O tempo passou, vagarosamente, como uma candeia aos poucos consumida pelo fogo. Arie não via Mika fazia um tempo. Para ela, assemelhava-se a uma eternidade. Os dias em que conversaram pareciam distantes agora. A lembrança do abraço, apagada.

O pensamento e a necessidade de revê-lo permaneceram, entretanto, guardados num canto remoto de sua mente. As vezes questionava a si mesma o que o menino estava fazendo. Se ainda chorava. Se tinha voltado a sorrir. Se tinha substituído o coração, como ela sugeriu.

Mika nunca sumiu por tanto tempo antes. É difícil compreender, porém o tempo de espera tinha se esgotado. 

Ao menos, foi isso que Arie pensou, até ser pega desprevenida pelo convite de um de seus colegas.

Não foi o fato de ser algo repentino que a deixou surpresa, apesar de aquele ser o primeiro dia de aula. Nem sentia-se surpreendida pelo fato de estar sendo convidada ou sequer por se tratar de um aniversário. O fator que a deixou atônita foi a pessoa de quem partiu o convite.

A presença dela, ali. 

Não conseguiu acreditar, enquanto o escutava. Tentou toca-lo, ainda incrédula, enquanto seu rosto foi tomado por uma expressão de espanto.

 Ela parecia ter visto um fantasma.