi arrastada e em seguida arremessada para longe.

— Que ideia é essa de ajudar o inimigo? — Ryu estava indignado — Deixa ele se virar com os problemas dele!

Josh e Safira se encaravam, como se ambos tivessem muito o que dizer, mas nenhum fosse capaz de falar uma única palavra.

Com uma expressão de desprezo no rosto, Ryu concluiu que Josh não era capaz de resistir a um rabo de saia.

De repente ambos foram surpreendidos por uma rajada de energia, que foi facilmente repelida pelo escudo de Eveline.

— Você poderia se concentrar mais e reclamar menos — Eveline murmurou.

— Eu não aceito isso vindo de você! — Ryu respondeu irritado.

A besta avançou em direção ao grupo, mas foi imediatamente detida por vários tentáculos negros que limitavam seus movimentos.

— Retalhe! — Ryu lançou o comando e Eveline fez como pedido.

Josh estava um pouco chocado com a frieza do companheiro, mas Ryu o encarava como se não houvesse problemas em sua conduta.

— Onde está Catherine? — Ryu se aproximou de Ryan com Eveline em punho.

— Acha mesmo que eu vou te dizer onde…

— Segundo andar, pavilhão C — Safira respondeu sem hesitação — É onde ficam as bruxas recém capturadas.

— SAFIRA! — Ryan se irritou — O que está fazendo?

— Te mantendo vivo — A bruxa acertou a cabeça do garoto com um soco leve.

Sem mais nada a fazer ali, Ryu seguiu seu caminho em busca de Catherine e Josh o acompanhou.

— EI! — Safira chamava por Josh.

O caçador cessou seus passos e voltou sua atenção novamente para Safira.

— O que eu sou para você? — A bruxa estava receosa com a resposta.

— A única mulher que amei na vida — Josh disse com um sorriso terno em seu rosto.

Uma dor excruciante tomou o coração de Safira e ela chorou por lembranças que nem sequer possuía.

— As memórias despedaçadas não são concisas... — A bruxa sussurrou — Mas eu sinto sua falta.

Mesmo com passos pesados, o caçador continuou o seu caminho. Não havia mais nada a ser dito.Talvez não se lembrar, fosse uma bênção, para aquela alma gentil.

— E seu rosto me remete felicidade… — Safira sussurrou isso tão baixo, que só era possível para ela ouvir aquelas palavras. Ela queria poder correr atrás de Josh e abraçá-lo com todas as suas forças. Mas a impossibilidade de sentir o seu toque parecia uma punição. Ela não tinha mais nada a oferecer a ele. No entanto, havia alguém a quem ela podia ajudar naquele momento.

Safira observou o rosto deprimido de Ryan, e entendeu que aquela havia se tornado a sua missão nessa nova vida. E só quando aquela criança perdida encontrasse seu caminho, ela poderia alcançar Altiore e encerrar sua jornada.

Diante da chegada dos dois guerreiros, Benjamin fugiu imediatamente para o subsolo.

— O Minus está sob ataque — Benjamin estava arfando — Vocês precisam tirar a bruxa daqui.

— O Ryu veio me salvar? — Catherine saltou em direção às grades — Eu sabia que ele viria! — A bruxa sorria com animação — Ele vai acabar com vocês!

— Preparem a saída de emergência e mandem uma mensagem para Blanc, avisando sobre a nova localização da prisioneira — Hoffman passava os comandos.

A jaula onde Catherine estava, foi arrastada por Benjamin e eles seguiram até o que parecia ser uma sala secreta. Lá uma porta de ferro se abriu e eles então avistaram um pequeno vagão a espera.

Catherine sentiu um frio na espinha, ela sabia que precisava fugir, mas não encontrava uma maneira de fazê-lo. Aquele lugar era tão escondido, que ela sentia que Ryu jamais a encontraria.

— Vamos para a base secreta norte — Benjamin deu as coordenadas e então, já dentro do veículo, eles partiram.

O percurso não demorou muito e logo eles já estavam na nova base e Catherine foi rapidamente alojada em outro laboratório.

— Já enviei uma mensagem para o Blanc e…

— Você é tão desprezível — Um intruso havia entrado no laboratório e dirigia-se em direção a Benjamin — A crueldade que emana de você é tão intensa que sinto meu estômago revirar!

— O que você está fazendo aqui, bruxo de Shima? — Hoffman estava assustado.

Ninguém ali compreendia como Masumi havia os encontrado. Mas tamanho desespero em escapar dos invasores, havia os deixado relaxados demais.

— O que aconteceu com Yuki Yamamoto? — Masumi tinha uma expressão tão séria, que fazia até difícil acreditar que ele era a mesma pessoa de antes.

— Que história é essa? — Benjamin tomou a frente dos demais — Que direito você acha que tem de vir aqui e fazer essas perguntas descabidas?

— Uma história mal contada, que foi engolida por todos os tolos dessa maldita organização — O bruxo estava transtornado — Foi queima de arquivo não foi? — Masumi acertou a parede com tanta força que fez um enorme buraco na mesma — Para esconder toda a merda que vocês estão juntando nesses malditos laboratório subterrâneos!

— CALE A BOCA! — Benjamin avançou para cima de Masumi, pronto para acertá-lo em cheio, mas antes que sequer pudesse alcançá-lo, foi repelido com um jato de água tão poderoso que acabou sendo arremessado para longe.

— Eu analisei a alma de Catherine e não há uma única morte da qual ela poderia ser responsabilizada, o luto de Ryan fede há quilômetros de distância, mas você… — Masumi ergueu o caçador pelo pescoço — O seu escárnio apodrece a memória de Yuki.

— B-bruxo maldito… — Benjamin gaguejou — Você deveria se preocupar com a bruxa que fez isso…

— Depois de ver o que você fez com quem deveria ser seu amigo... — Masumi bateu o corpo de Benjamin contra a parede — O que eu poderia esperar de alguém como você?

A expressão antes irritada de Benjamin, naquele momento assumiu um tom debochado.

— Quer saber o que aconteceu com ela? — O caçador sorria — Se eu fosse você eu não iria querer saber.

— Cale a boca Benjamin! — Hoffman estava desesperado.

Usando a mão que estava livre, Masumi atingiu o velho com um jato forte que o lançou contra uma parede do cômodo. Todos os enfermeiros e ajudantes se encolheram assustados.

— É melhor assim! Esse velho só vive dando ordens e a voz dele é tão irritante sabe? — Benjamin ria da situação.

— Continue… — Masumi apertou o pescoço de Benjamin.

— Sabe porque não abriram o caixão? — O caçador tinha uma expressão animada no rosto — Porque eu bati tanto na cara daquela vadia, que nem dava para chamar aquilo de um rosto.

Hoffman estava aliviado, ao menos aquele desgraçado escolheu se enterrar sozinho.

As palavras de Benjamin faziam Masumi ficar desestabilizado.

— Ela tentou correr, mas eu sempre a alcançava… Ela era leve, então quando eu a chutava, ela voava pelo ar como uma boneca de pano — Benjamin teve uma crise de risos — Foi divertido caçar ela, foi divertido ver a cara de choque quando ela percebeu que não havia ninguém com quem pudesse contar. Quando ela morreu, ela estava sozinha! — A expressão de Benjamin se fechou — Você também vai morrer sozinho… sabe porque? Porque somos maior do que você imagina.

Com um movimento sem hesitação, Masumi usou sua magia para decepar a cabeça de Benjamin.

Catherine deu um grito desesperado e se encolheu no canto da jaula.

— V-você… — Hoffman estava em choque — Por favor não me machuque…

Masumi ignorou o velho e seguiu em direção a Catherine. A bruxa se desesperava a cada passo dado pelo bruxo.

Com uma magia simples, Masumi pôs abaixo as barras que continham a prisioneira.

— Vamos, garota — Masumi puxou Catherine pelo braço — Sua alma é pura demais para esse lugar imundo.

Ela não entendia porque aquele estranho a estava ajudando, mas não tinha outra alternativa se não seguí-lo.

Masumi por outro lado, acredita que salvar Catherine era o mínimo que podia fazer depois de ter ajudado Blanc a prendê-la. Sua expressão parecia ter desaparecido, junto com qualquer outro sentimento que continha em seu coração. Ele havia dedicado sua vida a purificar seus pensamentos e alcançar a paz espiritual que um protetor deveria ter, mas agora suas mãos estavam sujas de sangue. E ele não se arrependia disso. A vingança era, de fato, um caminho tortuoso.

Não demorou muito para que Blanc chegasse até o local e se deparasse com aquela confusão. O sangue de Benjamin lavava o chão, Hoffman e os outros funcionários tremiam de medo e Catherine havia fugido.

— O que houve aqui? — Blanc se dirigia a Hoffman.

— O bruxo de Shima… — O velho ainda estava em choque — Ele descobriu tudo!

Blanc franziu a testa.

— Hoffman, cuide do novo material — Enquanto Blanc falava, seus subordinados traziam o corpo desacordado de Kai — E prepare o protótipo que eu te encomendei, voltarei em breve.

 


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Notas finais do capítulo

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