Fazia uma semana que seu amado carrinho desaparecera diante de seus olhos.

O kaiohshin não se sentia confortável e achava que a idéia de kaiohs ficarem apenas vigiando as coisas seria um erro absurdo e um desperdício de força e existência. Seu carrinho de chá era a única diversão naquele mundo.

O local onde sonhava treinar para participar de batalhas para trazer a justiça desde sua qualificação com artes marciais, se tornou um vázio monótono onde apenas a paciência iria lhe servir como teste.

Estava realmente com saudades de patinar em cima do pedal das rodinhas  do carrinho.

— Pfff… - Suspirou.

As portas da sala de onde estava se abrem, era o seu mestre o chamando para ver uma coisa nova. Talvez deva ter se cansado do (castigo) aprendizado que tinha lhe dado por seu pensamento egoísta e talvez resolvesse devolver o seu carrinho.

Zamasu cheio de esperanças no coração seguiu seu mestre que o levou até a cozinha. O rosto do ancião estava iluminado e com um grande sorriso resplandecente.

— VUALAR!! - Estendeu seus braços para uma bancada da cozinha onde haveria uma bandeja simples e larga de prata com xícaras sobre a pequena toalha forrada.

— U-Uma… Bandeja Mestre Gowasu..? - Observou o kaiohshin decepcionado.

— Sim, sim! Agora você carregara menos peso e não precisará fazer esforços com aquele carrinho ridículo pra lá e pra cá. - Sorriu novamente o mestre para o jovem.

— Fico profundamente grato, mestre… - Sorriu Zamasu com falsidade nas curvas dos lábios.

— Sabia que iria gostar! Agora faça o favor de preparar mais um chá pra mim.

E lá foi o mestre sentar no chão da sala em frente a uma mesinha e uma tv pequena esperando o seu octuagésimo nono copo de chá. Saía um som barulhento da tv, parecia estrondos e explosões.

O pobre aprendiz fervia a água na cozinha decepcionado pensando na possibilidade de pilotar uma bandeja em cima da grama substituindo seu imaculado carrinho.

— Veja Zamasu! - Chamou seu aprendiz para assistir a batalha dos deuses do universo 6 e 7 enquanto ele surgia por detrás das portas da cozinha com a bandeja.

— Está vendo o GodTube novamente mestre?

— Sim, estou até pensando em virar um GodTuber famoso e ganhar umas placas sabe..? Fazer uns desafios Smoothie Challenge, ''uma palavra uma música'',  fazer novelinhas… Ah, sim, sim, GamePlay principalmente… Ah, não posso me esquecer de também comprar câmeras pra Reacts.

— Mas hen?! - O verdinho quase derruba a bandeja que acabou de pegar afeto.

— Eu poderia também fazer uns raps de uns animes famosos… - Agora ele estava em outro mundo pensando na possibilidade de ser famoso. - Ou até batalha de GodTuber… Hmm… Não… Pera.

— Mestre… Eu acho melhor…

— Agora não Zamasu, espera ae… - Interrompeu o velho se levantando com (bastante) esforço do chão e pega o celular que deixou numa prateleira. - Me dá o chá por favor. - Pediu (caindo) sentando-se novamente no lugar de onde se levantou ligando a câmera.

O jovem respira fundo para não dizer nada imprudente e obedece as ordens do ancião levando o chá para ele, esticando um dos braços bem esticado com o corpo afastado para não aparecer na câmera.

— Olá galerinha! Eu sou o Mestre Gowasu do décimo univ… Não. não ta bom. Liga e desliga a câmera Zamasu, a imagem bugou.

— Sim… - Ele deixa a bandeja em cima da mesa e vai para o outro lado ajustar.

— Não, não solta a bandeja! Você vai sair no vídeo segurando a bandeja!

— Mas eu preciso soltá-la para ajeitar a câmera senhor.

— Ajeita com uma e segura com a outra, ora.

Depois de verificar e ajustar a imagem, finalmente puderam filmar.

— Olá galerinha! Eu sou o Mestre Gowasu do décimo universo! É o meu primeiro video no canal e hoje vou fazer uma React de mim bebendo o chá do meu aprendiz Zamasu, cada like vai ser uma xícara que ele fará para os que deram like! Aproveitando que ele esta aqui do meu lado…VEM CÁ ZAMASU DIVULGAR O SEU CANAL !! - Ele puxa o pano que estava amarrado em sua cintura o arrastando quase o fazendo cair os vidros nas mãos.

O kaioh estava envergonhado e tenta não acertar nenhum golpe em coisíssima alguma com o nervosismo que estava olhando para a câmera do celular o gravando.

— …

Não conseguia dizer palavra alguma diante da câmera, o que fez Gowasu pular para a parte em que ele se filma reagindo ao beber o chá e depois fazendo umas caretas com olhos arregalados e língua para fora.

Depois daquilo tudo ele termina se despedindo e pedindo para que o rapaz edite o vídeo inteiro, coisa que não seria possível pois a câmera estava desligada, o que não gravara nada.

— Não gravou nada! Vai fazer outro ché e vamos começar tudo do zero!

— Não… - Interrompeu Zamasu com a voz rouca escapando fiapos de ódio, mas tentando acalma-la. - Vamos assistir o que o senhor estava vendo antes na tv. - Sugeriu rapidamente para não passar por gravação de novo.

Então começaram a ver o torneio cheio de explosões e golpes com pesos colossais de face em face. Os dois assistiam calmamente as lutas até que a câmera da tv deu close nas super esféras do dragão.

— O que são aqueles planetas gigantes senhor? - Perguntou o kaiohshin.

Seu mestre respondeu que aquilo eram as super esféras que possuíam o poder de realizar qualquer desejo quando juntas as sete.

— Interessante. - Respondeu intrigado sem conseguir imaginar no poder e nas coisas que elas poderiam fazer.

''Como meu mestre e ingênuo… Com esta informação poderei ser capaz de acionar os meus pensamentos em prática.'' Raciocinou consigo.

— Zamasu, você não está pensando no mesmo assunto da semana passada, está? - Encarou Gowasu com o olhar sério.

— De forma alguma mestre! O que fez o senhor se preocupar com tal ideia em mente?

— O meu chá. - Reclamou triste. - Evaporou todo! - Agora virando a xícara de cabeça para baixo na esperança de cair alguma gota de la de dentro.

— Dessa vez não fui eu. - Desviou os olhos rápidos para a tv novamente.

Estava bem na parte em que Goku se transformara em super sayajin duo e lançara um golpe de enorme extensão num dos rivais do universo 6.

— Nossa, você viu aquele ataque?! - Expantou-se o mestre surpreso.

— Sim… É um humano… - Sussurrou para si mesmo impressionado com o nível atingido para efetuar o ataque.

O nível do seu ki chegara a ponto do de um deus, o que o deixara ainda mais intrigado. Como pode um humano chegar a este nível?

— Mestre, onde se consegue essas esféras de grande poder? - Perguntou curioso ainda com o fascínio na voz.

— Bom… Isto eu não poderei responder, embora quem saiba as respostas seja Zenu. Ele sabe de tudo sobre elas e está sempre no templo.

Assim que ouviu sua resposta já estava planejando sua viagem para ir ao templo esclarecer as coisas e finalmente começar o seu plano a partir do pedido a estas esféras que acabou de ver na tv.

Seus pensamentos foram interrompidos novamente pela voz de Gowasu pedindo para pegar uma fita que estava caída ao lado da cômoda da tv.

— Olhe, tem uma fita caída ali ao lado, que tal pegarmos para assistir o que tem dentro dela?

Zamasu levantou-se mais paciente depois da oportunidade que acabara de ouvir e colocou a tal fita no VHS para tocá-la.

A imagem estava com chuviscos.

— Acho que está danificada senhor. - Opinou o aprendiz. Então a imagem começou a se ajustar formando uma forma circular negra com um anel branco brilhante em volta. - Oh, parece um crepúsculo, não?

— Nada disso Zamasu inocente. - Gargalhou o mestre. - Não vê que é um poço se abrindo lentamente e uma brecha de luz entrando? Está tudo nítido na imagem, ora.

— Um… Poço?

A tv fazia sons estranhos, de vez ou outra sussurros saíam dela e se danificava com chiados e chuviscos. As imagens transmitidas seguiam em sequência de acontecimentos e cenas estranhas, cadeiras rodando em tetos, folhas subindo para as árvores e no meio de tudo uma mulher pálida de cabelos ocultando a face aparecia sem ser percebida.

O telefone fixo da salinha do mestre tocou, Zamasu se levantou e entregou o telefone para o mestre que estava se perguntando porquê não o telefonariam pelo seu celular novo.

— Alô?

— …

— Alô??

Um chiado tomou conta da ligação deixando os dois kaiohs confusos se entreolhando.

— Você morrerá em sete dias… - Sussurrou uma voz no telefonema.

— ''jogue habbo por quinze milhas''? - Repetiu o supremo sem entender nenhuma palavra deixando Zamasu confuso ouvindo aquilo tudo.

— … - A voz calou-se por uns instantes e repetiu. - Você morrerá em sete dias…

— ''A minha avó vende revistas''??

— Você morrerá em sete dias…

— ''Bolo com cobertura de panilla''?

— Você morrerá em sete dias…

— Ah sim!! Espera… Mas por quê so irão ''servir o meu chá na quinta''?

— Deixe-me ver isto mestre. - Tirou o telefone da mão do ancião com uma expressão aborrecida e voltou a ligação. - Alô?

A ligação havia caído.

— Quem era mestre? - Perguntou estendendo o telefone para ele.

— Eu acho que era alguém dizendo ''você morrera em sete dias''...

— Eu?!

— O-Ora! M-Mas é claro que sim! quem você acha que iria… - Resmungou o mestre com muito medo na tentativa de passar a morte para o discípulo.