Estrela da Alva escrita por Princesa Dia


Capítulo 21
O dia em que tudo deu errado


Notas iniciais do capítulo

Capítulo fresquinho, meu povo (❁´◡`❁). Espero que vocês estejam preparados para altas emoções. Aproveitem!



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POV. Bella Stewart (Ilvermorny, 1913)

Aquela era uma ironia dos infernos. Eu gostaria muito de estar enfiada em minha cama nesse momento, mas era uma manhã de sábado ameno e a outono estava no seu auge, Allie não teria me deixado sossegada se tivesse me encontrado no dormitório feminino, e muito menos Cassy ou Kathy, então a melhor alternativa foi me refugiar no alto do castelo de onde eu tinha uma visão privilegiada de todo o terreno de Ilvermorny.

De cima a imagem era espetacular, as árvores se estendiam até onde os meus olhos podiam alcançar, havia um jardim de inverno no lado leste do castelo e eu sabia que se seguíssemos mais adiante podíamos encontrar a Cachoeira dos Cristais. E a melodia suave dos passarinhos deixava o quadro ainda mais perfeito, mas apesar de toda a beleza eu me sentia a mais infeliz das pessoas.

Meu espírito se contorceu com a amargura. Era 13 de setembro, meu aniversário. Eu deveria estar comemorando com as minhas amigas, mas havia um pequeno detalhe que me impedia de me alegrar nesse dia, também era o aniversário da morte da minha mãe; ninguém deveria passar por isso, ter que sentir a dor da perda em um dia que era para representar a vida, mas, infelizmente, ela havia morrido ao me dar à luz, a minha verdadeira mãe e não Virgíny.

Apertei os joelhos de encontro ao peito e respirei fundo tentando conter a dor, eu não tinha mais forças para chorar, havia feito isso desde o raiar do dia, precisava me recompor pois logo todos estariam me procurando.

—Bella!!! -meus olhos se arregalaram ao ver Alice se aproximando com passos apressados.

—O que está fazendo aqui? -A bailarina sorriu se jogando ao meu lado.

—Eu sabia que ia te encontrar aqui. -Encarei ela com olhos fulminantes.

—E como você sabia?

—Eu te vi um dia vindo para cá. -Deu de ombros, mordi a língua tentando conter a irritação crescente por ter sido descoberta. -O que você está fazendo? Esteve chorando?

—Não. -Murmurei me afastando de Alice quando tentou se aproximar.

—O que está acontecendo, Bella? -Tentei engoli o nó que se formou em minha garganta, era por isso que eu estivera me escondendo, eu não queria falar sobre o que me machucava.

—Não é nada, Lice. -Suspirei dando um sorriso delicado. -O que você queria falar comigo? -Alice abandonou seu olhar preocupado e começou a pular animada.

—Eu descobri uma coisa. -Encarei ela desconfiada, a baixinha era sempre muito elétrica, mas algo na forma como falou me deixou extremamente preocupada.

—O que você aprontou?

—Assim você me ofende, Bella. -Gracejou risonha, apertei os olhos em sua direção.

—Você não me engana, Brandon. O que você fez?

—Eu descobri uma coisa.

—Você já disse isso, mas o que é que tem? -Indaguei impaciente, Alice começou a balançar os ombros.

—Você não vai nem tentar adivinhar?

—A vidente é você, Alice, e não eu. -Rebati revirando os olhos, ela riu.

—É verdade, mas você poderia tentar.

—Alice!!!

—Está bem. -Ela riu. -Você é sem graça. -Revirei os olhos. -Eu descobri uma forma de irmos a Glumberry. -Franzi a testa confusa.

—Como assim, descobriu? Alice, estivemos em Glumberry na semana passada. -Ela balançou a cabeça energicamente.

—Você não está entendendo. Podemos ir a Glumberry a qualquer momento. -Eu estava confusa com as suas palavras.

—O que você está dizendo, Alice?

—Óh, Morrigan. -Reclamou revirando os olhos. -Você é muito lenta, Bella. Eu vou explicar, eu encontrei um feitiço, ele abre portas para qualquer lugar, podemos usá-lo para ir a Glumberry e voltar, ninguém dará pela nossa falta e ninguém vai saber. -Respondeu fazendo gestos impacientes, encarei ela de olhos arregalados.

—Você ficou insana? Não podemos sair de Ilvermorny, se formos pegas, seremos expulsas. -Exclamei me colocando sobre os pés, Alice também se levantou.

—É isso mesmo, grite um pouco mais alto, acho que os outros no Campo das Vassouras não te ouviu. -Corei envergonhada.

—Desculpa, é que você me deixou nervosa.

—Você se preocupa demais, Bella. Venha eu vou te mostrar que não tem perigo. -Falou me puxando pelo braço, mas resisti ainda temerosa.

—Alice, eu não acho que isso seja uma boa ideia. -Ela bufou.

—Bella, larga de ser medrosa, não seremos pegas.

—Como pode ter certeza? -Indaguei batendo o pé irritada, ela abriu um sorriso travesso.

—Os professores estão em uma reunião, ficaram entretidos o resto da tarde. -Encarei ela desconfiada.

—Como sabe disso? -Ela deu de ombros.

—Professora Sullivan comentou comigo.

—Mas...

—Nada de ‘mas’. Vamos logo, não temos o dia todo. -Reclamou voltando a me puxar, mesmo a contragosto deixei que Alice me arrastasse até a porta, ela parou antes de abri-la. -Agora vamos a mágica. -Alice tinha um sorriso travesso em seu rosto quando ela puxou a sua varinha. Senti um calafrio na minha espinha, mas decidi que não falaria mais nada, quando a baixinha colocava algo na cabeça, não havia quem conseguisse fazê-la mudar de ideia.

Alice respirou fundo antes de soltar umas palavras estranhas e tocar a porta com a ponta da varinha.

—Está preparada?

—Não. -Respondi de imediato, ela deu uma risada.

—Vamos nos divertir, você vai ver.

—Ok. -Respondi meio sem vontade, Alice revirou os olhos.

—Vamos. -Eu me surpreendi quando ela abriu a porta, não era mais as escadas escuras que estavam antes ali, agora era uma luz brilhante que doía os olhos.

—Alice...?

—Vem. -Eu não tive mais oportunidade de falar antes de ser puxada para dentro daquilo e logo depois eu estava caindo eu uma espiral que revirava o meu estômago, gritei sentindo o terror apertar os meus pulmões me impedindo de respirar direito, cai em algo duro batendo a cabeça com força, Alice caiu em cima de mim me roubando mais um pouco de ar. -Me desculpe, Bella. -Pediu ao ouvir a minha exclamação de dor, murmurei em resposta alguma coisa que saiu estranha aos meus ouvidos. -Eu devia ter dito que a viagem é um pouco desagradável. -Disse saindo de cima de mim de forma desajeitada.

—Então, obrigada. -Murmurei sarcástica.

—Vem, eu te ajudo. -Falou me puxando para cima de forma que eu ficasse sentada, minha cabeça girou vertiginosamente e por um momento eu pensei que eu fosse vomitar. -Está se sentido melhor? -Perguntou depois de um tempo, assenti.

—Como sabia que a viagem era desagradável? -Alice deu um sorriso culpado.

—Digamos que eu já tenha feito um teste. -Meus olhos se arregalaram.

—Você é maluca? E se tivesse ido parar na sala da diretora? -Ela corou levemente.

—Bem... eu precisava correr o risco.

—Você é louca. -Constatei por fim, ela riu.

—Um pouco. -Revirei os olhos.

—E agora o que a gente faz? -Perguntei lançando um olhar ao meu redor, estávamos no que parecia ser uma sala mobiliada, mas ela era toda escura, cheia de pó e teias de aranha, os móveis, todos eles estavam cobertos por lençóis que outrora foram brancos, mas que agora estavam encardidos. -Onde estamos?

—Esta é a antiga casa dos Blackwold. Você sabe, agora está vazia. -Assenti. Eu conhecia a história, os Blackwold era uma família de bruxos bem respeitada, o senhor Blackwold era ministro da magia, sua esposa era a diretora de Ilvermorny, dizem que ela era uma mulher muito culta e simpática, tinham dois filhos, um menino e uma menina que já estudavam lá, pelo que ouvi o menino estava no último ano e era um garoto arrogante e prepotente, a irmã ao que parecia era simpática como a mãe, Um dia a família toda foi encontrada morta em sua casa durante o verão, ninguém nunca soube o que aconteceu e a casa estava vazia desde então. Eu não me sentia bem naquele lugar, mas era melhor do que cair no meio da rua cheio de transeuntes.

—E pra onde vamos agora? -Alice sorriu.

—Que tal, Varinhas açucaradas? -A animação brotou dentro de mim automaticamente, mas logo murchou.

—Eu não trouxe nenhum galeão.

—Eu trouxe. Sou uma garota precavida, meu bem. -Respondeu sacudindo uma bolsinha em minha frente.

—Então vamos logo. -Exclamei me colocando sobre os pés, senti uma leve vertigem, mas consegui me firmar.

Por incrível que pareça eu estava animada com a possibilidade de explorar Glumberry sem a supervisão de um adulto, poderíamos fazer qualquer coisa ou ir em qualquer lugar sem que sejamos proibidas. Assim que Alice se pôs de pé corremos aos gritos para fora e seguimos para a loja de doces que estava mais adiante. Quando entramos, aos sussurros e risadas, seguimos logo para o final das prateleiras e pegamos tudo que era mais gostoso, na hora de pagar é que foi o problema.

—Onde estão seus pais? -perguntou o velho atrás do balcão, nos entreolhamos preocupadas. O velho ajeitou os óculos olhando bem em nossa direção.

—Bem... eles estão lá para trás. -Alice falou de forma enrolada, mas era uma boa ideia dizer que estávamos acompanhadas, éramos tão pequenas que facilmente passaríamos por crianças de oito anos. O velho se debruçou sobre o balcão.

—Lá para trás onde? -Mais uma troca de olhares.

—Eles... pararam na loja da Madame Lanfrey, mamãe precisava de um vestido novo e papai de um... -Alice fez uma cara confusa e se virou para mim. -Como é mesmo que se chama Mary? -Franzi o cenho sem entender o que ela estava dizendo.

—Humm... eu não sei...

—Ah, eu lembrei, era um termo. -Gritou batendo com a mão na testa.

—Terno. -Corrigiu. -E vocês então decidiram dar uma fugidinha? -Indagou risonho, engoli em seco, mas Alice não pareceu se abalar, ela balançou a cabeça animada.

—Não. Nós estávamos entediadas, então mamãe deixou a gente vir comprar doces, nós adoramos doces. -O velhinho riu.

—Eu sei como é, eu também adoro doces.

—Sério? -Alice indagou pulando animada.

—Seríssimo. Agora, venham aqui, deixe-me ver o que vocês tem aí. -Alice se aproximou muito animada e jogou os doces de forma desajeitada em cima do balcão, fiz o mesmo me aproximando desconfortável, o velhinho assobiou. -Vocês realmente gostam de doces, hein? -Alice deu de ombros risonha. -Vamos ver, temos dois saquinhos de feijão, oito sapos de chocolate... -E ele foi murmurando baixo. -Deu oito galeões. -Meus olhos se arregalaram.

—Tudo isso? -Alice indagou surpresa. -Acho que precisamos maneirar no doce da próxima vez se não a nossa mesada não vai durar nem dois dias. -Comentou rindo, encarei ela ansiosa.

—Podemos tirar os feijõezinhos.

—Não se preocupe, Mary, mamãe nos deu dinheiro o suficiente. -Encarei ela nervosa.

—Sua irmãzinha está certa em estar preocupada, sua mãe pode não gostar se gastarem todos os seus galeões. -Alice fez uma carinha triste. -Vamos fazer assim, vocês me pagam cinco galeões e o resto fica por minha conta, tudo bem?

—Mas isso não está certo. -Murmurei culpada, afinal estávamos mentindo para ele.

—Considere um presente. -Ele sorriu acolhedor, assenti. Ele pegou os doces e colocou em dois sacos de papel. -Tomem, não vão comer tudo de uma vez, ouviram? -Concordamos. -Agora vão procurar seu pais, não podem ficar perambulando por aí sozinhas.

—Obrigada. -Falei, ele sorriu.

—Tchau, princesas.

—Tchau. -Nos despedimos dele e saímos correndo com os dois sacos de doce.

—Ufa, essa foi por pouco. -Alice comentou quando paramos em um beco.

—Foi mesmo. -Falei lançando um olhar por sobre o ombro. -Acho melhor voltarmos, Alice. -Ela me encarou incrédula.

—Agora que começamos, Bella, não pode se acovardar.

—Mas, Alice, quase fomos pegas. -Reclamei em pânico.

—Só precisamos ter um pouco mais de cuidado, podemos usar a mesma desculpa que usamos.

—Mentir é errado, Alice. -Rebati irritada, ela me lançou um olhar fulminante.

—Bella, não começa. -Falou aborrecida, suspirei, nunca era fácil persuadi-la.

—Está bem. O que você quer fazer agora? -Ela sorriu.

Passamos a tarde percorrendo Glumberry, rindo e comendo doces, por algumas horas eu até esqueci a dor que eu estava sentindo antes de Alice me encontrar e me permiti por algum tempo comemorar esse dia, corremos animada por vários becos, e quando já estávamos fatigada pelo cansaço nós paramos, já havíamos comido metade dos doces.

—Eu nunca me diverti tanto na minha vida. -Falei em êxtase.

—Viu como eu tinha razão? -Eu sorri.

—Obrigada, Allie. -Agradeci a envolvendo em meus braços. -Mas agora precisamos voltar, está ficando tarde. -Anunciei me afastando, ela assentiu.

—Vamos voltar para a...

—Espera. -Pedi ansiosa, ela me encarou confusa.

—O que foi?

—Tem alguém vindo. -Ela franziu o cenho.

—Tem certeza? -Balancei a cabeça confirmando, eu já havia ouvido as vozes à algum tempo, mas eu pensara que elas vinham de outra direção, na verdade, eu sentia que alguém nos seguia, mas não havia nada.

—Precisamos sair daqui. -Decretei a puxando para um beco, grande erro, não tinha saída. -Inferno.

—E agora? -Abri a boca para responder qualquer coisa, mas um grito agudo me impediu.

—Você vai fazer isso. -Meus olhos se arregalaram ao reconhecer a voz, me abaixei com Alice atrás de umas latas de lixo para impedir que fossemos vistas.

—Você não pode me obrigar Virgíny, eu não sou o seu capacho. -Alice e eu trocamos um olhar assustado quando as duas figuras entraram em nosso campo de visão.

—Ele não deveria estar na reunião? -Indaguei aos sussurros, Alice deu de ombros. Um nó se instalou em meu estômago provocando um mal-estar, se ele estava ali, poderíamos estar em grandes problemas.

—Tem certeza que não é? -Mamãe falou com a voz gélida, o homem ficou em silêncio por um tempo incrivelmente longo.

—Eu não te reconheço mais, Viny. Você está levando essa vingancinha boba longe demais. -A mulher loira estava de costas para nós e por isso não conseguíamos ver a sua expressão, mas o nosso professor de história da magia estava  mais para o lado e a encarava com olhos suplicantes.

—Vingancinha boba? Ele me traiu Randolph. Me. Traiu. Eu não vou deixar que essa história fique assim. -Gritou exasperada.

—Óh, Morrigan. Virgíny, ele não era seu, não pode exigir algo que não lhe pertencia. -Reclamou irritado.

—O que está acontecendo? -Alice questionou aos sussurros.

—Eles estão discutindo.

—Isso eu entendi, mas por quê? -Dei de ombros voltando a encarar o casal.

—Ele é meu, entendeu? Meu, e de mais ninguém. Eu vou fazê-lo sofrer, eu vou arrancar até a última gota de felicidade até que ele volte de joelhos para mim e aquela garota estúpida vai fazer isso por mim. -Engoli em seco já imaginando de quem eles estavam falando, mas não querendo acreditar que eles se referiam a mim.

—Não, ela não vai. Eu não vou deixar você usá-la para isso, Bella não merece ser tratada como um mero objeto. Eu prometi que cuidaria dela, Virgíny, e eu vou fazer isso. Você não vai se aproximar dela de novo, entendeu? -Senti as lágrimas brotarem, encarei Alice quando senti a sua mão em meu ombro.

—Você está bem? -Balancei a cabeça voltando a observar a discussão.

—Você não tem esse direito, Mary é minha filha.

—Não, não é. Você sabe disso.

—Ela é.

—Chega, Virgíny! Já não basta ter roubado o bebê da sua melhor amiga, agora que reivindicar a sua maternidade? -Eu estava sufocando com todas aquelas informações, me sentei no chão segurando minha cabeça entre minhas mãos e apertando forte forçando para baixo, tentando não fazer nenhum barulho, Alice se abaixou ao meu lado apertando o meu ombro. Eu não queria ouvir mais nada, mas não tinha como fugir daquilo.

—Ela estava morrendo, eu salvei a criança.

—Você não a salvou, você a condenou. Quer usá-la como moeda de troca e eu não vou deixar isso acontecer. Bella merece mais do que isso. Ela merece ser feliz, merece saber a verdade sobre o pai dela. -Levantei a cabeça ao entender o significado por trás daquelas palavras. Ele sabia quem era o meu pai?

—Você não vai dizer nada a ela.

—Me impeça, então.

—Ele está indo embora. -Alice sussurrou, quando me virei percebi que Virgíny levantava a varinha.

Expelliarmus.

—Protego. -Uma sucessão de feitiços e contra feitiços foram lançados até que a varinha de Randolph saiu voando de suas mãos e bateu na parede rolando para longe, ela estava bem perto de onde nós estávamos, mas ao mesmo tempo longe, não dava para pegarmos sem que um dos dois pudesse nos ver.

—Eu sinto tanto por ter que fazer isso.

—Você não sente, a velha Virgíny não existe mais.

—Você não entende, eu preciso fazer isso, a minha vida depende disso, ele tem que ser meu.

—Você está louca, Viny; essa obsessão te deixou louca.

—Pode ser. -Mamãe falou com uma voz triste. -Adeus, Ran. -As coisas aconteceram rápido demais, vi quando ela levantou a varinha, Randolph olhou para mim e sorriu e depois as palavras. -Avada kedrava.

—Não!!! -Gritei me lançando para fora do meu esconderijo, Alice tentou me segurar, mas já era tarde. Uma luz verde brilhou me cegando por um momento e depois o corpo caído em meio ao beco sujo, paralisei com as lágrimas brotando sem restrições. Virgíny ficou parada por um momento antes de se virar para mim, seus olhos azuis estavam vermelhos.

—Vejam se não é a minha filhinha desobediente e a amiguinha sangue-ruim. -Fiz uma careta para o xingamento.

—Por que fez isso? -Indaguei furiosa, ela soltou uma risada seca e sem emoção.

—Acho que não preciso dizer o porquê, Mary. -Encarei o corpo sem vida de Randolph.

—Ele sabia quem era o meu pai. -Afirmei, seu rosto se fechou ainda mais. -Você também sabe quem é. -Acusei dando um passo em sua direção, mas Alice me impediu de continuar segurando em minha cintura.

—Bella, vamos embora não vale a pena.

—Você vai dizer quem é, eu quero o nome do meu pai. -Ela deu uma risada debochada, me encolhi um pouco, mas mantive a fúria na superfície.

—Você nunca saberá, porque todos que sabiam, além de mim, é claro, vejam só, estão mortos.

—Você vai dizer o nome do meu pai, sua assassina. -Ela me encarou furiosa.

—Não se esqueça que você também é uma, querida. -Encarei ela de olhos arregalados.

—Não... eu... não sou. -Ela riu.

—Sim, você é. Aliás, feliz aniversário, meu bem. -Fulminei ela irritada.

—É seu aniversário? -Alice indagou surpresa, me desvencilhei das suas mãos.

—Eu odeio o meu aniversário, você sabe disso. -Virgíny sorriu.

—Eu sei, afinal você matou a sua mamãe. -Recuei com as suas palavras, as lágrimas que eu havia conseguido controlar voltaram novamente a cair.

—Cale a boca, sua cobra. -Alice rebateu irritada, Virgíny apertou a varinha e esse movimento quase imperceptível me recordou que ela ainda era um perigo.

—Vamos embora, Mary.

—Eu não vou com você. -Falei dando um passo para trás quando ela se aproximou.

—Sim, você vai. -Falou me agarrando pelos cabelos, gritei de dor, mas isso só pareceu agradá-la. -E você, criatura insolente, não posso deixá-la sair daqui e contar para os outros o que aconteceu, então, aproveite a viagem. -Alice recuou assustada.

—Não. -Gritei me debatendo, Virgíny puxou meu cabelo mais forte e apontou a varinha na direção de Alice.

Avada...

—Estupefaça. -Uma luz brilhante veio de lugar nenhum em nossa direção, fomos lançadas de encontro à parede e cai com um forte impacto no chão, minha cabeça doeu como o inferno e pontos luminosos apareceu em minha visão.

—Bella!!! -Ouvi a voz de Alice angustiada, soltei um murmúrio de dor, foi o máximo que eu consegui. -Ajude-me aqui.

—Stewart. -Arregalei os olhos surpresa com aquela voz.

—Masen!? -Minha voz saiu meio embolada. -O que faz aqui? -Indaguei irritada, ele revirou os olhos enquanto ajudava Alice a me sentar.

—Estou salvando a sua vida.

—Estava tudo sob controle. -Rebati frustrada, eu não queria que ele me visse tão vulnerável.

—Eu vi como estava. -Abri a boca para retrucar, mas Alice me cortou.

—Precisamos ir... agora! -Lancei um olhar para onde seus olhos estavam fixos e percebi que Virgíny tentava se levantar, mas ela ainda estava meio grogue.

—Que droga... -Edward e Alice me ajudaram a me levantar, eu ainda estava meio tonta. -Precisamos dar o fora daqui. -O garoto falou com a voz urgente. -Consegue correr? -Lancei-lhe um olhar fulminante.

—Vamos. -Rebati passando por eles, meus músculos protestaram, mas continuei em frente, logo os dois estavam em meus calcanhares. Virgíny voltou a praguejar já que estava tendo mais dificuldade do que eu em ficar de pé.

—Precisamos nos separar. -Edward anunciou ao meu lado. -Brandon, você entra no próximo beco e volta para Ilvermorny, se encontrar alguém, não se denuncie, não fale o que aconteceu, mesmo que te perguntem, para todos os efeitos você esteve o tempo todo em Ilvermorny.

—E vocês?

—Nós vamos continuar em frente, chegaremos logo depois de você.

—Eu não vou deixar a Bella, fui eu que a meti nessa encrenca.

—Essa louca, psicopata, quer a cabeça da Stewart, não a sua. -As palavras dele foram como um tapa em minha cara.

—Não importa, eu não vou abandonar ela.

—Faça o que eu estou mandando.

—Você não é o meu pai. -Alice rebateu irada.

—Alice. -Chamei com dificuldade pelo esforço em puxar o ar. -Ele está certo, ela só quer a mim.

—Eu não vou te deixar sozinha.

—Ela vai estar comigo. -Alice lhe lançou um olhar fulminante.

—Não sei o que é pior. -Edward riu. -E aliás, como nos encontrou? Como chegou até aqui? -Encarei ele esperando a sua resposta.

—Eu também tenho os meus truques, Brandon.

—Isso não é o suficiente, Masen. -Reclamou.

—Precisa decidir logo, estamos próximos do beco.

—Eu não vou.

—Você vai. -Ela tropeçou ao ouvir a minha voz. -Eu não posso arriscar a sua vida.

—Mas e você?

—Eu cuido dela. -Edward falou antes que eu pudesse responder. -Eu prometo.

—Eu espero mesmo Masen. -Allie falou de forma ameaçadora, percebi Edward engolir em seco. -Nos vemos no castelo. -Assenti.

—Tome, leve isso. -Alice encarou a capa que ele estendia. -É uma capa da invisibilidade. -Franzi a testa.

—Era você que estava nos seguindo. -Acusei, mas antes que ele pudesse se defender um brilho passou por nós atingido a parede ao nosso lado.

—Precisamos nos apressar. -Falou ansioso.

—Até daqui a pouco. -Alice me deu um sorriso desaparecendo no próximo beco.

—Você não precisa fazer isso. -Ele deu um sorriso torto que me fez tropeçar.

—Eu sei.

Depois disso nos concentramos em correr o mais rápido que conseguíamos, Virgíny estava cada vez mais próxima, seus feitiços atingindo os tijolos ao nosso lado, não nos acertando por pouco.

Em determinado momento Edward nos conduziu para a esquerda em direção a várias casas, eu já respirava com dificuldade, meus pulmões ardiam pelo esforço, e a pulsação em meus ouvidos estavam tão altas que me impedia de ouvir qualquer outra coisa.

—Onde estamos indo? -Indaguei ao atravessarmos o jardim de uma imensa casa amarela, Edward foi até a porta, tentou abri-la, mas estava trancada.

—Vamos pelos fundos. -Falou passando por mim e dando a volta na casa, o segui.

—O que estamos fazendo aqui, Masen? Precisamos nos esconder. -Reclamei, ele bufou.

—Eu estou tentando nos ajudar, não está vendo? -Rebateu irritado.

—Na verdade, não. -Acabou que as portas do fundo também estavam trancadas, então tivemos que correr para dentro da floresta que tinha ali. A mata era fechada e eu caí umas duas vezes, esgotada demais para desviar das raízes e pedras soltas. Paramos ao lado de um lago, nos inclinando com as mãos nos joelhos, o ar entrou em meus pulmões dolorosamente.

—Será se ela ainda está atrás de nós? -Indagou preocupado.

—Eu não sei.

—Precisamos de uma porta. -Lamentou olhando por sobre o meu ombro, lancei-lhe um olhar desconfiado.

—Como sabe da porta? -Edward voltou a me encarar.

—Você não é a única que conhece aquele lugar. -O sangue se concentrou em meu rosto.

—O quê!?

—Precisamos voltar, estamos muito expostos aqui. -Encarei ele furiosa.

—A culpa é sua, foi você que nos trouxe para cá.

—Não precisa agradecer, afinal estou arriscando a minha vida para salvar a sua.

—Eu não pedi a sua ajuda. -A raiva brilhou em seus olhos, Edward se lançou sobre mim e antes que eu pudesse me afastar eu estava sendo jogada para o fundo do lago, meus pulmões queimavam e eu voltei a superfície cuspindo água, levou apenas um segundo para que eu percebesse que ele estava deitado na grama e Virgíny do outro lado, seus olhos brilhavam com o ódio fervente.

—Eu vou acabar com vocês, principalmente você, pequeno Masen. -Edward e eu trocamos um olhar em pânico. -Avada ke...

—Estupefaça. -Uma voz masculina atrás dela falou, Virgíny voou longe batendo em uma árvore e caindo na grama. Encarei o nosso salvador, era um homem alto, tinha cabelos castanhos e olhos caramelos.

—Isso ainda não acabou, Mary. -Virgíny falou se colocando de pé e desaparatando, nadei até a beirada do lago saindo da água e me sentando ao lado do ruivo.

—Pai... -O garoto murmurou receoso.

—Eu espero que tenha uma ótima desculpa para estar fora da escola, Edward.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado (fazendo cara de malvada*). Nos vemos na quarta, se tudo der certo. Bye bye ♡.



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