Ele continuou agindo como se nada tivesse acontecido nos outros dias. Voltava, apostava, ganhava, tinha minha companhia por algumas horas e se ia. Minha rotina a essa altura já estava enleada à sua presença.

Eu não entendo o que está acontecendo. Ele não rejeita abertamente meus flertes, os respondendo sem se afastar, mas é tudo. Não toma iniciativa, não me dá brechas para tomar, e nunca quer mais do que já temos.

Tornei-me inquieta pela primeira vez desde a infância, desde que me dera conta de como um coração era frágil e quis proteger o meu. Por que ele resiste? O que tem a perder? Até onde investiguei, nem num relacionamento ele está. Talvez fosse gay? Esse é o único tipo de ‘presa’ que eu jamais consegui pegar e me contentei com isso, se ele fosse, poderia desistir sem me incomodar. Mas eu sinto que não é isso.

Ele simplesmente não me queria.

Eu deveria achar isso bom. Se ele não tinha interesse em mim, jamais tentaria quebrar meu coração, e esse é todo o objetivo de eu fazer o que faço. Mas me incomoda. Eu penso nele com uma frequência assustadora, e isso já começa a me irritar profundamente.