Nos capítulos anteriores...

—Thony...? O que aconteceu? -Ele não me respondeu, mas eu podia ouvir soluços do outro lado da linha, eu sabia quem era. -Thony, responde. O que aconteceu? Por que Lizzie está chorando.

—Me perdoe...

—O quê...?

—É Fred... eu... eu sinto muito.

—Não... Não, não, não...

—Me desculpe, eu prometi que ia resolver... -Eu não estava mais ouvindo, as lágrimas transbordaram impedindo a minha visão, eu sentia a terra oscilar sobre os meus pés e o telefone escorregar dos meus dedos e logo depois eu estava caindo.

—Bella... -A voz urgente de Edward chegou até mim enquanto ele me sustentava, mas eu não conseguia responder. Eu havia falhado mais uma vez, dessa vez com Fred, com meu irmão. Outras vozes chegaram até mim, aflitas e preocupadas, mas tudo o que eu conseguia ver era a profunda escuridão.

 

☆*☆*☆

—Eu não vou deixar você levá-lo.

—E eu não vou deixar que você saía daqui com vida. Eu não posso matá-la, porque Frederico gosta muito dela, mas você... acabou de traí-lo, não é ninguém. -Virgíny falou a segurando pelos cabelos.

—Não é verdade. -Camilly soluçou lançando para mim um olhar suplicante. -Me desculpe. -A mulher loira olhou para mim e sorriu, meus olhos se fecharam.

—Ela é toda sua, James.

—Expectro Patronum. -Foi a última coisa que ouvi antes de ser lançada definitivamente na escuridão.

 ☆*☆*☆

Dias Atuais

POV. Bella Swan

Duas semanas haviam se passado desde que recebi o telefonema de Thony, e eu havia retornado para Londres na tentativa desesperada de encontrar meu irmão; no entanto, todas as buscas se mostraram inúteis. Não havia nenhuma pista, nenhuma ponta solta que nos entregasse seu paradeiro. Virgíny era esperta demais para se deixar ser pega tão facilmente, sem falar nas duas vantagens que ela mantinha consigo, uma que se chamava James, o vampiro psicopata rastreador, e a outra que se chamava Victoria, a vampira obsessiva evasiva; com os dois, Virgíny sempre estaria um passo à frente de nós, à menos que encontrássemos um novo caminho.

Suspirei, esfregando os olhos fechados em desânimo, eu não poderia perder as esperanças, não poderia entrar em pânico, não ainda. Eu sabia que Frederico estava vivo, Virgíny não seria capaz de machucá-lo, era filho dela depois de tudo e, de uma maneira meio distorcida, ela o amava. Fred fora o único que conseguiu alcançar o coração gelado que eu não pudera derreter. Leves batidas me arrancaram dos meus pensamentos melancólicos.

—Entre. -Não me movi de onde eu estava, eu sabia, sem precisar me virar, quem eram as duas pessoas que adentravam no quarto com passos silenciosos.

—Você parece horrível. -Ergui os olhos, olhando por sobre os ombros, enquanto ainda me mantinha inclinada sobre o parapeito da varanda.

—É engraçado que você diga isso, miele* (querida). -Elizabeth riu para a resposta azeda que eu havia dado, e se moveu para sentar-se em uma das poltronas que tinha no canto, sua expressão era tranquila e a postura relaxada, no entanto, seus olhos estavam caóticos e cheios de incertezas e medo.

—Vamos! Não estou tão ruim quanto pareço. -Ergui o meu corpo, mantendo uma das mãos sobre o parapeito, e me voltando para encará-la diretamente; apesar da zombaria, eu não me deixei enganar. Elizabeth, como eu, também se sentia muito culpada pelo que aconteceu semanas atrás, ela estivera na mesma propriedade que o mais jovem e, contudo, Lizzie não conseguira fazer nada para evitar que Fred fosse levado; Elizabeth aparentava uma fisionomia cansada e abatida nos últimos dias, e as marcas meio arroxeadas sob os olhos entregava, claramente, que ela estava tendo insônia, como eu.

—Na verdade, você, com certeza, está pior do que parece.

—Hum... -Seus lábios se retorceram levemente e, embora Lizzie obviamente estivesse desconfortável, não discordou do que eu havia dito.

—Como está se sentindo, Bella? -Meus olhos se desviaram de Elizabeth para Alexia que se aproximava. Lexie, como todos nós, tinha uma expressão ansiosa e o tempo todo em alerta, preocupadada não apenas com um provável ataque, mas também com o bem-estar físico e emocional de todos nós e, para ser sincera, nenhum de nós têm conseguido lidar muito bem com a situação; considerando que alguém, quase sempre, terminava morto quando Virgíny dava às caras e decidia que era a hora de ferrar com a nossa vida, não era nenhuma surpresa que todos estivessem quase à beira da loucura.

—Estou bem.

—Suas palavras não são inteiramente verdadeiras.

"Cale-se!"—Pensei, lançando um olhar fulminante na direção da traidora, dedo duro; no entanto, Elizabeth parecia ter encontrado um novo interresse em suas unhas perfeitas.

—Bella, eu sei que a situação tem sido ruim, mas estou preocupada com você. Ontem você desmaiou novamente, você não comeu muito desde que voltou de Forks, está ainda mais pálida do que antes e quase não tem dormido. -Alexia complicou, pousando a mão suavemente em meu ombro. Mordi os lábios tentando conter a angústia crescente em meu peito enquanto me sentia uma total bagagem problemática e emocional, eu sabia que o peso maior da sua preocupação era eu, e bem... a preocupação de Alexia era bem válida.

—Sinto muito. -Murmurei com um suspiro exausto, esfreguei o rosto rapidamente entes de voltar a encará-la novamente. -Muitas coisas tem acontecido recentemente e outras coisas, além de Fred, têm me preocupado também.

—Algo aconteceu em Forks?

—Uhum. -Desviei os olhos para o outro lado, sentindo-me imediatamente desconfortável.

—Esse é um bom momento para contar á ela, não acha? -Me virei encarando Lizzie um pouco incerta.

—Hm?

—Na verdade, penso que não seja prudente. -Afinal, estávamos lidando com uma pressão maior com o desaparecimento de Fred, não queria adicionar mais a isso.

—Em algum momento eles precisaram saber, quanto antes melhor.

—O que está acontecendo?

—Ugh! Odeio quando está certa. -Resmunguei pressionando minhas mãos sobre a cabeça e apertando os olhos com força. Não é como se eu quisesse esconder isso a vida inteira, Elizabeth estava certa quando disse que eles precisariam saber em algum ponto; no entanto, eu sabia que as coisas poderiam ir de ladeira à baixo quando todos soubessem sobre os Cullen, principalmente em um momento como esse.

—Bella!? -Encarei Alexia pressionando os dedos  firmemente sobre os lábios. Lexi suspirou dando-me um olhar paciente. -O que aconteceu?

—Eu... hm... -Um olhar ansioso para Lizzie foi o suficiente pra entregar á Lexie que as coisas eram mais sérias do que ela esperava, o que a deixou ainda mais preocupada. Elizabeth assentiu me incentivando a abrir a boca, enquanto um suspiro escapava dos lábios de Alexia.

—Apenas conte à ela, mãe. -Elizabeth murmurou ao vê que eu não havia feito nenhum movimento para esclarecer e acalmar a ansiosa Lexi.

—Eu encontrei, hum... -Mordi os lábios tentando conter a ansiedade e organizar meus pensamentos. -Em Forks, eu... conheci algumas pessoas. -A outra franziu o cenho confusa. -Eles eram... ugh... -Grunhi, praguejando em italiano logo em seguida, ao perceber que eu apenas estava girando ao redor do assunto. -Eles eram vampiros.

—Eles machucaram você? -Alexia indagou, seu semblante escurecendo rapidamente.

—Não, claro que não. -Minha resposta rápida apenas a deixou mais incerta.

—Quem eram? Você não ficaria nervosa por falar em vampiros que simplesmente conheceu. -Meus ombros tensionaram sob seu olhar minuncioso. -Eram Volturis?

—Não.

—Bella? -Chamou quando o silêncio perdurou por tempo demais.

—Alguém está aqui. -Meu coração saltou com o súbito aparecimento de Elizabeth ao nosso lado, seus braços se lançando ao redor dos meus ombros enquanto ela me puxava para longe do parapeito e vasculhava a floresta minunciosamente; troquei um olhar ansioso com Lexie enquanto esperava que Lizzie fizesse o seu relatório. -São vampiros, dois. Eles estão correndo nessa direção, não reconheço suas presenças, mas vão está aqui logo, talvez um ou dois minutos.

—Devemos tentar chamar, Thony? -Indaguei incerta, Anthony havia passado as últimas duas semanas tentando desesperadamente encontrar algo útil sobre o paradeiro de Frederico, de forma que ter uma própria conversa com ele era quase impossível.

—Creio que não seja necessário. São somente dois, como eu disse, apenas precisamos determinar a identidade deles antes de tomar qualquer medida, talvez eles estejam apenas de passagem. -Lizzie argumentou e eu assenti concordando.

—Ok.

—Lexie, vá ficar com Sam. Os feitiços ao redor da casa irão evitar que eles entrem; então, não a deixe sair para fora; se as coisas ficarem fora de controle, tente contatar Thony, ok?

—Você está certa disso, Lizzie? -A outra mestiça indagou ansiosa, Elizabeth sorriu tentando acalmá-la.

—Não se preocupe tão muito, vai dá tudo certo.

—Ok. -Alexia começou a recuar para trás, mas parou mordendo os lábios nervosa. -Por favor, tomem cuidado.

—Não se preocupe, ainda não vou me tornar lenha pra sua lareira. -Meus olhos se arregalaram horrorizada, enquanto Lexie soltava uma risada incrédula.

—Não entendo como você consegue brincar em momentos como esses.

—Isso é uma habilidade inata. -Lexie revirou os olhos adoravelmente.

—Não vá fazer estupidezes.

—Não vou garantir. -Gracejou enquanto a outra dava as costas e deixava a varanda; vê a interação das duas me deixou mais relaxada, era como se tudo pudesse ficar sempre como isso.

—Me sinto maravilhada ao saber que algumas coisas nunca mudarão. -Elizabeth riu se sentando no parapeito.

—Vamos indo? -Meu rosto nublou novamente apesar do sorriso de Lizzie ter permanecido inalterado. Assenti dando permissão para prosseguirmos, o sorriso de Elizabeth se alargou ainda mais, um dos seus pés se ergueram enquanto ela o apoiava no parapeito e, aplicando uma leve pressão, Lizzie, se lançou para cima girando no ar e dando um salto para trás, segundos depois, seus pés pousando com graciosidade na grama. Revirei os olhos, isso era 'tão Lizzie'. Sorri saltando sobre o parapeito e pousando ao seu lado sem qualquer cerimônia.

—Bom salto, querida.

—Andei praticando.

—Percebi. -Sorri levemente antes de me voltar para a floresta. -Você acha que eles são perigosos?

—A aura ao redor deles não apresentam ameaças, mas não posso ter certeza até que eu interaja com eles por um tempo.

—Certo. -Lizzie e eu permanecemos lado à lado em um silêncio pesado enquanto aguardávamos pelos intrusos, um galho se quebrou muito próximo dos meus ouvidos e os meus olhos se estreitaram em alerta. Passado alguns segundos, um cheiro familiar e inconfundível alcançou meus sentidos e o meu corpo automaticamente relaxou. –Dr. Cullen? Rosalie?

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