POV. Bella Swan

Eu sabia que a verdade precisava ser dita a qualquer momento, mas eu não imaginava que seria assim; Alice havia me colocado contra parede e eu havia sido obrigada a contar a elas tudo o que aconteceu desde o dia em que eu descobri que ele estava morto, não foi fácil reviver todas as lembranças e todos os sentimentos daquele dia, mas poder colocar isso para fora era a melhor coisa que eu poderia fazer, eu me sentia mais leve, apesar de todos os momentos ruins e eu sabia que me sentiria ainda melhor quando contasse a Edward tudo sobre a nossa história, eu estava decidida a lhe contar tudo essa noite, quando estivéssemos só nós dois em meu quarto, por isso pedi a Rose e Allie que não falasse nada a ele até que eu pudesse fazê-lo e elas não se opuseram a minha decisão.

Quando a tarde enfim terminou não havíamos comprado quase nada, segundo os padrões de Alice, mas ela não parecia realmente se importar com isso, já que ela havia sanado algumas dúvidas; Alice estava preocupada com o motivo de poder ver o meu passado e não o meu futuro, tive que lhe explicar que isso sempre aconteceu, e que segundo Savannah, nossa professora de adivinhação e diretora de Ilvermorny, Alice não podia ver o meu futuro por que eu era uma mestiça, diferente de Alice, que antes era humana e que agora era vampira, isso tornava meu futuro, para Alice, incerto, mas ela podia ver o meu passado por que este já havia acontecido, já estava gravado em pedra, mas que isso lhe exigia um consumo de energia vital muito grande, então lhe pedi que tentasse evitar, embora eu soubesse que não era algo que ela pudesse controlar.

Na volta para casa, Alice me contou algumas coisas que aconteceu depois da sua transformação, em como se sentiu sozinha quando acordou sem ninguém para lhe explicar o que estava acontecendo, em como ficou feliz ao ter a sua primeira visão, com Jasper, e em como se sentiu o seguindo até que pudesse encontra-lo, em como percebeu que poderia ter um novo estilo de vida diferente dos vampiros normais e como se sentiu quando fracassou algumas vezes, a alegria quando encontrou os Cullen a primeira vez e a forte ligação com Edward, eu me sentia feliz em poder reviver esses momentos com ela, em perceber o quanto ela estava feliz. Rosalie durante todo o percurso se manteve quieta, cedendo sua vez de falar para a Alice, e eu sabia que ela estava triste e por algum motivo isso me entristeceu também, eu não queria que ela se sentisse assim, eu queria que ela fosse feliz assim como Alice era, eu queria que ela se sentisse completa. Eu sabia que precisaria conversar com ela, eu precisava entender toda a sua história, para que pudesse ajudá-la, mas eu queria fazer isso quando estivéssemos sozinhas.

—Chegamos. -Anunciei quando estacionei em frente a mansão Cullen, a casa iluminada se tornando mais bonita à noite do que antes.

—Você vai descer, não é? Esme está doida para te conhecer. -Sorri com o entusiasmo de Alice.

—Eu prometi a Edward que viria amanhã para uma apresentação adequada, mas acho que isso não me impede de conhecê-la hoje.

—Eba! -Alice gritou pulando animada, vi pelo retrovisor que Rose revirava os olhos.

—Então vamos descer, todos já estão esperando.

—Eu vi. -Falei em meio a risada, os garotos Cullen mais jovens estavam todos na varanda nos esperando, menos Edward que já estava ao meu lado abrindo a porta.

—Eu vou vomitar com tantos modos do século XX. -Eu ri enquanto pegava a mão estendida de Edward e saía do carro.

—Eu senti a sua falta. -Murmurou me deixando fora de órbita com a sua voz aveludada.

—Nós sabemos. -Alice cantarolou já do lado de fora, Jasper estava ao seu lado e Emmett se inclinava para beijar Rosalie.

—Muito engraçado, Alice. -Resmungou revirando os olhos, eu ri o abraçando e sobre as pontas dos pés lhe dei um selinho.

—Eu também senti a sua falta.

—Venha, Esme está lá dentro preparando o jantar.

—Ela não precisava se incomodar. -Alice riu.

—Não é incomodo, Bella. Esme gosta de mimar os convidados, já que ela não tem muitas oportunidades. -Explicou.

—Tudo bem. -Murmurei me rendendo, mas antes que Edward pudesse me afastar do carro e fechar a porta, o meu celular tocou de dentro da bolsa. -Espera, deixe-me ver quem é. -Falei me inclinando para dentro do carro e pegando o aparelho, era Lizzie. -Ciao, bambola. (Olá, bonequinha). -Não houve uma resposta. -Lizzie...? -Novamente silêncio o que despertou em mim a preocupação. -Elizabeth, é você?

—Não é a Lizzie. -Estagnei de olhos arregalados.

—Tony...? O que aconteceu? -Ele não me respondeu, mas eu podia ouvir soluços do outro lado da linha, eu sabia quem era. -Tony, responde. O que aconteceu? Por que Lizzie está chorando.

—Me perdoe...

—O quê...?

—É Fred... eu... eu sinto muito.

—Não... Não, não, não...

—Me desculpe, eu prometi que ia resolver... -Eu não estava mais ouvindo, as lágrimas transbordaram impedindo a minha visão, eu sentia a terra oscilar sobre os meus pés e o telefone escorregar dos meus dedos e logo depois eu estava caindo.

—Bella... -A voz urgente de Edward chegou até mim enquanto ele me sustentava, mas eu não conseguia responder. Eu havia falhado mais uma vez, dessa vez com Fred, com meu irmão. Outras vozes chegaram até mim, aflitas e preocupadas, mas tudo o que eu conseguia ver era a profunda escuridão.