26 de Janeiro de 2008

PDV da Autora

Um dia Carlisle teve que viajar para Vancouver a trabalho por causa de um seminário e decidiu passar em casa para falar pessoalmente com Jacob sobre a transformação da filha. Ele encontra a neta e Jacob caçando na floresta e pede que Renesmee os deixe sozinhos, pois precisam conversar. Carlisle pede que ela não fale para o pai que ele está aqui não quer que ele saiba ou ouça, não quer nenhuma interferência externa. Renesmee concorda com o avô. Ela volta para a casa.

Quando os dois já estão sem companhia Jacob volta a forma humana e pergunta:

— Pode falar Carlisle. O que foi?

— Eu vou direto ao assunto, queria pedir a você permissão para poder transformar a Carol.

— Você não precisa que eu autorize, vocês estão no Brasil.

— Mesmo longe quero fazer isso da forma correta.

— Eu sabia que quando eu permiti que salvasse a vida de Bella tornando-a uma vampira estaria abrindo um precedente, não apenas uma exceção.

— Você não se arrependeu do que fez, arrependeu?

— Claro que não! Mas não imaginava que aconteceria de novo. E depois serão mais quantos?

— Eu só quero salvar a vida dela, ela está morrendo.

— É o que você diz. Mas isso pode ser apenas uma desculpa; se fosse assim poderiam dizer que todos os humanos estão morrendo. É para isso que eles nasceram, para morrer. É assim e deve ser assim.

— Jacob, não estou mentindo para você. E você escolheria morrer se tivesse essa alternativa?

— Não. Mas para mim não é uma alternativa, eu não posso deixar Renesmee. Nem quero porque não posso.

— Os humanos não têm opções como nós como você mesmo disse e isso é muito injusto. Algumas pessoas simplesmente não deveriam morrer. Não deveria ser assim. Ela é tão jovem e tem a vida toda pela frente! – Carlisle estende o papel para que Jacob possa ler e ver por si mesmo.

— Carlisle, você mais do que ninguém deveria estar preparado para isso. A morte é uma consequência natural da vida, como médico você deveria saber disso.

— Poderia ser assim se eu não soubesse que posso fazer mais para salvá-la. Se você tivesse prestado mais atenção saberia que eu transformei Edward numa situação muito semelhante. Aliás todos da minha família, minha esposa Esme e minha filha Rosalie e Emmett. Eu sou pai, não posso deixar minha filha morrer se ela não quer e eu posso impedir que isso aconteça. Não vou lhe dar as costas, já fizeram isso com ela antes e eu não sou esse tipo de pessoa.

— Mas naquela época não havia tratado que o impedisse de agir daquela maneira.

— Por isso que eu vim falar com você.

— Você poderia ter ligado.

— Esse assunto é muito importante para falar por telefone, Jacob. Eu tinha que vir pessoalmente.

— Para me pressionar...

— Se for necessário. Mas você não prefere que nos mudemos para longe não é?

— Não! Quero que fiquem enquanto puderem. Não apenas por mim, mas por Charlie. Bella e Renesmee também prefeririam ficar perto dele.

— É claro, sabia que você perceberia que não é algo fácil ser o chefe. Você tem de pensar mais no bem-estar geral e não apenas no seu próprio.

— Você é mesmo um bom líder, Carlisle.

— Você também Jacob.

— Preciso de um tempo para ler com calma.

— Claro, fique à vontade. Não precisa pressa.

Jacob senta na relva e encosta em uma árvore.

— São termos médicos que eu não entendo.

— Continue lendo você vai perceber a gravidade da situação.

— Você não pode apenas me falar?

— Se eu dissesse você acreditaria?

— Você está certo, provavelmente eu não acreditaria no que você dissese. você pode me dizer algo que não é verdade, só porque quer que eu pense.

— Eu jamais faria isso.

— Mas vou pedir que você me traduza alguns termos.

— É claro.

— Que significa endometriose?

— É o nome da doença que ela tem. É uma afecção ginecológica caracterizada pela presença de fragmentos do endométrio fora de sua localização normal.

— É grave? Ela corre o risco de morrer?

— Sim. Vamos fazer uma cirurgia, mas pode ser que não resolva totalmente. Claro que antes eu vou tentar salvar a vida dela com todos os recursos que a medicina moderna possui e só como último recurso recorrer à transformação.

— Sei que vai, Carlisle. Acredito em você. Mas você vai tirar a vida dela sendo que você mesmo disse que ela teria a vida toda pela frente?

— Eu não vou tirar nada dela. Essa doença afeta o útero, ela não vai poder ser mãe, mesmo que isso não tenha passado pela cabeça dela. Ela nunca teve essa vontade. Ela sabe que não é madura o suficiente para ter um filho. Mas eu acho que é preciso muita maturidade para pensar assim... Seja como for ela nunca quis e nem pensa em namorar nem casar e muito menos ser mãe.

— Argh Carlisle! – Jacob torce o nariz.

— Eu sei que os homens e os garotos não gostam desse assunto.

— Só médicos como você e mulheres e meninas precisam saber disso.

— Esse é um engano muito comum. Os homens deveriam compreender as mulheres. No mínimo deveriam ser agradecidos que não tem que passar por isso. No entanto também não podem gerar um bebê e nem dar à luz. Sempre admiro as mulheres por poderem, é algo mágico.

— Sim, devemos ao menos respeitá-las.

— Então Jacob, o que me diz? Você concorda que eu traga Carol para a família também.

— Você já decidiu fazer isso não é, Carlisle?

— É verdade, não vou me limitar à sua autorização. Eu quero salvá-la e nada nem ninguém poderá me impedir, mas se você não permitir terei que levá-la para longe. Esme não vai gostar, mas poderemos viver apenas nós três em Londres. Por isso eu prefiro que conte com sua permissão.

— Vai ser você mesmo que vai transformar Carol?

—  Provavelmente não, mas fará diferença se for Esme?

— Bem, não sei. Se bem que sendo Esme será mais arriscado...

— Eu sei Jacob, só quero saber se poderemos tentar ou não. os detalhes depois nós veremos.

— Carol sabe?

— Sim, ela quer correr esse risco. Ela acredita que Esme vai conseguir parar. E que ela não vai se tornar um monstro depois que provar se sangue. Ela não gostaria de ser o motivo da mãe ter se tornado um monstro.

— Sei que você não permitiria que ela fizesse mal para alguém. Nem Esme, nem Carol quando for uma recém-criada.

— Ela já está se preparado para a vida que escolheu. Ela sabe que não vai ser fácil, mas mesmo assim está disposta.

— Ouvi que a transformação dói muito.

— É verdade; a mudança é a nossa mais forte lembrança da vida humana. Mas Carol está disposta a sentir a dor da transformação para viver para sempre ao nosso lado. Ela não escolheu ser humana e agora está escolhendo ser vampira. Ela sabe o preço e concorda em pagar.

— Eu acredito que ela está mesmo morrendo. Confio no seu julgamento Carlisle. Se ela vai se tornar uma Cullen não há problema, vocês são nossos amigos e nós somos amigos de vocês. Eu permito que a transformem, quer seja você ou Esme. Mas e aquele outro bando de vampiros?

— Os Volturi você quer dizer?

— Sim, eles mesmo.

— Os italianos não serão problema, eu acho. Assim espero. Mas esse problema é nosso. Enquanto Carol possa manter nosso segredo não vejo problema em transformá-la em vampira. Ela não será taxada de Criança Imortal porque é uma adolescente já.

— Mas daquela vez que eles vieram pelo que eu entendi, eles não aprovaram o tamanho da sua família, Carlisle.

— Eles não limitarão o tamanho da minha família.

— Você e Esme querem mesmo essa menina.

— É claro, se não porque a traríamos até os Estados Unidos para conhecer vocês? Não seria justo agora abandoná-la depois disso.

— Carlisle você tem um coração maior do que muitas pessoas, seres humanos, quero dizer.

— Obrigado Jacob, obrigado.

...XXX...

Assim que Renesmee volta para casa sozinha, Bella pergunta para a filha:

— Onda está Jacob que não veio com você, querida? – ela e o marido apenas deixam Renesmee sair com ele ou com alguém para que possa protegê-la de qualquer perigo. Bella ficou muito protetora depois do incidente do ano passado. Nenhum descuido é permitido.

— Eu estou bem, mãe. Não aconteceu nada.

— Estou vendo, mas poderia ter acontecido. Você sabe que é muito preciosa para mim.

— Eu sei mamãe. Jake quis ficar para fazer uma ronda – diz a jovem.

Ela aprendeu a como disfarçar seus pensamentos para seu pai não ler sua mente. Renesmee não sabe porque o avô pediu para ela não dizer nada, mas não vai desobedecer. Ele deve ter um motivo e sabe o que está fazendo. Talvez Carlisle quer fazer uma surpresa e não vai ser ela quem vai estragar.*

Dito e feito. Todos ficam admirados com sua chegada repentina acompanhado por Jacob:

— Obrigado querida – diz Carlisle para a neta.

— Ah, isso que você estava escondendo de nós – exclama Edward um pouco mais aliviado.

O que ele pensou que fosse? Que Jacob tivesse feito alguma coisa com sua filha e a essa altura estava fugindo correndo longe dali o suficiente para ele não ir atrás dele?

— Papai, o que você pensou que Jake tinha feito. – diz Renesmee ultrajada.

— Eu jamais faria algo que vocês não permitissem e Nessie não quisesse.

— O vovô pediu para que eu não contasse e foi o que eu fiz.

— Desculpe, não imaginei que poderia causar esse problema. Me desculpe filho por ter pedido para a sua filha esconder de você.

— Tudo bem pai. Você está bem, só queria fazer uma surpresa, eu é que interpretei o silêncio de Renesmee. Sabe como é ser pai.

— Sim. Agora você entende tudo que eu passei com você e seu dom.

— Sim pai – diz Edward acanhado.

— Não fique assim filho. Não vim incomodar.

— Claro que você jamais atrapalha – diz Bella.

— Só passei para ver como vocês estão e já tenho que voltar para Vancouver. Eu não podia deixar de vê-los estando tão perto.

— Sempre um pai zeloso – diz Alice se aproximando e recebendo um afetuoso beijo na testa.

— Você já sabia que eu viria, Alice.

— Sabia que era uma possibilidade. Você estava pensando não havia decidido, por isso só soube hoje de manhã quando decidiu.

— Não dá para esconder nada de você filha.

Os dois riem juntos.

Após abraçar todos os filhos, Carlisle retorna para assistir a palestra da tarde.

...XXX...