A claridade naquele mundo do Universo 10 era extensa. As pétalas das árvores caiam constantemente como leves plumas. O chá seria feito com aquelas pétalas vermelhas e reluzentes.

O local diariamente era tomado por silêncio e tranquilidade, enquanto o Mestre Gowasu observava aquela bola de cristal como se algo de empolgante acontecesse lá, seu kaioshin viria com o carrinho de chá pronto pra servi-lo. 

— Com licença, Mestre Gowasu… -  Seu aprendiz acaba de estacionar o carrinho ao lado da mesa. Outro dia em que seu mestre não esteve por lá, ele aproveitou e  subiu em cima desse carrinho só de zoas e começou a ''pilotar'' ele em círculos ao redor daquele mundo.

— Oh, obrigado Zamasu. - O grande Mestre pega a xícara que o seu aprendiz deixou sobre a mesa. - Dessa vez nem precisei pedir. Obrigado mesmo. - Ele agradece sorrindo.

Mestre Gowasu era o Supremo Senhor Kaioh daquele universo, uma figura importande de equilíbrio e força, muito (viciado) poderoso e sempre vigiava os ocorridos do universo pelo globo brilhante. Sua pele tinha uma cor amarelada e seu cabelo era um moicano grisalho jogado para o lado.

— Mestre Gowasu... O que o senhor está vendo?  - Perguntou Zamasu.

Zamasu era um kaioshin pronto para pular para o cargo de Supremo. Sua pele tingia-se num verde claro e seu cabelo branco de lado caía sobre um dos seus olhos cinza com um tom azulado (Sou muito boa com descrição né? "u" Ah não? Tá bom...)

— Estou observando a convivência dos imigrantes do Planeta Tecxo.

— Creio que estejam enfrentando problemas... - Ele enche a xícara do seu mestre retrucando.

Sua cara já estava toda emburrada porque estava se esgotando a sua tolerância com aquela rotina, embora tenha voltado a sorrir serenamente depois do olhar de seu mestre o encará-lo.

— Está querendo dizer alguma coisa Zamasu? - Gowasu tirou sua atenção do globo que transmitia imagens de um possível ataque de estrangeiros contra os pacíficos imigrantes.

— Sim... - Ele responde com um tom calmo, mas impaciente abandonando a mesa. - É sobre algo que estou pensando constante mestre...

— Não vai me dizer que é sobre o assunto que conversamos antes? - Gowasu estava quase perdendo o resto do cabelo que tinha sobrado da sua careca de tanto explicar o porquê para não matar os humanos, a respeito da posição deles e de outros deuses etc e tal.

— Até quando permaneceremos vigiando vidas causadoras do caos sem limites de geração pós geração mestre!? - Exaltou-se com uma vontade enorme de virar aquela mesa pros ares e pilotar o carrinho que não tinha nada a ver com a história.

— Está vendo o que sua raiva fez!? Derrubou o meu chá todin!! - Ele ergue os braços pra cima se desviando para não se molhar.

— Perdão , mestre... - Ele se levanta ajeitando a mesa e servindo um novo copo.

— Aí, viu o que tu fez? Sujou minha roupa todinha... Vacilão tu mesmo... Me passa o celular.

— Sim, mestre. - Zamasu limpa suas mãos com o pano do seu amado carrinho e entrega o celular.

O mestre liga o aparelho e pesquisa no GodTube:
COMO TIRAR MANCHA DE CHÁ DO TERNO IMACULADO KAIOH -Comemoração 1K de inscritos!

E então o velhinho ficou assistindo o tutorial ali parado sem fones de ouvido com aqueles gritos forçados de doer a cabeça:
"OLÁ DEUSES, KAIOHS, ANJOS ETICÉTRA E TAL!! SEJAM BEM-VINDOS A MAIS UM VÍDEO DO TITIO WINKX! AQUI QUEM TÁ FALANDO É O TITIO WINKX E HOJE VAMOS APRENDER COMO LIMPAR UMA MANCHA DE CHÁ DE UM UNIFORME DE KAIOH"

— M-Mestre... Seus fones de ouvido... - Sugeriu Zamasu se enfurecendo e se segurando pra não explodir aquele bagulho.

Gowasu não respondeu pois estava com os olhos vidrados na tela e no tutorial do famoso godtuber do vídeo.

  * 27 longos minutos de vídeo depois... *

~Le Gowasu com roupa limpinha.

— Então, onde estávamos? - Perguntou pegando mais outra xícara de chá.

Zamasu despertou rapidamente do sono que estava ao ouvir sua voz.

— Ah, sim... Paramos na parte em que o senhor... Discorda totalmente do meu plano.

— Plano? Somos kaiohs. Não devemos formular planos para tais pensamentos como o seu mas sim proteger a criação e cuidar discretamente dos seres humanos. Não repetirei essas palavras novamente pois estou farto de sua teimosia. Mas acredito que você irá entender, pois é claramente visto que meu discípulo não reconhece a importância deles para o universo.

Na mente do pobre verdinho só soava um: BLÁBLÁBLÁBLÁBLÁBLÁBLÁBLÁBLÁ!!
Então reformulou e disse.

— Reconhecer a importância deles no universo? - Perguntou com desprezo. - Senhor Gowasu, não vejo nenhum sinal de importância em relação a seres vivos que fazem a tolice reinar sem fronteiras neste universo. Perceba o senhor.

Ele começou a controlar o globo de imagem com as mãos mostrando cada  canto de alguns universos.

Ele parou no momento em que em uma casa bem construída havia um homem de 40 anos sentado no sofá que estava gritando com a televisão apostando corrida com o locutor da tele-sena no comercial falando os números sorteados antes dele.

— Ora… Cada um com suas manias meu caro. - Indagou o mestre assistindo aquela cena enquanto seu discípulo rangia ao ouvir seu palpite.

Então ele gesticulou as mãos girando as imagens projetadas no globo e mudou para um banheiro em que um adolescente estava tampando o ralo do chão do banheiro para fazer piscininha com a água corrente do chuveiro. E sem dar tempo para Gowasu responder ele rodou o cristal para visualizar  um grupo de pessoas internadas num hospital gritando ''aaaeeeeeeee'' depois que tudo ficou escuro quando faltou luz.

— ESPERA! ESPERA! NEM CONSIGO VER DIREITO!! - Ele segura as mãos do jovem pra não mudar as coisas rápido. - Va devagar…

Zamasu já estava puramente irado mas tentava segurar ódio com sua expressão seria e serena e voltou a rodar as imagens para ter argumentos fortes.

— São seres de tolices e repetitivos… Suas burrices não tem fim e seus costumes são doentios… Faz sentido esperar algo importante desse humano desempregado que esta 24 horas apagando coisas no computador só pra ouvir o barulho de trash na lixeira, mestre?

— Isso não e desculpa para mata-los. - Respondeu o mestre serio. - E também isso não inclui aquela menina de cabelos escuros que você mencionou que estava acenando para um avião indo embora em cima de sua laje… Ela tem problemas mesmo…

— Essas crianças que estão fingindo que guaraná é cerveja nessa festinha aqui também não parece normal… Eu tenho um nojo dessa espécie… Estou com ânsia só de narrar suas bobagens naturais que o senhor tanto diz..

— Zamasu… - Retrucou Gowasu com uma ponta de raiva na voz.

— Sim, mestre…

— Se você continuar com seus argumentos e idéias maldosas sobre nossa posição e a respeito dos humanos… Serei obrigado a retirar o seu treino para Supremo. - Aquelas palavras o deixaram calado.

Ele desviou os olhos e os baixou para o chão pensando no seu triste destino.

— E mais… - Acrescentou Mestre Gowasu. - Ira ter que se distanciar do seu carrinho de chá. Sei que você adora se divertir com ele nos tempos livres.

Depois de ouvir isso o kaioshin congelou-se ate a espinha. ''Como ele descobriu que eu ando nesse carrinho!?''

— Não! Eu imploro Mestre Gowas… - Foi interrompido pelo ancião.

— Não há controversas! - Ele olhou para o carrinho que já estava agarrado nas mãos trêmulas de Zamasu e o fez desaparecer num suspiro.

Por fora o kaiohshin mostrava-se calmo, mas por dentro gritava.

''MEEEU CARRINHOOOOOOOAAAAAAAAAA''