Estrela da Alva escrita por Princesa Dia


Capítulo 24
Um segredo


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo a mais para compensar o atraso e o último capítulo curtinho.

Enjoy (❁´◡`❁).



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POV. Bella Stewart (Ilvermorny 1914)

Minha vida havia virado de cabeça para baixo, eu sempre soube que Virgíny não era a minha mãe, eu só não esperava a verdade que veio à tona naquela tarde horrível. Eu havia sido roubado dos braços da minha mãe morta e não entregue a ela, como Virgíny sempre fazia questão de me lembrar. E além disso, ela também sabia quem era o meu pai, só que Virgíny não estava disposta a revelar o nome e eu tampouco havia a visto depois daquele dia.

Cinco meses já haviam passado, o Masen e eu fomos salvos por muito pouco, graças ao pai dele, Edward Masen Sênior, é claro que depois tivemos que explicar o que fazíamos fora da escola e Edward mentiu descaradamente dizendo a todos que fomos sequestrados, por Virgíny, apenas, para que a memória de nosso professor de história da magia não fosse maculada. Eu tive mais dificuldades em mentir, não achava certo, e apesar de ter hesitado algumas vezes, todos acreditaram em nós,  principalmente depois que encontraram o corpo e supuseram que Randolph supostamente havia tentado nos proteger, eles não estavam errados sobre isso.

Suspirei fechando o grosso livro sobre runas que eu estivera tentando ler a mais de uma hora, eu não estava conseguindo me concentrar e eu estava irritada com isso. Na verdade, eu estava irritada por tudo ultimamente e eu sabia bem o motivo. Desde que Virgíny passou a ser caçada pelos Aurores, ela havia sumido do mapa, não voltou a me procurar e consequentemente eu havia parado de receber as poções, poções essa que Virgíny me obrigava a tomar todos os meses sem me dizer o motivo, e no entanto, eu sabia que elas eram importante. Sem as poções eu ficava fora de mim, eu não conseguia me concentrar nas aulas e uma dor de cabeça dos infernos me atormentava noite e dia, eu já não dormia direito à dias, estava inquieta e impaciente e eu sentia que poderia pular no pescoço de qualquer um, literalmente, se me tirassem do sério, o que não estava difícil de acontecer nos últimos dias.

Levantei da poltrona decidida a sair, já que ficar no salão comunal não estava me ajudando, eu precisava respirar um pouco, se não, eu tinha certeza que explodiria como tinha acontecido esta manhã durante o café. Senti-me péssima ao me lembrar do ocorrido, eu havia gritado com Alice na frente de todos e nem era por algo muito importante, eu havia a magoado, não era surpresa que ela estivesse me evitando desde então, como todos já estavam fazendo.

—Bella? -Encarei a garota loira, com olhos verdes azulados que havia parado no meio do corredor. Era sábado, então não precisávamos dos uniformes, a garota estava em um vestido rendado vinho que chegava até o meio da canela e era rodado e seus cabelos estavam soltos, o que me deixou um tanto surpresa, já que sempre a via com um coque elaborado.

—Margô, olá. -Tentei ser o mais amigável possível, mas na verdade, tudo o que eu queria era continuar andando e desaparecer em meio ao imenso castelo.

—Está tudo bem? -Apesar do nosso começo esquisito e até hoje inexplicável, Margareth havia se tornado uma das minhas melhores amigas. Ela era gentil, leal e caridosa, tudo o que eu gostaria de ser um dia, e eu podia perceber em sua voz a preocupação.

—É claro que sim. Você não precisa se preocupar. -Tentei soar o mais convincente possível, mas Margareth se aproximou me analisando como se conhecesse algum segredo.

—Você tem certeza que está bem? Está pálida. -Suspirei desviando o olhar desconfortável.

—Estou bem, só estou cansada, estava indo até o lago respirar um ar puro.

—Você quer que eu te acompanhe? -Balancei a cabeça negando, Margô estava sendo generosa como sempre, mas eu precisava ficar sozinha.

—Eu agradeço, mas não será necessário.

—Está bem, se precisar de alguma coisa pode falar comigo. -Sorri verdadeiramente agradecida.

—Obrigada, se me der licença. -Pedi fazendo um leve gesto com a cabeça, Margareth se deslocou para o lado me dando passagem e eu voltei a caminhar.

—Bella? -Quando me virei, Margareth sorriu o que me deixou meio aérea e por isso levou um tempo para que eu pudesse finalmente absorver as suas palavras. -Você não está nessa sozinha, nunca mais estará, mas eu preciso que confie em mim para que possa ajudá-la. -Falou me dando as costas e caminhando na direção que eu tinha vindo.

—O quê!?

—Eu vou estar no salão comunal se quiser conversar. -Encarei ela de olhos arregalados enquanto ela se distanciava mais.

—Stewart!!! -A voz irritada do garoto acabou me distraindo e eu o encarei confusa.

—O que é?

—O que você pensou que estava fazendo? -Franzi o cenho meio perdida.

—O quê?

—Eu quero que peça desculpas. -Exigiu exasperado.

—Você bateu a cabeça, Masen? Por que eu deveria te pedir desculpas? -Perguntei já irritada, ele segurou em meu braço apertando.

—Você gritou com a minha mãe, você a magoou. -Sim, eu me lembrava. Professora Elizabeth Masen, também mãe do topetudo enxerido, eu a adorava, apesar de odiar o filho dela, ela era gentil e amável e me fazia querer aprender cada vez mais, eu gostava de ouvi-la falar, principalmente em suas aulas sobre porções e hérbologia, mas na aula de ontem eu deveria ter enlouquecido, era a única explicação plausível para ter agido como uma estúpida, mas eu havia perdido pontos, 90 para ser precisa, e teria que cumprir detenção o final de semana inteiro, então o Masen não tinha nada que me atormentar, embora ele ganhasse uns pontinhos a mais por se importar com mais alguém além do seu próprio umbigo.

—Me solta, está me machucando, e você não tem nada a ver com isso, sai. -Rebati o empurrando para o lado e passando por ele que voltou a segurar o meu braço, algumas pessoas começaram a parar para ver a discussão, era sempre assim.

—Você não vai sair daqui até se redimir. -Eu o fitei irritada.

—Eu disse para me soltar. -Exigi perigosamente baixo, ele me soltou imediatamente. -Isso não é da sua conta, então, me deixa. -Falei lhe dando as costas e voltando a caminhar.

—Você é uma estúpida mesmo. -Parei me apoiando na parede, não pelo que ele tinha falado até por que eu já estava acostumada com os seus insultos, mas por que uma vertigem horrível dominou os meus sentidos.

—Masen, não! -Eu ouvia a voz de advertência de Margô.

—É por isso que nem a louca da sua mãe gosta de você. -Eu não vou mentir, aquelas palavras doeram, mas eu não teria tempo para remoer esses sentimentos agora, por que eu tentava desesperadamente controlar a tontura, eu sentia o piso sobre os meus pés oscilar e eu me agarrei a parede desesperadamente.

—Bella? -Margô perguntou preocupada, ouvi os seus passos apressados e logo senti suas mãos quentes me segurando momentos antes de meu corpo desabar.

—O que está acontecendo? -A voz do garoto com quem segundos antes eu estivera brigando parecia alarmado.

—O que foi, Bella? O que está sentindo? -Margô me deitou em seu colo, passando a mão em minha testa suada e afastando do meu rosto os fios castanhos do meu cabelo. Olhei para os seus olhos preocupados, tão intensos, tão brilhantes que fui obrigada a fechar os meus, mas quando eu percebi eu não conseguia mais abri-los, eu estava em uma completa escuridão.

 

***

Eu me sentia afundando, eu não conseguia respirar por mais que eu tentasse, eu estava tão desesperada em busca do ar tão precioso, eu me debatia tentando me livrar da água espessa que me cobria, mas ela era tão pesada... eu não conseguia me mover, um rosto familiar surgiu na escuridão, era o rosto da minha mãe, ela me estendia a mão, mas eu não conseguia fazer o mesmo, sua voz doce preencheu os meus ouvidos com a canção de ninar que eu lembrava bem, ela começou a se afastar e eu me desesperei tentando chamá-la de volta, mas a água entrou em minha boca percorrendo a traqueia e queimando os meus pulmões.

—Calma, calma, foi só um sonho, foi apenas um sonho. -Margô tentava me acalmar enquanto me prendia na cama evitando provavelmente uma queda.

—O que... -Comecei a falar meio rouca, pigarreei para limpar a garganta. -O que aconteceu?

—Você desmaiou. -Eu não me lembrava de nada, só que eu e Masen estávamos discutindo, mas eu não conseguia me lembrar o motivo. -Você me assustou. -Continuou quando percebeu que eu estava distraída, corei envergonhada.

—Perdão, eu não quis te assustar. -Margareth suspirou visivelmente aborrecida com alguma coisa que eu nem conseguia imaginar.

—O que você estava pensando, Bella? -Alguma coisa naquela frase me deixou levemente irritada, mas eu não sabia dizer o porquê, então eu empurrei esse sentimento para o fundo porque Margô era a minha amiga e estava preocupada comigo.

—Eu não entendi. -Ela cruzou os braços apertando os olhos em minha direção.

—O que deu em sua cabeça para ficar tanto tempo sem se alimentar? Eu imaginei que as coisas estivessem ruim, mas não achei que fosse ao ponto de você tentar se matar de inanição. -Ela falava irritada e de forma rápida e eu não estava conseguindo acompanhar o fluxo das suas palavras.

—Margô... eu... eu não estou entendendo, eu... comi hoje de manhã... no café, você não se lembra? -Seus olhos se fixaram em mim de forma afiada.

—Isso foi há cinco dias. -Suas palavras irritadas me pegaram de surpresa.

—Cinco!? -Exclamei surpresa, ela me lançou um olhar culpado.

—Perdão, eu... não devia ter dito dessa forma, é que você me deixou muito preocupada. -Explicou vindo se sentar ao meu lado na cama, comecei então a prestar a atenção nela, Margô estava de uniforme e seu cabelo estava preso no tradicional coque, então deveria realmente ter passado algum tempo.

—Eu realmente fiquei desacordada cinco dias? -Ela assentiu.

—Você quase matou a todos nós de susto, e quase morreu no processo. -Franzi a testa confusa.

—Eu não entendo. O que aconteceu? -Margareth suspirou.

—Eu te disse, você ficou muito tempo sem se alimentar, seu organismo entrou em choque.

—Mas eu tinha tomado café naquela manhã. -Ela me fitou aborrecida.

—Não é dessa comida que estou falando, Bella.

—E de que comida é, então?

—Você sabe.

—Não, eu não sei. -Rebati começando a me irritar, Margareth pulou para o chão também irritada.

—Você não confia em mim, não é? Tudo bem, mas deixa eu te dizer uma coisa, eu sei o seu segredo, Bella. -Encarei ela confusa. Em nome de Morrigan, do que ela estava falando?

—Eu agradeceria se você fosse mais clara. -Ela me analisou por um momento antes de arregalar os olhos.

—Você... não sabe!? -Por alguma razão Margareth estava perplexa, o que me deixou ainda mais irritada.

—O que eu não sei?

—Você tomava alguma coisa antes? Alguma coisa que a sua mãe te dava com frequência? Talvez, porções? -Senti meu corpo tremer levemente ao ouvir a palavra mãe e me lembrar do sonho, mas mantive a raiva na superfície.

—Por que quer saber sobre isso? -Perguntei desconfiada, ela suspirou.

—Vou considerar isso como um sim.

—Você continua não sendo muito clara, Johnson. -Eu sabia que estava pegando pesado com ela, mas por alguma razão, eu não conseguia afastar a frustração.

—Seu humor está terrível. -Comentou risonha, o que me deixou mais frustrada.

—Não muda de assunto.

—Não estou mudando. Sabe... eu costumava ficar muitas vezes assim, irritada.

—E o que é que tem? Todo mundo pode ter um dia ruim alguma vez. -Comentei abandonando um pouco a irritação, eu estava tentando imaginar uma Margareth irritada, era difícil visualizar.

—Realmente, mas não é esse o nosso caso. -Voltei a encará-la confusa devido a distração.

—O quê? -Margô se aproximou da cama se sentando novamente ao meu lado.

—Bella, olhe bem no fundo dos meus olhos. -Ela pediu e eu o fiz e foi com assombro que vi seus olhos adquirirem um tom de verde hipnotizante. -Você quer saber o meu segredo, Bella? -Perguntou quando os seus olhos já tinham voltado ao normal, pisquei confusa.

—O quê?

—Esse segredo não tem a ver comigo apenas tem a ver com Kathleen, com você e com o seu pai também. -Minha mente parou por um momento, seria possível que Margareth soubesse alguma coisa sobre o meu pai? Só havia uma maneira de descobrir e eu estava determinada a agarrar essa oportunidade com força. -Você está pronta para saber sobre ele? -Perguntou com um sorriso gentil em seu rosto.

—Eu estou.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo gente. Bye Bye ♡.



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