Foi a primeira vez que ela o viu chorar.

As lágrimas continuavam, tão insistentes quanto o sorriso que ele sustentou por tanto tempo. Vê-lo assim assemelhou-se a uma trepanação repentina. Muito mais doloroso do que ela imaginou que fosse, quando decidiu que desfaria o sorriso dele. Agora, o queria de volta.

Arie não encontrou palavras e também não precisou. Envolveu o garoto trêmulo em um abraço. Soluços involuntários dele, complementavam o choro incessante. Alguns instantes se passaram.

— Eu quero morrer logo e deixa-los livres. - Mika balbuciou num tom fraco, como se dizer aquilo lhe causasse dor. 

Arie sentiu um aperto em seu peito. Forte. Doloroso. Ela arregalou os olhos, em choque. Morte. O adeus eterno à uma pessoa que jamais retornará. 

Pai.

Lágrimas inevitáveis lhe escorreram pelas bochechas.

— Não fala isso! - Vociferou, agora tremendo quase tanto quanto o garoto. Apertou o corpo dele com ainda mais força contra o seu. Lembrou de suas palavras. - Se o seu coração está chateado, substitui ele. Te dou parte do meu. Prometo. Só por favor, não vai embora.

Ambos choraram nos braços um do outro e mais nenhuma palavra foi dita.

Depois desse dia, Mika não veio mais para a escola.